Os Doze
Eram doze no total. Doze sobreviventes que alcançaram à igreja naquela ensandecida noite de Halloween; uma criatura de palha, uma bruxa, uma alma penada, um anjo da guarda, uma transmorfa, uma dupla de paranormais, duas mestiças e três humanos. Quais as chances de eles se entenderem sem que um queira rasgar a garganta do outro? Acertou quem respondeu nenhuma.
— Já era! — Liam falou. — A coisa lá fora tá feia. A cidade toda deve ter sido tomada.
— Legal — Ana ironizou, inquieta. — Muito legal mesmo. Escapei de morrer nas mãos de um conselho de vampiros para acabar morta por um exército de mortos-vivos idiotas. Isso só pode ser castigo.
— Isso que está ocorrendo lá fora — Lia falou — Será isso resultado de alguma maldição?
— Se fosse eu saberia — Virgínia respondeu.
— Eu também — Lilith declarou. — Isso tá com cara de bruxaria.
— Algo a dizer, Ágata? — Layla perguntou a ela como se já soubesse a resposta.
— Eu?
— É. Eu vi você e sua amiguinha entrando no cemitério momentos antes do caos começar.
Ágata elevou uma mão ao rosto, seus olhos debulhando lágrimas.
— É, a culpa foi toda minha sim — ela revelou finalmente.
A revelação fez com que todos a olhassem desacreditados. Não deu tempo nem de agir quando viram Layla em cima da garota tentando sufocá-la.
— Eu sabia! — Layla gritou. — Eu sabia que tinha dedo de bruxa nessa história. Sua idiota, olha o que você fez. Todos nós morreremos por sua culpa agora.
Todos foram na direção das duas para apartar. Depois que Layla foi tirada de cima da Ágata e levada para um lugar mais afastado, Liam disse:
— Ágata, tenha calma, Layla agiu sem pensar.
— Não, Liam. — Ágata chorava muito. — Layla está certa, foi culpa minha e agora todos nós vamos morrer.
— Ágata não sei exatamente como isso funciona, mas você sabe se existe algum feitiço que possa acabar com esses mortos-vivos? — o Espantalho perguntou.
— Eu... eu não sei. Não sou bruxa assim a tanto tempo para saber dessas coisas. Nada disso era para ter acontecido. Eu tentei conjurar um feitiço de beleza, mas algo saiu errado e deu no que deu. Desculpa, mas eu não entendo como funciona o mundo dos mortos.
— Mas eu entendo — Lilith disse. — Por isso posso afirmar com todas as letras que o efeito desse feitiço vai terminar a meia-noite.
— Quer dizer que...
— Quer dizer que não existe nada para fazer além de esperar.
— Mas e as nossas famílias? — Amélia perguntou.
Lilith revirou os olhos.
— Eu já disse. Meia noite tudo acaba. Daí então você poderá se reencontrar com a sua família. Só não te garanto se eles estarão vivos para te receber com beijos e um forte abraço. Quer uma dica? Reze. Quem sabe Deus escute as tuas preces.
Faltava uma hora e meia para meia-noite.
***
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top