062| O nome disso é culpa

O caminho até a escola foi bem descontraído, gostava desse momentos ao lado de Any.

Noah estacionou o carro e assim que descemos vimos Heyoon com suas amigas ao lado do carro dela. Any me olhou rapidamente e eu entendi que era para ficar afastado dela.

Não vou negar, isso me deixa mal, mas sei que ela não quer assumir nada agora em respeito a Heyoon.

— Oi Heyoon, olá meninas — Any cumprimenta elas e eu arregalei os olhos. Ela ficou doida?

— Oi Any, olá meninos... Sabina. — ela acena com a mão e eu juro que fiquei confuso. Ela sorriu.

— Olá. — dissemos ao mesmo tempo e entramos na escola.

— Ela está bem? — pergunto me virando para eles.

— Só porque ela cumprimentou o ex, não quer dizer que esteja louca. — Any diz séria.

— Além do mais, nós estamos no mesmo time. — Sabina diz passando o braço em volta do pescoço de Any.

— Fiquei confuso, vocês uma hora estão brigando, outra hora estão bem... — digo e elas me olham.

— Tienen mucho que aprender sobre nosotras mujeres. — Any disse e eu não entendi nenhuma palavra sequer.

— Garota você fala espanhol desde quando? — Sabina pergunta surpresa.

— Você entendeu alguma palavra do que ela disse? — Noah pergunta confuso para Sabina.

— Por supuesto. (claro) — Sabina disse e as duas começaram a rir.

— Vamos logo pra aula, antes que vocês duas nos enlouqueçam. — Noah diz passando seus braços em volta de Sabina e segue caminho.

— Posso fazer o mesmo? — pergunto sussurrando no ouvido de Any.

— Em seus sonhos, Joshua. — piscou pra mim e foi para dentro da escola.

Soltei uma risada e caminhei logo atrás.

Seguimos para a primeira aula e nós 4 estávamos juntos, Sabi e Noah ficaram na nossa frente, Any e eu estávamos na última carteira.

— Senhorita Gabrielly, pensei que tinha desistido das aulas. — o professor se escora na mesa e fala com ela fazendo todos os alunos prestarem atenção.

— Não sei porque pensou isso. — disse Any. — Só passei por problemas...

— Me poupe de suas desculpas. — interrompeu ela me fazendo fechar as mãos irritado. — Quero para amanhã um trabalho resumindo a história da República Dominicana. — quem ele pensa que é?

— Não acho isso justo professor. — me levanto da cadeira. — Ela teve seus motivos para faltar. — digo irritado com ele.

— Eu já disse, me poupe das desculpas. — travei meu maxilar.

— Se o senhor está tão interessado na história da República Dominicana, posso apresentá-la agora. — Any se levanta do meu lado e eu a olho.

— Você tem certeza disso, não quer estudar? — pergunto para ela que mantinha seus olhos fixos no professor.

— Não preciso estudar. — disse séria. — Caso ele não saiba, presto mais atenção nas suas aulas do que todos esses alunos juntos. — finalizou empurrando a cadeira e seguiu até o quadro.

— Vocês acham que ela vai conseguir? — pergunto me sentando.

— Pode apostar que sim. — Sabina dá um sorriso. — Arrasa amiga! — gritou.

Any parou em frente a sala e pegou o canetão da mão do professor sem ao menos pedir.

— Os espanhóis chegaram à região da atual República Dominicana em 1492, quando ainda era habitada por indígenas aruaques e caraíbas. — iniciou olhando todos. — O lado oeste atual Haiti, foi cedido à França em 1697 e, um século depois, toda a ilha passou ao controle francês. — se virou para o quadro e começou com algumas anotações.

Olhei rapidamente o professor e ele estava escorado na mesa com os braços cruzados prestando atenção..

— Em 1814, a Espanha retomou o lado oeste. A independência desse território só veio a acontecer em 1821, quando, então, o país adotou o nome de Estado Independente do Haiti Espanhol. — ela foi na mesa do professor pegar um canetão vermelho.

— Tropas do Haiti ocuparam o território entre os anos de 1822 e 1844, após a libertação, o país adotou o nome de República Dominicana. — não pude deixar de sorrir. — No ano de 1861, a região voltou a ser anexada à Espanha. — circulou os anos e fez as setas apontando as anotações.

— Somente quatro anos depois o país reconquistou sua independência. Ele foi ocupado pelos Estados Unidos entre os anos de 1916 e 1924. O general Trujillo governou o país como ditador entre os anos de 1930 e 1961.

Any continuou com a sua explicação, e em nenhum momento eu fiquei entediado e prestava atenção em cada palavra que ela dizia, se fosse o professor explicando isso eu provavelmente estaria dormindo.

Com sua explicação o professor fazia algumas perguntas para ela, que eu aposto que nem ele mesmo sabia a resposta, mas Any continuava calma em relação a isso. Tudo o que ele perguntava ela não pensava muito, apenas mandava na lata e eu sorria bobo com aquilo.

Sua explicação terminou e Sabina puxou uma onda de aplausos.

— Satisfeito? — perguntou colocando os canetões de volta em sua mesa.

— Sim, mas ainda quero isso redigido até a próxima aula. — abri a boca desacreditado.

Ele só pode estar brincando...

— Terá ele ainda hoje! — disse firme.

Any caminhou em direção a mesa e eu estava prestes a falar um monte na cara do professor, mas a mesma parou e se virou olhando ele novamente.

— E só para o senhor saber, eu quase morri porque bati o carro e ele explodiu, no mesmo dia eu descobri que meu pai está vivo. — prendi minha respiração. — Então da próxima vez aprenda a ouvir seus alunos ao invés de acusar sem saber. Não teria faltado se não fosse importante! — se virou novamente e caminhou se sentando ao meu lado.

Sabina e Noah levantaram a mão e Any bateu com um sorriso.

— Você não cansa de me surpreender, não é? — digo e ela me olha.

— Você ainda não viu nada. — disse com um sorriso.

— Você está bem? — assentiu. — Certeza?

— Tenho Joshua. — fiz um bico e ela riu. — Preste atenção na aula. — virou meu rosto e eu ri.

O professor seguiu com a aula, mas as coisas pareciam confusas, na verdade ele parecia perdido nas suas palavras.

— Ele está bem? — perguntou Noah se referindo ao professor.

— Não. — disse Any escrevendo em seu caderno. — O nome disso é culpa. — voltei a olhar o professor e o sinal logo tocou.

Arrumamos nossas coisas e seguimos para sair da sala, mas uma voz nos fez parar bem na porta.

— Senhorita Gabrielly, poderia ficar por favor? — nos viramos ao mesmo tempo após a fala do professor.

Any nos olhou e soltou um leve suspiro.

— Tudo bem. — disse calma. — Podem ir, encontro vocês mais tarde. — disse nos olhando e saímos da sala.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top