Terminei de subir e parei em um corredor. Andei um pouco e parei em frente a uma porta que estava nojenta... Fiz o mesmo que Alexa e consertei a porta com feitiço.

Abri a porta do quarto e me deparei com um enorme mar de poeira, parece que ninguém limpa essa casa há séculos...

Dei dois passos à frente e analisei um pouco. A cama parecia em ótimo estado e o resto das coisas também. Engraçado, tem móveis e ninguém se preocupa com faxina... Enfim, vamos ao trabalho!

Puxei minhas duas malas para dentro do quarto e fechei a porta.

— Por onde começamos? — olhei ao redor do quarto novamente procurando algo para começar.

Pra começar é melhor eu tirar o pó desse quarto... Levei o dedo na boca buscando a palavra.

— Valymas. — digo isso com os olhos fechados e fazendo um círculo com a mão rezando para quando abrir meu olhos o quarto não estar pegando fogo...

Abri primeiro o olho esquerdo e vi que tudo estava limpo. Suspirei aliviada colocando a mão no peito e abrindo os dois olhos novamente. Sou bruxa mas ainda tenho medo de falhar...

Olhei mais um pouco e notei que os móveis não estavam em bom estado coisa nenhuma, comemorou cedo demais Gabrielly.

Melhor eu fazer eles desaparecerem logo, qual era mesmo o nome do feitiço que fazia as coisas desaparecerem?

Coloquei uma mão no meu queixo e a outra na cintura tentando me lembrar.

— Já sei! — estalei meus deus quando lembrei o nome do feitiço.

— Evanescet. — com uma mão esticada lançando o feitiço e a outra tampando meu olho com medo disso dar merda me senti sendo observada...

Corri até a janela e abri um pouco da cortina que tampava a luz do sol. Não conseguia ver direito quem era pois o sol atrapalhava, mas parecia ser uma garota com o cabelo preso e loiro.

Ela realmente estava olhando pra cá e eu mordi o lábio inferior pensando em algo. Resolvi mexer na cortina para ver se ela parava de olhar e funcionou, ela saiu!

...

Continuei a arrumar meu quarto medindo o máximo para não extrapolar o uso da minha energia. Pedi para Alexa me dizer se ela sentia minha aura muito forte quando usava meu feitiços, assim eu conseguia manter o controle da minha magia.

Ela chamou minha atenção uma vez, que foi quando eu resolvi transportar uma coisa que os humanos usavam muito chamado televisão, era incrível, eu via um monte de imagens em um quadrado, era como um livro só que animado e os personagens falavam.

Deitei na minha cama e peguei um livro que a Ale havia me dado para entender a terra e seu modo de viver.

...

Fiquei um bom tempo deitada, vi que já era de noite e eu ainda não tinha falado com Alexa sobre a moradia aqui na terra. Me levantei da cama e corri até a porta para descer e falar com ela.

— Alexa! — desci as escadas gritando o nome dela.

Escutei alguém correr e pulei o último degrau.

— Mas o que raios aconteceu? — sua voz saiu carregada de preocupação e notei ela com uma faca na mão.

— Quem você vai matar? — me joguei no sofá dando risada.

— Você! — diz apontando a faca na minha direção e minha risada para na hora.

Alexa começou a rir e eu revirei os olhos.

— Você tinha que ver sua cara. — se jogou ao meu lado no sofá ainda rindo.

— Não estou vendo graça. — digo cruzando os braços e fazendo bico.

— Quer dizer que só você pode se divertir aqui é? — ela começa a me fazer cócegas e eu cai no chão rindo na tentativa de fugir.

— Para! — gritava pedindo para ela parar até ouvirmos um toque de campainha e nos olharmos.

— Você está esperando alguém? — me perguntou e eu soltei uma risada fraca.

— Isso é outra brincadeira? Não conheço ninguém daqui. — me levanto e caminho até a porta após ouvir de novo o som da campainha.

Olho para trás e vejo Ale escondendo a faca atrás de suas costas, não pude deixar de dar uma risada e girei a maçaneta.

— Pois não? — abri a porta e tinha um cara de costas que se virou assim que ouviu minha voz.

Ele era alto, pele clara, cabelo loiro e olhos azuis, bem bonitos por sinal, aparentava ter uns quarenta anos ou menos. Seu olhar se encontrou com o meu e eu forcei um sorriso.

— O-oi, espero não estar incomodando, é que... — ele coçava a nuca como se estivesse nervoso, na verdade dava para ver que ele estava nervoso, sua aura estava emanando luz roxa.

Como sou nova consigo perceber essas coisas com facilidade, ao contrário dos adultos que têm que se esforçar para descobrir algo.

— Aconteceu algo? — perguntei abrindo o resto da porta e dei um passo à frente.

— Desculpa, me chamo Erick, sou o vizinho da frente de vocês. — ele aponta com seu polegar por cima de seu ombro mostrando a casa do outro lado da rua.

