C A P Í T U L O 30

     Camilla.

     Camilla.

     Camilla.

     Esse não deveria ser o nome dela.

     Não é.

     Ninfomaníaca seria mais apropriada. A palavra traduzida para um idioma universal: bruma. O literal significado é ninfomaníaca que de tudo engravida.

     Se aparecer um anjo, com suas enormes asas e armaduras celestiais, Camilla com seu útero adaptável poderia carregar um mini anjinho com suas asinhas perigosas. Poderia suportar até mesmo o poder da imortalidade de uma kitsune.

     Contudo, está lidando com lhycans, um povo, que nos últimos aproximados doze mil anos se mostrou extremamente perigoso e hostil. Seu útero aguentaria a selvageria de um filhote com presas, garras e uma força descomunal meses antes de dar à luz.

     E ela consegue.

     O ato de despertar a bruma incluí deixar a fêmea confortável o suficiente, desejosa o suficiente para que inconscientemente queira engravidar. O nível de desejo sexual irá disparar e nos dias que se passar, não irá pensar em nada a não ser acasalar.

     Porém, apenas para o macho que conseguir essa façanha. Seu útero rejeitará a semente de qualquer outra, pois estará preparado apenas para aquele homem, daquela espécie e raça em específico. Sem anjinhos, sem tritão, sem demônios e sem nenhum outro lobisomem.

     Claro, se por algum motivo o macho não conseguir engravidar-la, será necessário ao menos cinco anos de uma espécie diferenciada de menopausa para a bruma adormecer. Só então poderá ser despertada novamente por outro homem.

    Camilla parece inconscientemente saber disso, já que está tão confiante em lidar com os machos. Apesar de todos saberem que é uma forma dela lidar com o medo, é uma excelente maneira de fazê-la confiar e se sentir à vontade.

    Mesmo assim, "Camilla" não é um nome apropriado para ela.

     E se Ninfomaníaca não for, então "Maluca" deve ser.

     Com quilômetros ainda para alcançar o monte, a fêmea simplesmente se recusa que qualquer macho lhe carregue em meio a neve alta e incômoda das florestas densas entre Barrow e o Sukakpak. Não, eles carregam sua bagagem enquanto a humana permanece com uma câmera fotográfica tirando fotos do ambiente.

     Do nada.

     Bom, se ela gosta e a faz feliz, que seja!

     Mas porra, quem dispensa um colo?

     E se nenhum desses nomes for o suficiente, certamente "Orgulhosa" deve cair perfeitamente nessa ninfomaníaca maluca!

     Só podia ser orgulho ela rejeitar qualquer mínima ajuda seja por tropeçar em meio ao manto branco e gelado, por escorregar ou simplesmente desabar alegando que morreria de exaustão. O último em particular fez mais de onze machos oferecerem levá-la em seus braços; No mínimo, nas costas.

    Ela recusou todos de formas diferentes mantendo uma educação herdada de uma criação decente apesar da situação onde está. Ao que parece, Camilla não costuma sempre ser grossa.

    E parece saber que personalidade forte não é pretexto para grosseria.

     Não, ela dizia um "obrigada" pela oferta ou um "desculpe" quando elevava o tom por qualquer motivo que tenha a estressado. Isso basta. Como ela os respeita, o apropriado seria respeitar sua decisão. No mínimo.

    Então lá vai ela.

     Atrasando o bando.

     Deixando os militares mais próximos.

     Com seu cabelo vermelho escarlate completamente bagunçado, uma bola de roupas invernais e uma câmera na mão.

Essa porcaria não acaba a bateria, não? — Ikronyx murmurou não muito atrás. É como seguir e orientar um filhote.

    O Alpha vai na frente, mostrando o caminho e não muito atrás, Camilla. Ikronyx e Grhyamor faziam a guarda interna enquanto os demais membros a externa. Alguns retornaram para lidar com os militares e outros foram na frente para garantir que o caminho estivesse limpo.

Ela deve ter mais umas três câmeras na mala — Grhyamor responde já desistindo de reclamar daquele equipamento.

    Camilla anda como um pássaro: pisa alto na neve e move constantemente a cabeça. E com isso, procura e decide o que fotografar.

    No ato o Alpha parava, cruzava os braços e simplesmente esperava. O sábio líder sequer perdeu tempo em reclamar, seja da câmera, do atraso, do orgulho ou de qualquer outra coisa pois sabia que seria inútil.

Quanto mais tempo ficarmos parados fora de nosso território, mais tempo o cheiro dela tem chance de chegar às demais alcateias — o Bhetta presumiu num tom tão baixo que parecia que seus pensamentos internos para si mesmo tinham escapado e levados pelo vento.

     Grhyamor o encarou sutilmente.

     E depois Camilla.

     Ele sabe dos riscos.

