Espantalho

 As engrenagens antigas rangiam fazendo os grandes ponteiros do relógio da torre se moverem junto com o tempo. Escondido em meio às ferragens, o espantalho sem nome observava o jovem intruso enquanto esperava a meia noite chegar. Soube que ele não era um humano comum, pois vez ou outra, algum objeto flutuava até ele e voltava ao lugar de origem, como uma brincadeira.

As coisas pareciam calmas como sempre, nenhuma novidade. Mas antes mesmo que desse tempo de se arrepender do pensamento uma forte luz alaranjada rompeu o céu por alguns segundos, o jovem rapaz que observava se movimentou nervoso e o homem de palha pode ouvi-lo praguejar:

"Merda, merda, merda! Eu não devia ter saído de casa hoje."

Quando um odor pútrido tomou de conta de todo o lugar, o rapaz disparou escada abaixo como se estivesse lidando com o fim do mundo. Sem conseguir conter a curiosidade, o espantalho saiu de seu esconderijo e foi até onde antes estava o garoto.

Era como se uma peste se espalhasse e cobrisse cada espaço. Uma cena de terror. Os mortos subiram para o mundo dos vivos e ali ele soube que poderia sim ser o fim do mundo.

Sem um coração que pudesse palpitar, o homem de palha seguiu calmamente escada abaixo e viu o jovem tentar passar pela porta aberta sem sucesso algum.

O feitiço do escudo só inicia à meia noite – As palavras são tão delicadamente sussurradas que ele mesmo entende como um pensamento, a palha mal moldando sua expressão de estranheza.

O rapaz olhou para trás com olhos arregalados ao ver que não estava sozinho. Ignorando o humano, o espantalho o empurrou para o lado e observou os mortos vivos destruindo toda a vida. As crianças com quem brincava mais cedo tinham chegado ali perto, o pequeno fantasma era só um lençol branco. Mas a única coisa que podia pensar era: "Será que tudo faria sentido agora?"

***

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