I • Quem é você?


O frio brutal foi capaz de queimar a minha pele no momento em que ergui o rosto e vi a e
scuridão se aproximar, manifestou-se diante de mim e fez uma promessa. 
Qual só conseguiria escapar caso o destruísse
— Yasmim Santos

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WILLIAMSBURG — BROOKLYN 

NYC

23:50  p.m 

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O único barulho que se permitia ouvir era o ronco do motor da ducati preto fosco a qual pilotava quase em sua velocidade máxima — as vestes, juntamente ao capacete eram numa escuridão que quem a visse, seria como ver ao menos um rastro negro passando rápido por si. Guiando a moto com maestria, Maya diminuiu a velocidade até estar próximo ao bar onde planejou ir durante todo o dia miserável que tivera.

Estacionando, desceu, ignorando os olhares e comentários a respeito da máquina, removeu o capacete, tirando em seguida a balaclava, revelando mais dos cabelos ruivos — guardando a chave no bolso, segurando o capacete adentrou o estabelecimento, sendo recebida pelo calor infernal, cheio de suor e bebidas diversas. 

— Uísque, puro — exigiu do barman. 

A música alta era um alívio para seus pensamentos caóticos e desenfreados. A bebida lhe foi entregue tão rápido quanto,  o líquido desceu incendiando sua garganta, aquecendo o corpo frio devido ao vento.

Havia sido um péssimo dia. Péssimo por ter trabalhado onde detestava, péssimo devido às notas estarem quase vermelhas, não tinha concentração para nada quando as lembranças são frescas demais para ser esquecidas com facilidade, tomando outro gole, tirou o celular do cós da calça, checando mensagens qual não iria responder. 

Estava exausta mentalmente, precisava de tempo. 

Terminando a bebida, contemplou a desgosto a chuva começar, não havia previsão, então apenas constatou que era mais uma nova onda de azar. 

Deixando as notas em cima do balcão, deixou o bar, pegando um cigarro junto ao isqueiro, apoiou o capacete no assento da moto e recostou-se ali, a chuva era fina, portanto não se importava, tragou da fumaça e a soltou, observando a nuvem branca rodopiar até desaparecer. 

Estava pouco longe de casa, o retorno seria bem melhor do que a vinda; o lugar era decrépito, mesmo assim ali estava ela, se sentindo parte dos menos afortunados que procuram na medida algum meio de escapar das dores e pancadas da vida. 

Jogando o filtro do cigarro mentolado nos pedregulhos, subiu na moto, colocando novamente as luvas para proteger as mãos antes de colocar o capacete — ligando a moto, manobrou até sair da vaga e retomar o caminho para casa, sem pressa, pegou o caminho longo, acelerando na medida correta devido a chuva, parando no sinal vermelho, observou disfarçadamente um carro que a seguia a pouco mais de dez minutos, ignorando o sinal interno, optou por avançar o sinal, na esperança de despistar quem quer que seja. 

Na ponte do Brooklyn acelerou até a velocidade máxima da ducati, desviou a atenção por um segundo antes de perder o controle, o freio traseiro e o frontal foram pressionados com afinco, os pneus derraparam levando-a ao asfalto molhado, a morena grunhiu de dor, o som do metal raspando no concreto lhe trouxe pavor, ainda caída, tirou o capacete para respirar melhor, a chuva ganhou força e seu olhar seguiu para o carro que havia parado a metros de distância, uma figura desceu, aproximando-se em passos lentos, de modo instintivo, tirou um canivete de dentro do coturno, a dor varria todo o corpo devido a pancada bruta, levantando com dificuldade esperou o estranho estar o mais próximo possível antes de grunhir ofegante. 

— Quem é você? 

Ele ou ela tampouco responde, pelas luzes alaranjadas do asfalto, contemplou a altura tremenda e a máscara ocultando sua face, as vestes escuras quase o camuflam na escuridão. 

— Se der mais um passo eu te mato — prometeu. — Quem diabos é você?

Algo como um riso soou por detrás da máscara, o demônio observou, quando sua voz soou, um trovão dispara no céu noturno e carregado, o timbre ainda que abafado, era rouco, grave e arrastado, repleto de algo que não identificava devido a dor, sem deixar de frisar o inglês quase forçado devido a outro idioma, Maya empunhou a única arma que tinha. 

— Se vier atrás de mim, vou matá-lo — prometeu. 

Virando-se para pegar a moto, conseguiu distinguir o riso insuportável junto a uma promessa que por agora iria ignorar. Levantando a moto, subiu sem olhar para trás e seguiu seu caminho.

Mediante ao ocorrido, ela sentiu nos ossos doloridos, que aquilo não havia acabado. 

Que era apenas o início do que tanto esteve fugindo e que agora, seria matar ou morrer. 

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N/A: Boa noite 🌙 
Este capítulo foi pequeno, todavia os próximos serão mais longos.

Espero que tenham gostado.

Até a próxima.

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