Capítulo 39

KATE WHINTER

Matt estaciona em frente a clínica, um prédio luxuoso e grande, de largura porque de andar só tinha três, e eu não faço nem questão ou algum movimento pra sair. 

Pensando agora parece péssima ideia expor minha vida a uma estranha. E se ela espalhar por aí? Ou vai que ela não me entenda e ao invés de me ajudar só piora? 

- Amor, tá atrasada cinco minutos já. - Viro meu rosto pra olhar para ele. Ajo como uma menina birrenta cruzando os braços e fazendo bico. Meu noivo ri sem se conter, achando graça do meu comportamento. - Não assim vida. Você fica fofa desse jeito e aumenta minha vontade de te beijar. É golpe baixo. 

- E eu lá tô tentando ser fofa Matthew! - Bufo raivosa. Segundos depois repito o gesto novamente mas dessa vez querendo chorar. - Podemos ir pra casa? Eu mudei de ideia. Depois eu digo ao papai que fui e você confirma. 

- Por mais que eu ame realizar suas vontades princesa... - Se aproxima enrolando uma mecha do meu cabelo sussurrando em seguida. - Sinto muito mas essa não será possível. Meu sogro me concedeu essa tarefa. Se ele souber que não cumpri como combinado perderei todos os meus pontos com ele. Desculpa. 

- Qual é amor, nós dois sabemos que é exagero tudo isso. Por que você não me ajuda? Aposto que daria mais resultados. Você é ótimo nisso. Inteligente e sabe me entender. Ainda por cima economizamos o dinheiro do meu pai. Por favorzinho! - Junto as mãos em súplica. 

- Kate, mesmo que eu quisesse não poderia. Você precisa de ajuda de verdade. Se abrir com ela já é um passo para vencer seu medo. 

- Matt... - Incontrolavelmente as lágrimas rolam. Me sinto nervosa e exposta. Odeio esse sentimento. - E-eu n-não... c-consigo. - Soluço em desespero. 

- Kate... não chora princesa. - Ele me puxa para o seu colo aninhando meu corpo entre o seu. Isso só me faz chorar mais. - Você é forte. Mais do que imagina. Não deixe o medo te impedir minha pequena. É para o seu bem que o seu pai está fazendo isso e você sabe. Quer viver o resto da vida assim? E nossos filhos como ficam? O que vamos dizer a eles quando tiver outra crise? Eu prometo que vai ficar tudo bem. Você vai vencer esse problema mas apenas se entrar lá. 

- E-está bem, vou tentar, mas se eu não me sentir bem hoje e decidir que não quero fazer terapia então não farei, e diga ao meu pai que ele não pode obrigar. - Levanto do seu colo, pego minha bolsa e abro a porta, subo por entre as escadas secando as lágrimas e proferindo a mim mesma positividade. 

Assim que o elevador se abre no terceiro andar ando até a secretária e informo meu nome. Ela sorri e diz que a Doutora Hart me aguarda. 

Confesso que esperava uma mulher rígida e fria para lidar comigo. Alguém que já estivesse furiosa pelos meus quinze minutos de atraso. 

- Bom dia querida, sente-se por favor. - Aponta para a poltrona ao seu lado, meio de frente, meio de lado. 

Assinto calada concebendo seu pedido. Ao me acomodar aperto as mãos no colo não tendo ideia do que preciso fazer ou por onde começar. 

- Então... Kate Whinter. Pronunciei certo? - Balanço a cabeça em confirmação. - Ok. Olha sei que é difícil pra você estar aqui. Sei que não se sente à vontade e compreendo bem. Relatar sua vida pessoal à uma estranha é fora do comum e sem sentido pra você não é? Como que ela vai me ajudar? Como posso confiar nela se tenho dificuldades pra confiar? Foi isso que pensou antes de entrar não é? - Parece que as frases e palavras sumiram da minha mente e ficaram Entaladas na minha garganta pois não sai nada e só o que sou capaz de fazer é responder sim ou não. - Podemos fazer assim, você fecha os olhos, respira fundo e imagina que quem está com você é a sua melhor amiga. Finge que ela não sabe de nada e conte a ela. Acha que consegue fazer isso? 

