046| Me desculpa por tudo.

Minha cabeça estava uma confusão só, como assim ela foi embora? Sem mais nem menos? E a sua tia, a escola, seus amigos?

Meu pai se levantou de onde estava e me olhou.

— Andou brigando filho? — disse colocando a mão de leve no meu rosto.

— Foi só um mal entendido na quadra, eu estou bem. — toquei no local que ainda dói.

— Não gosto de ver você brigando Josh. — disse preocupado. — Se sua mãe descobre...

— Ela não vai saber de nada. — digo interrompendo ele. — A any pai? Ela voltou para o Brasil?

— De onde você tirou que ela voltou para o Brasil? — disse me olhando e depois riu.

— As coisas dela não estão no quarto e você acabou de falar "ela voltou pra casa" — cruzei os braços.

— Sim, ela voltou pra casa, a casa da frente. — apontou por cima dos ombros e eu senti um alívio em meu corpo.

— Por que ela voltou pra lá, não vai mais tomar conta dela? — digo confuso.

— Não, a tia dela voltou hoje de viagem. — abriu um sorriso. — Você tinha que ver essas duas se reencontrando, Any não parava de sorrir. — deixei escapar um sorriso. Como as coisas rolaram, não duvido da saudade que Any estava dela.

— Será que eu posso ir lá? — pergunto com certo receio.

— Não sei, Alexa me disse que estava cansada. — assenti lentamente. — Porém me disse que estava com saudades de você, disse que quando quiser pode ir lá ver ela. — torci o lábio.

— Eu não quero incomodar ela, queria falar com a Any. — digo dando a volta no sofá.

— Acho que não tem problema, pode ir lá, mas se não atenderem não incomode, em? — assenti e segui até a porta de casa.

Atravessei a rua correndo e logo toquei a campainha. Meu corpo estava tenso demais, estava com medo dela não querer falar comigo.

Balancei a cabeça rapidamente para espantar isso. Estou decidido a falar com ela, se não quiser me desculpar, ao menos eu tentei..

Alguns segundos depois a porta foi aberta, e quem apareceu ali foi Alexa.

— Olha só? Se não é você. — notei o tom seco em sua voz e engoli seco. Tem certeza que estava com saudades de mim?

— Oi Alexa, que bom te ver. — digo com um sorriso tímido.

— Não sei se posso dizer o mesmo de você. — apertei meu dedos, acho que Any deve ter contado tudo…

Alexa deu um passo para o lado e me convidou a entrar.

— Meu pai me disse que você estava com saudades de mim, então eu vim te ver. — digo um pouco nervoso.

— Isso foi antes de saber quem era você e o que você fez com minha sobrinha. — parei de andar ficando paralisado.

Ouvi apenas a porta fechar e ela logo aparece na minha frente.

— E-ela te contou tudo. — digo nervoso. — Tudo mesmo? — pergunto querendo ter a certeza.

— Sim, desde o primeiro dia de aula até hoje de tarde. — cruzou o braços e eu suspirei encolhendo os ombros.

— Acredito então que eu não deveria ter vindo aqui, não é? — digo sem jeito e ela se senta no sofá me pedindo para fazer o mesmo.

— Josh eu não estou brava com você, nem com ela. — me sentei olhando ela. — Any me disse que a convivência com você não foi fácil, mas que por outro lado vocês passaram poucas e boas juntos. — dei uma leve risada me lembrando dos ocorridos. — Também me contou do incidente de ontem. — me olhou e eu fiquei sério.

— Olha, juro que não queria fazer aquilo, e-eu não sei o que me deu. — me enrolei nas palavras pelo nervosismo que estava.

Alexa me olhava e tinha um certo olhar duvidoso. Com sua sobrancelha arqueada ela cruzou os braços e eu suspirei.

— Estou arrependido de tudo o que fiz, de verdade. Mas se não quiser acreditar em mim, super entendo. — abaixei a cabeça chateado.

— Escuta Josh. — ela soltou um suspiro. — Sei que pode parecer loucura da nossa parte, mas nós duas sabemos que você não queria ter feito aquilo. — levantei a cabeça surpreso e olhei ela. — Any conversou comigo, ela pode me explicar o real motivo que me fez acreditar nela sem ao menos questionar, coisa que eu sei que seus amigos (dela) não fizeram na primeira explicação.

— Porque depois de tudo o que eu fiz ela acredita em mim e ainda tenta convencer todo mundo que me odeia no momento, confiar nela? — pergunto tentando buscar respostas.

