Capítulo 43 - Erros irreparáveis


Quando entrou no quarto seguida das criadas Fiona irrompeu num choro descontrolado e abundante. Chorou quando entrou no quarto, chorou enquanto Françoise, Janelle e Stephanie a vestiam e enquanto elas arrumavam as suas malas.

Não podia acreditar que Louis lhe tinha feito isto, justamente quando ela mais precisava dele ele manda-a embora, quando mais precisava do seu apoio, do seu carinho, do seu amor e calor. Em vez disso estava a fazer as malas para abandonar Versalhes a caminho de um futuro incerto e de um casamento com um desconhecido. Isto não podia estar a acontecer!

As suas damas tentavam consolá-la e passar-lhe apoio mas era em vão. Sentia que Louis andara a enganá-la este tempo todo, e a punhalada que ele lhe dera foi dolorosa. Será que ele chegou mesmo a amá-la? Será que o seus sentimentos por ela eram tão fortes e verdadeiros quanto os dela por ele?

Não! Não devia estar a duvidar dos sentimentos de Louis por si pois conseguiu ver a dor nos seus olhos ao dizer que tinha que ir embora. Conseguiu perceber os seus sentimentos de cada vez que se beijavam, de cada vez que faziam amor, de cada vez que lhe dizia que a amava. Mas de que é que lhe servia isso agora? No momento os sentimentos que prevaleciam eram a dor e o ódio. Dor por ter sido abandonada por Louis e ódio por ele a mandar embora e entregá-la em casamento ao duque Bernier sem sequer a consultar.

Depois de feitas as malas estas foram levadas para a carruagem de Oliver, Fiona e as damas seguiram até à saída e no pátio do palácio encontraram-se com Anastácia e Chadd, mas nem sinal de Louis. A duquesa correu para abraçá-la e Fiona começou a chorar de novo, depois foi Chadd que a abraçou.

- Eu vou tentar falar com ele e fazê-lo reconsiderar esta situação. - disse assim que afastou Fiona segurando nas suas mãos.

- Não vale a pena Chadd. - retrucou Fiona secando as lágrimas. - Ele não vai mudar de ideias e tu sabes bem disso.

- Mas eu posso na mesma tentar...

- Não Chadd. Já disse que não vale a pena.

O duque suspirou de deu um sorriso fraco. Juntou-se à esposa e Fiona caminhou até à carruagem onde Oliver a esperava do lado de fora com a sua costumeira expressão taciturna.

Assim que Fiona chegou perto da carruagem Oliver estendeu a mão para a ajudar a subir e aceitou a ajuda, sem olhar para ele. Seguida dela foram as damas e por fim Oliver, e quando ele bateu com o punho no teto da carruagem dando a ordem de partida começaram a afastar-se do palácio, para longe de onde Fiona de facto foi feliz.

Durante o caminho foi um silêncio sepulcral no interior da carruagem, Fiona olhava pela janela da carruagem, vez ou outra sentia Oliver observá-la mas tentava ignorá-lo, mas sentia-se arrepiada e intimidada.

A viagem até Orleans ainda seria longa, mas iria ter o seu término, e era isso que ela temia.

Dois dias depois...

Tinham chegado a Orleans nessa manhã, Fiona almoçou no quarto na companhia das criadas, um criado de Oliver tinha vindo informar que a data do casamento seria para dali a duas semanas, e que nessa mesma tarde uma estilista de Paris viria para tratar dos preparativos do vestido de noiva. Qualquer mulher iria ficar feliz e entusiasmada com o casamento mas Fiona não. Estava a casar por obrigação, não por vontade própria. Estava a casar com um desconhecido, não com o seu verdadeiro amor, e isso é que doía no coração.

Era difícil viver assim, estava numa mansão luxuosa, mas sentia-se uma estranha naquela casa, e de facto era uma estranha ali. Os criados tinham sido simpáticos e prestativos com ela, até tinha criadas que simpatizaram consigo logo de início e isso fazia sentir-se bem, mas não amenizava a sua dor e angústia. Sentia que aquela casa iria ser o seu poço de sofrimento, onde iria sofrer e chorar abundantemente.

Neste momento uma saudade de casa assolou-a por completo, saudades do seu cantinho, dos seus amigos, do seu país. Sentia saudades de quando não tinha preocupações nem angústias, quando vivia a sua vida de modo simples mas feliz. Também sentiu saudades de Doug, do seu fiel amigo que no momento que mais precisou esteve lá para a apoiar, que quando descobriu que os seus pais tinham morrido esteve lá para ela, apoiou-a, embalou-a e animou-a. Quantas saudades sentia dele.

Sentia-se cada vez mais solitária, tinha medo do futuro a partir do momento em que se mudou para Orleans, e não era para menos. Se ao menos tivesse o apoio dos pais neste momento tudo seria mais fácil. Mas não tinha, estava completamente sozinha.


Tudo voltara a ser escuro na sua vida, quando tomou a decisão de mandar Fiona para Orleans já sabia que se arrependeria amargamente, e agora sentia vigorosamente o sabor amargo do arrependimento.

Louis estava encolhido em posição fetal encostado à parede no canto mais afastado da luz que entrava pelas janelas com um copo de whisky na mão, o rosto molhado pelas lágrimas e uma expressão vazia no rosto. Sabia perfeitamente o que era perder a razão de viver, mas a culpa era sua pois fizera por perdê-la, mandara Fiona embora quando devia tê-la agarrado com toda a sua força e nunca mais a soltar, segurá-la e abraçá-la com todo o carinho e amor que lhe tinha e permanecerem assim pelo resto das suas vidas.

