C A P Í T U L O 50
Mandão usou seu machado para bloquear os ataques, girando-o rapidamente para criar uma barreira de aço entre ele e seus oponentes. Quando um tentou atacá-lo por trás, ele girou rapidamente e desferiu um golpe com seu punhal, derrubando o adversário.
Porém, ele sabia que não podia confiar apenas em sua força e armas. Ele também usou sua inteligência para ganhar vantagem sobre seus oponentes. Quando um chrynnos tentou atacá-lo com suas garras, ele se esquivou rapidamente e jogou seu punhal, acertando o adversário em cheio.
O confronto foi brutal. Os chrynnos se chocavam uns contra os outros, uivando de dor e raiva. Garras e dentes se tornava um frenesi de violência, enquanto o cheiro de sangue se misturava à neblina.
Mandão se concentrou procurando por uma brecha na defesa para conseguir se libertar do cerco. De repente, um dos machos saltou em sua direção, tentando feri-lo.
Ele sentiu uma sensibilidade na pelagem de suas costas. Um arrepio a mais. Se virou.
E bloqueou o golpe com sua lâmina.
Aço colidiu contra aço.
O estrondo fez todos os demais recusarem em respeito e sabedoria. Duas enormes feras, meio homem-meio besta sob a luz da alvorada. Os pelos eriçados, os dentes amostras e os olhos fixos um ao outro com a colisão de suas armas.
Se um chrynnos empunha armas contra sua alcatéia, então não pertence ao bando.
Com a forma dos chrynnos, híbrido de homem e lobo, é possível um duelo de espadas. Mas isso requer uma contenção maior de suas habilidades. Uma adaga, nem tão longa e nem tão curta, se torna perfeita para auxiliar suas armas naturais.
O rival expôs um rosnado traiçoeiro. Um alerta de que Mandão já não era mais visto como o Bhetta do bando.
Mandão agora é um invasor no território!
E o macho a expressar sua situação é um Gaamma.
Seu Gaamma!
Seu antigo subordinado!
Ele é grande, musculoso e treinado justamente para se elevar na hierarquia. Só há uma posição acima de um Gaamma: O Bhetta.
Ele investiu, decidido a perfurar a defesa de Mandão.
O ar ficou fedido com a disputa dominante no momento em que força, encontrou a força. Agilidade com agilidade.
Mandão respondeu a investida, trabalhando os bíceps, cravando as garras dos pés no chão para obter apoio... e fraquejando no último segundo.
O Gaamma percebeu a armadilha e recuou, mas não rápido o bastante para que Mandão o acertasse com suas próprias garras no rosto. Um arranhão certeiro do meio da bochecha, cortando o olho direito e terminando na testa.
Um grunhido ensurdecedor o pôs todos em alerta.
Sangue foi jorrado contra o corpo dos demais rivais.
Mandão vacilou um passo...
Chrynnos possuem, por natureza, resistência. Mas o macho estava lutando desde que Dandara chegou a Ibysah, montando guarda e ficando bons tempos sem dormir.
Ele estava mentalmente exausto e fisicamente cansado.
Por isso o ataque veio justamente agora dos adultos, invés de uma investida imprudente dos adolescentes.
E naquele momento, quando suas pernas estremeceram, ele soube que revelou sua fraqueza. Todos viram.
E atacaram.
Ele sentiu um golpe em suas costas, e rugiu de dor. Ele tentou se virar, mas outro se aproximou, atacando-o com sua arma. Mandão se esquivou do golpe, mas sentiu a ponta da lâmina raspar sua pele.
Ele continuou a se movimentar, desferiu golpes e cortou seus oponentes com garras ou com sua lâmina de aço hyffthyturiano. Mas a pressão era intensa, eles eram muitos e estavam bem coordenados em suas investidas.
Uma sequência de violência se formou antes que ele pudesse se soltar.
Dois adultos vieram para frente, saltando entre os demais em um zigue-zague tão perfeito que só é possível existir entre irmãos gêmeos. Uma forma de distração que o envolveu. Bastou um segundo a mais de lerdisse e Mandão foi de encontro ao chão.
Ele bloqueou a mordida com o bracelete perfeitamente ajustado no pulso, mas teve imensa dificuldade para tirar o agressor de cima. Então ele revidou, com os próprios dentes.
Eles se fecharam no bíceps do oponente com pressão esmagadora até sua língua se inundar com sangue. O momento perfeito em que uma nova bola violência se formou. Como cachorros bravos, um circulando o outro e tentando arrancar pedaços de todo tipo.
Mandão sai vitorioso no momento em que cravou os dentes entre as pernas de um dos combates e rasgou a coxa esquerda quase esterilizando o rival.
Ele grunhiu e se contorceu até que um novo ataque forçou o macho a desviar sua atenção.
Mandão sabia que precisava encontrar outra oportunidade de contra-atacar, pois não poderia aguentar o cerco indefinidamente. A respiração já começa a ficar lentamente difícil e o corpo superaquecer.
Chrynnos não suam em abundância.
A boca entreaberta é uma forma de refrescar o calor que o consome, mas não vai durar muito. Ele precisa parar ou sua resistência vai se desmanchar de forma mortal.
Foi nesse momento que os rivais avançavam e recuavam, testando a reação de Mandão pela terceira vez num jogo que só tinha um propósito: ser exaustivo.
Um veio por trás, Mandão sentiu e se virou para bloquear. No entanto, o agressor simplesmente saltou, o circulou e se levantou.
O mesmo aconteceu com aquele determinado a pegar sua perna, recuando no último segundo.
Mandão fechou os olhos para se concentrar no tato, som e olfato, mas os rosnados se tornaram intensos para confundi-lo.
