Capítulo 20 - Pedido inusitado

Olhava aparvalhada para a mulher deitada em cima da cama, envergando apenas uma chémise praticamente transparente, os cabelos ruivos soltos e um olhar interrogativo.

- Louis, quem é esta? - perguntou a ruiva e Fiona não pôde deixar de reparar que ela o tratou pelo nome. Certamente ela tinha muita intimidade com o desgraçado.

- Alguém que está prestes a ir embora. - respondeu Fiona virando-se para sair, sendo impedida pelo corpo de Louis.

- Tu não vais a lado nenhum, ela vai. E eu não te dei confiança nem autorização para me tratares pelo nome! - alvitrou Louis virando-se para a ruiva desconhecida.

- Vá lá, já faz imenso tempo que não estamos juntos, já tenho saudades. - disse a ruiva com voz manhosa.

- Eu deixei bem claro que não te queria voltar a ver, permiti que continuasses a frequentar a corte com a condição de nunca mais te aproximares de mim.

- Porque tanto mau feitio Louis, eu pensei que o que tivemos tivesse sido especial. - disse a ruiva ofendida e Fiona estava prestes a entrar em erupção tamanha era a sua ira.

- Se pensaste então pensaste mal e foi apenas uma noite, agora daqui para fora! - disse Louis e a ruiva pegou num robe de seda que estava aos pés da cama e dirigiu-se à saída, com Fiona logo atrás, porém não foi rápida o suficiente pois mais uma vez Louis barrou-lhe a passagem e trancou a porta.

- Não, tu ficas! - disse Louis olhando para Fiona desafiando-a a contrariá-lo.

- Não, não fico coisíssima nenhuma, abre a porta! - alvitrou Fiona porém Louis permaneceu irredutível. Fiona começava a ficar mais furiosa do que já estava pois a visão daquela mulher na cama de Louis era a prova de que ele ainda mantinha os casos e que não tinha deixado as amantes.

- Dá-me uma oportunidade de me explicar. De te fazer ver que isto não é o que pensas. - pediu Louis.

Fiona riu em descrença.

- Não é? Pois temos pena mas não te darei oportunidade para explicares seja o que for. E aquilo que eu penso é exatamente o que está a acontecer, tu ainda manténs os teus casos e mentiste-me descaradamente ainda há pouco pela segunda vez. - cuspiu Fiona com raiva latente.

- Eu não te menti em nada na conversa que tivemos, e que ainda não terminámos. Eu já não tenho uma amante à um mês, aquela mulher que tu viste foi uma mulher com quem eu dormi à já um ano atrás. O que a levou a fazer isto eu não faço ideia, agora eu não te menti, está é a verdade.

- Vindo de ti já não sei o que é verdade e o que é mentira. - disse Fiona com expressão desiludida.

Um suspiro escapou dos lábios de Louis, para si mesmo já admitiu o erro, mas Fiona não mostrava estar com vontade de acreditar em si.

- Muito sinceramente não sei o que fiz para te causar tamanha desconfiança. - assumira uma expressão desolada no rosto, não sabia o que fazer para remediar a situação.

- Muita coisa, mentiras e enganos são o que causa a desconfiança entre muitas amizades e muitos amores, e esta situação não é excessão. Por muito que me custasse ouvir de início eu teria preferido que tivesses sido honesto comigo logo do que estar nesta situação. Agora por favor, deixa-me sair.

- Tu não fazes ideia do inferno de tem sido a minha vida, nunca tive a oportunidade de ser realmente feliz e agora que eu encontrei essa oportunidade ela foge-me por entre os dedos. - desabafou Louis. Fiona não sabia se acreditava nele ou não, podia ser chantagem emocional, ou não.

- A minha também não tem sido fácil, num mês sofri mais do que na minha vida toda. Mas eu estou a seguir em frente e a procurar a minha felicidade, e não tenciono desistir. - disse Fiona determinada. - Por favor, deixa-me sair.

- Está à vontade, não te vou impedir. - disse Louis odiando-se por ter dito o que disse.

E assim fez, dirigindo-se à porta do quarto sob o olhar atento do rei, Fiona abriu a porta e saiu do quarto e para longe da vista de um Louis inconformado com a situação.