Passaram-se dois dias mas mais pareciam quinhentos anos, a dor da saudade dilacerava o seu coração, e com isso uma nova torrente de lágrimas rolou pelo seu rosto pálido. Pousou o rosto nos joelhos e deixou que os soluços se tornassem o barulho de fundo no quarto e que ecoassem pelos cantos do extenso aposento.

Levantou-se mas não secou as lágrimas, caminhou até à mesa das bebidas e serviu-se de mais uma dose de whisky e tomou um gole. Nesse momento a porta do quarto é aberta, Chadd entra e observa o irmão mais velho e o seu aspeto acabado. Louis olhou para ele mas não disse nada, apenas caminhou até à poltrona perto da lareira acesa, sentou-se e observou a lenha a arder.

- Explica-me porque fizeste isto Louis. - pediu Chadd com voz grave.

Louis continuou a fitar a lareira sem sequer se preocupar em formular uma resposta para o irmão mais novo.

- Estás a ouvir-me Louis? - perguntou o duque e o rei fitou-o com uma expressão vazia no rosto, o que certamente o incomodou. - Porque é que mandaste a Fiona embora?

- Também queria saber o porquê de ter feito tamanha burrice. - disse Louis e Chadd ergueu as sobrancelhas perante aquela resposta. De certeza que não estava à espera de que ele lhe dissesse isto.

- Não sabes? Como não sabes?

- Quando tomei esta decisão foi por desespero de ver Fiona naquele sofrimento. - começou Louis por dizer. - Mas quando me apercebi de que era uma tremenda estupidez já as palavras me tinham saído da boca e já Fiona estava a ir embora.

Chadd suspirou resignado e caminhou até Louis colocando-se no seu campo de visão. Que alguém viesse dizer que ele era o burro depois desta!

- Ouve, todos nós cometemos erros - disse Chadd mas Louis não o fitou. - mas o primeiro passo para os resolver é admití-los. E se quiseres fazer algo para trazer Fiona de volta tens todo o meu apoio e ajudo-te no que for preciso.

Louis limitou-se a suspirar e a beber mais um gole de whisky sob o olhar atento do irmão.

- Não vale a pena, o mal já está feito. Além disso ela deve odiar-me agora, trazê-la de volta e ter que lidar com o seu ódio e desprezo é o mesmo que não tê-la. - disse Louis contendo-se afincadamente para não despencar num choro descontrolado.

- Não vale a pena trazê-la de volta?! Mas tu perdeste o juízo?! - perguntou Chadd irado.

Fitou o duque com atenção estranhando o seu empenho em trazer a condessa de volta, era paranóia e estupidez sua pensar que Chadd tinha segundas intenções, mas a verdade é que ultimamente não andava a pensar com clareza e isso já estava mais do que visto.

- Por muito que me doa é isso que vai acontecer. - disse Louis convicto e desviou o olhar do irmão.

- Ela é a mulher que tu amas! A mulher da tua vida! Aquela que te devolveu o sorriso ao rosto, aquela que te trouxe confiança e alegria à tua vida! Eu pensava que a amavas mas parece que me enganei.

Começando a sair do sério Louis arremessou com força o copo com whisky à lareira estilhaçando-o em vários pedacinhos minúsculos, já o whisky em contacto com o fogo fez surgir chamas azuis na lareira. Depois disso levanta-se e aproxima-se de Chadd num passo pesado e furioso.

- Nunca mais repitas isso ouviste?! Nunca mais! - gritou Louis ensandecido. - Não te admito que duvides do meu amor por Fiona!

- Então se a amas trá-la de volta. Mesmo que ela te odeie se mostrares que estás arrependido mais tarde ou mais cedo ela irá perdoar-te. - insistiu Chadd tentando fazer o irmão raciocinar como deve ser.

Se fosse assim tão simples bem que o fazia, mas nem tudo era fácil e desta vez Louis tinha feito asneira e da grossa. Estava mais do que habilitado a nunca mais ver Fiona, de a ter aconchegada nos seus braços, de nunca mais a ter na sua cama, aninhada com a cabeça pousada no seu peito. Podia nunca mais ter nada disso.

- Chadd, faz-me um favor. - pediu Louis e o irmão observou-o assentindo. - Deixa-me sozinho, noutra altura falamos nisto. Agora só preciso de ficar sozinho.

O duque suspirou resignado e obedeceu ao pedido do irmão, mas sabia que isto era uma desculpa para se esquivar à conversa.

- Tudo bem, vou deixar-te sozinho com os teus pensamentos ou lá o que for. Mas fica aqui registado que não te irás esquivar à conversa. - disse e saiu do quarto.

Vendo-se novamente sozinho permitiu que as lágrimas que tão excruciantemente segurava corressem pelo seu rosto. Agarrou no cabelo e gritou ensandecido. Chorou até mais não, como se isso amenizasse a sua dor e saudade, mas não amenizava. Tinha feito por isso, agora teria que aguentar ou fazer algo para mudar o rumo que a sua vida e a de Fiona estariam prestes a tomar.

Olá queridos leitores e leitoras tudo bem? Quero desde pedir desculpa pela demora na postagem do novo capítulo mas tem sido um corropio devido à proximidade do natal. Mesmo que se tenham passado cinco dias desde que o último capítulo foi publicado não deixa de ser muito tempo para eu ficar sem postar. Pelo menos a meu ver kkk.

A música de hoje é Halo, da Beyoncé, pois acho que combina com o conteúdo do capítulo, devido ao facto de que este é um pouco mais triste ao nível dos protagonistas Louis e Fiona.

Espero que gostem do capítulo e da história, que votem e comentem.

Um bom natal e bjs da Carla. 💖

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