- Pronta?

Hero me perguta, quando eu abro a porta do carro do seu irmão e me sento no banco do passageiro.
Depois que Hero saiu do meu consultório eu recebi mais alguns pacientes, concluindo assim mais um dia de trabalho.

- Sim, estou pronta.

Eu digo para Hero, ao mesmo tempo em que lhe dou um sorriso confiante e tranquilo, muito embora eu não sinta nenhuma das duas coisas.
Eu direciono o meu olhar para a janela, e fico torcendo para que Hero demore o máximo possível para nós chegarmos no endereço que a minha mãe me deu e que eu falei para Hero.

- A propósito, quando nós chegarmos lá, mantenha aquela cara seria que você fez quando nós nos conhecemos, e que você faz toda vez que encontra alguém que não conhece!

Eu digo, depois de alguns minutos de silêncio.

- Você sabe que não precisa me pedir isso, não sabe?

Hero perguta, com somente uma das suas covinhas aparecendo, e eu concordo com a cabeça, porque sei que Hero nunca tira a sua " cara de mau" quando conhece alguém pela primeira vez.

- Eu sei, mas nós estamos prestes a entar em um bar de um menbro de gangue, então é melhor estarmos preparados para tudo. Eu, por exemplo, trouxe uma faca por precaução .

Eu comento, e Hero me olha extremamente assustado, e até divertido com a ideia de eu estar com uma faca.
Eu levo minha mão até o meu tênis de cano alto, e tiro de dentro do mesmo um canivete suíço, que eu abro e mostro a Hero a minha faca.

- Olha, eu sei que parece engrassado, mas eu passei dezenove anos com a minha mãe, então acredite, isso pode ser necessário.

Eu digo enquanto volto a guardar o canivete no meu tênis, e Hero concorda com a cabeça, muito embora eu sei que ele pensa que eu realmente não preciso de uma faca .

- Eu também pensava que isso não era necessário, mas uma vez, quando eu tinha uns dezessete anos, eu entrei no meu quarto e vi o namorado da minha mãe na época parado de frente para a minha gaveta de roupas, cheirando as  minhas calçinhas!
Eu gritei para ele sair do meu quarto, e ele veio para cima de mim. Por sorte, eu fui mais rápida, corri até a cozinha e peguei uma faca.
Até hoje eu não sei se foi a expressão no meu rosto, ou a faca afiada na minha mão, talvez os dois, mas o homem se afastou de mim. Então, a partir desse dia, sempre que eu vou ver a minha mãe eu levo uma faca comigo!

Eu conto, mas Hero não me olha nos olhos, ele apenas concorda com a cabeça e continua dirigindo.
Eu olho para a janela, e fico admirando as casas e prédios de Chicago, enquanto meu namorado dirige até o bar do novo namorado da minha mãe.

- Chegamos!

Hero diz, quando estaciona o carro do seu irmão mais velho na calçada do outro lado do bar.
Eu saio do carro, e respiro fundo enquanto encaro o bar caindo em pedaços.
Eu e Hero atravessamos a rua, e assim eu o último abre a porta do bar o cheiro de tequila e maconha invadem as minhas narinas, mas o que é pior, é que nenhum dos dois odores me surpreende.
Eu vasculho o bar com os olhos, mas não demoro muito para encontrar uma mulher atrás do balcão, com cabelos loiros sujos e  bagunçados, agora cortados na altura da sua orelha.

- Quem é o gostoso ?

Minha mãe perguta, quando eu me aproximo do balcão sujo, com Hero nos meus calcanhares.
Eu olho para a mulher na minha frente, e não me surpreendo com seus olhos vermelhos, e suas roupas sujas e apertadas. Minha mãe sai de trás do balcão, e eu tento não reparar no seu top preto, que mostra descaradamente os seus seios, e na sua calça verde escura toda manchada. 

- Bom te ver também, mãe.

Eu digo, mas minha mãe não se dá o trabalho de olhar para mim, não quando seus olhos azuis estão fixos em Hero.

- Bunny Langford, muito prazer em conhecê-lo!

