Acordei assustada e olhei em volta. Não acredito que peguei no sono em cima do telhado!

Uma carta chegou voando e eu peguei ela para ler.

"Oi Any, espero que você receba essa carta. Estou lhe escrevendo para dizer que cheguei em Ilvermorny em segurança, consegui entrar em contato com o conselho e um portal foi aberto. Estarei resolvendo a sua situação o mais rápido possível e voltarei logo. Sua mãe está bem e disse que sente muito a sua falta, e não se preocupe, aparentemente Charles não desconfia de nada. Eles ainda não se casaram e pelo visto ainda vai demorar para acontecer, espero que Erick esteja cuidando bem de você, te amo e se cuida, em breve estou de volta".

Alexa

Eu não acredito, ela conseguiu mesmo falar com o conselho e minha mãe está bem. Sorri e a carta logo pegou fogo sumindo de minha mão.

Acordei com fome então voltei para dentro do quarto. Olhei para cama e a bolinha de pelos ainda estava dormindo. Às vezes eu acho que sou uma animal, sério, meu sono é como o deles, não tem fim nunca.

Saí sem fazer barulho e passei pelo quarto de Josh. Olhei rapidamente ao não sentir nada, e vi que estava vazio, para alguém que não queria me deixar sozinha, Noah sumiu bem rápido...

Dei de ombros e desci as escadas lentamente. Ao chegar quase no final notei Erick sentado no sofá ao lado do telefone, ele deu uma fungada e notei sua aura coberta de preocupação.

— Erick, você está chorando? — termino de descer e ele se vira de uma vez. Sua única reação foi correr na minha direção.

— Any, por Deus, onde você estava? — me envolveu em um abraço que chega fiquei sem ar.

— Lá em cima. — digo simples. Erick se separou e me segurou pelos ombros.

— Como você estava lá em cima? Noah foi te chamar para jantar e disse que você não estava lá no quarto, só havia o cachorro dormindo e o carro de Sabina não estava mais lá. — disse rapidamente e eu mordi o lábio inferior.

— Bem. — cocei a cabeça. — Sobre o carro, ela veio buscar, perguntou se eu podia ficar com o cachorrinho por mais uma semana porque ela vai se mudar. — Erick se afastou ainda me olhando. — E Sobre eu não estar no quarto, subi para o telhado pois precisava dar uma respirada, só não contava em pegar no sono. — sorri sem graça.

Erick me abraçou novamente e disse estar aliviado de eu estar bem.

— E os meninos? Eles saíram a muito tempo? — pergunto me sentando.

— Na verdade, sim. Eles saíram por volta de 20h e até agora nada, e o pior de tudo, eles não levaram o celular, no calor do momento só foram. — suspirou.

— Entendi. Sei que fiz merda, mas será que eu posso comer? Acordei com fome. — digo e Erick dá risada. Ele estende o braço e eu me levanto indo até a cozinha.

Erick me serviu a janta no balcão mesmo. Conversamos um pouco e ele me perguntou do meu dia, contei evitando a parte do Josh.

Erick disse que da próxima vez era pra eu tentar avisar, deixar uma carta, mandar mensagem, qualquer coisa, mas avisasse. Sabia que ele tinha realmente ficado preocupado e me culpo por isso, prometi que não ia mais acontecer.

...

Ficamos falando mais um pouco e minutos depois ouvimos a porta ser aberta. Ouvimos a voz de Noah e Josh e nos olhamos aliviados.

— Se tiver acontecido algo com ela eu não vou me perdoar, meu pai não vai me perdoar Noah. — escutei Josh falar e prendi minha respiração.

Olhei para Erick que me pareceu confuso e me levantei. Decidi correr até a sala para evitar que Josh falasse alguma bobagem ainda maior.

Peguei a chave do carro e saímos correndo.

Comecei a dirigir pela cidade igual louco e Noah não conseguia parar quieto, estava desesperado e eu também. Se acontecer algo com essa garota eu não me perdoaria, isso podia ser minha culpa, não devia ter aberto a minha boca.

