• Capitulo 76 •

Josh Beauchamp

Guardei segredo para fazer uma surpresa pra ela, e ao que parece a mesma está evitando me olhar desde que sentou para comer...

Tentei ignorar, fiz o máximo para não olhar, mas em meio a tanta risada e troca de olhares me senti atingido.

Ele foi o primeiro garoto de quem ela gostou, e por mais que ele tenha feito aquilo com ela, a mesma parece não se importar mais...

Não quero ser aquele que não controla o ciúmes, de certa forma isso é desnecessário porque eu sei que ela gosta de mim, mas ver isso tão de perto está me deixando louco.

Me levantei tirando o guardanapo do colo e segui até o banheiro.

Apoiei minhas mãos na pia e respirei fundo abaixando a cabeça.

Por que vida? Por que mandar esse garoto logo pra cá? Não tinha um jeito melhor de fazer a merda acontecer? Agora os dois estão lá, se dando bem como se o passado nunca tivesse existido...

— Como vai Beauchamp? — levanto minha cabeça e encaro pelo reflexo Erick.

Suas mãos estavam no bolso da calça e ele me olhava mais atrás.

— O que veio fazer aqui? — pergunto encarando ele pelo espelho.

Erick inclinou a cabeça de leve a caminhou pelo banheiro.

Acompanhei seus passos sem muita dificuldade e vi que usar o banheiro não era.

— Você se apaixonou por ela. — disse parando no final da pia. — Você também se apaixonou pela menina que zoou. — apertei a borda da pia e fechei meus olhos respirando fundo.

— Veio jogar na minha cara que conversaram bastante? — me virei encarando ele e cruzei os braços.

Erick apenas soltou uma risada e negou.

— Any não é um objeto. — se virou e se escorou na parede. — Muito pelo contrário, é uma garota fascinante.

— É, eu sei. — digo encarando a porta do banheiro ao lado. — Sem falar no coração que é muito bom. — volto a encarar ele.

Tudo bem que faz tempo que esse cara partiu o coração de Any, mas ela realmente tem o coração bom... Não importa o que aconteça, ela vai te dar uma segunda chance, deve ser o que está fazendo agora.

— Está dizendo isso pelo fato dela ter falado comigo como se nada tivesse acontecido? — revirei os olhos. — Se ela te perdoou, que mal tem em me perdoar? — levantei um dedo.

— Não queira me comparar com você. A nossa relação aconteceu naturalmente, você usou ela. — apontei e ele tirou uma mão do bolso passando levemente pelo cabelo.

— E assim como você deve saber, eu me arrependi. — abaixei minha mão e voltei a olhar o espelho.

Nem disso eu posso discordar, embora tudo tenha acontecido, também me arrependo...

— Nós dois sabemos o quão doce e inocente ela é, o quão gostoso é ouvir a risada dela e o quão duro foi o seu passado. — encarei a torneira na minha frente.

É difícil ouvir isso de alguém que realmente conviveu com ela, alguém que embora pareça impossível, realmente se arrependeu do que fez e se apaixonou por ela.

O jeito dela realmente é cativante, é algo único que só quem convive de verdade sabe, foi isso que me conquistou.

— Mas eu ainda duvido que você saiba de tudo. — levantei minha cabeça e olhei ele.

— Como? — pergunto confuso.

— Sabia que Any tem o sonho de conhecer o Japão? — mordi o lábio inferior.

Any e eu nunca tivemos muitos assuntos sobre nossas vidas, a maioria era sobre matéria e quando não estávamos estudando era só série e música, de uns tempos pra cá pegação...

— Não. — digo baixo.

— Que as flores favoritas dela são peônias e lírios? — não respondi. — Quando ela era mais nova e chovia forte, ela dormia com seu pai porque tinha medo do barulho dos trovões, sabe por quê? — neguei. — Porque quando ela morava no orfanato, as meninas que faziam bullying com ela fizeram ela dormir no lado de fora com um dia de chuva forte. — fechei minhas mãos com força.

Não sei porque ele está falando isso, se quer me atingir, mostrar que conhece a Any melhor do que eu... Se minha raiva subir, não sei o que sou capaz de fazer com esse garoto.

