040| Outra hora a gente conversa
A gente passou a tarde assim, comendo besteira e assistindo filme, ao menos isso me fez esquecer da cena de mais cedo.
Noah recebeu uma ligação do seu pai e tinha que ir. Aproveitei a deixa e me despedi das meninas para ir pra casa.
Noah e eu fomos caminhando até a casa em total silêncio. Embora tenha sido um dia divertido, consigo notar que Noah estava chateado com Josh, o que é uma pena, os dois eram como irmãos...
— Nossa Noah, se você quiser parar de falar um pouco meus ouvidos agradecem. — brinquei para descontrair e ele riu.
— Só você mesmo em. — disse passando o braço em volta do meu ombro e eu abracei sua cintura.
— Vai ficar tudo bem Noah, ele é assim. Faz merda, depois arruma, depois faz merda de novo, isso é da natureza dele. — Noah me olhou.
— Como você consegue conhecer as pessoas tão bem em tão pouco tempo? — perguntou voltando a olhar para frente.
— Se eu te contasse você não acreditaria. — digo rindo.
— Sei que pode parecer estranho mas, é como se Josh quisesse esquecer dos problemas, arrumando outros. — ele suspirou.
— Não parece Noah, é exatamente isso! — digo chegando em casa e ele para ao lado do carro.
— Juro que nunca vou entender ele. — disse me soltando e eu abracei meus cotovelos pelo leve frio.
— Acho difícil você tentar entender alguém que nem mesmo consegue se entender. — Noah me olhou confuso e depois começamos a rir.
— Aposto que nem você sabe o que disse.
— Não mesmo — rimos.
— Acho melhor eu ir, está frio e você parece estar congelando. — disse encostando em meu braço arrepiado.
— Não vou negar, está um pouco. — me encolhi.
— Te vejo amanhã na escola? — assenti e ele pegou a chave apertando o botão que destrava o carro.
No mesmo instante ouvimos a porta de casa abrir e olhos para ela. Josh passou por ela e se aproximou.
— Noah, podemos conversar? — parou na nossa frente.
— Já estou de saída, amanhã tem aula e meu pai está me esperando. — disse seco e eu me senti cada vez pior com essa situação...
— Prometo que vai ser rápido. — Josh me olhou e eu entendi que era melhor deixar os dois a sós.
— Não precisa ir Any. — parei de andar e me virei. — Já falei Josh, outra hora a gente conversa. — se aproximou de mim. — Tchau meu anjo. — me deu um beijo na testa e entrou no carro.
No mesmo instante que vi aquele veículo sair senti um arrepio ruim por todo meu corpo. Meu olhar se encontrou com o de Josh e ali eu via apenas raiva.
Caminhei até em casa e quando abri a porta Josh fechou novamente.
— Josh me deixa entrar, estou com frio. — ele ficou parado na minha frente.
— Por que você não fica calada? — engoli seco após ele gritar. — Você diz para eu não me intrometer na sua vida e o que você faz?
— Josh, não quero saber dos seus showzinhos, me dá licença. — tento empurrar ele, mas o mesmo me pega com força pelo braço.
— Por que você tinha que falar para ele que eu estava com Heyoon lá em cima? — gritou me apertando.
— Josh, você está me machucando. — tentei me soltar, mas ele pegou meu outro braço me apertando com mais força.
— Não quero saber, você vai me escutar! — gritou me agitando. — Desde que você chegou só piorou a minha vida, Noah não quer ser mais meu amigo graças a você. — nesse momento meu coração já estava disparado e minha vista embaçada pelas lágrimas.
— Josh… — digo com a voz fraca.
— Você dá uma de perfeitinha, mas não passa de uma rejeitada, não te suporto, Heyoon não te suporta, sua família não te suporta. — naquele momento eu congelei. — Vê se entende uma coisa, você está na minha casa, comendo a minha comida, tomando banho com a minha água, se põe no seu lugar de uma vez por todas, ninguém te quer por perto.
Eu não sabia o que estava acontecendo, minhas forças para me debater pareciam ter sumido, não sentia mais os meus braços e no desespero fiz a única coisa que me restava.
— Josh me larga. — meus olhos emanam uma luz azul e o olhar de Josh sobre mim muda.
Ele olhou suas mãos e minha vontade de chorar estava cada vez maior. Josh me soltou de uma vez e eu passei a mão nos meus braços sentindo eles totalmente doloridos. Meu corpo fez tanta força para amenizar a dor por conta própria que acho que me desgastei.
— Any me desculpa, eu não sei...
— Só.. saia da minha frente Joshua. — digo com a voz fraca e passo ao seu lado.
Subi aquelas escadas correndo e segui em direção ao quarto. Tranquei a porta e me aproximei do espelho vendo meus braços.
As marcas de seus dedos estavam avermelhadas e eu já via ficando roxo. Meu corpo não ia se regenerar pela falta de energia, eu sentia ele fraco…
Me joguei na cama e me encolhi querendo pegar no sono o mais rápido possível.