     Sem o cheiro do Alpha e a segurança de suas fronteiras para ocultar a presença de Camilla, as outras alcateias podem simplesmente aparecer, lutar e levá-la. O ato seria tão violento que poderia machucá-la e esse seria o único motivo que causaria uma hesitação nos chrynnos.

    Ikronyx continuou andando, mas tendo a atenção de Grhyamor, levou as mãos à frente do peito e fez sinais silenciosos e rápidos. Libras.

    Para o Alpha e mais ninguém escutar. Eram tão discretas e simples que não corria riscos dos outros membros verem. Ainda sim, o Bhetta olhava ao redor buscando qualquer indício de que ninguém estava vendo.

     Simples e rápido.

    Grhyamor ficou em silêncio.

     Pensativo.

     O bando tem vinte e nove membros. Dentre eles, Grhyamor é o terceiro mais dominante, colocando-o em uma posição de destaque. Sua força só perde para Ikronyx e Bháryox.

     Não é por acaso aquela proposta.

     Nem desvantajosa. Simplesmente é o melhor.

     Grhyamor abaixa sutilmente a sobrancelha num ato de concordância. Embora um não esteja olhando diretamente para o outro, Ikronyx não deixou de expressar um sorriso satisfeito.

    Concordo. Aceito. Combinado.

    Ambos se sentiram mais confiantes.

     E ninguém percebeu.

     Os machos encaravam Camilla como uma carne a ser disputada quando a fêmea arfou e mudou seu rumo repentinamente. O Alpha olhou por cima dos ombros, se virou e cruzou os braços. Boa parte dos machos parou de andar enquanto outros acompanhavam.

    A cores de luzes ao longe despertou completamente a atenção da fêmea. Pelo menos é algo mais interessante do que árvores. Se fosse as de Hyfhyttus, a terra natal lhycan, até poderia ser compreendido. Uma vastidão de selva florescente se apresentaria diante dela. Paisagens infinita de beleza dark e criaturas mortalmente incríveis.

     Bem diferente da vegetação abandonada e sem graça do Alaska e seus animais ridiculamente frágeis. A Deusa da Vida simplesmente havia abandonado aquela parte do mundo. Alguns sugerem que é para humanos desenvolverem mais amplamente e assim surgir seres como Camilla: uma bruma.

     A fêmea, por fim, se jogou na neve.

— Tô morta! — E suspirou fundo.

— Tem certeza que não quer que a carreguemos? — Um macho se voluntariou.

— Não, obrigada! Só preciso de um descanso…

— Cinco minutos — declarou o Alpha.

— Qual é? Estamos fugindo de alguém?

— Nos sentimos desconfortáveis fora de nosso território — Grhyamor avançou, docemente. Um espaço ao lado dela foi ocupado.

    Camilla o encarou.

— Por quê? 

— Não somos os únicos lhycans do estado — esclareceu. — Bandos de machos podem aparecer a qualquer momento e o confronto não vai ser bonito.

— Às vezes vocês parecem animais… — ela suspirou.

— A decisão foi sua de não deixar ninguém lhe carregar — Ikronyx provocou.

— Não sou um bebê! — Ela argumentou.

— Nem nós somos cavalinhos — o macho brincou. 

    Camilla revirou os olhos e bufou.

— É você quem vai me carregar?

— Se desejar…

— Tudo bem, então… Ikronyx — o macho sorriu. — Mas não quero gracinha com isso!

— Jamais! — O macho se sentou ao lado dela e, em seguida, deitou. — Me avisem quando partiremos!

     E fechou os olhos.

     O Monte Sukakpak era maior do que Camilla imaginava. É belo e exótico. Literalmente um monte de terra cortada por um imenso pedregulho o entortando para a direita. Estava branco pela neve e a vista refletia pelo lago à frente.

    Como a água ainda não congelou?

    Os machos relaxaram com a chegada de seu território. Camilla poderia passar todo o tempo do mundo antes de continuar e, diante do que se apresentava a sua frente, ela não resistiu em sacar a câmera.

    A primeira imagem só poderia ser superada pela segunda e a terceira. A água estava tão fria que a fêmea não iria se arriscar em seu interior. O mesmo não pode ser dito dos machos.

    Um por um tiraram o conjunto inferior de roupa militar e disputaram uma corrida em direção à água. Camilla fotografou todo o processo de desabotoar os botões, passar o tecido pelas pernas ou, simplesmente, o rasgando para fora do corpo. E então eles correram!

     Ela não teve como descrever a velocidade daqueles homens. Nus, na neve, forma humana e poderiam se equiparar facilmente a um velocista.

     Penetraram junto no gelado daquele lago, uma onda forte marcou o impacto juntamente de um alto som. Camilla saltou para longe levando o máximo de si que conseguiu salvar.

— Ei! — Ela reclamou.

    Todos a encaram.

    Ela cruzou os braços.

