6:30h Sexta-feira, 14-02

Acordei com alguém batendo na porta. Tentei me localizar até ouvir a porta ser aberta.

— Quem está aí? — falei com a voz abafada pelo edredom. Me cobri para que a pessoa não me visse nesse estado deplorável de manhã.

— Sou eu. — ouvi a voz de Sabina e sai debaixo da coberta.

— O que você está fazendo aqui louca? — ela entrou e fechou a porta.

— Eu vim te buscar. — olhei ela confusa.

— Como assim me buscar? Está cedo ainda. — cocei o olho.

— Falta 30 minutos para entrarmos na escola. — arregalei meus olhos.

— Como trinta? — peguei meu celular. — Meu Deus, estou atrasada! — me levantei com tudo da cama e corri para o banheiro de baixo.

Tomei o banho mais rápido da minha vida e subi correndo para o quarto de toalha. Entrei no quarto e Sabina ficou me olhando.

— O que foi agora? — coloquei os braços na cintura.

— Nada, só estava olhando. — dei risada.

— Sabi me ajuda com a roupa. — comecei a jogar várias roupas para cima tentando achar alguma coisa.

— Menina quanta roupa preta. — ela se sentou na cama.

— Eu gosto dessa cor, não posso fazer nada. — me virei e voltei a revirar minhas coisas.

— Aqui Any, coloca isso. — me jogou uma calça jeans preta e uma blusa branca de manga longa.

— Muito obrigada. — corri para me trocar.

Calcei meu sapato, peguei minhas coisas e desci as escadas correndo prendendo meu cabelo, Sabina estava logo atrás.

— Erick, já estou indo, estou atrasada. — grito.

— Any você não tomou café. — ele saiu da cozinha. — Eu pensei que você não ia à aula hoje.

— Por que eu não iria? — pergunto me virando para ele.

— Achei que ainda precisava de repouso, Josh não me falou nada. — soltei uma risada.

— Eu estou ótima e não se preocupa, eu como algo no caminho, beijos, tenha um bom dia.

— Tchau Erick! — Sabina se despediu e nós entramos no carro para irmos.

— Cadê a Shiv? — pergunto colocando o cinto.

— Ela saiu com o meu pai, eles foram comprar algumas coisas e como hoje Shiv não tinha nada de importante... — assenti.

— Como foram as coisas ontem, sua tia deu notícias?

— Foram boas até, sabe, Josh não é uma pessoa tão ruim quanto vocês dizem... — ela freou o carro com tudo e eu quase bati a cabeça no painel do carro. — Você está louca? — olhei ela assustada.

— Any, um cachorrinho! — ela tirou o cinto e desceu do carro.

— Sabina nós estamos atrasadas! — desci do carro seguindo ela.

Havia um cachorrinho parado em frente ao carro. Quando me aproximei ele começou a rosnar para mim, ou pelo menos tentar já que era uma bolinha de pelos.

Os animais tem ótimos sentidos, sabem reconhecer certas coisas, inclusive que sou uma bruxa.

Cerrei meus olhos encarando ele e fiz meus olhos piscarem com uma cor amarela. No mesmo instante ele parou e eu sorri.

— Any, ele não é lindo? — Sabina pegou ele no colo.

— É lindo mas estamos atrasadas. — digo olhando a hora.

— Vamos levar ele conosco. — disse indo para dentro do carro com o cachorro no colo.

— Eles não vão deixar você entrar com isso na escola. — entrei no carro e bati a porta arrumando o cinto em seguida.

— Não vão me deixar porque sei que não pode, mas você não. — ela deu partida no carro e seguiu caminho.

— Como é que é? — perguntei enquanto ela dirigia.

— Ai Any por favor, ele não pode ficar no carro. — o cachorro passou para o meu colo.

— O que você pensa em fazer? — virei o cachorro de barriga para cima e fiz carinho em sua barriga gordinha.

— Você é uma intercambista, pode falar que no brasil vocês levam cachorro quando encontram eles na rua, sei lá. — comecei a rir, que ideia mais estúpida.

Não discuti com ela, não tinha como dar errado e se o cachorro começasse a latir eu controlava ele.

— Chegamos, agora vai, leva ele no colo. — Sabi destravou a porta e desci.

— Vamos bebezinho, ninguém vai me impedir de levar você para aula hoje. — falei com uma voz de bebe muito tosca.

Passamos pela entrada e fomos para a sala.

Como era previsto o professor falou que aquilo não era permitido e me mandou para a diretoria.

Cheguei na porta da diretora e quando fui bater ela abriu. Josh saiu da sala e parecia nervoso, nem me cumprimentou.

