Capítulo 03: He Don't Love Me
- Mãe, eu estou bem! Não precisa se preocupar. - Falei olhando para Dona Gisel que estava focada em arrumar o meu quarto pela quarta vez. - Eu vou trocar de quarto, não precisa fazer isso. - Suspirei, me sentando na maca cansada de explicar para a mulher de cabelos castanhos que o quarto estava limpo e que eu estava bem - Tem grandes chances de eu voltar para casa está semana, tudo bem?
Sou completamente ignora por Gisel, me dou conta que ela não irá me ouvir mesmo que eu fale por horas, ao me levantar da maca, pego meu casaco amarelo e saio do meu quarto, compro um suquinho de caixinha em uma das máquinas do hospital e começou a tomá-lo com calma. Alex provavelmente estaria fazendo alguma coisa, então minha pobre alma solitária vagava neste grande hospital, sozinha.
Parei no meio do corredor e suspirei.
- Não tem exatamente nada para fazer. Como eu consegui sobreviver por tanto tempo nesse hospital? Não teria morrido por estar doente e sim por solidão.
Reclamei comigo mesma.
- Você é bem dramática. - Dou um pulo ao ouvir uma voz masculina atrás de mim, me viro e inclino minha cabeça de lado encarando o garoto de pele madrepérola e com cachos cor de mel que caiam sobre sua face em perfeita sintonia.
- Quem é você? - Perguntei para o garoto desconhecido. Ele poderia ser duas coisas. Um paciente ou um visitante.
- Alguém que pode morrer de solidão antes de morrer pelo câncer.
O olhei sem reação, mas não com piedade, odiava quanto às pessoas me olhavam com piedade e diziam "Você é forte, vai passar por isso." Como se eu me tornasse uma gata que tem setes vidas e se eu perder essa, terei a próxima para a insuficiência cardíaca me alcançar de um modo diferente, eu aguentaria de tudo, mas certas coisas eram dolor e irritante.
- Eu sou o Sebastian e você? - Ele perguntou se aproximando de mim.
- Calliope. - Dei um pequeno sorriso- Muito prazer! Seria irritante falar que "você e forte e vai conseguir passar por isso!"
- Ow! Seria extremamente irritante. - Ele disse me fazendo rir. - Qual foi a doença que te pegou?
- Você vai falar alguma frase clichê de visitante?
- Não! Prometo!
- Insuficiência cardíaca.
- Uau. - Ele disse de forma cômica quase me fazendo rir. - Não irei falar nada irritante, então fique com o meu "Uau"
- Obrigada. Ele já basta! - Murmurei rindo.
- Preciso ir, ruivinha. Espero te encontrar em breve e estando ambos saudáveis.
- Acho que será um pouco impossível, mas também espero te encontrar em breve Sebastian!
Sebastian se distanciou e eu me virei e comecei a caminhar em direção ao meu quarto. Esperava encontrar um mãe menos louca lá dentro.
Sou puxada por uma mão me fazendo arregalar os olhos assustadas e dou de cara com Vênus.
- O que foi? Pensou que eu era uma sequestradora? - Perguntou me soltando.
- Por um momento achei que iria morrer agora mesmo. - Brinquei.
- Estou vendo - Ela riu e passou seus braços ao redor dos meus ombros.
Começamos a caminhar para a lanchonete do hospital. O hospital em que eu estava, era um hospital grande, mas com alguns bônus para todos que estavam passando um tempo aqui pois havia algumas salas de jogos e cinema - não era muito, mas era o suficiente para que esquecermos um pouco de que estávamos em um hospital - e quartos divididos. O pequeno cubículo branco em que eu estava, significava que eu logo iria sair dali, mas eu havia ficado tanto tempo no pequeno quarto, que já não sabia diferenciar em qual quarto eu estava bem de saúde ou de saída para minha casa.
- Não sabia que viria hoje.
- Sua mãe me ligou, dizendo que estava sozinha. - Explicou.
- Ela estava no quarto ignorando cada palavra que eu falava, aliás.
- É quando ela fez isso, você saiu do quarto e começou a andar por aí resmungando? Imagino que sendo dramática.
