CAP 47

LIA

Foi um final de semana lindo e perfeito.

 Quando me despedi do Hugo no aeroporto, estávamos como um habitual casal apaixonado, inebriados um com o outro e alheio a tudo e a todos em nossa volta. 

Só poderíamos nos reencontrar dentro de duas semanas e apesar de estar com o coração oprimido pela distância, procuro me consolar porque vou ficar um mês parada até o próximo trabalho e me programei para ficar vários dias em Londres desta vez.

Os dias passam se arrastando. A última semana que antecedeu meu embarque foi pior, a única coisa que não me deixava abater era que continuávamos conversando todos os dias, fora que eu vivia sorrindo e suspirando como uma dessas mocinhas de romance clichê. 

Estou no avião tão ansiosa que não consigo descansar e pregar o olho mesmo o vôo sendo longo. Para minha decepção, quando chego no salão de desembarque não encontro ninguém me esperando. Ao ligar o celular, verifico a mensagem que ele me mandou.

"Lia, me desculpa, estarei ocupado até a noite trabalhando. Assim que me livrar daqui, serei todo seu."

 Um arrepio de prazer percorre meu corpo pela antecipação de matar as saudades dele, do seu corpo, do seu toque... 

Achei até bom eu ter um tempo para me recuperar da viagem longa, não quero estar com a aparência abatida quando nos vermos. Consigo me instalar e tirar um bom cochilo. Quando desperto, encontro outra mensagem de Hugo.

"Vou ficar encrencado aqui um pouco mais e ainda preciso passar na casa de um amigo que está de aniversário, poderíamos nos encontrar lá? Peço pro Fred te buscar aí às 21 hs, pode ser? Não vejo a hora de te encontrar, te amo!

Abro um sorriso e respondo " Estarei pronta, também te amo!" 

Já passa das 18 hs e eu decido me preparar com calma e fazer um lanche antes de sair. Fred é bem pontual e eu fico muito feliz em vê-lo, ele realmente é um companhia muito agradável.

Conversamos sobre amenidades no carro e ele estaciona em frente a uma casa enorme de dois andares, o jardim é imenso e está lotado de pessoas por todos os lados.

-Nossa quanta gente!

Eu me admiro e Fred dá uma risada. 

-A gente não conhece metade dessas pessoas. Um vai trazendo o outro e assim vira uma festa dessa magnitude.

Está uma confusão danada lá dentro e Fred me guia na multidão. Cumprimenta algumas pessoas, me apresenta a outras mas eu não consigo distinguir nada no meio das vozes misturadas e som alto. 

Me sinto perdida naquele meio, Fred percebe e oferece:

-Vamos lá pra cima que tem menos gente e mais silêncio.

Eu concordo agradecida e me deixo levar.

Achamos um lugar que parece uma sala de cinema enorme e tem vários sofás mas nem todos estão ocupados. Fred me puxa para sentar do lado dele, pega o telefone e diz:

-Vou avisar o Hugo que estamos aqui.

Aperto os lábios quando escuto uma voz já conhecida e vejo Grace se aproximando num andar sorrateiro e um sorriso torto no rosto. 

-Olha só como vocês ficam bonitinhos juntos." 

Fred dá um chega-pra-lá bem direto nela:

-Cai fora, Grace.

Ela dá de ombros sem se abalar e nos oferece os copos que carrega, um em cada mão. 

-Oferta de paz. O seu é só suco porque eu sei que não gosta de beber, Lia."

Eu e Fred trocamos olhares e eu decido aceitar mais para me livrar dessa garota cuja presença me causa arrepios.

 Fred pega seu e toma tudo num gole só. Grace finalmente se afasta e Fred me avisa:

-O Hugo já está a caminho. Vou pegar outra bebida, não sai daqui.

Eu só balanço a cabeça concordando e vejo ele sair da sala. Começo a sentir uma leve tontura e um enjoo. Como eu bebi só um suco, fico imaginando que não devo ter me alimentado direito. Porém, a sensação fica cada vez mais forte.

Tenho a impressão de que já passou muito tempo desde que o Fred saiu e o meu mal estar só aumenta. Apesar de estar com a vista meio embaralhada, desisto de esperar ele voltar e levanto para ir em busca de um banheiro, quase caio de volta no sofá. 

Aos tropeços, me segurando nas paredes e esbarrando nas pessoas que encontro no caminho, sigo tentando encontrar uma porta. Escuto uma voz conhecida e vejo Grace saindo de um dos quartos, eu peço sua ajuda porque parece que vou desmaiar a qualquer momento.

Ela me ampara e seu rosto mostra um sorriso estranho, meio sinistro quando diz:

-Não devia ter bebido tanto querida.

E depois tudo o que eu encontro é a escuridão.


Pessoal, a opinião de vocês é muito importante pra mim, de verdade.

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