— Queria muito te responder isso, mas as coisas são bem mais complicadas. — disse com um sorriso. — Tudo o que precisa saber é que Any sabe da verdade, e não vai poupar esforços para mostrar aos seus amigos que você realmente não quis fazer aquilo. — abaixei a cabeça.

Eu realmente estou arrependido, mas como ela sabe realmente disso? Nem ao menos me conhece tempo o suficiente...

Suspirei e olhei para Alexa.

— Será que eu posso falar com ela? — pergunto me levantando.

— Eu não posso te dar certeza de que ela está disposta a falar com você, mas se quiser tentar... — se levantou e eu assenti.

Subi as escadas e virei o corredor seguindo até o quarto dela.

A porta estava encostada então eu bati de leve e ela abriu. Sem resposta, eu apenas inclinei minha cabeça e a vi.

Any estava dormindo e parecia em um sono profundo. Olhei para o fundo do corredor e depois entrei no quarto encostando a porta.

Me aproximei de sua cama vendo ela deitada de lado. Me ajoelhei na sua frente e consegui ouvir sua respiração calma.

Fiquei observando ela e com calma, tirei uma mecha do seu cabelo cacheado que caía sobre seu rosto. Como pode ser tão linda? Como eu demorei tanto a perceber isso?

— Me desculpa por tudo. — digo sussurrando. — Fui um idiota e você não merecia ter passado por isso. — olhei seu braço que estava descoberto e levei minha mão até ele.

— Como você consegue me defender mesmo depois do que eu fiz? Como pode acreditar que a culpa não foi minha sendo que eu te machuquei? — alisei seu braço de leve.

— Você deveria ter deixado aquele negócio me acertar. — senti minha voz ficar trêmula. — Nunca fui a melhor pessoa com você, gritava com você e fingia ser quem não era…. Acho que no fundo eu só queria que você me odiasse, mesmo sem perceber eu tinha medo. — respirei fundo. — Tinha medo de você começar a gostar de mim e eu acabar te decepcionando, assim como aconteceu na primeira vez.

— Voltei a me aproximar de Heyoon porque achei que estava fazendo o certo, mas na verdade eu só estava escondendo de mim mesmo que talvez eu goste de você. — fechei os olhos rapidamente deixando algumas lágrimas caírem. — Está cedo demais para eu dizer que estou me apaixonando? — voltei a olhar ela.

— Não quero ser esse babaca que você conviveu durante essa semana em casa. Vou mudar Gabrielly, por mim e por você. — alisei sua bochecha. — Espero que um dia você possa me perdoar. — me levantei e dei um beijo em sua cabeça.

Limpei meu rosto rapidamente e segui para fora do quarto. Encostei a porta e dei um longo suspiro. Não acredito no que achei de dizer e nem no que acabei de admitir para mim mesmo. Soltei um sorriso e segui para descer as escadas.

— Ela te escutou? — perguntou Ale assim que me viu na sala.

— Podemos dizer que sim. — encolhi os ombros. — Pedi desculpas, realmente estou arrependido de tudo que fiz ela passar. — Alexa se aproximou e me deu um rápido abraço.

— Ela estava dormindo, não estava? — perguntou se separando e eu assenti. — Não se preocupe, vocês terão os próximos dias para se entenderem. — forcei um sorriso. — Agora é melhor você ir pra casa, provavelmente ela irá demorar para acordar, hoje o dia foi uma loucura e ela gastou muita energia. — disse soltando uma risada.

— Tudo bem, obrigado mesmo assim por me receber, por me escutar e também por acreditar em mim, mesmo isso sendo impossível. — sorri sem mostrar os dentes.

— Vai por mim, se um dia você descobrir as coisas, irá entender tudo. — ela riu me deixando confuso.

Alexa me acompanhou até a porta e eu me despedi seguindo para casa.

Já passava das 19h e eu ajudei meu pai com o jantar.

Foi estranho sentar naquela mesa e não ter a Any do outro lado, a casa parecia estar mais vazia.

Assim que terminamos de comer eu me ofereci para tirar a mesa e disse que ele podia ir descansar.

Tirando as coisas, acabei pegando um frasco de pimenta e comecei a rir sozinho quando lembrei da Any comendo pimenta… neguei lentamente e voltei a arrumar.

Estava me preparando para ir ao quarto quando alguém tocou a campainha. Estranhei pela hora e fui atender.

Abri a porta e meu coração parou por uns segundos ao ver quem era.

— Podemos conversar agora? — perguntou Noah me deixando confuso. Porque ele apareceu aqui tão tarde?

— Claro, pode entrar.

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