Minha mãe diz para Hero, enquanto mastiga o seu chiclete e curva mais o corpo para frente, fazendo com que seus seios fiquem ainda mais a amostra .

- Mãe, já chega. Você me queria aqui, e aqui estou eu, então para com isso e me diz logo o que você quer!

Eu digo, ao mesmo tempo em que empurro gentilmente o corpo da minha mãe para trás, para que ela pare de tentar dar em cima do meu namorado.
Os olhos azuis, com uma mistura de vermelhos, da minha mãe finalmente  focam em mim, e eu tento ignorar o desprezo neles ao me ver.
Minha mãe solta um resmungo, e abre um sorriso claramente forçado para mim, ao mesmo tempo em que aponta para uma das mesas encostadas na parede.
Eu tento não reparar na imundície do bar, mas é difícil com os três únicos caras no colocal tomando um uísque barato e com os ratinhos pequenos que andam pelo local. 
Eu me sento no banco que um dia foi acolchoado, e assim que Hero se acomoda do meu lado, e minha mãe no outro banco de frente para nós, eu solto um suspiro profundo e fasso um gesto para que minha mãe comece a falar, mas ela apenas fica olhando para mim e Hero.

- Espere um pouco. Não me diga que você está namorando o soldadinho, aqui?

Minha mãe perguta, quando olha para o boné de Hero, vendo assim a bandeira dos Estados Unidos na frente.
Eu olho fixamente para a minha mãe, mas nem eu nem Hero nos damos o trabalho de responder a sua pergunta, o que faz minha mãe soltar uma gargalhada, como se tivesse acabado de ouvir a coisa mais engrassada do mundo.

- Por essa eu não esperava! Então quer dizer que você finalmente transou com alguém? Nossa, eu só espero que isso tenha te relaxado um pouco.
Agora... O que levou você a dormir com a minha filha, bonitão? Ela por acaso pagou você?!

Minha mãe perguta para Hero, que apesar dá surpresa continua com a cara fechada e sem dizer nada.
Eu dou um soco na mesa velha, fazendo com que minha mãe me olhe surpresa mas também super divertida, o que me diz que ela está gostando de me tirar do sério.

- Você me ligou, então vá direito ao ponto, porque eu não tenho a noite inteira !

Eu digo, e o tom sério na minha voz faz minha mãe recuperar a sua postura e me olhar diretamente nos olhos.

- Jeremy e eu estamos juntos a um bom tempo, e nós já nos casamos.
E como sua mulher eu devo estar ao lado dele.

Minha mãe começa a dizer, e eu já sei onde o seu discurso " amoroso" vai nos levar.

- Mais um casamento, esse já é o quinto ou o sexto?

Eu perguto e minha mãe serra os dentes de raiva, mas como nós duas bem sabemos ela não vai gritar comigo, não quando precisa do meu dinheiro.

- Sétimo!

Minha mãe fala, e eu finjo que não me importo com a raiva no seu olhar.

- Olha filha, eu sei que nós já passamos por muita coisa juntas, mas eu amo o Jeremy e eu quero ajudá-lo.
Ele se meteu em uma dívida, e nós precisamos paga-la!

Minha mãe diz, enquanto volta a mastigar o seu chiclete e me olha um um jeito meigo, muito diferente de a dez segundos atrás.
Desde que eu comecei a trabalhar as coisas são assim. Minha mãe arranja um cara, casa com ele, e me pede dinheiro. Isso nunca mudou, e depois de tanto tempo caindo no discurso de   
" filha, nós duas já passamos por muita coisa" eu aprendi a lição!

- Sim, nós já passamos por muita coisa, e você é minha mãe, e por isso eu continuo com a minha oferta.
Eu tiro você dessa vida, te levo para uma clínica de reabilitação, e ajudo você a se reerguer! 
Essa é a única condição de você ver o meu dinheiro, caso os termos não sejam favoráveis então de mim você não vai ter nenhum centavo!

Eu digo, e engulo o nó na minha gargant quando vejo o desprezo e o nojo nos olhos da minha mãe.

