CAP 21

LIA

Estou exausta física e emocionalmente. Me atiro na cama pensando que amanhã é meu último dia aqui, preciso encontrar Paul e depois voltar às minhas atividades.

Não posso dar tanta importância a esse garoto que até uns dias atrás não representava nada na minha vida.

O fato é que estes últimos dias foram uma montanha russa de sentimentos novos na minha cabeça.

Eu sempre soube que se baixasse a guarda, ia acabar me machucando de alguma forma. Já vi isso acontecer tantas vezes na minha volta que simplesmente tinha decidido não querer de forma alguma passar por isso.

Mas a gente realmente pode escolher e controlar esse tipo de coisa?

A verdade é que o Hugo derrubou muitas das barreiras que ergui em torno de mim.

E se alguém acha que alguns dias não fazem diferença em nossas vidas, a mágoa que estou sentindo agora prova o contrário.

A maneira que me tratou na frente dos amigos, foi bem diferente do que quando estamos a sós. Ele se desculpou depois, mas será que foi sincero?

Eu nem conheço ele realmente, talvez tenha só me iludido por ele ter me dispensado tanta atenção.

De qualquer forma, isso não importa. Depois de amanhã, cedo vou embora e tocar minha vida para frente e é até bom que isso não vá adiante.

Acordo tarde e vejo que no meu telefone tem uma mensagem do Hugo:"Lia, fui chamado pra um trabalho e espero me liberar logo. Assim que estiver livre, te ligo."

O aperto no meu peito é inevitável, mas penso ser melhor assim porque já tinha pensado em um milhão de desculpas para me esquivar dele hoje.

Depois do almoço, saio para passear. Visito várias livrarias e no final da tarde já estou cheia de sacolas com vários volumes que comprei.

Não quero chegar cedo no hotel e vou até um café em frente a uma ponte, onde fico muito mais tempo que o necessário aoenas observando as pessoas passarem na rua.

Já é noite quando dou uma olhada no celular e dói um pouco não ver nenhuma chamada ou mensagem o dia inteiro...

"Parece que não vou nem ter que me dar ao trabalho de me esquivar afinal." Penso com amargura.

Já no hotel, compro minha passagem para Nova York que é onde vou encontrar Paul.

Ligo para ele mas não estico muito o assunto para não ser bombardeada de perguntas. 

-Você está com uma cara péssima.

 Ele diz.

-Só estou cansada.

Resmungo mal humorada. Ele enruga a testa e pergunta:

-E o Hugo?

Digo que não quero falar sobre isso agora.

Ele me olha sério.

-Você sabe que amanhã vai ter que me dar mais detalhes sobre isso, não sabe?

Eu reviro os olhos.

-Amanhã.

Dou a desculpa de arrumar as malas e desligo.

Vou na recepção do hotel e peço acesso exclusivo às piscinas cobertas. Ser parente de famosos às vezes nos gera algumas regalias.

Mesmo não ficando muito à vontade com isso, confesso que em algumas situações, é bem útil.

Preciso relaxar e nadar é o que mais amo na vida. Consigo a autorização, visto meu maiô de natação que sempre está comigo, jogo um roupão por cima e quando estou saindo do quarto, vejo a tela do meu telefone iluminada com a chamada de Hugo, decido virar as costas e fecho a porta. Ele não me ignorou também o dia inteiro?

Me atiro na piscina e com braçadas revigorantes, atravesso mais de uma vez. Extravaso toda minha frustração naquela água como sempre faço quando estou aborrecida.

Fico com raiva de mim mesma por estar me sentindo assim tão vulnerável. Deixo as lágrimas rolarem à vontade, sem ficar me segurando.

Há muito tempo que não me permitia ficar tão emotiva, apesar de tanta coisa guardada.

"Mais um motivo para não deixar ninguém invadir minhas defesas." Penso com rancor.

 Foram só alguns beijos, mas para mim tinha sido TUDO...exatamente tudo o que eu me permiti na vida inteira.

Aos poucos vou relaxando e estou tão absorta em meus pensamentos, que não percebo a presença de alguém se aproximando.

Só me dou conta quando ouço o barulho de alguém pulando na água e quase morro de susto.

Quando olho na outra borda, o encontro vindo em minha direção bem devagar, me sondando. Ele está com uma aparência cansada e com olheiras.

Meu coração está a galope e, sinceramente, não consigo abrir minha boca para falar nada.



Pessoal, a opinião de vocês é muito importante pra mim, de verdade.

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