• Capitulo 101 •

Josh Beauchamp

Eu nem acredito que realmente estou fora daquele hospital, não que tenha sido a pior experiência da minha vida, mas pode ficar no top 3.

Contudo, contar com o apoio de todos e a visita frequente dos meus amigos tem me ajudado bastante, fora que a sensação de ficar em pé novamente foi libertadora.

Nesse período Sina e Jojo me ajudaram com o que venho esperando há tempos, uma forma simples e marcante para pedir Any em namoro. A ideia pensada foi boa, vamos vê se dá certo.

Minha mãe e eu estamos nos dando bem também. Confesso que na primeira semana com ela aqui não chamei ela de "mãe", até porque ainda estava estranho, mas depois falei no natural e ela ficou feliz. Já nos abraçamos e eu já perdoei ela. Vamos todos morar juntos mesmo e vida que segue.

Assim que o carro parou, olhei pela janela minha casa e senti um arrepio percorrer meu corpo. Não esperava me sentir desse jeito.

— Ei. — sinto Any tocar meu ombro e me viro. — Está tudo bem? — perguntou preocupada.

— É só que... — parei de falar e voltei a olhar a casa.

De repente minha cabeça voltou no tempo, a cena dos meus gritos, meu pai me batendo... Eu tacando uma garrafa em sua cabeça, correndo com dificuldade o mais longe que conseguia, a ligação que fiz para Any.

— Theo, vamos para minha casa. — escuto a voz de Any que parecia distante.

Aos poucos a casa foi desaparecendo da minha vista e logo senti a mão de Any sobre a minha. Olhei para ela que deu um pequeno sorriso e voltou a olhar para frente.

Não vou conseguir voltar para aquela casa.

...

Após alguns minutos o carro parou em frente a casa de Any. Dessa vez eu desci rapidamente e ela veio logo atrás com minha mochila em mãos.

— Obrigada. — disse Any ao motorista e eu também agradeci.

Seguimos juntos até a casa e ela abriu a porta me dando passagem.

— Senhorita. — abri um sorriso ao ver Jade. — Josh! — ela disse feliz e eu fui dar um abraço nela.

— Olá. — digo após me separar.

— A gente teve uma pequena mudança de percurso Jade. — disse Any vindo ao meu lado.

— Estão com fome? — Any me olhou.

— Bom, eu só tomei o café hoje. — digo e ela confirma uma vez com a cabeça.

— Irei preparar algo então. — sorri e ela logo saiu pedindo licença.

— Vem. — disse Any seguindo para as escadas.

Chegamos no seu quarto e ela entrou deixando minha mochila ao lado.

Assim que passei fechei a porta e me aproximei de sua cama a qual me deitei.

— Que saudades. — digo rolando na cama e escuto sua risada.

Não que a cama do hospital fosse desconfortável, até porque depois de duas semanas mudei de quarto e fiquei em observação, mas uma cama macia será sempre uma cama macia.

Me virei para o lado e vi que Any mexia em seu celular.

— O que tanto faz? — pergunto e ela me olha com a unha do polegar na boca.

— Só avisando sua mãe que você está aqui. — me sentei na cama e ela parou em pé na minha frente. — Ela perguntou se você quer que ela te busque. — encarei ela.

— Não sei Gaby. — digo em um suspiro. — Distante dela eu estava bem, mas só foi ver... — encolhi meus ombros. (Ele está falando da casa)

— Ei, lembra o que o psicólogo disse? — ela guardou o celular e segurou meu rosto.

Eu cheguei a ter alguns pesadelos, isso me fazia remexer a noite e trazer complicações no dia seguinte. Quando comentei com o médico ele me disse que seria bom, eu neguei, mas aí a Any entrou em cena e já viu, não é?

Contei para o psicólogo e ele me disse que era normal o meu estado de "trauma", ele até mencionou a minha dificuldade em voltar para casa. Eu achei loucura, mas agora vejo que realmente estava certo.

— Você não precisa voltar, conversa com sua mãe e adianta as coisas da mudança. — forcei um sorriso.

Nossa mudança está para acontecer só daqui 1 mês, até porque tem um monte de papelada para arrumar, ajeitar móveis, mexer em alguns cômodos da casa. A decisão já estava certa, vamos morar aqui nesse mesmo condomínio, uma casa ao lado da Any.

— E eu vou poder ficar aqui? — pergunto com um sorriso de canto.

— Você não tem jeito, não é? — perguntou rindo.

Neguei puxando ela pela cintura e sentando em meu colo. Any mudou bastante, acho que um pouco disso é minha culpa, tudo o que eu falava a deixava desconfiada e ia perguntar para o Krys, eu ria boa parte do tempo.

Gosto da inocência dela, não queria tirar, mas não controlo muito.

— Não esqueça que você tem que estudar. — disse ela brincando com meus pequenos cachos.

— Vamos começar com química? — ela me olhou.

— Física é melhor, não? — disse com um sorriso.

— Atração de corpos? — pergunto e ela assentiu rindo.

Viu? A transformei em um monstro.

Any juntou seus lábios nos meus e logo caímos deitados na cama.

Eu a provoquei muito durante esse tempo no hospital, principalmente depois de voltar a ficar em pé. Any pode dizer o que for, mas sei que no fundo ela gosta de toda essa palhaçada, até porque eu sempre pergunto e espero sua resposta em tom negativo. Isso nunca aconteceu, por isso sei.

— Ah. — disse ela se separando do beijo. — Você está pronto para amanhã? — olhei seus olhos.