...

Passamos por alguns bairros próximos e alguns perigosos. Noah colocava a cabeça para fora do teto solar e começava a gritar o nome dela na tentativa frustrada de obter respostas.

Fomos até a casa de Sabina e vimos o carro dela estacionado. Descemos correndo do carro e tocamos a campainha.

Alguns segundos depois a porta foi aberta por Sabina...

— Aconteceu alguma coisa, meninos? — Sabina diz vindo para fora e fecha a porta atrás.

— Sabina pelo amor de Deus, me diz que a Any está aí dentro jantando com vocês? — Noah se jogou na frente dela desesperado.

— Como assim Noah? Ela não está em casa?  — disse ela mudando seu tom de voz.

— Mas o carro está aqui, não foi ela que trouxe? — Sabina negou.

— Fui buscar o carro porque nós vamos nos mudar e aproveitei para pedir para ela ficar com cachorro por mais um tempo. — isso explica o cachorrinho dormindo.

— Ela não te mandou nenhuma mensagem? — pergunto e ela pega o celular no bolso de trás.

— Não, não tem nenhuma mensagem, não entra desde as 19h no whats. — nós nos olhamos.

Não tínhamos mais ideia de onde ir, iam dar 22h e viemos sem celular, meu pai deve estar preocupado.

— Obrigado Sabina, vamos pra casa e acionar a polícia, a gente te avisa qualquer coisa. — digo

— Josh, se eu descobrir que foi por sua culpa que ela sumiu, eu acabo com a sua raça. — ela fechou a porta chorando e meu coração deu um aperto.

Se realmente tiver acontecido algo com ela...

— Josh vamos rápido. — Noah me puxou para o carro.

Demos mais uma volta pelo o bairro e nos afastamos um pouco também, se ela estivesse a pé não poderia ter ido muito longe.

...

Tomei o rumo de casa e não sabia como eu ia dar essa notícia para meu pai, como eu vou explicar pra ele?

...

Chegamos em casa e eu hesitei em entrar. Noah colocou a mão no meu ombro e eu olhei para ele.

Ele estava tão preocupado quanto eu, talvez até mais... Abri a porta e logo depois me veio uma onda de desespero.

— Se tiver acontecido algo com ela eu não vou me perdoar, meu pai não vai me perdoar Noah. — digo desesperado.

Ouvimos um barulho de passos da cozinha e eu desviei meu olhar. Meu pai apareceu e minha surpresa maior foi ver Any logo atrás, no mesmo instante senti um alívio percorrer meu corpo, parecia que eu tinha tirado um peso enorme das minhas costas.

— Any! — Noah saiu correndo em sua direção e deu um abraço nela.

Eu apenas fiquei parado na porta tentando encaixar algo.

— O que aconteceu? Onde você estava? Nós estamos há 3 horas te procurando. — Noah dizia enquanto ainda sufocava a menina no abraço.

Any começou a explicar o que tinha acontecido. Disse que sentia muito e que só precisava pensar, ela só não contava que iria pegar no sono no telhado.

Chega até ser engraçado, ela estava esse tempo todo em casa e em segurança.

Noah não largava ela, acho que ele estava se sentindo culpado porque não deveria ter deixado ela sozinha no quarto por tanto tempo.

— Noah, está tudo bem, estou bem. — ela tentava acalmar ele dando batidinhas na suas costas.

— Josh? — meu pai me chamou e eu olhei ele. — Por que você disse que se tivesse acontecido algo com ela você não se perdoaria, eu não te perdoaria? — engoli seco e acabei olhando Any.

— Acho que é porque quando você está fora ele meio que fica responsável, talvez ficaria com a consciência pesada por não ter prestado atenção em mim. — Any disse com uma voz seca e eu entendi seu recado. Acho que por hoje já chega de tirar a paciência dela.

— Foi por isso sim. — digo passando a mão na nuca. — Acho melhor eu ir para o meu quarto. — deixei eles na sala e subi, deu de problemas por hoje.