- A-acho que sim. - Inspirando profundamente umas cinco vezes fecho os olhos. Não sei se paciência é o forte dela, só sei que eu demorei uma eternidade para começar a falar. Ela não disse uma palavra ou estava contando até dez para não explodir comigo. - Tive uma infância complicada, uma vida é mais prático dizer. Minha mãe morreu no parto e quem me criou foi a melhor amiga da minha mãe, que se tornou minha madrasta, mas eu não sabia na época. Achava que ela era minha mãe biológica. Jenifer me maltratava. Me batia tanto que muitas das veze não conseguia me mexer. Piores eram os xingamentos. Eu era lixo, imprestável, vagabunda, problemática... Acho que isso foi entrando na minha cabeça, pois conforme eu crescia mais reclusa e solitária eu ficava. Você foi a única Emma, que eu não afastei, na verdade você que não deixou e eu agradeço por isso. Meu pai não ligava pra mim. O que importava pra ele era eu ser a filha perfeita. Eles me proibiam de tudo. De sair, ter amigos, até participar no coral que eu amava. Canto desde os três anos e cantar é meu mundo. Eu não queria que eles fossem os culpados pelo meu sofrimento porque hoje estamos super bem. Nem parece que me machucavam. Eu superei, perdoei meus pais pelo que fizeram mas para mim me curar 100% desse trauma precisa de tempo. E é por isso que estou aqui. Constantemente tenho crises de ansiedade, medo de ter novos amigos, dificuldade para confiar, me abrir com as pessoas... Essa não sou eu. Tenho que descobrir quem eu sou de verdade, sem esses medos todos e traumas. Preciso de sua ajuda!

- Viu? Não foi tão ruim. Gostei desse método que fiz. Primeira vez e deu certo. Sua amiga Emma deve ser adorável. - Abro um olho de cada vez e sorrio um pouquinho por saber que consegui. A senhorita Hart me acompanha enquanto escreve palavras na prancheta. 

Conforme os minutos foram passando eu me sentia mais leve. Cada coisa que ela falava era tudo que eu precisava ouvir. 

Milena que descobri ser o nome dela, me consolou quando chorei, rimos juntas, contamos segredos uma para outra. Foi melhor do imaginei ser. 

Ela me disse que o primeiro passo pra vencer meus problemas é eu querer vence-los. Falar a mim mesma que sou forte o bastante e lutar contra meu adversário. Na próxima vez que tiver uma crise Milena orientou contar até dez ou ao contrário. 

No final viramos amigas já e eu prometi que viria mais vezes para as seções. 

[...] 

Antes mesmo de estacionar na frente do meu prédio era possível ver a silhueta de um rapaz sentado no paralelepípedo. Pensei estar alucinando mas concluí que não ao reconhecer a pessoa. 

Ninguém mais, ninguém menos que Isaac, meu cunhado. 

Trocamos olhares eu e Matt porém nenhum dos dois disse uma palavra. 

Zac disparou em nossa direção assim que saímos do carro. 

- Oi... que bom que chegaram. Posso conversar com vocês um minuto? 

- Porque não subiu e nos esperou lá? - Matthew questionou indiferente.

- Nossa irmã não está muito receptiva. Ela não permitiu minha entrada. 

Eu esperava que algo parecido acontecesse se caso ele viesse visitar Bella. Desde que ela soube o que ele fez a mim e que protegeu a Tiffany Isabel o ignorou completamente. Todos nós. Ainda mais quando soubemos que Isaac foi a casa dela após a briga. 

- Agir como idiota tem suas consequências. - Passo por ele o encarando friamente. - Torço pra que tenha um pedido de desculpas nessa conversa. 

  - Amor... 

- Cala a boca ou sobra pra você também Matthew. - Ligeiramente ele se cala passando um zíper imaginário na boca. 

No elevador ficou bem engraçado a cena de nós três em um silêncio constrangedor. 

Jesus que Zac tenha vindo para se redimir comigo ou eu prometo que não serei responsável por meus atos. 

Assim que Bella vê o irmão ela forma uma carranca e volta a mexer no celular. 

Vou ao quarto largar minha bolsa e trocar de roupa. Visto uma calça moletom, um moletom do Matt pois eram mais quentes e minhas pantufas. Estamos na época do inverno e aqui chega a quase 2°c. 

Volto para a sala e fico pasma de ver todos em silêncio assistindo Tv, sendo que quando estão juntos é só alegria. Eles conversam, riem, se abraçam, e essa tensão entre os três não está certo. 

- É tudo culpa minha. - Sento do lado de Isabel que mais que depressa larga o celular e me encara. 

- Sua culpa de que? 

