Capítulo 14

KATE WHINTER

Quem que aguenta ficar no hospital? É horrível. Não tinha nada que eu pudesse fazer para me distrair.

Um pouco eu cantava, um pouco lia a bíblia e também meus livros que foram trazidos por Matthew quando ele veio me ver de novo.

Ele me disse que pediu pros seus pais irem lá em casa pegar.

Notei que ele ficou mais carinhoso comigo. Dizendo o quanto era especial pra ele, que entrei na vida dele na hora certa. Parecia uma despedida.

Eu tinha dormido quase a manhã inteira pois peguei no sono quase três horas da manhã por minha perna coçar e doer. De vez em quando minha cabeça doía também como se tivessem me perfurando com um espinho.

- EU ODEIO ESSA TALA. CABEÇA PARA DE DOER. - Grito com raiva.

- Ei, amiga calma. - Olho pra porta encontrando Emma entrando. - Por que está estressada?

- Eu não consigo fazer nada sozinha. Minha cabeça e perna dói e eu fico com raiva por nada. E eu quero ir pra casa. É entediante e solitário ficar aqui. - Cruzo os braços bufando.

- Kate Whinter se comporta ou eu vou te bater mesmo estando machucada. - Cerra os olhos sentando na ponta da cama. - Sabe que não pode sair ainda. Vai ter alta só sábado. E Matthew me contou que saiu daquele ninho de cobra mas não disse por que.

Contei a história pra ela desde o início e em detalhes pois essa loirinha as vezes era lerda. Era engraçado ver a cara de espanto dela.

- Ela achou que contando do porque te maltratava iria justificar tudo que ela te fez de ruim? Quero tanto dar uns tapas nessa mulher. - Fecha o punho dando um soco no colchão.

- Os dois na verdade. Meu pai não me batia mas me magoava por não me defender e me tratar como filha. Aquele papo de que estava sofrendo é pra não dizer que não me ama. Ele me deixou no hospital quando nasci, entendi ali que ele nunca me quis. Se pudesse voltar no tempo e proibir Vanessa de engravidar ele faria.

- Sabe que agora você está livre não é? Pode usar a roupa que quiser, colocar até piercing. E é semana que vem seu aniversário. - Bate palmas alegre.

- Fecha essa boca. Não gosto do meu aniversário, me faz lembrar da surra que levei daquela mocréia. E esquece esse negócio de piercing Cinderela rebelde. Eu sou da igreja esqueceu?

- Eu sei estraga prazeres. Foi uma forma de dizer que não tem que ficar se limitando. E onde vai morar?

- O Matthew quer que eu vá morar na casa dele. - Tampo o ouvido ao ouvir o grito de animação dela.

- Vai morar no mesmo teto que aquele pedaço de mal caminho? Quero só ver. E se vocês se apaixonarem? - Sorri esperançosa com os olhos brilhando.

- Para de chamá-lo desses elogios pervertidos. É estranho. Estamos falando do Matthew. O cara que me aproximou de Deus e está se tornando meu AMIGO. - Dou ênfase no amigo e ela revira os olhos. - E porque acha que vamos nos apaixonar?

- Porque eu sinto e vocês combinam. Também são da mesma igreja, tem a mesma idade, me contou que os pais dele gostam de você, se dá bem com a irmã dele o que é raro pois irmãs são chatas pra aprovar namoradas. Quer que eu fale mais motivos?

- Não, isso já foi o suficiente mas mesmo assim eu não acho que vamos nos apaixonar, agora esquece o seu crush por enquanto, vamos...

- Meu crush? Ele é seu só que não quer admitir. Está louca pra dar uns amassos no boy. Se estivesse no seu lugar faria o mesmo.

- Emma cala a boca. - belisco a perna dela que ri. - Chega de falar dele quero saber de você. Como está? E sua mãe melhorou?

- Eu estou indo. Conversei com os professores ontem e eles vão me dar trabalhos extras caso falte nota. E mamãe está na mesma. Ela chorou hoje por ter que raspar os cabelos. - Suspira segurando as lágrimas que ameaçaram cair.

- Eu tô aqui amiga se quiser conversar. - Aperto sua mão e aí ela desaba.

- Eu estou apavorada. E se eu a perder? Não sei se consigo seguir em frente. Eu vou ficar sozinha. - Encosta a cabeça na minha barriga chorando.

- Quem disse? Eu sou sua irmã lembra? Fizemos um pacto. - Faço carinho em seus cabelos sentindo as lágrimas descerem pelo meu rosto.

- Eu não vou aguentar. - Soluça me deixando sem saber o que dizer. Não quero afirmar que a mãe dela vai viver se não sei do amanhã.

