CAP 1
LIA
-Uma semana de folga. Sorri satisfeita enquanto pensava. Estava em Londres para sessão de autógrafos de Lauren, uma amiga que estava lançando seu segundo livro. Aproveitaria esse tempo para conhecer a cidade e relaxar um pouco antes de começar um novo trabalho.
Estava em um parque com um grupo de pessoas conhecidas de Lauren. O dia estava lindo, apesar de mais quente que o aceitável. A turma de amigos conversava entre si, mas eu não estava prestando atenção, aproveitando aquele lugar lindo.
Estiquei uma toalha no chão, coloquei meu fone e óculos escuros e deitei na grama curtindo aquele momento. Olhando para o céu azul e quase sem nuvens, comecei a pensar em minha vida até aqui.
Nasci numa capital do Brasil, minha família era muito pobre e vivia em uma situação de extrema vulnerabilidade. Lembrava muito pouco da minha mãe, era só uma figura distorcida na minha memória, pois quando ela morreu, eu tinha apenas quatro anos de idade.
Ela foi atingida por uma bala perdida, enquanto voltava do seu trabalho de diarista, num tiroteio entre policiais e traficantes no bairro onde morávamos. Acabou virando só mais um número para as estatísticas.
A imagem que eu tinha dela era mais baseada numa fantasia criada na minha mente infantil, do que propriamente poderia condizer com a realidade. Do pai, nunca ouvi falar.
Tive que morar na casa da irmã dela, seu marido alcoólatra e seus quatro filhos, até que uma denúncia me salvou do cárcere em que vivia e fui parar num abrigo aos dez anos. Enrugo testa ao lembrar deste período da minha vida.
Foi então que sofri uma guinada totalmente inesperada. Fui adotada, tive que mudar de país, passei a morar numa casa que mais parecia um castelo e ganhei um quarto só pra mim, de um luxo que eu sequer imaginava que existia.
Ganhei dois irmãos gêmeos que eram artistas desde bebês e eram cinco anos mais velhos que eu.
Dou um suspiro e sorrio ao lembrar com carinho dos meus irmãos. O pai mais se assemelhava a um irmão mais velho, mas nunca deixou faltar atenção quando qualquer um de nós precisava.
Porém, a figura materna que esperava encontrar, não existiu. Pouco tempo depois que cheguei na casa, os pais se divorciaram e a mãe foi embora sem levar nenhum dos filhos, para de acordo com ela "ir em busca da sua felicidade".
Como o pai e os irmãos estavam sempre viajando a trabalho, acabei crescendo junto dos empregados, mas era onde eu gostava de estar.
Era muito bem tratada e sou muito grata ao Sr. Felix por ter me proporcionado as melhores escolas. Pude praticar todos os esportes que quis, aprendi outras línguas e me adaptei rapidamente a minha nova situação.
Na adolescência, Sr. Felix quis que eu trabalhasse junto com meus irmãos. Mas ao contrário deles, eu detestava tudo aquilo, não almejava em nada e tinha muito medo daquela exposição toda. Minha vontade foi respeitada e esse era mais um motivo para admirar tanto meu pai adotivo.
No decorrer dos anos, me aproximei cada vez mais de Alex e Paul. Tinha medo de que eles me culpassem pela partida da mãe, mas isso nunca aconteceu. Eles ficavam em casa sempre que podiam e quando não dava, eu ia de encontro deles.
Conversávamos sobre tudo e eu sabia que podia contar com qualquer um dos dois para o que precisasse. Eles se tornaram meus amigos e protetores, talvez tentando compensar a infância que tive.
Fazia parte da rotina deles aparecer em eventos, desfiles, entrevistas etc. Eram reconhecidos onde quer que passavam, eu mantinha a distância disso tudo. Tinha muito medo que vasculhassem minha história e trouxessem à tona meu passado no Brasil, então sempre pedi que não comentassem sobre a adoção.
Uma única vez numa premiação, eles estavam no tapete vermelho tirando fotos para a imprensa e eu estava perto. Num impulso, Alex me puxou e me colocou no meio deles, os dois me deram um beijo nas bochechas e esta foto saiu em todas as mídias.
Depois de uma noite em claro chorando e pedindo para aquilo sumir, o Sr. Felix conseguiu que eu fosse apresentada como uma "prima distante" e com o tempo o episódio se perdeu no esquecimento.
Conheci nesse meio muita gente famosa, desde os meus melhores amigos, até pessoas que fazem de tudo um pouco para se destacar. Devido à influência desses conhecidos, comecei a trabalhar como assistente nas gravações de filmes, sempre atrás das câmeras.
Adorava o que eu fazia, estava tudo perfeito pra mim, depois de toda a tempestade que passei na minha primeira infância.
Pessoal, a opinião de vocês é muito importante pra mim, de verdade.
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