- Jeremy me pediu para falar com você, mas eu sabia que não daria certo.
Eu deveria ter te abortado quando tive a chance. Você não serve para nada mesmo, e eu realmente não sei onde estava com a cabeça quando pensei que você poderia me fazer acreditar que valeu a pena todas as mudanças que o meu corpo sorfreu por sua causa!

Minha mãe grita para mim, e eu não preciso olhar para os lados para saber que os três homens estranhos estão olhando para a mesa em que eu me encontro. 
Eu sinto o olhar de Hero avaliar todas as minhas reações, e eu fasso um enorme esforço para não olhar para ele, porque eu sei que se isso acontecer eu irei cair no choro.
Eu mantenho o meu olhar fixo na minha mãe, e assim que entrelaço meus dedos com os de Hero por debaixo da mesa, eu digo, ainda com uma pedra gigantesca na minha garganta:

- Você se esqueceu da parte, " Você é uma vadia e eu espero que vá para o inferno" !

Minhas palavras soam firmes e debochadas, o que me agrada um pouco.
O rosto da minha mãe fica vermelho de raiva, já que eu sei que ela esperava que eu fosse desmoronar como nas outras vezes e não agir com indiferença.

- Vamos embora.

Eu digo para Hero, que imediatamente se levanta, me deixando assim sair da poltrona. 
Hero anda na minha frente, e eu tenho certeza de que se não fosse nossos dedos entrelaçados eu iria desmoronar nesse chão.

- Quer saber? Você não é uma simples  vadia, é a maior vadia que eu já conheci e eu nunca deveria ter tido você! Você foi Josophine, e sempre vai ser um erro!

Minha mãe grita, mas eu não me viro para olhar para ela, apenas continuo andando atrás de Hero e segurando na mão do mesmo...

●●●

- Você está bem ?

Hero me perguta, quando nós entramos no meu quarto, depois de ficarmos o caminho inteiro até o meu apartamento em silêncio.
Eu me sento na minha cama, e concordo com a cabeça, ao mesmo tempo em que escondo meu rosto nas minhas mãos e finalmente deixo todo o peso das palavras da minha mãe caírem sobre os meus ombros.

- Ei, está tudo bem.

Hero diz, quando me abraça e me leva para o seu colo ao mesmo tempo em que deposita um beijo no alto da minha cabeça.
Eu abraço Hero, e deixo toda a minha dor sair enquanto eu choro nos seus braços.

- Me desculpe, eu te arrastei até lá e a minha mãe ficou dando em cima de você!

Eu digo para Hero, quando desencosto minha cabeça do seu peito e passo minhas pernas, uma de cada lado da sua cintura, ficando assim sentada no seu colo.

- Tudo bem, você já meu viu em momentos ruins e teve um encontro desagradável com a minha família. Então, acho que estamos quites!

Hero diz, e apesar de ele tentar me confortar, eu percebo que tem algo de errado com ele. 

- Qual o problema ? Você está muito quieto, muito mais quieto do que o normal !

Eu digo, e sinto um peso voltar a dominar o meu peito quando não consigo decifrar, pela primeira vez desde que eu conheço Hero, os olhos verdes do mesmo.

- Eu preciso te contar uma coisa.

Hero diz, e eu sinto meu estômago doer quando penso que ele pode estar querendo me falar sobre a sua avaliação.

- Na terça feira, quando eu disse que iria sair com alguns amigos do exército, eu estava mentindo para você.
Na segunda feira, eu e o Cody estávamos conversando sobre isso, e eu pensei que já tivesse tomado a minha decisão, mas então eu e o Cody fomos convidados para irmos em uma reunião com o Capitão do Zack.
Então, na terça feira, eu e o Cody  recebemos a proposta do superior do Zack de voltarmos antes para o exército.
O Capitão do Zack olhou a minha fixa e a do Cody e como você e a Inanna já haviam entregado as nossas avaliações o Capitão do Zack acabou olhando isso também, e fez o convite.

Hero me conta, e eu sinto o ar escapar dos meus pulmões.
Certo, Hero acabou de me dizer que ele recebeu um convite para voltar antes para o exército, justamente quando eu esperava que ele ficasse aqui, que ele ficasse comigo.

- Então, você está me dizendo que vai embora?

