049| O que faz acordada?
Terça-feira 25-02
Meu celular despertou e eu me virei na cama resmungando. Parei ele e olhei a hora. 5:00?
Desliguei e botei mais meia hora voltando a dormir.
— Nada disso. — escutei Alexa adentrar o quarto e logo a luz se acende.
— Tia não. — digo fazendo birra.
— Temos que ir na escola mais cedo Any, preciso falar com a diretora. — disse arrancando o cobertor de mim.
— Por que tão cedo? — resmungo coçando o olho e me sento na cama.
— Não está cedo, você que foi dormir tarde. — olhei ela. — Pensa que eu não escutei você dando risada ontem?
— Ah isso, eu estava no telefone. — ela coloca as mãos na cintura. — Credo, eu estou indo. — resmungo indo no banheiro.
Tomei um banho rápido e vesti a primeira roupa que vi na minha frente, que no caso foi uma blusa branca de manga longa, e uma calça jeans clara.
Coloquei o tênis, arrumei minhas coisas e saí do quarto praticamente arrastada, nem o banho foi capaz de me acordar.
— Pode parar de moleza mocinha, anda, fiz seu café para você tomar no caminho. — ela me entregou um saco e um copo.
Eu ia questionar, mas resolvi ignorar e seguimos até o carro.
No caminho eu comi o lanche, na maior lerdeza do mundo também. Eu só queria dormir mais trinta minutos.
Assim que chegamos seguimos até a diretoria. Eu só queria entender o motivo de ter vindo junto.
— Bom dia Any. — disse ela após me ver.
— Bom dia, diretora. — digo dando o sorriso mais falso da minha vida.
— Você deve ser a Alexa, tia dela. — Alexa afirmou e nós nos sentamos.
— O que devo a visita de vocês? — perguntou a diretora e eu apoiei a cabeça na minha mão fechando os olhos.
— Bem, queria saber como fica a real situação da minha sobrinha na escola? — você está me zoando que ela me acordou mais cedo pra isso?
— As coisas já se normalizaram a partir do momento que Erick foi pedir os papéis. — respirei fundo.
— Sim, mas o desenvolvimento foi comprometido? — alguém me mata?
— Não, está tudo normal, os professores falam muito bem dela, está tendo um ótimo desenvolvimento na escola, não tem com o que se preocupar. — podemos ir embora?
— Então está certo, obrigada pela atenção. — Alexa se levanta e eu quase não consigo devido ao sono, gente, o que está acontecendo comigo?
Saímos da sala e paramos no corredor dos armários.
— Bem, eu já vou indo, nos vemos em casa querida. — Alexa me dá um beijo e vai para fora da escola.
Eu preciso ir ao banheiro.
Dei meia volta e segui até lá, só precisava jogar uma água no rosto.
…
Lavando meu rosto, senti a presença de Heyoon atrás de mim. Fechei os olhos com raiva e me levantei fechando a torneira.
— Que cara em garota. — disse me olhando pelo espelho.
— Igualmente. — digo dando um sorriso forçado.
— Olha você não fica se achando só porque salvou a vida do meu namorado. — ela deu ênfase no "meu namorado" me fazendo revirar os olhos.
— Vem cá, você nunca vai superar isso? — me viro olhando ela.
— Eu não tenho nada para superar Anyzinha. — disse debochada. — Tenho fama, amigos, namorado e você... — me olhou com certo deboche. — Bem, você apenas existe. — soltou uma risada forçada.
Sinceramente, estou com sono demais para discutir.
— Bem, você fique aí com sua fama, amigos, namorado — dei ênfase no "namorado". — Só cuidado para você não se molhar toda. — digo indo até a porta.
— Do que você está... — antes mesmo dela terminar, fechei minha mão e abri de uma vez fazendo a torneira estourar.
Sai do banheiro apenas dando risada do seu grito e imaginando o quão molhada ele ia ficar.
Virei o corredor e assim que vi quatro rostos meu sorriso sumiu. De longe eu via os olhares irritados.
— Por que vocês estão com essas caras? — digo indo para os armários.
— A bonita veio para escola e pelo menos se lembrou de nos avisar? — disse Sabina parando ao meu lado.
— Eu esqueci, desculpa. — abri meu armário e senti o olhar dos quatro sobre mim. — O que foi agora? — fechei a porta do armário com certa força.
— Nada. — Noah diz e se afasta. Suspirei e levei a mão no rosto.
— Desculpa. — olhei eles. — Não acordei nos meus melhores dias. — arrumei minhas coisas. — Já vou. — me virei e segui para a primeira aula.
…
As aulas foram um tremendo tédio e eu não prestei atenção em nada. Não sei o que me deu, dormi nas aulas do começo ao fim, não sei como ninguém me acordou.
Fiquei do lado de fora esperando as meninas, parece que resolveram desaparecer.
— Any, o que está acontecendo com você? — meu coração disparou no momento que vi Josh. — Por que está tão sonolenta? — se sentou ao meu lado e eu engoli seco.
— Eu só estou cansada. — me levantei no mesmo instante. — Não dormi direito, foi apenas isso. — forcei um sorriso e me virei para ir.
— Eu posso falar com você antes? — travei e fiquei de costas. Neste momento queria não poder sentir aura, seu nervosismo está grande, só não está maior do que sua paixão.
— Não pode ser depois? — digo ainda de costas. — Eu realmente preciso ir pra casa.
— Quer carona? — entrou na minha frente. — Acho que as meninas vão demorar para sair. — mordi o lábio inferior nervosa e assenti.