Tudo bem que não passamos tanto tempo nos conhecendo, mas isso é algo nosso. Talvez quando eu falar com o pai dela as coisas mudem, posso pedir ela em namoro e tudo flui melhor.

— O que você quer me dizendo isso? — Erick se aproximou lentamente.

— O pai dela já sabe de tudo? Digo, sobre tudo mesmo? — neguei. — E você pretende contar? — assenti. — Quando for fazer isso, seja breve. O pai da Any pode não parecer, mas é bravo. Porém ele acredita na sinceridade. — sorriu sem mostrar os dentes.

— Está dizendo isso só porque ele não foi com a sua cara? — ele soltou uma risada.

— Ele tinha motivos para não ir. — me olhou voltando a ficar sério. — A gente machucou ela Josh, de jeitos diferentes, mas machucamos. — travei meu maxilar. — Ela tem algo que poucas meninas tem, o poder de fazer você enxergar a vida de outra forma. Talvez eu nunca encontre alguém como ela, talvez eu me culpe pelo resto da minha vida por ter deixado ela ir, por ter feito aquela merda de aposta.

— Onde você quer chegar? — digo controlando minha raiva.

— Lugar nenhum. — encolheu os ombros. — Só quero te pedir uma coisa Josh. — fechei minha mão.

— O quê? — digo seco.

— Cuida bem dela. — dei um passo para trás ao escutar isso. — Faz aquilo que fui incapaz de fazer. — soltou um suspiro. — Ela já sofreu muito e merece alguém que a trate bem. Nós dois tivemos nossas diferenças no passado, mas eu acredito que você mudou e seria incapaz de magoar ela. — ele me deu dois tapinhas no ombro e saiu do banheiro.

Fiquei encarando o vazio na minha frente e minha cabeça ficou confusa.

Esse realmente é o mesmo Erick que deixou a escola há quase dois anos? O garoto que ninguém podia esbarrar nele que já xingava?

Essas viagens realmente fizeram bem para ele... No caso tem um pouco da Any aí também.

Alisei minha nuca de leve e respirei fundo.

Uma coisa pode ter certeza, eu seria incapaz de magoá-la, e o que eu puder fazer para protegê-la, farei sem pensar duas vezes.

Joguei a cabeça para trás e saí do banheiro.

Caminhei de volta para a mesa e fiquei surpreso ao ver que Erick tinha mudado de lugar. Agora ele estava sentado mais ao lado e parecia conversar com outros meninos...

Puxei a cadeira levemente e me sentei ao lado de Any. A mesma me olhou e pegou minha mão por debaixo da mesa.

— Está tudo bem? — perguntou ela e eu assenti entrelaçando nossos dedos.

— A gente conversa depois. — forcei um sorriso e dei um beijo de leve em sua testa.

O resto do jantar fluiu melhor, Any e eu até conversamos sobre a mentira do bem que o pai dela e eu fizemos. Ela disse que só não me bate porque estamos na mesa de jantar e eu brinquei dizendo que nunca mais ia sair daqui. Isso resultou em uma crise de risos nela.

— Essas pessoas não têm filhas não? — pergunto olhando a mesa.

Isso foi outra coisa que notei, acho que por Any ser a única menina aqui os garotos só olham para ela... Tirando o fato de que ela está gostosa demais nesse vestido.

— Por quê? Você queria ver outras meninas aqui? — olhei ela que cruzou os braços.

Depois o ciumento sou eu...

Joguei seu cabelo levemente para o lado e aproximei minha boca do seu ouvido.

— Olha, se você for colocar palavras na minha boca, é melhor que sua língua venha junto. — dou um beijo de leve em sua bochecha e me afasto.

Olhei seus braços arrepiados e soltei uma risada.

— E isso? — pergunto do arrepio e ela alisa os braços.

— Está frio aqui dentro. — assenti segurando o riso. — Josh se comporta ao menos aqui. — bateu na minha perna e eu ri.

Any levou a taça de água na sua boca e eu coloquei minha mão sobre sua coxa. No mesmo instante ela parou e pude ver um pouco de água vazando... Seu olhar caiu sobre mim furiosa e eu retirei minha mão.

Não consigo me segurar, adoro provocar ela.

Cuida bem dela, você não vai conhecer alguém melhor que ela...

Xoxo - Sun⭒

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