Eu pergunto com a voz rouca, enquanto sinto meus olhos se encheram novamente de lágrimas enquanto eu torço silenciosamente para que Hero diga que decidiu ficar comigo.

- Eu...

- Não, me escuta primeiro!

Eu digo apressada, interrompendo assim seja lá o que Hero ia me dizer.
Eu levo minhas mãos até o rosto de Hero,  e faço o mesmo olhar fixamente para mim, enquanto eu me preparo para dizer as palavras que eu nunca pensei em dizer antes para nenhum homem.

- Você não pode ir, por favor não vai!
Hero eu... Eu amo você Hero, e eu não quero que você vá embora!

Eu digo desesperada, e não me importo que isso esteja claro no meu olhar.
Eu encaro os olhos verdes de Hero, e me surpreendo quando vejo surpresa e medo em seus olhos.

- O que você acabou de dizer ?

Hero me perguta, e eu olho para ele, ao mesmo tempo em que solto um suspiro profundo.

- Eu disse que eu te amo!

Eu falo novamente para Hero, que arregala os olhos verdes, e me tira do seu colo como se eu fosse uma bomba prestes a explodir.

- Eu não deveria ter feito isso!

Hero diz um pouco confuso, mas antes que eu possa falar qualquer coisa, Hero saí do meu apartamento praticamente correndo.
Eu me levanto da minha cama, e corro atrás de Hero, que já saiu do meu apartamento.
Eu vejo Hero correndo escada abaixo, e eu não penso duas vezes em ir atrás dele.

- Hero, espera!

Eu grito, quando continuo descendo as escadas atrás de Hero.
Eu chego no térreo do prédio, e aumento minha velocidade, conseguindo assim alcançar Hero.

- Hero, o que você não deveria ter feito? Eu disse que amo você e você sai correndo, eu não estou entendendo.

Eu digo, quando paro na frente de Hero e fico cara a cara com o mesmo.

- Eu não deveria ter começado isso, esse relacionamento.  Isso foi um erro!

Hero diz, e eu dou um passo para trás quando suas palavras chegam até mim, me atingindo assim como mil facas.

- Não! Você... Você não pode estar falando sério.
Por favor Hero, por favor não me diga que você pensa que eu sou...

Eu tento falar, mas sou sufocada pelo meu choro, quando me lembro de todas as vezes em que minha mãe me disse isso, como a poucas horas trás, o que me levou a chorar nos braços de Hero, que agora me olha da mesma forma que minha mãe.

- Eu nunca deveria ter começado esse relacionamento, isso tudo foi um erro!
O exército é a minha vida, e eu não posso mais ficar.
Você foi um erro Josephine, eu nunca deveria ter ficado com você!

Hero diz, e eu sinto como se de fato estivesse vendo minha alma deixar o meu corpo.
Eu olho incrédula para Hero, enquanto sinto meu peito doer tanto com as suas palavras ao ponto que só o fato de eu estar respirando doe como se estivesse sendo esfaqueada.
Eu tento falar alguma coisa, mas não consigo, a única reação que eu tenho é levar minha mãos até o meu peito para tentar aliviar a dor, enquanto lágrimas escorrem descontroladamente pelo meu rosto. 
Hero passa por mim, e eu me viro e saio do prédio, só para vê-lo, só para ver o homem que tirou a minha virgindade, o primeiro homem pelo qual eu já me apaixonei, o primeiro homem que eu já amei, indo embora, me deixando com uma dor tão dilacerante que eu não consigo nem ficar em pé...

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Notas : Esse foi o último capítulo dessa fanfic. Mas eu, obviamente,irei continuar a história desse casal em outra história, uma história que se passará alguns anos depois desse termino do casal!

Agradecimentos: Eu gostaria dizer que eu sou muito grata por cada comentário, curtida e visualização da minha história. Eu também quero agradecer a cada seguidor, novo e velho, por me acompanharem em mais uma fanfic, vocês são fodas! 🥰🥰🥰🥰😘😘😘

Ps: Eu terei uma prova do meu curso esse sábado, por isso eu devo demorar uma semana, mais ou menos, para postar o segundo livro, com a continuação dessa história!
❤❤😘😘😘😘