063| Sei que ele gosta de você

Os meninos saíram e eu me aproximei do professor me sentando na cadeira da frente.

— Estou ouvindo. — digo colocando o material sobre a mesa.

— Bem, senhorita...

— Me chame de Any, não gosto de formalidade. — digo por cima e ele apenas afirma.

— Bem Any, gostaria de te pedir desculpas, agi sem pensar. — suspirou. — Estou tão acostumado com os alunos sempre dando uma desculpa atrás da outra, que perdi o interesse em continuar a escutar. — analisei sua aura e vi que ele falava com sinceridade.

— Não o culpo, sei como deve ser difícil lidar com um monte de adolescentes desinteressados. — digo e ele ri. — Mas da próxima vez pelo menos tente, eu estou aqui como intercambista, não é bom ficar faltando sem motivos. — forcei um sorriso.

— Eu entendo, me desculpe novamente. — afirmei uma vez com a cabeça. — Não precisa redigir esse trabalho, falei no calor do momento. — me levantei rindo.

— Cá entre nós, professor, você não sabia metade das respostas das perguntas que me fez, não é? — cruzei meus braços olhando ele.

— Não mesmo, fiquei espantado que você sabia. — ele colocou as mãos na cintura.

— Será que eu sabia mesmo? — digo arqueando uma sobrancelha.

— Any, Any, não me faça pesquisar. — acabei dando risada.

— O senhor deveria tentar usar isso nas aulas. — digo pegando meu material.

— Usar o quê? — perguntou confuso.

— O método divertido. — olhei ele. — Nós somos adolescentes, professor, vai por mim, tudo fica mais legal com risadas. — ele pareceu pensar.

— Eu vou analisar a sua proposta. — sorri. — Enquanto suas notas, irei conversar com a diretora, se quiser ficar um tempo em casa fique a vontade. — neguei.

— Não precisa se preocupar, amanhã é sábado, e também, não consigo ficar em casa por muito tempo. — ele riu fraco e assentiu.

— Tudo bem, me desculpe novamente, pode ir para sua próxima aula, não quero mais tomar o seu tempo. — sorriu.

— Desculpas aceitas. — fui em direção a porta. — A propósito. — me viro e ele me olha. — As respostas das suas perguntas estavam realmente certas. — pisquei e ele deu risada.

Abri a porta da sala e corri em direção aos armários.

Peguei meu material e corri para o laboratório de química. Abri a porta e a professora me olhou, achei que ela iria brigar pelo atraso, mas me pediu apenas para sentar.

Olhei a sala e só havia lugar ao lado de Heyoon. Me aproximei e coloquei meu material na mesa dando um sorriso.

— Como você está? — perguntou ela me fazendo virar o rosto.

— Bem e você?

— Bem. — sorriu. — Sina estava na sua primeira aula, verdade que você tinha um pai que não conhecia? — disse calma e eu mordi o lábio inferior.

— Sim, minha mãe é noiva de outro cara, ela sempre me disse que meu pai estava morto, mas eu descobri que ele está vivo. — sorri sem graça.

— Sobre isso, queria te pedir desculpas... dessa vez sinceras. — me olhou nos olhos. — Eu não deveria ter dito aquilo no refeitório. — disse sem jeito.

— Tudo bem, de qualquer forma você disse mais ao menos à verdade. — voltei a olhar para frente.

— Eu terminei com o Josh, não sei se você está sabendo. — voltei a olhar ela. — Bem, na verdade ele terminou comigo. — riu fraco.

— Eu sinto muito por isso. — me olhou e negou rapidamente.

— Não sinta, na verdade eu acho que eu nem amava mais ele, só me deixava levar pela fama. — levantei as sobrancelhas surpresa.

Ok, ela realmente mudou.

— Eu sei que ele gosta de você. — meu coração disparou e eu engoli seco.

— C-como? — pergunto confusa.

— Ele e Noah estavam conversando, eu não deveria ouvir já que última vez nós discutimos. — sorriu. — Mas eu fico feliz por ter escutado a conversa.

— Oi? — franzi o cenho completamente confusa.

— Josh disse para o Noah que gostava de você, porém você não queria estar com ele por minha causa. — apertei meus dedos.

— E não deixa de ser verdade. — digo sem jeito. — Não acho certo ele terminar e já ficar com outra. — olhei ela.

— Se ele terminou comigo, de certa forma fez o certo. — mordi o lábio inferior.  — Se vocês dois se gostam deveriam ficar juntos logo. — sorriu sem mostrar os dentes.

— Eu prefiro torturar ele um pouco. — digo e nós rimos.