— Ah, deixa disso, querida! Aproveite!

— É! Tire uma foto minha peladão e relaxe! — E para o deslumbre da mulher, o homem deitou na água permitindo que ela visse suas partes mais íntimas.

    Já que insiste!

    A fêmea lhe apontou a câmera. E como um bom modelo, ele fingiu que nada acontecia. É só um homem num lago de inverno não congelado, pelado e curtindo a vida.

    A foto ficou perfeita. Quase dark pelo ambiente frio, levemente clara na proporção correta. Camilla conseguiu uma imagem daquelas que colocaria na parede do seu quarto, se pudesse.

     Mas a segunda…

     O macho sensualizou.

     Primeiro se virou, permitindo que Camilla capturasse imagens de suas nádegas carnudas Dois lados perfeitinhos e deliciosos para cima e, claro, as costas robustas. Ela foi até o meio do lago, acenou para a bruma e voltou à posição de antes. Contudo, dessa vez, ele agarrou o pênis.

     A mulher prendeu a respiração.

     Ela não perderia essa oportunidade!

— Que pouca vergonha… — Grhyamor surgiu ao seu lado. Estava mais sério do que deveria para uma brincadeira.

     Camilla não disse nada. Estava ocupada demais tirando o máximo de foto possível depois de notar que seu modelo lobisomem estava excitado. O órgão molhado sendo acariciando lentamente.

     Apenas um homem se masturbando no lago…

     Todos sabiam o porquê daquela rigidez: A atenção de Camilla, sua falta de pudor e tara em fotografá-lo daquele modo.

     Mas isso não ficaria assim!

— Aí, meu amor, quer algo ousado para tirar foto?! — Alguém ao fundo disse.

    A fêmea virou lentamente a cabeça — com preguiça até — em direção a voz, mas claro interessada.

     O macho quem a chamou só não lhe é considerado albino devido as sobrancelhas e cílios negros. É pálido como o gelo e estava completamente molhado na borda do lago quando acenou, se virou para outro macho, agarrou seu cabelo e lhe beijou.

    Camilla precisou processar o que seus olhos viam com demasiada calma.

     O coração da bruma palpitou juntamente com algo a mais entre suas pernas. Ela tinha tesão em macho com pose de machão e ao mesmo tempo sem masculinidade frágil. Dificilmente encontrava um assim. Sequer pensava que existia.

    E se existe, nunca o viu beijar outro homem.

    Caralho!

     Ela está ficando excitada…

    Mas se recompôs, sacou a câmera e fotografou o beijo nem um pouco gentil. É exigente e competitivo. Dois homens entrelaçaram suas línguas conforme uma vez ou outra olhavam maliciosamente em direção à mulher.

    Apenas para conferir que tinham a atenção dela. Mas o gesto fez o frio penetrar em sua espinha!

    Camilla já estava preocupada com a quantidade de fotos que tirou e, aparentemente, teria mais modelos. Aqueles homens tornaram tudo mais quente entre os dois.

    Mas havia os que também não deixaria barato.

— Se você é uma mulher linda e maravilhosa, olhe pra cá! — Ela olhou imediatamente.

    E sorriu amplamente.

     Caralho!

     Puta que pariu!

     Que inveja!

     Camilla queria dar…

     Mas se contentou em apenas virar a câmera ao ritmo de seu coração descontrolado.

     E então começou a registrar o show.

    Dessa vez não eram simplesmente dois homens se beijando. É um macho de cabelos loiros claros, com face suave ajoelhado perante um com aparência mais perigosa.

    O pênis em sua boca.

    Chupando.

     Lambendo.

     Beijando.

     Estimulando.

     A recompensa veio com o cheiro especificamente forte de fêmea excitada. Aquilo acertou completamente a tara da fêmea e fez Grhyamor olhar discretamente para Ikronyx. A confirmação das taras da mulher.

     O macho estava simplesmente sem pudor algum e, na maior cara de pau, gemeu rouco e alto. E com a mão, chamou Camilla para mais próximo.

— Está na hora — Bháryox afirmou. Apenas para ela, pois somente sua presença fizeram os machos se separarem e recuperar a compostura como se nada tivesse acontecido.

    Como se não tivessem algo duro e pulsante entre as penas.

    Camilla respirou profundamente antes de se virar e lidar com o Alpha.

— Sério? — O tom entregava que não queria ir.

    O homem cruzou os braços.

— Voltaremos, não se preocupe.

     Ela o encarou por um tempo. Tempo de mais para a tolerância de um Alpha. O homem se sentia desafiado.

    Ela perguntou:

— E você?!

— Eu o quê?

— Não vai tirar sua calça?

— Para quê?

— Pra mim ver seu pau!

     Ele levantou uma sobrancelha.

     E Camilla sorriu balançando a câmera.

     Esse se tornou seu preço para deixar o lago naquele momento.

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