Fiz uma careta com sua dedução fazendo ela rir.
- Você sempre faz isso, faz isso até quando tem milhares de pessoas ao seu redor. É nesses momentos em que eu me questiono sobre a sua lucidez.
- Vou chamar o Alex, ele gosta de ser humilhado por você.
- Você é uma pessoa muito forte, mas tão dramática.
< Quebra de corretor do hospital para o quarto em que ela está >
Estava sentada na minha cama e conforme eu comia uma rosquinha e observava Vênus limpar o meu quarto recém limpado pela minha mãe um pouco confusa. Eu até entendia o porquê da minha mãe limpar o meu quarto, mas a Vênus eu não entendia, mas não fazia mais questão de questionar ninguém.
Observei Alex se sentar ao meu lado e observar a garota organizar as coisas como uma lunática.
- Por que toda vez que ela vem aqui ela limpa o seu quarto?
- Transtorno Obsessivo Compulsivo, também conhecido como TOC.
- Obrigada pelo diagnóstico Doutora Clark. - Ouço a voz de Vênus enquanto ela passa álcool em gel em suas mãos, aparentemente ela iria parar de fazer sua limpeza para nós dar um pouco de atenção.
- Minha namorada não é linda irritada? - Alex fala, podemos ver que o moreno de olhos puxados era apaixonado pela Vênus.
- Eu realmente admiro a sua capacidade de sonhar com coisas irreais.
- Sabe, eu sou bem determinado com aquilo que eu quero.
- É eu sou bem determinada quando eu quero ou não algo e eu não quero você, então supera isso e me esquece Alex.
Alex leva sua mão ao seu peito.
- Olha, meu amor, você irá se arrepender disso quando estiver me chamando de oppa.
- Mas que porcaria é isso? - Ela perguntou confusa, enquanto fazia um coque em seus cabelos negros.
- Será como irá me chamar quando estivermos namorando.
- Você é muito brega, sabia? - Ela falou se sentando na poltrona marrom. - Quer chamar alguém de oppa, chama o Pierce.
Alex fez uma careta em resposta fazendo com que ríssemos, mesmo não entendendo o que aquilo significa-se.
(...)
- Ele quer te ver, ele sente sua falta e sabemos que você também sente falta dele. - Ouvi a voz de Pierce ecoar sobre o quarto e o olhar dos meus três amigos direcionados para mim.
Eles estavam loucos, só pode.
- Eric pelo menos sabe o que está acontecendo comigo? - Perguntei, relembrando da última vez que nos falamos.
Mordi o lábio inferior, sabendo que foi no último dia da apresentação e depois disso eu já não me lembro de nenhuma memória nossa juntos.
- Você não falou. - Vênus disse e Alex consentiu com a sua fala, sem ao menos conhecer o garoto ao qual nos referimos. - Sabemos que Eric não têm poderes de adivinhação e ele também não é vidente, muito menos telepata.
Parei por um segundo lembrando como conheci o garoto, Eric com seu sotaque britânico e o sorriso charmoso me pegou no colo ao desmaiar em uma festa.
- Ele cairia bem com uma roupa de vidente, ou de pirata tipo o Johnny Depp. - Soltei por um segundo e logo me arrependi ao ver o sorriso malicioso dos três. - Vocês são muito tapados.
- Você que falou isso e todo mundo percebe alguma coisa rola entre vocês dois.
- Eric é só meu amigo, você sabe disso.
- Se Eric é o seu amigo porque ele não está com os seus outros amigos? - Perguntou Pierce.
Dei um longo suspiro, me deitando na maca.
- Ele me ignora a meses, por que ele estaria aqui? - Perguntei em um sussurro encarando o teto branco.
- Você nunca se perguntou por que mesmo ele sendo seu amigo ele nunca esteve aqui? - Pela primeira vez a voz de Alex soou na conversa.
- Nós temos que continuar mesmo falando nisso? - Perguntei, querendo afastar a todo custo os pensamentos que me levavam a Eric. - Pensei que vocês queriam me visitar pra trazer felicidades a está pobre garota.- Fiz um biquinho direcionando o meu olhar para eles.
Vênus e o moreno se levantaram me lançando um sorriso simples.
