008| Muito fácil para dar certo.
Quarta-feira, 5:30h
Acordei na força do ódio, não só porque tive que acordar cedo, mas porque era meu primeiro dia de aula em uma escola totalmente desconhecida e sem magia. Sério, quais as chances disso dar certo?
Nenhuma!
Comecei a chutar o ar para me livrar das cobertas e assim me levantar.
Me levantei e fui até as minhas roupas... Peguei uma blusa de manga longa preta, uma calça bege e deixei sobre a cama.
...
Tomei meu banho rapidamente e sai enrolada na toalha.
Me troquei e antes de descer parei na frente do espelho. Me olhei por uns minutos pensando se estava apropriada ou não para ir à escola. Quer dizer… tudo bem que está calor lá fora e eu sinto que vai esquentar mais, mas o que custa eu ir de preto no primeiro dia de aula? Vi um filme na tv ontem e muita gente usa preto...
Dei de ombros e me dirigi até a porta fazendo um coque no cabelo.
Descendo as escadas ouvi uns barulhos vindo da cozinha e fui caminhando até lá.
Vi Ale de costas e me perguntei, por que não dar um susto de bom dia nela?
Caminhei devagar até ela...
— Nem pense em fazer isso Gabrielly! — disse ela de costas sem parar o que estava fazendo.
— Ah, qual é? — levantei os dois braços inconformada dando uma risada no final.
— É engraçado, às vezes eu acho que você esquece que somos bruxas. — se virou secando as mãos em um pano.
— Pois é, se acredita que eu realmente esqueço? — digo cruzando meus braços ironicamente. Ela dá risada negando com a cabeça.
Pior é que às vezes eu esqueço disso, é mais por costume mesmo, as vezes eu até esqueço que tenho o poder de esconder minha aura e me manter longe de todos...
— Está com fome, meu amor? — perguntou ela tirando um saco de pão do armário.
Assenti me sentando no banco e me escorando no balcão.
— Vem cá, você aprendeu a cozinhar aqui na terra? — pergunto pegando uma maçã e mordendo-a.
— Sim! — assenti. — Aliás, se você quiser posso te ensinar, já que vamos ter bastante tempo. — ela abriu a geladeira e se agachou para pegar algo.
— Eu não vou negar viu. — digo largando a maçã e colocando meus dois cotovelos no balcão apoiando meu rosto nas mãos.
Olhei para ela que se levantou segundos depois fechando a porta da geladeira.
— Você mordeu a maçã só para passar tempo? — ela apontou para a maçã e eu neguei.
— Eu decidi dar uma chance de vida para ela. — peguei a maça e reconstruí ela com magia.
— Ew, me lembra de não tocar nessa maçã. — disse ela fazendo cara de nojo. Não pude deixar de dar risada e coloquei a maçã no lugar.
— O que é isso? — peguei um livro grande que estava em cima do balcão e abri cobrindo meu rosto para ler.
— É isso que eu uso para cozinhar. — abaixei o livro olhando para ela com uma cara suspeita.
— Isso daqui? — digo apontando para o livro aberto e ela assentiu. — Tipo quando a gente faz poções nas aulas? — voltei a enfiar o livro na minha cara.
— Exatamente! — disse alegre. — Você lê os ingredientes, mede eles, coloca em um recipiente, mistura e está pronto. — ela desliza pelo balcão uma tigela com leite e umas bolinhas coloridas boiando dentro.
— O que é isso? — digo fechando o livro e colocando em cima do balcão onde estava. — Parece... — faço uma careta lembrando de uma comida horrível do nosso mundo.
— Não é isso que você está pensando, deixa de ser fresca e experimenta. — ela se sentou ao meu lado com um pão e geleia.
— Por que eu não posso comer isso? — digo apontando com os olhos para seu pão. — Parece tão delicioso. — digo inclinando meu rosto para perto de seu lanche.
— Garota não! — ela empurrou minha cara para trás com sua mão. — Prova! — apontou para a tigela.
Encarei minha tigela e suspirei.
Já que não tinha como escapar, comi as bolinhas coloridas, até que eram gostosas. Estava com tanta fome que acabei em minutos.
— Como se chama isso? — pergunto limpando minha boca com um guardanapo.
— Cereal, é uma refeição típica daqui. — diz se levantando e recolhendo as coisas do café.
— Que horas eu entro em? — pergunto me levantando.
— Entra aonde garota? — ela me olha com os olhos arregalados.
