CAP 4
LIA
Duque começa a se mexer embaixo da minha cabeça me acordando e eu chego à conclusão de que já chega de dormir.
Levanto me alongando um pouco e chamo Lauren para aproveitar um pouco este parque e jogar vôlei comigo.
Jogamos por um tempo e juntas, vamos caminhar em volta do lugar. Encontro umas paisagens muito bonitas e tiro algumas fotos com o celular.
Lauren me fala sobre alguns pontos turísticos que deseja me mostrar em Londres antes que eu vá embora.
Adoro sua companhia, nos conhecemos numa livraria que frequento em Atlanta. Ela estava divulgando seu livro, quando adquiri e pedi pra autografar. Conversamos bastante e desde então, nos tornamos amigas e sempre trocamos mensagens pelas redes sociais.
Como lançou seu segundo livro e desta vez não iria viajar para divulgá-lo, decidi vir ao seu encontro e aproveitar para conhecer Londres.
O dia foi bem cheio e cansativo. O sol já está baixando e decidimos voltar para onde estava o grupo. Algumas pessoas já tinham ido embora.
Hugo está deitado na grama, ainda sem camisa e com a cabeça no colo de Grace.
Aperto os lábios ao ver essa cena e penso comigo mesma "Se controla, menina!".
Na verdade, tento me convencer que deve ser por causa da antipatia que senti por essa garota desde o primeiro momento.
Andei acompanhando alguns depoimentos de Hugo na TV e em redes sociais onde ele dizia que não tinha namorada.
Atualmente 10 de 10 mulheres tinham crush nesse cara que estava a poucos metros de mim.
"É só por isso que não estou indiferente", concluo.
Aproveito que estou de óculos escuros e dou uma inspecionada nada discreta nele. Seus cabelos estão pra trás, ele tem sobrancelhas bem grossas, seu nariz reto parece esculpido, a boca é rosada e carnuda e pra completar, duas covinhas se formam quando ele dá um sorriso tão lindo que chega a doer.
Ele está mexendo no telefone, eu percebo que estou olhando fixo e mordendo o lábio inferior e inspiro tão fundo que parece que só agora lembrei de respirar.
Quase entro em pânico quando ele ainda sorrindo se vira e olha em minha direção.
Eu desvio o olhar imediatamente e abaixo para juntar meus pertences. Me dirijo a Lauren e aviso que vou voltar pro Hotel, ela me abraça e combinamos de nos falarmos depois pelo telefone. Faço um aceno geral para o grupo que acabei de conhecer me despedindo.
Hugo está falando com alguém pelo celular e olhando para outro lado. Viro as costas e saio andando devagar pelo parque aproveitando os últimos momentos ali.
Solto meu rabo de cavalo e meu cabelo cai em ondas pelas minhas costas. Saio pensativa no que acaba de acontecer.
Que atração foi aquela que senti pelo Hugo e que incômodo de ver ele abraçando e deitado com a cabeça no colo da Grace, isso é ciúmes?
"Claro que não!", quase exclamo em voz alta. Nunca lidei com esse tipo de sentimento e provavelmente não veria mais estas pessoas.
Jamais permiti nenhuma intimidade com garotos. Não os deixava me tocar, abraçar ou qualquer outra proximidade.
Somente meu pai, meus irmãos e Noah, meu melhor amigo, tinham este benefício.
Sem esforço nenhum, sempre que percebia alguma intenção, já afastava qualquer tentativa de investida.
Era mais fácil assim do que ter de enfrentar meu maior pesadelo.
Há dois anos atrás, quando completei dezoito anos, trabalhei como assistente num filme onde conheci Noah.
Ele era o galã do momento, assim como Hugo agora.
Nos aproximamos nas gravações. Ele é muito meigo, brincalhão e carinhoso. Saímos várias vezes com a equipe para jantares e baladas.
Noah dança como ninguém e me ensinou muitos passos e estilos de danças. Adorava a sua companhia e nos divertíamos muito juntos, ele me fazia dar gargalhadas até doer a barriga.
Não acreditei quando ele me convidou para sairmos, só nós dois num encontro de verdade.
Pedi conselho ao Paul que me incentivou fazer uma tentativa, afinal para tudo tem uma primeira vez.
-Se ele for um cretino me avisa que largo tudo e vou atrás dele.
Ainda acrescentou meu irmão protetor e preocupado.
Fomos jantar e conversamos durante horas, o tempo todo eu estava muito tensa.
Noah percebendo isso, falou sobre assuntos amenos. Até que em determinado momento, esticou sua mão por cima da mesa tentando pegar na minha.
Parecia que eu tinha tomado uma descarga elétrica, puxei imediatamente o braço.
Ele olhou com surpresa mas não fez nenhum comentário. Quando decidimos ir embora, a caminho do carro, ele colocou a mão levemente nas minhas costas.
Eu me encolhi como se ele tivesse tentado me dar um tapa. Ele enrugou a testa, mas se afastou.
Já no hotel, ele pediu para entrar no quarto comigo. Eu já estava em pânico e ele disse com doçura:
-Ei Lia, sou eu aqui. Nós vamos só conversar, ok?
Eu assenti e permiti que entrasse. Noah foi direto no frigobar, pegou um vinho com duas taças, serviu-as e alcançou uma pra mim.
Eu tremia tanto que acabei virando um pouco do vinho no tapete.
Noah sentou no chão com as costas escoradas na cama, me puxou para sentar ao seu lado e me intimou:
-Muito bem, agora você vai me contar porque está reagindo assim a noite toda.
Dou um longo gole no vinho e com os olhos marejados, respondo:
-Não posso.
Ele me faz largar a taça, segura minhas duas mãos, e com o olhar mais afetuoso que já recebi, fala com brandura:
-Pode sim, porque se você não se abrir com ninguém, vai acabar explodindo.
Neste dia, depois de duas horas, uma garrafa inteira de vinho e de adormecer no chão com a cabeça no colo de Noah, totalmente encharcado com as minhas lágrimas, nos tornamos os melhores amigos do mundo.
Coloquei para fora tudo o que guardo comigo como o segredo mais sujo que alguém pode esconder. Essa sujeira que me mancha e me deixa marcada, impedindo que eu consiga ser uma pessoa normal, com sentimentos e atitudes tão naturais pra maioria das pessoas.
Claro que não precisei pedir pra ele que não contasse pra ninguém o meu segredo e Noah entrou para o número seleto de pessoas que sabem do meu passado humilhante.
Não nos vemos tanto como gostaríamos por causa dos compromissos de trabalho, mas estamos sempre em contato um com o outro.
Sou despertada do meu devaneio com o celular vibrando. Na tela, uma mensagem do Alex: "Tudo certo para amanhã."
O quê?! Do que diabos ele está falando?
No mesmo momento o telefone toca com um número desconhecido. Quando atendo, quase caio pra trás:
-Alô é a Lia que está falando? Aqui é o Hugo.
Pessoal, a opinião de vocês é muito importante pra mim, de verdade.
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