Any passou correndo por mim e subiu até o quarto. Eu ainda encarava minhas mãos tentando entender o que havia acontecido. Foi como se a raiva me dominasse e quando me dei conta, estava quase levantando Any do chão pelos braços.
Deus, como eu sou burro! Como eu deixei as coisas chegarem a esse ponto? Como pude em menos de uma semana me afastar de Noah, voltar com Heyoon e machucar uma garota com força bruta?
Sentia meu corpo trêmulo e entrei em casa. Subi direto para o quarto e quando abri a porta vi que Heyoon dormia.
Segui até o banheiro e me joguei embaixo do chuveiro deixando apenas a água cair sobre o meu corpo.
Segunda-feira 24-02
Já fazia um tempo que estava acordada, minha cabeça ainda girava ao lembrar de ontem.
Me levantei e me olhei no espelho. Meus braços agora se encontravam roxos e quando toquei notei que estavam doloridos.
— Por que não voltam ao normal? — sussurro olhando eles pelo reflexo.
Coloquei minha mão sobre o roxo e tentei curar, mas tudo o que aconteceu foi eu me sentir fraca. Andei até minhas roupas e coloquei uma blusa de manga longa para tapar esse braço.
Desci para tomar café e Erick já estava lá. Dei bom dia e me sentei no balcão.
— Dormiu bem? — perguntou e eu assenti. — Hoje fiz panquecas para você começar bem o seu dia. — disse me servindo e eu sorri.
— Eba! — digo batendo palmas. — Cadê aquela cauda deliciosa para eu colocar em cima?
— Está muito cedo para você se empanturrar de coisa doce, não acha? — disse me olhando.
— Por favorzinho Erick. — implorei com as mãos e fiz um bico com os lábios. Erick suspirou e eu contive um sorriso.
— Você venceu, mas só hoje em? — me deu a calda e eu concordei. Pelo menos meu dia começou bem.
Sabina me mandou mensagem perguntando se eu queria carona hoje. Estava escrevendo que queria, mas Erick pegou o celular da minha mão.
— Termina de comer depois você mexe. — abri a boca.
— Mas a minha carona para escola. — digo mas ele nega com o dedo e depois aponta para o meu prato.
Suspirei e escutei o barulho de passos na escada. Ah não, não queria ter que olhar na cara de Josh, não agora.
Não tive muito o que fazer, segundos depois Heyoon e Josh apareceram na cozinha. Ambos deram bom dia, mas só Erick respondeu..
— Está um calor lá fora, pra que essa blusa de manga longa Any? — perguntou Heyoon e eu pude sentir o olhar de Josh caindo sobre mim.
— Acordei com um pouco de febre — coloquei minha mão no braço e ainda estava doendo. Josh desviou o olhar ao perceber do que se tratava. — Mas não se preocupa, estou levando outra blusa na mochila caso sinta calor. — forcei um sorriso.
Era difícil ter que disfarçar na frente de Erick que duas pessoas que eu odeio estão sentadas ao meu lado...
...
Terminei minhas panquecas, tomei meu suco e me levantei.
— Quer carona para escola Any? — Josh pergunta com naturalidade, mas eu pude sentir o medo em sua voz, talvez de eu ligar o foda-se e contar para o seu pai a merda que ele fez ontem.
— Não precisa, Sabina está me esperando. — digo e pego minha mochila. — Erick? — ele me olha e eu estendo a mão.
— Boa aula. — ele bate na minha mão como se fosse um comprimento que eu estivesse pedindo.
— Eu quero o celular. — digo dando risada.
— Desculpa. — ele devolve o celular dando risada.
— Obrigada pelo café, melhorou meu dia. — digo olhando para os dois pombinhos e vou para fora.
Graças a Deus as duas estavam me esperando, e ainda melhor, dentro do carro. Certeza que iriam me abraçar e com esse braço doendo não ia ser uma boa.
Fomos para a escola ouvindo as famosas músicas de Sabina. Ela me disse que o cachorrinho se adaptou bem à nova casa e o nome dele é Nico. Por que desse nome? Não sei, mas eu gostei.
...
Chegamos na escola e o que eu temia aconteceu, Noah chegou e envolveu nós 3 no mesmo abraço. Fiquei no canto e meu braço acabou sendo apertado, puta que pariu que dor!
— Está tudo bem? — perguntou Noah segurando meu braço e eu puxei de leve.
— Está sim. — digo com um sorriso.
— Tem certeza? Está um calor e você está de blusa. — perguntou-me olhando sério.
— Tenho sim. — digo firme. — Vamos entrar. — digo passando na frente.
...
Minha cabeça estava tão desfocada que eu esqueci de pegar meu livro da primeira aula.
Voltei para o armário para pegar e assim que fechei dei de cara com uma pessoa que fez meu ar faltar no mesmo instante… Não pode ser!
— Vejam só, se não é Any Gabrielly? — disse com um sorriso e eu engoli seco.
— Você?
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