- Por vocês estarem nesse clima ruim. Porque eu fui me meter num assunto de família? Não era eu que tinha que resolver. Quem deveria ter conversado e aconselhado o Zac era Dona Rê. É lógico que ele não iria ouvir sua cunhada. E ele estava certo. Que moral eu tinha pra julgar alguém? Eu estraguei tudo entre vocês. - Matt cruza os braços bravo demonstrando não ficar feliz com o que acabei de falar. Bella está pensativa e Isaac totalmente surpreso. 

Na hora em que meu noivo birrento se prepara para se pronunciar Zac se manifesta primeiro. 

- Nada do que está acontecendo é culpa sua Kate. Você só tentou me ajudar. Se fosse a mamãe eu teria faltado com respeito com ela , seria pior. Ela tentou falar comigo mas eu saí e fui pra casa da Tiffany... 

- Isaac não... - Balanço a cabeça em negação meio que sabendo onde essa conversa vai dar. 

- Eu sei, fui tolo e imbecil, mas naquele dia não me dei conta que estava indo para o precipício. - Põe a a cabeça entre as mãos desnorteado. O que aconteceu lá pra ele estar tão pra baixo assim? Isaac é um garoto extremamente lindo, eu admito e nesse momento ele não se parece nada com o garoto charmoso, sorridente e cheio de vida que conhecia. Seu cabelo todo despenteado, a roupa não está das melhores, o rosto com olheiras e tristonho. 

- Como assim? - Bella pergunta interessada. 

- Kate estava certa. Tiffany me usou. Ela me fez... brigar com vocês fingindo estar mal... dormir com ela pra atingir o Matt. Fazer a mesma coisa que ele fez com ela. 

- Mas eu nem dormi com ela. Por que isso? E que história é essa de que se deitou com ela Isaac? - Matthew furiosamente se levanta andando de um lado para o outro. 

- Estou com medo irmão. Se a mãe e o pai descobrirem eu tô lascado. 

- Se adiar é pior. Você fez burrice, e das grandes. - Matt aponta o dedo na cara dele cerrando os olhos. 

- ACHA QUE EU NÃO SEI? - Desesperadamente ele chora. 

Tudo bem que Isaac fez tolice mas se desesperar assim não é motivo, tem coisa a mais. 

- Zac olha pra mim. - Me inclino tocando seu queixo o virando na minha direção. - Não está apavorado só por isso. Pode contar pra nós. Somos sua família. 

- A Tiffany me ligou dizendo que atrasou sua menstruação. Ela vai fazer o teste pra ver se está grávida. 

- E a proteção? Não usaram? - Bella brada jogando o celular pelo sofá. 

- É por isso que estou assim. Como ela pode... Eu usei! - Diz alarmado. 

- Esse era o plano dela o tempo todo. - Bella fala entre dentes. A olhamos confusa e ela se explica. - Pensem comigo. Tiffany ficou furiosa quando Matt terminou com ela, e mais por ter sido por minha causa e de nossos pais. Nenhum de nós gostou dela, a não ser o Isaac. Foi a única maneira que ela achou de se vingar. Conquistando o Zac, o seduzindo pra nos atingir. Somos os mais bem falados de Seattle. Uma notícia de que um dos filhos perfeitos fez coisa errada a deixará satisfeita. E o que vão comentar se souberem que Isaac engravidou a garota do irmão? E se der positivo Tiffany vai querer dinheiro pra ficar calada. Já que não obteve sucesso casando com Matt ela planeja ganhar uma boa grana pelo silêncio. 

- Eu sou muito idiota. Me perdoem irmãos... Vocês tentaram me avisar eu nem dei ouvidos. - Volta a chorar. - E principalmente a você Kate. Não espero que me perdoem, mas se deixarem vou me redimir o tempo que for preciso pra que eu o receba. Estou cansado de estar sozinho. A mãe não fala comigo, o pai vai provavelmente socar minha cara quando souber que não me guardei para o casamento, sendo assim serei a decepção para eles. Não vou aguentar se não estiverem comigo. 

- Somos irmãos Isaac. Nos desentendemos as vezes mas não quer dizer que te abandonaremos quando precisa. - Meu noivo o puxa para um abraço e Isabel concorda se juntando a eles. 

Observo os três emocionada. 

Não importa o que eles enfrentem. Sempre serão unidos. 

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Finalmente terminei. 

Demorou mas saiu. kkkk

E aí ficaram surpresos com essa notícia do Isaac?

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