— Licença. — bati abrindo a porta com o cachorrinho no colo.

— Olá Any, entre por favor. — passei fechando a porta e me aproximei. — O que te trás aqui? — ela se sentou e pareceu ignorar o cachorrinho no meu colo.

— Bem, essa fofura me trouxe aqui. — ela olhou para o cachorrinho e fez uma carinha boba. Vi sua aura brilhar e quis rir, quem diria, a diretora gosta de animais...

— O que esse filhotinho faz com você Any? — apontou para a cadeira e eu me sentei.

— Bem, estava vindo para escola com a Sabina, minha colega de classe, quando vi ele na rua. Pedi para ela parar o carro e por pouco ela não passa por cima dele. — a diretora fez uma cara de assustada. — Eu não podia deixar ele lá, ele estava assustado e sozinho.

— Imagino. — disse olhando o cachorro.

— Sabina me disse que não era permitido entrar com animal na escola, mas em algumas escolas do Brasil eles deixam. Não teria como eu ficar só até o fim do dia?. — essa é a desculpa mais esfarrapada que eu já contei.

— Não se preocupe Any, você é intercambista, não sabia das regras e não podia deixar essa coisinha fofa na rua. — sorri. — Pode ir para a sala e leve isso com você.  — ela me entregou uma autorização dizendo que o cachorro estava permitido ficar comigo até o fim das aulas.

Não acredito que isso deu certo.

Agradeci a diretora e me retirei da sala. Voltei para a sala de aula e entreguei a autorização para o professor. Ele me disse que se começasse a latir era pra eu me retirar para acalmar ele e depois voltar.

Apenas concordei e me juntei a Sabina, que ficou toda feliz com o cachorrinho na sala hoje.

— Eu sabia que ia dar certo. — ela me cutucou.

— Ainda não acredito nisso. — digo rindo.

Acho que em relação a latidos não teríamos com o que se preocupar, já que ele acabou dormindo nas minhas pernas.

A primeira aula acabou e nós trocamos de sala. Para nossa infelicidade ia ter Heyoon com suas amigas. Noah também ia participar da aula junto com Josh.

Estava sentada e eles ainda não haviam visto o cachorrinho dormindo no meu colo, até que ele acordou e começou a chorar. Não sabia o que era e Sabina me olhou desesperada, o professor já ia chegar e ele não parava de chorar. Olhei em volta e todos estavam me olhando...

Encostei minha mão nele para saber se ele estava com dor e suspirei aliviada quando descobri o que era.

— O que foi, por que está sorrindo? Ele deve estar sofrendo. — Sabi me perguntou preocupada.

— Se acalma, ele só está com fome. — digo calma. — Vou levar ele para comer algo. — me levantei e fui para fora da sala.

Acabei trombando com o professor na porta e ele perguntou onde eu ia. Expliquei para ele a situação e mostrei a autorização, ele disse que estava tudo bem, mas não era pra demorar.

Cheguei ao lado de fora e precisava achar um lugar vazio. Corri para o ginásio, que por sorte estava vazio e me sentei em um banco.

Fiz aparecer uma mamadeira com leite para alimentar esse filhotinho e o deitei em meu colo.

Ele realmente estava com fome, acabou em menos de 5 minutos com o lanche.

Esperei uns minutos e deixei ele correr um pouco pela quadra. Senti que estava sendo observada e me virei para a porta vendo Noah me olhando parado, feito uma estátua.

— Você não devia estar na aula garoto? — ele sorriu e veio na minha direção.

— Eu deveria, mas não estou. — dei risada. — Falei para o professor que precisava ir ao banheiro. — se sentou ao meu lado.

— Por que está aqui? — perguntei olhando a bolinha de pelos correr.

— Achei que você ia precisar de ajuda, mas parece que está tudo sob controle. — encarei ele.

— Ei, eu sei cuidar de um cachorro, ok?. — dei um tapinha em seu braço e ele riu.

— Como raios você conseguiu entrar com esse cachorro aqui?

Eu expliquei para ele toda história, disse que essa ideia mirabolante era de Sabina e ele ficou rindo.

— Não acredito que a diretora acreditou nisso.

— Pois é, ainda bem que ela gosta de animais. — Noah me olhou.

— Como assim, gosta de animais? — mordi o lábio inferior…

— Bom… você tinha que ver ela quando viu essa gracinha no meu colo, só faltava explodir de fofura. — ele voltou a olhar o cachorrinho correndo. — É melhor irmos antes que nos procurem pela escola. — ele assentiu e eu fui pegar a bolinha de pelos.

Voltamos para sala e eu entrei primeiro. Noah deu uma enrolada lá fora e depois entrou.