— Prazer Erick, me chamo Any e aquela é a Alexa. — digo saindo da frente e vejo Alexa se aproximar da porta.

— Eu não queria incomodar, é que meu filho disse que tinha visto um movimento na casa da frente, achei estranho e vim dar uma olhada. — ah, então era um menino...

Soltei uma risada sem querer ao pensar que o menino da janela se parecia muito com uma menina, coitado.

— Olá. — Alexa estendeu a mão para cumprimentá-lo e ele correspondeu ao gesto.

— Desculpa, mas vocês são novas não é? — assentimos as duas ao mesmo tempo. — Se vocês precisarem de alguma ajuda a respeito de móveis ou de transporte podem me chamar, ajudarei no que for preciso. — sua aura estava mudando para azul e notei que estava com vergonha... Ai, ai.

— Obrigada Erick, mas nós já estamos acomodadas, as mobílias chegaram ontem aqui em casa. — Alexa disse tomando à frente e ficando próxima a Erick.

Não sei porquê, mas acho que estou sobrando aqui...

— Estranho, não vi nenhum movimento aqui ontem. — disse ele e eu engoli seco, e agora?

— Ah isso. — olhei Alexa. — Não sei ao certo que horas a mobília chegou e nós nos acomodamos hoje na casa, tivemos um trabalhão para organizar tudo e tirar o pó que não me lembrei de perguntar para a empresa que cuidou do assunto. — Alexa deu dois passos para trás e eu olhei para Erick.

— Desculpa, é que às vezes eu falo demais. — soltou uma risada. — Bom, vou deixá-las em paz, creio que você estava fazendo o jantar. — ele apontou para a mão de Alexa que tinha a faca. Soltei uma risada discreta e coloquei a mão na boca.

— Ah. — disse rindo de nervoso. — Estava tentando, mas parece que terei que pedir comida por hoje, estamos sem gás. — colocou a faca atrás das costas com vergonha e eu contrai os lábios segurando o riso.

— Até convidaria vocês para jantar, mas só fiz comida para mim e para meu filho, moramos só ele e eu, já estou acostumado a fazer o necessário para nós dois. — vi um sorriso pequeno se instalar no rosto de Alexa e revirei meus olhos entrando para dentro de casa.

Ela não faz nem questão de disfarçar que gostou de ouvir que o cara é solteiro.

— Já vou indo, mas o convite para jantar lá em casa ainda está de pé, algum dia desses sabe? Para dar as boas vindas à vocês. — ele ficou vermelho, até seria engraçado se não fosse melancólico, parece que estou lendo um livro de romance...

— É só falar o dia e a hora que nós iremos. — disse andando de costas para entrar em casa. Erick assentiu e saiu andando para a sua.

Coloquei a mão na porta e fiz menção de fechar...

— Any? — ouvi Erick me chamar e abri novamente.

— Sim? — coloquei minha cabeça para fora e vi Alexa se apoiar para olhar ele também.

— Você ainda estuda, não é? — olhei para Ale que me encarou então assenti. — É a escola do bairro? A Blake East School? — olhei para Alexa novamente que confirmou a pergunta de Erick. — Meu filho estuda lá, caso você queira uma carona para a escola amanhã para conhecer o lugar e o caminho, tenho certeza de que ele não se importaria. — voltei a olhar para Alexa que estava entre a porta e a saída.

— Eu adoraria, mas as minhas aulas só começam depois de amanhã. — forcei um sorriso.

— Ah, infelizmente quarta começa os treinos dele então ele sairá mais cedo de casa. — coçou a cabeça com vergonha.

— Não se preocupe Erick, eu me viro, obrigada mesmo assim pela ajuda, boa Noite! — entrei e fechei a porta olhando para a cara de Alexa. — Isso é sério Alexa ? você ficou flertando com o nosso vizinho? — olhei para ela com os braços cruzados.

— Qual o problema? Ele é um gato e aparenta ter quase a mesma idade que eu. — ela se virou em direção a cozinha.

— Você é ridícula. — apontei dois dedos para o sofá fazendo a almofada levitar e atirei em suas costas.

— Você não fez isso Any. — ela virou e me olhou séria

— Você não fez isso, Any. — imitei ela falando com as mãos, logo em seguida ela arremessou duas almofadas na minha cara.

E assim terminou nossa noite, com uma guerra de almofadas. Depois pedimos comida e estava tudo uma delícia.

Alexa me disse que amanhã conversava comigo sobre a escola e outros assuntos envolvendo a minha estadia na terra. Resolvi subir para o meu quarto me despedindo dela que continuou lá embaixo, disse que ia mandar uma carta para minha mãe mas demoraria de dois à três dias para ela receber por conta da distância.

Cheguei no meu quarto e me joguei na cama. Estava tão cansada que apaguei em questão de segundos.