Capítulo 32 - Cães de caça
- Temos que vigiar Kira muito bem, temos que saber se ela hoje vai sair do palácio e a que horas ela o irá fazer. - disse Louis enquanto ele e Chadd caminhavam pelo corredor.
- Eu vou selecionar os guardas que iremos levar connosco. - disse Chadd caminhando lado a lado com Louis. - Quando estás a pensar fazer isto?
- Esta noite se possível. - disse Louis convicto da sua resposta. - Quanto mais depressa a resgatarmos melhor.
- Não será demasiado precipitado?
- Não. - respondeu Louis curto e direto caminhando pelo corredor decidido. Podia estar confiante por fora, mas por dentro tremia de medo e ansiedade.
Não sabia se era de noite ou de dia, não tinha forças nem para pestanejar muito menos mexer a cabeça para olhar pela janela. Já Klaus sentia-se revigurado e satisfeito, observando a dama deitada enquanto apertava as calças.
Como Fiona sentia vontade de lhe acertar um pontapé certeiro entre as pernas, ou até cortar o membro fora de modo e ele nunca mais o usar, já que nenhuma mulher o quis com ele, se ele não o tiver não fará diferença não é? Se pensarmos bem até faria um favor às mulheres das quais ele pode ter abusado.
Sentia os pulsos dormentes devido ao aperto das correntes em volta deles, estava despenteada, esfarrapada e magoada, e tudo o que queria no momento era sair dali.
- Por agora tens sorte que a rainha não está cá minha rosa. - disse Klaus parado ao seu lado. - Mas ela não tardará a chegar, até lá eu faço-te companhia.
Com a mordaça na boca Fiona nada podia dizer, apenas desejava que aquele mancebo asqueroso ardesse nas profundezas do inferno após uma morte bem dolorosa.
Já no palácio, e tal como Klaus disse a Fiona, Kira preparava-se para sair em direção ao bosque, com roupa e capa negra para dificilmente ser vista na escuridão. Caminhou pelos corredores em silêncio em direção às cavalariças, mas como o jardim era extenso, ainda teve de caminhar uma distância considerável para lá chegar.
Quando Kira subiu para a cela e começou a galopar para fora dos domínios do palácio Louis, Chadd e mais três guardas seguiam-na pelas sombras, a uma distância considerável. Quando viram que ela saia da vila em direção ao bosque os cinco continuaram a seguí-la, sem acreditarem que Kira escondera Fiona no bosque e que ninguém se lembrou dessa possibilidade.
- O bosque! Mas é claro! Ninguém pensaria em procurá-la lá, um local inóspito onde pouca gente vem, facilmente podem tê-la escondido lá. - disse Chadd abismado.
- Ou então ela pode saber que a estamos a seguir e querer despistar-nos. - sugeriu Louis.
- Creio que não. Vamos continuar antes que lhe percamos o rasto.
Cada vez mais se embrenharam no bosque até verem Kira descer do cavalo à entrada de um casebre abandonado e entrar nele. Longe da vista de quem lá estivesse e protegidos pela vegetação, vigiaram a casa em busca de qualquer movimento no seu interior. Um dos quartos ficou iluminado pela luz das velas e Louis logo desconfiou que era alí que ela estava.
- Parece que é aqui. - sussurrou Chadd para o irmão. - Vamos intervir agora?
Em vez de responder Louis apenas fitou a janela, pensando na melhor maneira de avançar para o interior da casa.
- Eu lá no fundo sou boa pessoa Fiona. - disse Kira observando a condessa e Fiona teve vontade de rir com escárnio. - Por isso dou-te a escolher: se aceitares afastar-te de Louis eu liberto-te e deixo-te ir, com a condição de que não contas a ninguém o que se passou aqui; se te recusares a afastar... - apertou a face da dama com força cravando as suas unhas. - ... A tua estadia aqui tornar-se-á mais prolongada e somente saíras daqui diretamente para o cemitério!
Fiona abanou a cabeça com vigor em negação, começava a ficar com mais medo ainda pois sabia bem que Kira era pessoa para cumprir as ameaças que fazia, uma pessoa com sangue frio e coração de pedra que não se preocupava se alguém estava a sofrer.
_ Tomo o teu silêncio como a tua resposta, e lamento informar-te minha querida, não gostei nada. Klaus. - disse a rainha voltando-se para o carrasco. - Faz o que tens a fazer.
Enquanto Klaus aproximava-se da dama com o chicote em mãos, Kira saiu do quarto descendo até ao rés do chão, mas ao olhar para o exterior da casa por uma janela próxima estacou no lugar.
- Não pode ser... - balbuciou ao ver Louis, Chadd e mais três homens aproximarem-se da casa para entrar. Se eles a vissem ali era o seu fim, por isso, e sem pensar duas vezes, dirigiu-se apressada para a saída das traseiras, mas para seu azar a porta estava trancada.
- Maldição! - resmungou Kira tentando abrir a porta, mas sem sucesso.