Estavam tentando trazê-lo para uma briga enquanto testava o quanto ainda estava lúcido. Mandão já começou a cambalear em alguns passos. Ele já não tinha mais as armas e estava exausto.
De repente, Mandão sente a brecha que estava procurando. Um dos chrynnos se afastou ligeiramente a mais da formação quando tentava flanqueá-lo. Ele aproveitou o momento e lançou um ataque rápido, ferindo o adversário com as garras.
Os demais recuaram momentaneamente, respeitando a força e agilidade de Bhetta. Mas logo voltaram a atacar com ainda mais ferocidade. Tarde demais!
Mandão atacou para matar! E matou...
Porém, o grande número de feras teve seu efeito, com machos arranhando sua carne e o mordendo com tanta brutalidade que apenas a pelagem densa impedia que fosse estraçalhado.
Ele precisa de ajuda.
Precisa de tempo.
Precisa fugir!
Mesmo que fugir signifique que será banido ou morto por usar armas contra a própria alcatéia. E com as consequências, sua chance de acasalamento com Dandara ou qualquer outra fêmea.
Ele sabia que precisava se libertar. De repente, outro adversário avançou em sua direção com um ataque frontal. Mandão bloqueou o golpe, mas sentiu o peso do impacto em seus braços. Ele aproveitou o momento de distração do e lançou um rápido chute, acertando-o em cheio no peito.
As garras fizeram um bom trabalho, espetando-o conforme o impacto o lançou em direção aos demais.
Eles recuaram, sentindo a força do empurrão. Mandão aproveitou a oportunidade e avançou em sua direção, desferindo uma série de golpes precisos como um animal feroz e nada coordenado. Eles tentaram bloquear, mas não conseguiram resistir por muito tempo.
Mandão feriu três dos adversários com suas próprias garras, acertando-os em pontos vitais. Um caiu no chão, incapaz de se levantar.
O Bhetta aproveitou a oportunidade e se afastou rapidamente do cerco, saltando sobre eles e correndo. Tomar distância passou a ser vital!
De repente, um dos chrynnos avançou em sua direção o derrubando.
Mandão rugiu e contra-atacou.
As garras se fundiram contra a cintura do rival, se afundando nos músculos e cortando até parte dos órgãos internos fossem esparramados pelo chão. Ele caiu em agonia, tentando mantê-los dentro de si.
Se ele tiver outra oportunidade, irá matar.
Mandão respirou fundo, sentindo a adrenalina ainda pulsando em suas veias. Ele emergiu vitorioso. A batalha foi uma demonstração da habilidade e determinação de ambos os lados.
Por enquanto.
Ele poderia estar ferido, mas matou.
Ele poderia estar falhando em sua defesa, mas foram poucos que passaram. Aqueles que entraram no covil, apenas dois voltaram.
Ele poderia estar exausto, mas são mais de uma dúzia de machos que começavam a ficar ofegantes.
Porém, apesar de todo caos um conseguiu passar completamente despedido.
Sozinho ele se aproximou da entrada do covil. Arrogante e tão confiante que não se atreveu a sequer se transformar.
Dandara sentiu quando Cuidadoso ficou tenso. As veias nos braços estava salientes e garras roçavam seu rosto. Até mesmo sua respiração ficou pesada e um odor familiar foi sentido.
Só então ela notou o silêncio anormal no covil.
Capacho, antes centrado e estável, estremeceu.
O odor que Dandara sentia não era de Cuidadoso. A humana não precisava compreender chryffthyturiano para decifrar as ordens que o homem lhe deu. Alguém muito dominante entrou.
Ela engatinhou para longe, seguindo o que julgou ser familiar.
Um grunhido quebrou o silêncio. Ela soube que uma briga por instinto correu. Mesmo que os túneis vez ou outra parecessem confusos e iguais, mesmo que as vezes parecia que andava em círculos... ela sentiu que precisava chegar ao seu objetivo.
Os rosnados ficaram mais altos.
Mais ferozes.
Dandara caiu...
O impacto foi tão familiar quanto o ambiente em que chegou.
Um grunhido muito mais alto a fez acordar e cambalear para longe até que ouviu o som de correntes e deslumbrou a forma de Comunicativo.
Ele estava em pé, nu e completamente imóvel. A penumbra revela a forma de suas garras e a escuridão salienta os olhos de lobo.
— Me ajuda!
Ele não se moveu.
Os olhos estava fixo nos corredores. Se estivesse transformado, Dandara saberia que suas orelhas estariam em pé, atento aos sons que ela escuta.
Mal sabia ela que estava sendo influenciada pelo cheiro de Cuidadoso. A dominância que exige que ela tome o máximo de distância e consiga um lugar seguro.
Ali não é seguro.
— Corra — foi o que Comunicativo lhe disse.
A resposta demorou quando um novo silêncio predominava no ambiente.
Menos de dois minutos se passaram quando Cuidadoso sentiu suas costas se chocarem contra o chão. Ele encarou seu oponente.
Mais machos vieram até eles. Robustos, grandes e dominantes. Não eram os que Mandão dominou e tão pouco estavam ali para brigar pelo direito de acasalamento. Eles eram o terceiro grupo, armados para o extremo, tão calmos e apenas aguardando ordens.
Simplesmente é inútil lutar agora. Cuidadoso não resistiu, acalmando seus instintos e suavizando suas feições. A respiração ficou mais serena.
O líder do novo grupo admirou para o Cuidadoso com satisfação e sussurrou:
— Sabia que me enche de tesão ter você embaixo de mim, meu amor?
Cuidadoso rosnou.
Outro Bhetta sorriu para ele.
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