— Da última vez que decorei o que falar para o seu pai não deu muito certo. — ela riu. — Vou ser sincero com ele, os meninos vão estar juntos então já ajuda.

— Eu vou também. — girei ela na cama ficando por cima.

— Vai? — pergunto beijando seu pescoço.

— Uhum. — murmurou levando sua mão no meu cabelo. — Joshua por favor não. — olhei ela. — Tem gente em casa.

— Ué, mas eu estou te beijando. — digo dando um selinho nela.

— Não, está me provocando. — sorri de canto e dei outro selinho puxando seu lábio inferior.

Escutamos uma batida na porta e eu virei somente a cabeça ainda em cima dela.

Jade abriu a porta e nos olhou.

— Oi. — disse Any olhando ela com dificuldade.

— Dá próxima vez tranquem a porta. — nós dois rimos. — Está pronto já, caso queiram descer. — disse ela de forma desconfiada.

— Estamos indo. — digo e ela ri fechando a porta.

Olhei Any e ela me deu um tapa no peito.

— Alberto, Josh estava em cima da sua filha quando cheguei no quarto. — digo imitando a voz de Jade e Any ri alto.

— Vai besta, ela conta. — olhei ela sério.

— Não conta. — digo dando um último selinho e saí de cima dela.

Descemos em direção a mesa de almoço. Já passava das duas e eu realmente estava com fome. Recusei o almoço do hospital porque disse que estava sem fome, na verdade eu realmente estava, acontece quando fico nervoso e ansioso, no caso eu estava ansioso para sair do hospital.

Any sentou na minha frente e só ia tomar um sorvete, ela comeu antes de ir me buscar.

...

Assim que terminei recebemos uma ligação da minha mãe, ela disse que ficou preocupada e perguntou se eu precisava de algo, acho que no momento só roupa para passar a noite... Diz ela que ia me trazer e ia vir com as meninas.

— Você falou com seu pai? — pergunto para Any.

Estávamos no sofá da sala e eu estava com a cabeça em seu colo, passava Frozen na tv e a gente assistia.

— Mandei mensagem relatando o ocorrido só. — disse alisando meu cabelo. — Ele disse que não tinha problemas.

— Ok. — digo voltando a olhar o filme.

...

Alguns minutos depois recebemos mais uma ligação, dessa vez dos meninos. Eles disseram que foram me fazer uma surpresa e não me acharam em casa. Any deu risada, mas depois ficou com dó.

— E o Krys? — pergunto após o filme acabar .

— Esse fim de semana ele fica na casa do pai dele. — disse desligando a tv.

— Ah, verdade. — digo após me lembrar. — A madrasta dele é legal?

— Diz ele que sim. — me olhou. — Ela tem uma filha também, da idade das meninas.

— Qual o nome dela? — pergunto e ela me olha desconfiada. — Credo Gaby, só curiosidade. — digo e ela ri.

— Estou tentando lembrar. — disse ela olhando o teto. — Ele disse que ela era doidinha... — fechou os olhos. — Sabina. — disse de uma vez.

— Não é Sabrina? — digo corrigindo.

— Não Joshua, Sabina, sem "r". — assenti. — Vamos ler? — fiz uma careta com preguiça.

— A essas horas? — ela revirou os olhos e se levantou. — Ei, estou indo. — escuto sua risada e logo chegamos na biblioteca.

Any procurou um livro e eu tentei achar algo interessante.

Por fim acabei ficando com Os Três Porquinhos e Any com uma infinita crise de risos porque eu inventei de narrar a história.

...

Algumas horas depois arrumamos os livros bagunçados. Ao que parece o pai de Any havia chegado, e junto dele minha mãe.

Chegamos na sala e como era esperado, lá estavam eles. Abraçamos todos e eu logo peguei a mochila que estava com minha mãe.

— Conversei com Marcus e vamos ver o resto da papelada segunda, tudo bem? — perguntou ela e eu assenti.

— Obrigado. — digo e ela me abraça.

Beto conversou um pouco comigo também, disse que entende meu lado e está tranquilo em relação a isso.

As meninas ficaram um pouco e conversaram com Any. As três realmente viraram melhores amigas.

Depois disso todos foram para casa. Any, Beto e eu jantamos e logo depois seguimos para dormir.

— Any, podemos tomar banho juntos? — pergunto vendo ela procurar um pijama.

— Nem se eu estivesse louca. — disse ela se esticando. — Josh você não tem medo da morte mesmo, não é? — olhou um short.

— Já vi ela de perto mesmo. — me olhou brava. — Desculpa. — rimos.

— Olha, eu realmente não ligo de ficar nua na sua frente. — ela pegou a parte de cima. — Mas eu te conheço e sei que vai aprontar. — me deu dois tapinhas no ombro e seguiu até o banheiro.

Any fechou a porta do banheiro e logo ouvi o barulho da chave trancando... Menina esperta!

Soltei uma risada e peguei minha roupa para tomar banho no quarto de hóspedes.

...

Voltei para o quarto enxugando o cabelo e avistei Any sentada passando um creme no rosto.

Ela me olhou sem camisa e logo vi seus olhos revirar. Soltei uma risada e pendurei a toalha me jogando na cama em seguida.

Olhei as mensagens no celular e os meninos me pediram para avisar quando acordasse. Eles devem estar mais ansiosos do que eu.

Any desligou a luz do quarto e logo se deitou ao meu lado.

— Boa noite. — disse ela me dando um selinho.

— Boa noite. — digo desligando a luz do abajur.

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