Muitas vezes só nos apercebemos dos nossos erros depois de os cometermos, sendo depois afogados por uma onda de remorso e culpa, deixando-nos a pensar no porquê de termos agido de tal maneira, de ter feito tal coisa de tal maneira se sabíamos que era a forma errada e que depois sofreríamos com o que acontecesse de seguida.

Ao entrar no quarto, Fiona percebeu o quão casmurra estava a ser, ele não tinha obrigação de lhe contar nada pois ele não lhe devia a sinceridade, como estava a ser burra!

O que lhe passava pela cabeça como justificação era o facto de estar a nutrir sentimentos pelo rei, e tudo isto serem ciúmes insanos e inconscientes. Era a explicação mais plausível.

Munida por uma coragem repentina saiu do quarto e decidida regressou ao quarto de Louis disposta a remediar a situação. Sem sequer bater à porta entrou e fechando a porta permaneceu ao lado desta, observando Louis cuja diferença na indumentária era o casaco despido.

Quando ele notou a presença da condessa no quarto adotou de imediato uma expressão surpresa no rosto, e acima de tudo feliz.

- O que fazes aqui? - inquiriu Louis debilmente.

Fiona fitou-o por uns instantes antes de suspirar e, finalmente, falar.

- Vim aqui para consertar o meu erro. Para admitir que exagerei na minha reação e que eu não estou em posição de exigir nada de ti. - disse Fiona com voz aveludada.

- Não estou a compreender. - disse Louis confuso.

- Não compreendas, apenas beija-me. - pediu Fiona e Louis paralisou no lugar.

- O que acabaste de dizer? - perguntou Louis observando-a como se ela fosse uma criatura do além.

- Isso mesmo que ouviste, pedi-te para me beijares. - disse Fiona sem rodeios.

- Fiona eu...

Louis nem terminou a frase, possesso como estava cedeu de boa vontade ao pedido da dama e beijou-a fervorosamente, encostando o corpo dela ao seu. O sabor adoçicado dos lábios de Fiona fundiu-se no seus proporcionando-lhe uma das melhores sensações da sua vida. O que a fez mudar de ideias ele não sabia, mas agradecia por isso ter acontecido.

Foram caminhando a passos trôpegos até ao centro do quarto, e quando o beijo foi interrompido pela necessidade de oxigénio abraçaram-se, um abraço bem apertado e cheio de significado e carinho.

- O que te fez mudar de ideias? - perguntou Louis aconchegando Fiona nos seus braços e acariciando os seus cachos negros.

Alí, nos braços fortes de Louis, sentia-se segura e protegida, era como se os braços dele fossem uma muralha impenetrável onde nenhum mal a atingiria.

- Percebi que estava a ser injusta com a minha reação. Não devia ter-te julgado daquela maneira pois eu não tenho nenhum direito de te exigir a sinceridade. - disse Fiona. - E percebi que de facto estavas a ser sincero e que devia dar-te uma oportunidade de te explicares.

- Fico feliz por isso. - disse Louis com felicidade visível na voz. - Porque não me contas porque vieste para cá. O que se passou para seres tão reservada quanto ao teu passado.

Imediatamente ficou tensa com a menção do sucedido. Calmamente afastou-se de Louis e caminhou pelo quarto. Essa era a última coisa que queria mencionar, tanto neste momento como num futuro próximo.

- Eu... Não quero falar sobre isso. - disse Fiona mostrando o seu incómodo na voz.

- Porquê? Porque não te queres abrir comigo? Porque não queres desabafar? - perguntou Louis observando cada passo seu. Entretanto Fiona passava o dedo indicador pela lombada de vários livros numa estante, sem prestar atenção no título de cada um.

- Apenas não me sinto bem por desenterrar esse assunto. Por isso é que não quero falar nisso, não insistas por favor. Quando eu estiver pronta para desabafar será contigo que o farei.

Sorriu para a dama contentando-se com a resposta dada. Preferia ter de esperar pela resposta do que ter a garantia de que nunca ficaria a saber do que fosse.

A música do capítulo é Dime por que? de Baby Lores & Luís

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