Any Gabrielly

Quarta-Feira. Setembro 2021

Acordo com o celular tocando e me viro confusa, até que me lembro que é o despertador. Meu Deus Gabrielly.

Joguei a coberta para o lado e me levantei para me preparar para mais um dia.

…

Fiquei olhando meu closet com a toalha enrolada no meu corpo. Estou com vontade de ir sem blusão hoje, olha que milagre?

Peguei uma calça jeans e uma blusa cinza da NASA.

Parei em frente ao espelho e sorri virando de lado.

— Belo bumbum Gabrielly. — dei risada encarando o reflexo.

Coloquei um tênis da Nike preto com branco e arrumei minhas coisas na mochila. Olhei a hora no celular e saí do quarto fazendo um coque no cabelo.

— Bom dia meu amor. — disse meu pai já sentado.

— Bom dia. — dou um beijo em sua bochecha e me sento.

Separei algumas coisas para comer e logo olhei ele.

— Como estão as coisas no trabalho?

— Na mesma. — dei um gole no meu suco.

— Contabilidade? — assentiu. — O senhor pode me contratar, sou ótima com números. — mordi minha torrada.

— Ia adorar ter minha filha comigo. — sorri. — Mas quem vai dar aulas para o Josh? — parei de sorrir e ele riu.

— Você quando quer. — revirei os olhos. — Já disse que somos só amigos.

— O relacionamento de vocês tem que começar de alguma forma, não é? — abri minha boca segurando um riso.

— Pai é sério, vai arrumar uma namorada. — ele riu e eu voltei a tomar meu café.

É sério, meu pai quando cisma com algo não para mais quieto, nunca vi.

...

Dei um último gole no meu suco e peguei minha mochila.

— Beijos, bom trabalho.

— Boa aula, te amo. — dei um beijo em sua bochecha.

— Também te amo. — segui até a porta.

Hoje fui caminhando, o dia estava bonito logo cedo e resolvi aproveitar. Coloquei meus fones e fui cantarolando até a escola.

…

Assim que cheguei senti um braço me rodear e me assustei.

— Bom dia Anyzinha. — jurava que era o Krys, mas para minha infelicidade era Noah.

— Dia Noah.

— Gostei do estilo de hoje. — sorri abaixando a cabeça. — Tirando esses urubus. — olhei para as pessoas que me encaravam. Ah que ótimo!

— Culpa sua que está abraçado comigo. — ele riu.

— Ora, ora. — Maya entra na nossa frente nos obrigando a parar. — Milagres acontecem, Any Gabrielly não está com um blusão. — revirei os olhos.

— Milagres acontecem. — digo com um sorriso. — A galinha ao invés de cacarejar fala. — Noah gargalhou alto. — Tenha um bom dia Maya! — passei ao seu lado junto com Noah.

— Aí Any, vivi para ver você fazendo isso. — me separei quando chegamos no corredor.

— Você pare de dar corda. — soquei sua barriga de leve. — Achei que você e o Josh vinham juntos, junto com o Bay é claro. — ele sorriu.

— Às vezes sim, às vezes não, Josh gosta de acordar tarde. — assenti. — Mas falando nele. — apontou para o lado. Josh estava vindo e eu olhei para o outro lado para disfarçar.

— Bom dia. — escuto sua voz e me viro. — Any acho que você perdeu o blusão no caminho. — soquei seu braço rindo.

— Idiota. — riu e eu vi Krys passando ao lado. — Nos vemos meninos. — digo indo na direção dele. — Ei. — digo sorridente e ele me olha.

— Oi. — disse triste.

— O que houve? — arrumei minha mochila no ombro.

— Minha mãe perdeu o emprego. — suspirou triste.

— Sinto muito. — peguei sua mão. — Mas tenho certeza de que ela vai encontrar outro logo. — sorri.

— Espero. — me olhou de cima a baixo. — Gente que gata. — soltei uma risada e ele me girou.

— Vamos para aula garoto. — puxei ele pela mão seguindo até a sala.

Já me acostumei com o fato de sentar no fundo, fora que já sentaram no meu antigo lugar, então não tinha muito o que fazer.

Coloquei meus cadernos na mesa e olhei para Josh.

— Gostou do fundo, não é? — se inclinou e eu ri.

— Creio que é um caminho sem volta. — rimos.

Olhei para Krys novamente e seu olhar tinha mudado de novo. Sei que a relação com sua mãe é boa, acho que o fato dela estar triste deixou ele triste.

Bati minha unha na mesa e mordi o lábio pensando em algo. Eu e essa minha mania de querer ajudar todos...

Peguei meu celular e mandei mensagem para o meu pai. Geralmente lá sempre estão precisando de secretária para anotar recados, vai que ele quebra essa.

O professor entrou na sala e meu celular vibrou com uma notificação do meu pai.

"Secretária tem sim, pede para me enviar um currículo que eu mando para o RH"

Abri um sorriso e bati os pés alegremente.

— Gabrielly. — levantei meu olhar vendo o professor.

— Eu?

— É melhor deixar o celular antes que eu tome ele. — assenti abaixando ele.

Olhei para o lado e os três patetas estavam rindo. Mostrei o dedo do meio e voltei a atenção para a explicação.

...

Antes do sinal da terceira aula tocar me inclinei na cadeira e fiquei encarando o teto da sala.

Faltam três meses para o fim do ensino médio, dá para acreditar nisso? É como se eu tivesse sobrevivido ao apocalipse... The Walking Dead, por que choras?

O sinal tocou e eu segui para fora junto com Krys. Não dei a notícia para ele ainda, estava com medo dele surtar na sala de aula e a gente ser expulso.

Pegamos nosso lanche e seguimos para o nosso cantinho da felicidade.

— Krys, tenho uma notícia para você. — me olhou. — Talvez eu tenha arrumado um emprego para sua mãe.

— O quê? — disse incrédulo. — Any eu sou cardíaco. — gargalhei alto.

— Onde meu pai trabalha sempre está precisando de secretária, acho que seria uma experiência nova para ela. — sorriu.

— E o que ela tem que fazer? — perguntou sorrindo.

— Bem, vou te passar o email dele, ai ela envia o currículo e ele mesmo encaminha para o RH.

— Ai Moany. — me deu um abraço e caímos no chão. — Se isso der certo vou te amar pela eternidade. — rimos.

— Falar em amar. — se separou e nos sentamos novamente. — Josh e eu quase nos beijamos. — Krys olhou em volta e depois me olhou.

— Que? — soltei uma risada. — Calma aí que eu acho que entrou água no meu ouvido quando tomei banho hoje. — revirei os olhos. — Eu jurava que alguém tinha falado que não conseguia olhar para ele.

— Ah Krys, para. — deu risada. — Não gosto dele. — encarei o céu disfarçando.

— Aham, e Paris não é a capital da França. — rimos. — O que você sentiu? — encolhi os ombros. — Meu Deus Any. — ri fraco.

— Foi estranho, eu queria, mas ao mesmo tempo não queria. Aí Krys... — choraminguei e ele riu. — Sabe o que é pior? Nunca fiz isso, imagina minha vergonha? — cobri meu rosto.

— Imagina ele. — tirei a mão do rosto. — Amiga tirar o bv de alguém é algo importante.

— Obrigada Krys, me deixou mais nervosa. — taquei uma pequena pedra nele.

Terminamos nosso lanche e depois voltamos para dentro da escola.

⋆ Se eu contar o que está prestes a acontecer...

Xoxo - Sun⭒