- Emma - Ela levanta a cabeça me encarando com os olhos vermelhos pelo choro. - Se aceitar podemos orar. Sei que você...

- Não, eu quero. Aceito sua oração.

Pego suas mãos e me ajeito na cama me inclinando minimamente em sua direção. Eu não podia levantar minha cabeça do colchão porquê doía mas fiz um esforço por minha melhor amiga.

- Pai querido, estou com uma amiga minha Deus e pedimos que o Senhor visite a mãe dela. Se o Senhor assim quiser devolva a saúde a ela. Dá teu sopro de vida. Sabemos que é só o teu poder que pode curá-la. Acreditamos em ti Deus. E se o Senhor não quiser eu peço que conforte o coração da Emma pai. Ela acha que não vai aguentar esse tormento mas se tu estiver com ela, sei que pode enfrentar qualquer obstáculo. Tu és o Deus poderoso hoje, amanhã e para sempre. Amém!

- Amém! - Limpa as lágrimas com a blusa e depois sorri. - Como aprendeu a orar tão lindo?

- São minhas palavras sinceras que a fazem parecer. Eu apenas falo tudo que sinto. Esse é o segredo de orar bem. Ser sincera e humilde.

- Gostei disso. Se eu orar ele vai me ouvir?

- Com certeza.

Ela beija minha testa carinhosamente e se despede prometendo vir me ver antes de eu ter alta.

Aproveitei e já chamei a enfermeira pra me ajudar com o banho. Eu tinha vergonha do meu corpo mas a única solução era essa. Não caminhava sem apoio e era por isso que não sabia se iria aceitar o pedido de Matthew. Iria depender dos outros pra tudo que fizesse ou quisesse. E eles iriam ter gastos comigo. Não importa se eram cheios da grana, o dinheiro é deles e não meu.

Demorou um pouco mais que ontem no banho pois minha cabeça estava latejando muito. A enfermeira falou que era por causa dos pontos. Me deu mais um remédio para dor que acho que me dava sono e pra ter certeza o guardei pra tomar a noite.

Peguei uns dos livros e iniciei minha leitura. Eu era aquela pessoa que viajava nos livros e esquecia tudo ao redor. E foi bom fazer isso naquele momento. O tempo passou mais rápido.

Umas duas horas depois alguém bate na porta. Pensei ser Matthew mas era apenas meu pai.

- Oi. - Entra e se acomoda na cadeira.

- O que quer?

- Conversar com você. - Reviro os olhos e o olho debochada.

- Teve esses anos todos pra isso e só o que soube fazer era me ignorar e agora chega aqui e quer conversar como pai e filha como se nada tivesse acontecido? Talvez eu esteja pecando em guardar rancor mas não dá, é dor demais pra apagar da noite pro dia.

- Eu sei filha. Erramos feio com você e pedimos perdão. Jenifer não soube lidar com o ódio e...

- Não defenda aquela vaca. E não quero ouvir o nome dela, é bem capaz de me dar azar.

- Só quero dizer que estamos dispostos a mudar se quiser voltar pra casa. Vamos te tratar melhor, te dar a liberdade que sempre quis e até um carro de aniversário.

- Fariam isso realmente?

- É claro. Jenifer reconheceu que errou e quer recomeçar. - Ele levanta e segura minha mão.

- Eu até poderia ir e aceitar numa boa. Recomeçar como desejam mas isso não seria o que eu quero. Aquela casa me traz péssimas lembranças e a partir de hoje quero recomeçar em outro lugar. - Recolho minha mão escondendo atrás das costas.

- Já esperava por isso. Mesmo assim peço perdão por ter me ausentado. - Diz triste. - Eu vou indo, tenho que voltar ao trabalho.

-Talvez possamos tentar. - Digo quando ele se aproxima da porta.

- Hmm? - Resmunga sem me olhar.

- Não prometo que algum dia vou conseguir esquecer o que passei, mas eu te perdoo e pra mim confiar em você vai ter que conquistar minha confiança. Se estiver disposto ok, se não segue seu rumo em paz que sigo o meu.

- Sério? - Pergunta parecendo feliz. Assinto. - Não vai se arrepender. Agora tenho que ir. - Acena e fecha a porta.

Tiago pode estar sendo sincero ou não. Apenas o tempo dirá se tomei a decisão certa.

O médico passou aqui antes de anoitecer. Me examinou pra ver se tudo estava ok.

Hoje era o dia da visita pois a noite Osvaldo, Teresa e Junior vieram. Os três com o semblante preocupado.