— Sabe o que deixaria ele louco? — perguntou-me fazendo prestar atenção nela. — Nós duas ficarmos de provocação. — um sorriso diabólico se instalou no meu rosto.

— Heyoon, eu nunca gostei tanto de você. — digo nos fazendo rir.

Terminamos de assistir a aula e até que formamos uma boa dupla. Enquanto fazíamos o trabalho, armamos nosso plano.

Hoje nós temos treino das líderes, e como Sina já havia me falado, nós meninas sempre estamos onde eles estão treinando basquete.

Heyoon e eu combinamos de começar uma discussão no meio da coreografia, vou dar um jeito de contrariar ela, assim ela ficará "furiosa" comigo, e aí meu filho, que o show comece.

Vocês podem me chamar de louca, ou melhor, nos chamar de louca, mas nosso único objetivo é que Josh venha separar a briga. Quando isso acontecer — porque a gente espera que isso aconteça —, eu irei nos "assumir" na frente de todos. Sim, eu simplesmente irei beijar Josh no meio da quadra, na frente de todos ali presentes.

Nem fui eu que coloquei essa ideia na minha cabeça, foi a própria Heyoon. Segundo ela, Josh ficaria chateado após descobrir tudo, ele não gosta que brinquem com coisa séria. O beijo é só pra acalmar a fera.

Heyoon também me disse que gostaria de fazer amizade com as meninas, vulgo Shivani e Sabina, eu realmente estava feliz com tudo isso. Ela começou a olhar a vida de outro jeito, sem pensar em como ser popular, até o seu estilo de roupa mudou, está mais solta. Eu particularmente prefiro ela assim.

O sinal tocou e eu me despedi dela indo para a próxima aula.

Nenhum dos meus amigos estava na terceira aula comigo, mas eu acabei fazendo amizade com umas meninas e um garoto. Esse menino eu me lembro, ele joga no time, Krystian o nome dele.

Também conheci Hina, uma menina super fofa que me dá vontade de colocar em um potinho e proteger do mundo.

Assim que a terceira aula acabou, nós seguimos para o refeitório. Krys passou seu braço em volta do meu ombro e seguimos pelo corredor.

Ele me disse que gosta da Hina, mas não sabe como chegar nela. Eu, como uma boa bruxa que sou, tentei dar uns conselhos para ele, falei que sou especialista nisso.

— Ok senhora cupido, como que eu faço para saber se ela gosta de mim? — perguntou ainda abraçado comigo. Estávamos com rumo ao refeitório.

— Simples, vou falar com ela. — ele me olhou de lado.

— Endoidou? Ela vai suspeitar. — acabei rindo.

— Não vai Krys, nem vou citar seu nome. — digo tranquilizando ele.

— Tem certeza? — assenti.

— Sou a melhor cúpida, acredite. — ele me apertou de lado e nós entramos no refeitório.

Assim que passamos pela porta senti alguns olhares em mim.

— Por que está todo mundo olhando pra gente? — Krystian pergunta ainda abraçado comigo.

— Sei lá, devem estar sem nada pra fazer. — sussurrei para ele que deu risada.

Ele me puxou de leve e seguimos para pegar o lanche.

— Você vai sentar com eles? — Krystian pergunta apontando para a mesa onde estão os meninos e Sabina. Acabei fazendo uma careta confusa ao notar o olhar estranho deles.

— Por que eles estão com essas caras? — pergunto e Krystian segue me levando ao seu lado.

— Quem entende? — paramos na fila e pegamos nossa bandeja.

Eu acenei para os meninos e resolvi me sentar em uma mesa vazia com Krys, apenas para decidirmos nosso plano. O que me deixou intrigada foi que eles acenaram de volta mas nem sorriram...

— Bem, seguimos então com o plano. — deixei minha paranoia de lado e olhei Krys. — Você vai viver sua vida normal e deixa que eu tomo conta do assunto. — ele me olhou desconfiado.

— Não sei se confio cem por cento em você! — ele cruzou os braços e eu abri a boca.

— Ei pode parar. — dou uma risada e empurro ele de lado.

Continuamos a conversar e eu tenho que admitir, Krys é uma pessoa ridiculamente incrível. Eu não conseguia mastigar minha comida por cinco segundos que ele me fazia rir. Não vou negar que metade do lugar estava olhando, mas quem se importa? Pois é, eu não.

Alguns minutos assim e eu logo senti alguém se aproximar. Levantei meu olhar e o vi parando em frente a nossa mesa.

— Posso saber o que os pombinhos tanto riem? — Josh apareceu cruzando os braços na nossa frente com uma voz um tanto seca.

Era só o que me faltava!

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