A Gruta dos Lotis

  Quando o portão se abriu completamente, os olhos dos garotos já estavam se acostumando com toda àquela luz e foi possível visualizar uma pessoa logo adiante à espera deles do outro lado. Apesar de não reconhecerem quem era, se sentiram reconfortados de pensar que tinham (finalmente e graças a Deus, comentou Abigail) terminado a primeira prova.  

− Bem vindos! Já estava ficando com saudades! Chegaram num bom tempo – elogiou uma voz mais que conhecida por todos: o professor Álvaro – não precisam me dizer nada, eu vi tudo o que fizeram e acho que particularmente a viagem de vocês foi a mais difícil. Não era para encontrarem os gargos. Eles ainda não tinham sido devidamente treinados, mas aquelas horríveis criaturas bateram nos criadores e conseguiram escapar. Vocês devem estar muito cansados da viagem, imagino. Venham, me sigam! – assim que abraçou todos enquanto falava, abriu um espaço e indicou um caminho que passava por uma pequena multidão.

Todos ficaram muito aliviados por verem o professor. Eles realmente estavam muito cansados. Não conseguiram dormir direito durante todo aquele tempo em que estiveram viajando. Os nervos, sempre à flor da pele, haviam-nos deixados em frangalhos.

Mas onde é que chegaram? Onde estavam? Parecia ser um grande salão, com muitos portões em volta iguais ao que tinham passado. Provavelmente outros alunos deveriam passar por eles. "É óbvio que eles não foram os únicos a terem viajado", pensou Abigail, "devia existir mais professores e alunos além deles, mas são tantos portões...quantos alunos teriam aquele ano?" Havia no mínimo cinquenta. E o mais incrível, era que o portão, pelo qual eles chegaram, tinha se fechado novamente e um saci se prostrou na frente dele. "Deve ser outro professor esperando sua turma aparecer", supôs Abigail.

Do outro lado da sala, havia outro portão, maior e "muito lindo", pensou Abi. Era feito de um branco reluzente com desenhos de ouro encravados em toda sua extensão. Desenhos, estes, estranhos e indecifráveis para a garota.

Eles estavam seguindo em direção a ele. Levaram alguns minutos caminhando, tamanha era a extensão do enorme salão, porém ao chegarem, puderam perceber que havia quatro pessoas de pé de cada lado. Não, na verdade não eram pessoas: eram gigantes em miniatura, só podia ser! Elas eram anormalmente grandes, sendo que eram dois homens e duas mulheres. Apesar do tamanho, eram muito esbeltos e bonitos, sorriram ao ver o grupo passando. Minutos depois, essas pessoas abriram o portão e se afastaram para poder deixar o grupo passar. Ao atravessarem, notaram que uma das mulheres que sorriam para o professor era um pouco parecida com ele, mas incrivelmente maior.

− Oi maninho, são esses seus alunos? – perguntou a mulher apontando para os meninos.

− São sim, Tânia. O que achou deles?

"Como o professor poderia ter uma irmã tão grande? Vai ver é algum tipo de magia que faz a pessoa crescer além da conta", pensou Abigail.

− São umas gracinhas! Mas em comparação aos outros eles até que vieram com poucos machucados. Estou impressionada, vocês estão de parabéns! ­­– depois que os garotos agradeceram, ela continuou ­– Vai levá-los a enfermaria?

− Vou sim e depois para tomarem um belo banho!

Os garotos não se sentiram nem um pouco ofendidos com o que o professor comentou, na verdade deram até gargalhadas, porque eles realmente estavam cheirando muito mal. Passar quase um mês viajando naqueles locais imundos e só tomando banho quando avistavam um rio ou riacho, é óbvio que deveriam estar com um cheirinho bem desagradável.

Abigail e os outros se sentiram aliviados ao ver que iam direto para enfermaria, pois o bolinho de ervas curativas que carregavam, já tinha acabado há muito tempo e não acharam mais para repor o estoque. Não quiseram nem imaginar como deveriam estar os outros que não tinham usado medicamento algum durante o teste.

Quando passaram pelo portão, se viram dentro de uma grande gruta cheia de pequeninas casas espalhadas pelo local. Mal dava para se enxergar o teto. Não precisaram andar muito. O hospital era logo à direita, colado com a parede da grande sala da qual saíram. Na porta tinha uma grande cruz vermelha e um letreiro. Nele estava escrito "HGS - Hospital Geral dos Sacis". Do lado esquerdo tinha um pequeno castelo, que Álvaro apontou e dizendo que era ali que iam ficar por um tempo.

Ao entrarem no hospital, viram um pequeno balcão com duas recepcionistas e mais adiante alguns assentos em torno da sala. O professor foi conversar com uma das recepcionistas e esta lhe deu uma senha e pediu para ele aguardar cinco minutos que logo depois seriam atendidos. Quando se dirigiram aos assentos, Álvaro e os seus alunos viram um outro saindo felizes de uma porta ao lado oposto da sala.

− Eu pensei que meu braço nunca mais fosse se mexer! Realmente eu agradeço muito por isso! ­− respondeu um garoto baixinho que estava no final do grupo segurando nas mãos de uma mulher.

­− Não precisa se preocupar com isso. Sempre que precisar, estamos aqui, mas espero não lhe ver tão cedo, está bem? ­− eles se despediram e segundos depois, Abigail e seu grupo foram chamados.

A mulher que os chamara era muito bonita, vestia uma roupa branca muito parecida com o de Abigail se ela não a tivesse mudado de cor, o que a deixou muito intrigada. Havia um símbolo costurado no lado esquerdo da camisa, próxima ao ombro. Era um círculo com uma vareta no centro e uma cobra que se enroscava na vareta. Tudo ali era muito novo para a garota, pois na sua vila havia apenas uma pequena casa onde um curandeiro velho, estranho e caolho usava diversas ervas para curar os habitantes com as mais variadas doenças. 

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