Tinha que ter outra saída, a porta da frente estava fora de questão, a porta das traseiras estava trancada e não tinha a chave, e no resto da casa não havia mais nenhuma porta para o exterior. Nesse preciso momento Louis e os restantes entraram em casa e Kira escondeu-se debaixo das escadas à espera que eles passassem. Tinha a sua oportunidade de fugir, mas um dos guardas ficou à entrada da casa a guardar a porta. Kira praguejou num sussurro buscando uma saída.
Silenciosamente caminhou até à sala, o barulho do andar de cima ecoou por toda a casa e Kira apressou-se. Abriu a janela, colocou os pés para fora e saltou. Segurando na barra do vestido correu para dentro da vegetação desaparecendo dentro dela, deixando o cavalo atado à entrada da casa, sem olhar para trás.
Depois de Kira ter saido Klaus aproximou-se da condessa com o chicote em mãos, com um olhar cruel e um sorriso sádico rasgando o seu rosto encardido, causando medo inevitável na dama.
- Parece que tenho um tempinho extra a te dispor coisa linda. - disse Klaus ajoelhando-se aos pés da dama. - Vamos lá aproveitar.
Klaus atirou o chicote para longe, agarrou no pescoço dela com uma mão mantendo-a inclinada para cima, de modo a que ela somente fitasse o teto. Inevitavelmente Fiona começou a chorar e a gritar com o pano na boca, sentiu Klaus invadí-la pela segunda vez naquele dia mas agora mais bruto do que antes. O corpo dela estremecia com cada investida, mexia-se e remexia-se para se soltar mas de nada adiantava.
- Não te preocupes minha linda, eu não tenho a possibilidade de dar filhos a qualquer mulher por isso bebés meus de ti não virão.
Isso não a reconfortava de maneira nenhuma. Quando ele saiu de dentro de si recompôs-se e baixou o seu vestido, que coitado já viu melhores dias. Reuniu força vinda não sei de onde e conseguiu acertar um pontapé mesmo no meio das pernas do carrasco fazendo encolher-se de dor.
- Já vais ver sua imunda! - vociferou Klaus esbofeteando Fiona sem parar.
De repente a porta abre-se num estrondo, olhando para lá um alívio gigante apoderou-se dela ao ver Louis parado à entrada com uma expressão furiosa no rosto. Sem tempo de prossessar o que aconteceu a seguir Klaus foi arremessado para longe por Louis e atirando-o ao chão. Fiona debateu-se nas correntes a pedir para a soltarem, mas Louis estava mais preocupado em esmurrar Klaus.
- Louis, solta a Fiona que eu trato dele! - disse Chadd e o rei olhou para a dama acorrentada, imediatamente os seus olhos encheram-se de lágrimas e apressou-se a procurar a chave das correntes.
Após encontrar a chave Louis correu até ela, abriu as correntes e observou os hematomas do aperto nos pulsos delicados da amada, a seguir tirou a mordaça da boca dela e imediatamente abraçou-a beijando a sua face repetidas vezes, com Fiona encostada ao seu peito a chorar sem parar.
- Tem calma meu amor, agora eu estou aqui. - disse Louis com voz tremida afagando o cabelo da dama.
Agarrava-se com vigor ao tronco largo do rei, temendo que tudo aquilo fosse um sonho e que ao acordar ainda estaria aqui acorrentada. Mas não era um sonho, era real.
Ergueu o olhar e fitou o rosto belo do amado, cujas lágrimas escorriam dos seus olhos dourados, afagou a sua face e beijou os lábios do rei sendo retribuída com fervor por parte dele, transpassando toda a saudade que teve dele mesmo tendo estado cativa apenas um par de dias.
- Sentiste a minha falta? - perguntou Fiona num sussurro com a testa encostada à de Louis observado-o atentamente.
- Mais do que podes imaginar. - respondeu Louis voltando a beijá-la com cuidado e carinho. Devagar deitou Fiona no colchão, mas mal as costas da dama tocaram o colchão um gemido de dor saiu da boca de Fiona fazendo Louis erguê-la de novo.
- Magoei-te? - perguntou preocupado.
- Tu não, mas não te preocupes. - disse Fiona reconfortando-o.
- Demos a volta a casa mas para além de nós não está cá mais ninguém. - disse Chadd entrando no quarto.
- Ela deve ter conseguido fugir. Maldita! - disse Louis levantando-se. Ajudou Fiona a levantar-se mas logo ela fez outra careta de dor, desta vez levando a mão à zona abaixo do ventre. Louis olhou para a mão e para onde ela tocava e logo uma expressão de desalento apareceu no seu rosto.
- Ele... Ele... - balbuciou Louis e Fiona fitou-o com dor no olhar.
- Sim. - respondeu Fiona soluçando em seguida.
- Oh meu anjo. - beijou a testa da dama enquanto a abraçava, Fiona chorava encostada a ele com as mãos a cobrir o rosto enquanto ele afagava os seus cabelos tentando reconfortá-la.
- Se fosse apenas isso que ele me fez...
- Agora vai ficar tudo bem. - disse Louis beijando o seu cabelo negro.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top