Seguimos para o carro e no caminho de casa adivinha? Dormi o trajeto todo. Só sei porque Josh me acordou.
Como eu morri em 10 minutos de carro?
— Obrigada pela carona. — digo dando um bocejo. — Prometo que assim que esse sono passar te escuto, pode ser? — assentiu e pude ver o desapontamento nele.
Caminhei até em casa e fechei aquela porta bocejando novamente.
— Alexa! — dou um grito e ela logo aparece da cozinha.
— Diga? — olhei ela.
— Por que eu estou tão cansada? — me joguei no sofá.
— Você ainda está cansada? — assenti e encostei a cabeça no sofá fechando os olhos. — Droga. — escuto ela dizer e seus passos se distanciando.
Me encolhi no sofá mas não demorou até ouvir ela gritar.
— Any não dorme! — se jogou no sofá me fazendo abrir os olhos. — Você não pode dormir.
— Por quê? — perguntei mole.
— Era para ser amanhã, mas eu esqueci que aqui é um dia a menos. — a olhei confusa. — Hoje é super lua, Any.
— E isso o que é que tem? — cocei o olho. — Não sou um lobisomem. — soltei uma risada fraca.
— Mas hoje é dia de caça! — arregalei os olhos sentindo meu coração disparar.
— C-como assim, dia de caça? — digo nervosa e me ajeito no sofá.
— Hoje é o dia que as forças rodam a terra à procura de bruxas perdidas. — disse nervosa. — Super lua deixam as bruxas jovens fracas, é fácil deles pegarem. — neguei rapidamente tentando processar isso.
— E se eu dormir? — pergunto preocupada.
— Você não vai. — disse convicta. — Mas você precisa sair de casa. — arregalei os olhos.
— Ficou maluca? Como vou sair e se lá fora que eles estão? — me levantei.
— Any, acredite em mim, você estará mais segura lá fora do que aqui dentro. — se levantou. — Hoje às oito da noite você tem que sair, só volte quando amanhecer. — neguei.
— Alexa, eu não sei se consi...
— Any olha pra mim. — segurou meu rosto. — Se alguma coisa acontecer com você eu nunca vou me perdoar. — mordi o lábio inferior.
— E você? — ela forçou um sorriso.
— Irei para o norte atrair com magia, não se preocupe comigo. — assenti. — Me promete que às oitos vai sair?
— Tudo bem. — alisou minha bochecha. — Às oito eu estarei longe daqui. — me abraçou.
— Não se esqueça. — se separou me olhando. — Você não pode dormir, em hipótese alguma durma, mesmo que você tenha que se machucar para isso. — fez aparecer uma faca e eu peguei receosa.
Alexa saiu para arrumar coisas de ritual e eu subi para o quarto. Segui até o banheiro e me enfiei embaixo do chuveiro apenas para ficar acordada.
...
Olhei o relógio e marcava sete e quarenta. Peguei uma blusa de frio, meu celular e sai de casa.
Entrei no carro e coloquei uma música alta apenas para manter os olhos abertos.
Sei sem rumo pelas ruas seguindo apenas uma única direção.
— Não dorme Any, não dorme... — repeti isso várias vezes enquanto a música alta tomava conta de mim.
Quarta-feira. 26-02 01:53h
Ainda dirigindo, eu me perguntei a quanto tempo estava nisso, ruas vazias e escuras, parece que sou a única pessoa nessa terra.
Me virei por questão de segundos para pegar meu celular, mas esse foi o tempo de um veado aparecer na frente do carro. Assustada, eu virei o volante com tudo e ao invés de frear, eu apenas acelerei.
O carro bateu em cheio em uma árvore e o impacto me fez ir pra frente. O cinto me protegeu de bater a cabeça, mas em compensação o vidro estourou. Que lindo, agora estou sangrando.
Achei que não poderia ficar pior, mas o carro começou a pegar fogo e eu arregalei os olhos.
Tirei o cinto com pressa e sai apenas com o celular em mãos. Foi o tempo de correr que o carro explodiu e meu corpo foi de encontro ao chão me fazendo proteger a cabeça.
Me sentei no chão olhando aquele fogo e quando me dei conta já estava chorando. Não tinha motivo, mas algo cresceu dentro de mim me deixando desesperada.
Com as mãos trêmulas, peguei meu celular e liguei para a primeira pessoa que pensei.
Foi questão de chamar quatro vezes que ele me atendeu.
— Alô? — escutei sua voz sonolenta.
— Josh, é a Any. — digo ainda no chão.
— Eu sei, são duas da manhã, o que faz acordada? — disse com a voz ainda mole.
— E-eu, bati o carro. — digo voltando a chorar.
— Meu Deus. — ele gritou. — Você está bem? Onde você está? — escutei os passos do outro lado.
— N-não sei. — cobri o rosto tentando controlar o choro. — Sai dirigindo, não vi o caminho.
— Any se acalma. — escutei ele descendo as escadas. — Estou saindo de casa, está vendo alguma placa na rua? Qualquer coisa? — limpei o rosto e olhei a placa.
— Sim. — escutei ele batendo uma porta. — Franklin St, está na placa. — digo em soluço.
— Como raios você foi parar tão longe? — encarei o céu.
— Não posso falar. — suspirei. — Mas eu estou bem, não conta para ninguém, apenas vem. — digo cansada.
— Estou indo. — escuto ele dizer e logo o barulho do carro ligando.
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