Capítulo 8



Ela tentava acompanhar o movimento da dama mãe de um lado para o outro, anotando tudo como se não pudesse deixar passar nada. Catharina sabia que teria que receber a visita dela constantemente e apesar de ter vivido sua vida toda com ela, agora distante, quando voltavam a ficar no mesmo lugar, Catharina queria entrar em colapso nervoso em sua presença.

— Onde estão as correspondências reais? — Perguntou se virando para a rainha que estava tentando parecer a mais tranquila possível.
Catharina tocou a testa tentando pensar em uma desculpa.

— Temos criados para que cuidem disso.— Catharina respondeu com as mãos na cintura.

— Por Deus, Cat, mente como uma criança de seis anos — A mãe se virou com um olhar de repreensão para ela.— Me disseram que você tem cuidado disso pessoalmente.

— Mas...— A boca de Cat fez um círculo em surpresa.

Estava consideravelmente graciosa aquele dia. O vestido sem espartilho tinha um decote em U e babados e renda em tons pastéis que desciam em fitas vermelhas e os sapatos de couro vinho tinham um detalhe diferente feito em estofado reforçado para não machucar os calcanhares dela. O cabelo longo estava preso em uma trança cheia com fitas e presilhas.
A coroa era uma tiara delicada em pérolas cinzas e fios de bronze.

— O que lhe disse? Cuide de você e da criança.

Cat estreitou os olhos azuis e piscou, a testa grunhida ela se virou para olhar a mãe.

— Criança? Que criança mamãe?

— Seu filho, ora — A dama mãe continuou andando pelo corredor.

— Está insinuando que estou grávida? Mas que...

Elena parou se virando para ela, o movimento fez Cat parar de andar também, com a mãe parando no meio do caminho. As duas se olharam.

— Ah, não banque a bobinha comigo, você sabe com os bebês nascem — Ela voltou a andar.— Se eu me lembro bem, você teve aulas de biologia com nove anos de idade.

— Não estou grávida — Cat acelerou o passo, as mãos nervosas.— Se eu estivesse saberia...— Elas ficaram em silêncio por um momento, parando do lado da mãe.— Não saberia?

Elena sorriu em uma gargalhada baixa e logo um suspiro longo, as duas entraram na sala bem iluminada e ampla.

— Vocês dois tem dormido juntos com frequência? — Helena perguntou se sentando na cadeira acolchoada com almofadas brancas. A criada logo entrou com uma bandeja de chá e biscoitos.

— Ham...— Catharina pareceu constrangida em o que poderia responder. Estava casada com Damon a um mês e algumas semanas, talvez mais? E em todos os dias desde a primeira vez eles não dormiram em quartos separados, nem um dos dois recusara esse detalhe em particular. Damon queria a presença de Catharina, tanto quanto Catharina queria a presença dele. Não se via um dia sequer separada do rei, não conseguia imaginar que fosse possível ou que poderia suportar que fosse feito.

— Então está grávida. Vamos rezar para Abramov que seja um homem, um príncipe herdeiro, assim as pessoas irão calar a boca e parar de falar.

Catharina parou de se servir e levantou os olhos para a mãe, uma interrogação na cabeça, ela se encostou na cadeira e fitou a mãe do outro lado da mesa.

— Falar? O que eles têm falado? — Perguntou apreensiva.— É sobre Damon?

— Não querida, é sobre...— Elena engoliu seco, como se pensasse em algo.— Não quero preocupar você, Cat, então não se preocupe. Assim que o bebê nascer tudo vai se ajeitar.

Cate balançou a cabeça em negação, enquanto encarava o chá rosa dentro da xícara.

— Isso é patético, é como se fossem ser obrigados a gostar de nós apenas pelo nosso filho, como se torcessem para que uma criança assumisse o trono porque qualquer coisa é melhor do que nós no momento.

Elena arregalou os olhos para a filha, tocando seu joelho, como se tentasse acalmar.

— Não pense besteira, vamos mudar de assunto — Ela deu um sorriso largo.— Vai ao baile beneficente de Lady Tacsa? Soube que será um leilão de obras de arte, boa parte veio de Gilian e Teslia.

Cate demonstrou um certo interesse na palavra beneficente e pensou que qualquer ajuda que pudesse dar, já faria ela se sentir melhor.

— Fomos convidados, mas Damon anda tão atarefado no parlamento que não sei se ele estará disposto amanhã.

— Peça a ele, se você demonstrar interesse, ele também ficará.— Elena piscou para ela bebendo do chá.

— Não vou persuadir o rei a fazer algo que não quer só porque eu quero, ainda mais em suas devidas condições.— Disse convencida.
Elena sorriu.

— Ele perdeu uma perna?
Catharina ergueu a sobrancelha, encarando a mãe com uma expressão confusa.

— Por Deus, não! Que pergunta é essa, mamãe?

— Ah, você fala como se Damon estivesse morrendo...— Ela limpou o canto da boca com o guardanapo bordado.— Damon tem estado doente?

Catharina deu de ombros olhando para a janela lá fora, onde uma carruagem se aproximava.

— A mesma coisa de sempre, só tem parecido cada vez mais cansado e reclamado de fortes dores de cabeça.— Respondeu seria.

— Já chamaram um médico?
Catharina negou com a cabeça.
— Damon disse que é normal, para não se preocupar.

Elena iria protestar algo quando uma criada apareceu na porta se curvando.

— Majestade — Catharina se virou olhando para ela e sorriu, confirmando com um leve aceno na cabeça.— Vossa majestade, o rei chegou.

Catharina concordou com a cabeça.

— Diga que já vou descer, obrigada.— Ela voltou a olhar para a mãe, mas a dama mãe já se levantava, ajeitando os amaçados do vestido de seda azul.— Já vai, mamãe?

— Tenho que resolver umas coisas na casa grande — Ela caminhou até a rainha e deu um beijo em sua testa.— Pense sobre o que eu lhe disse.

Ela saiu e Catharina acompanhou os passos ao seu lado.

— Qual das? — Houve um tom divertido na voz da rainha.

— Todas elas, querida.

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