- Um menino moreno que não lembro o nome foi lá hoje e avisou que você sofreu um acidente. Mas não pensei que fosse tão grave. - Dona Teresa choraminga e beija meu rosto.

- Logo vou estar bem de novo não se preocupem. - Asseguro pra acalmá-los.

- Ficou engraçada com essa faixa na cabeça. - Juninho zomba gargalhando.

- Não zoa ela seu mal educado. - A mãe bate no braço dele que ri mais.

- Deixa, quando eu estiver recuperada ele vai se ver comigo. - Mostro meu punho fingindo estar brava.

- Já disseram quando vai sair? - Meu patrão pergunta avaliando o quarto.

- Até sábado. Eles querem ter certeza que vou me recuperar bem.

- Esse quarto não é particular? - Seu Osvaldo sussurra pra esposa.

- Valdo!

- É sim, Matthew pediu a seu pai pra pagar pra mim. Achei exagero mas eu estava em cirurgia não tinha como opinar. - Falo rindo.

Esse moreno é exagerado demais. Pagar por um quarto só por poucos dias. Nem precisava. Me colocando em um lugar confortável estava de bom tamanho.

- Foi ele que nos disse pra vir. Ele é bonitão. - Outra que o elogia assim. O que ele tem de tão especial que o torna irresistível? Tudo bem que quis beijá-lo mas não fico suspirando quando ele passa ou sorrindo como uma idiota.

- Eu sou mais bonito. E eu quero ver se ele é corajoso pra me enfrentar antes de pedir sua mão. - Levanta os braços fazendo força.

- Ele é só meu amigo. Por que todo mundo acha que vamos namorar? - Exclamo rindo.

- Ele é bonito, você também. Dá certo. - Teresa diz simplesmente.

- Ele está quase namorando.

- Quase. Você ainda tem chance menina.

- Para mãe, Kate só vai namorar com trinta e cinco. Se eu gostar do rapaz. - Cruza os braços emburrado.

- Juninho vai achar uma namorada pra você e para de me incomodar. - Brinco e ele faz careta.

- Estou bem assim. Obrigado.

- E sua família onde está? Te deixaram sozinha? - Osvaldo questiona curioso.

Contei pra eles o que acontecia comigo, de como me sentia, do aparecimento do Matthew, da briga, o acidente e do pedido pra ir morar na casa dele.

Teresa chorou muito quando ouviu Me abraçou forte e sussurrou palavras felizes no meu ouvido.

Os três ficaram contentes de eu ter desabafado.

Após muitas conversas e risos eles foram embora também.

Nem bem respirei e Renata entrou sorridente.

- Só vim avisar que você não tem escolha querida Kate. Assim que tiver alta viemos te buscar. Bella vai amar ter companhia no dia a dia.

- Ele nem sabia se aceitaria e já deu com a língua nos dentes. - Solto o ar com força.

- Meu filho é assim mesmo. Talvez tenha puxado a mim nessa parte. - Ri e me estende um envelope rosa, um azul, meu caderno e meu estojo. Como que ela abriu minha mochila sem eu prestar atenção? - Ele escreveu pra você. E o azul é pra ti responder.

- Obrigada. Veio aqui só pra me trazer envelopes?

- Que nada. Queria te ver e ele aproveitou pra te mandar a carta. Leia e depois escreva pra ele de volta.

Ela sai e curiosa como sou abro com rapidez.

- Esmeralda, vou te chamar assim agora. Mesmo que não goste.

Bom, escrevi essa carta pra você por que estava entendiado. Queria falar com você de alguma forma já que não poderia ir aí.

Espero que não se importe de eu ter contado pro seu pai sobre o acidente. Ele insistiu tanto que cedi.

Mas o que quero realmente te dizer é que soube pela sua amiga loira elétrica que seu aniversário é sábado. Como que me esconde uma coisas dessas?

Seu tão esperado dezoito merece uma comemoração e nada melhor do que você ir em uma festa usando a nova coleção de jóias do meu pai e cantando um pouco pra nós, essa voz linda o mundo todo tem que ouvir,e não fique brava, você merece por ser delicada como diamante e ao mesmo tempo bruta como pedra. Isso é só o começo. Vai ter muitas surpresas te esperando donzela.

E o vestido é por minha conta.

Com carinho seu amigo moreno irritante.

Rio dobrando o envelope novamente. Pego um papel e escrevo uma reposta.

Arrumo direitinho no envelope azul e deixo em cima da mesinha.

Sorrio sozinha.

Esse menino conseguia me surpreender a cada dia.

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Mattzinho é um amor. To apaixonada pelo meu próprio personagem. 😍😂

Beijos amores😘

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