- Os visitantes têm que ir para casa agora.
Assenti para eles. Pierce e Vênus se despediram de mim e Alex, que em segundos se levantou.
- Você também me deixará? - Perguntei fingindo um choro falso, em certos momentos eu odiava ficar sozinha.
- Eu tenho tratamento agora, aproveitei o tempo livre que tinha para vir ver minha namorada - brincou.
Dei um pequeno riso.
- Sai logo daqui Alex. - joguei uma pequena almofada no coreano que apenas riu quando a almofada acertou outro lugar, menos ele.
Me levantei, e percebi que meu processo de melhora estava crescendo diariamente. Meus pais estavam conversando com os médicos e logo eu poderia sair daqui e voltar para a minha antiga vida ou pelo menos o que restou dela. O restante eu teria que correr atrás, como o mês perdido do último ano na escola. Talvez antes de pensar em entrar em uma academia de dança como os meus amigos, eu poderia fazer um teste para entrar na Juilliard. Último ano do ensino médio e eu já tinha tudo planejado até eu desmaiar naquele palco.
Aparentemente o novo marca-passo não havia dado problemas, e isso era muito bom para mim. Meus pais sabiam que não havia cura para o meu problema e eles insistiam para que os médicos achassem um jeito de eu viver mais que cinco anos, que é a quantidade estipulada após descobrir a doença. Mesmo assim, tenho chance de viver a vida inteira se tomar os cuidados certos.
Fiz minha segunda cirurgia para implantar o marca-passo, 2 marca-passo nesses poucos meses, o motivo da troca foram infecções no local - outro fator comum. No começo o médico disse que o marca-passo me ajudaria a ter mais energia e menos falta de ar e obviamente me ajudar com os meus batimentos cardíacos. Tivemos a informação que o marca-passo me acrescentaria em algumas coisas, mas não seria uma cura e nem impediria que minha doença cardíaca progredisse.
Passei o dia lendo algum livro qualquer que minha irmã havia deixado aqui, em conclusão eu não nutria nada que lia, o moreno estava em minha mente e perguntas rodeavam a minha mente. Acabei fazendo alguns exames para checagem, tomei um banho demorado, fiz minhas três refeições durante o dia. Um dia monótono, como de costume.
Me levantei, peguei meu celular e fone de ouvido, segui para as escadas do hospital em direção ao telhado. Estava um pouco frio quando abri a porta e segui para um banco ali, sentando-me e colocando meus fones de ouvido.
Escolhi voz de Winona Oak para soar sobre o fone, fechei os meus olhos relaxando pela primeira vez no dia. O vento gelado batia sobre todo o meu corpo me fazendo estremecer, me arrependi de não ter trazido uma blusa de frio mesmo sabendo que as noites daqui estavam geladas nos últimos dias.
Senti um casaco quente pousar sobre os meus ombros, me aquecendo de imediato e abri os meus olhos assustados encarando a minha irmã.
Sorrio para ela, tirando os meus fones e voltando os meus olhos para o céu, a noite estava estrelada, me trazendo um certo conforto, eu diria.
- Pierce me falou sobre Eric. Sabia que ele apareceu na nossa casa?
A olhei surpresa.
- Por que? O que ele queria? - Soltei um riso nasalado, claramente nervosa - Não vai me dizer que foi para me ver. Eric não faz mais parte da minha vida e eu já deixei claro isso.
Senti seus braços me rodearam me abraçando de lado e encostei a minha cabeça em seu ombro.
- Você está sendo dramática, não pode simplesmente cortá-lo da sua vida sem um motivo aparente, isso é irracional - murmurou pesadamente e acabei revirando os meus olhos, sentindo em seguida um tapa fraco em meu ombro - Você vai se arrepender de fazer isso, você tem direito de ficar com raiva, mas você se perguntou o motivo dele sumir? Ele está sempre perguntando sobre você e sabemos que você também quer saber dele. Não seja imprudente, quanto mais vocês se afastarem mais remorso vocês sentiram.
- Você me abraçou para confortar o sermão que me daria ou o que? Olívia, foi ele que se afastou e eu que estou sendo imprudente por não aceitá-lo de volta?
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