— Na escola Ale. — coloquei a tigela na pia.
— Ah, você ainda tem tempo. — ela olhou para o relógio. — Na verdade não tem não, você está quase atrasada. — ela retirou seu avental e largou no balcão.
— Como? — digo confusa rindo.
— Venha comigo. — sem que eu pudesse pensar ela me puxou pelo braço até passar por uma porta.
— Ai, eu sei andar sozinha sabia? — digo ajeitando meu coque no cabelo.
— Esse é seu carro. — ela recitou um feitiço e fez aparecer um carro na garagem.
Fiquei pasma e completamente confusa...
— Como? — digo arqueando uma sobrancelha.
— É isso, você não esperava que eu fosse te levar no seu primeiro dia, não é? — ela me olhou colocando as mão na cintura.
— Ale eu não posso andar nisso, eu não sei dirigir, e eu li em algum lugar que quem tem menos de 18 anos não pode dirigir. — cruzei meus braços negando com a cabeça e andando para trás até encostar na parede.
— Any é sério? — ela começou a rir. — Você anda em coisa pior no seu mundo. — continuei negando.
— Se eu cair do dragão posso voar com magia e aterrissar em segurança. — ela deu risada.
— Em primeiro lugar, andar de carro com 18 anos é no Brasil, inclusive fico feliz que você estudou sobre. — ela se aproximou de mim. — Aqui você pode dirigir com 16 anos sozinha, agora vem.— ela descruzou os meus braços e me puxou para perto do carro.
— Chata. — digo rindo.
— Em segundo lugar. — ela abriu a porta do carro. — Você não vai precisar dirigir, apenas ficar com a mão no volante, esse negócio redondo. — ela apontou para o "volante". — Agora senta ai dentro.
— Ok. — digo sentando lentamente.
— Olha, seus materiais estão aí do seu lado. — virei minha cabeça e vi uma mochila preta, não pude deixar de sorrir. — Eu sabia que você ia gostar.
— Como não gostar de preto? — sorri e ela esticou o braço para abrir um compartimento dentro do carro.
— Isso é sua habilitação, você precisa disso para atestar que passou na prova de admissão, e aqui está seu RG, você precisará dele caso aconteça algo, ele contém suas informações como idade, nome e sobrenome, e de onde você vem. — assenti lentamente.
— Tudo bem, acho que dou conta. — guardei meu RG na bolsa para não esquecer.
— Seu carro te levará sozinho até a escola, e não se preocupe, ele vai saber a hora de parar em um sinal, a hora de virar e até mesmo a hora de estacionar.
— Funcional eu diria. — digo me ajeitando no banco.
— Se você quiser ir aprendendo é só ficar com os pés encostados ali. — ela apontou para os meus pés. — Ali fica o freio e o acelerador, com o tempo você pega e não vai mais precisar de magia no carro para ir até a escola. — ela fechou a porta do carro.
— Muito fácil para dar certo. — resmungo colocando o cinto.
— Ah, Any. — ela bateu no vidro do carro e eu o abaixei.
— Diga chefe? — ela deu uma risada.
— Engraçadinha. — ri. — Isso daqui. — ela apontou para a chave do carro. — Não esquece dela, é só girar que ele liga e fazer ao contrário que ele desliga. — assenti.
— Girar e girar. — digo mexendo na chave.
— Agora vai meu amor, você entra às sete, me avisa qualquer coisa está bem? — dei um sorriso sem mostrar os dentes e confirmei. — Boa aula meu anjo. — ela me deu um beijo na testa e eu parti.
Era estranho, a Ale me tratava como se fosse sua filha, o que me fazia muito bem...
Me aproximei do portão e digitei a senha que ela havia me passado.
Por mais que eu não me lembre dela durante minha infância, era legal saber que a maioria das vezes ela cuidava de mim quando minha mãe estava em missão.
...
Fiquei prestando bastante atenção no caminho para decorar e me lembrando sempre de manter as mãos no volante para ninguém desconfiar.
De vez em quando minha mente viajava, Ale me disse para tentar fazer amizades, por mais que eu não gostasse, para dar uma chance para os humanos.
Contei para ela algo que minha mãe tinha escrito na carta quando eu havia chegado, ela me disse para esquecer, que as experiências dela — minha mãe — com humanos eram com adultos e não com adolescentes.
Mas é aquilo, lhe dei o benefício da dúvida, humanos são tão... Humanos!
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