Capítulo 7
Fomos até a pracinha do quarteirão e nos sentamos debaixo de uma árvore. Eu estava radiante só por saber que ia passar esse tempo todo com a Shay.
— Você é perfeita. – Falei, admirando sua beleza.
— Obrigada. Você também é bonitinha. – Shay olhou nos meus olhos.
— Você é a primeira que diz que sou bonitinha. – Desviei meus olhos.
— E o que as mulheres geralmente dizem? – Shay perguntou.
— Depende do momento. – Nós duas rimos.
— Sua lista de mulheres deve ser enorme. – Shay me olhou novamente.
— Não. É bem pequena. – Falei.
Shay ainda me olhava, me analisava. Desci meu olhar para a sua boca, ansiando por um beijo. Fui me aproximando lentamente dela e a olhei nos olhos novamente. Passei a mão em seu rosto carinhosamente e aproximei minha boca da dela. Deixei meus lábios roçarem os dela e a beijei devagar. Começou com um simples selinho, logo foi tomando forma, minha língua pediu passagem encontrando a dela.
Enrosquei minha mão em seus cabelos macios e a outra segurava seu queixo. Suas mãos estavam em meu rosto.
Se o mundo acabasse agora, eu morreria sendo a pessoa mais feliz do mundo. O beijo foi acabando aos poucos e Shay me olhou nos olhos. Não sei o que houve, Shay pareceu voltar à realidade e levantou assustada.
— O que pensa que está fazendo? – Ela perguntou irritada.
— Calma, foi só um beijo. – Falei. Não entendia o motivo de ela estar assustada. — E que beijo hein? – Falei sorrindo.
— E você ainda faz piada? – Ela me fuzilou com os olhos.
— Não é piada, eu achei incrível. – Falei, me levantando.
— Isso não devia ter acontecido. – Shay falava, passando a mão em seus cabelos.
— Porque você está assim? – Perguntei. — Fica calma. – Tentei me aproximar dela.
— É melhor você ficar aí mesmo. – Ela disse.
— Desculpa, se eu soubesse que você ia pirar eu não tinha te beijado. – Falei, me sentando novamente.
Shay olhou ao redor, analisando a cena. Fiquei observando-a.
— Está com medo de alguém? – Perguntei. Shay me olhou irritada e se sentou ao meu lado.
— Não faça mais isso. – Ela falou, olhando ao redor ainda.
— Fazer o quê? Te beijar ou perguntar se você está com medo de alguém? – Perguntei, olhando-a.
— Me beijar. – Ela disse.
— Desculpa. – Falei. — Mas você não me impediu.
— Desde quando ele está te seguindo? – Ela perguntou mudando de assunto.
— O quê? – Não entendi o que ela perguntou. Ela me olhou.
— O cara do outro lado da praça. – Disfarcei e olhei, sabia que era o tal do César.
— Eu não sei, não tinha reparado. Como sabe que ele está me seguindo? – Perguntei.
— Eu o vi quando estávamos no comércio. Tenho certeza de que se formos para outro lugar, ele vai atrás. – Ela falou, voltando a olhar ao redor disfarçadamente.
— Ele pode estar seguindo você. – Falei.
— Não. – Ela falou. — Eu sou muito observadora, sei que não tinha ninguém me seguindo hoje. – Ela me encarou. — Porque ele está atrás de você?
— Eu não sei. – Tentei ser convincente. — Você faz muitas perguntas sabia? – Tentei mudar o rumo da conversa.
— Sou curiosa. – Ela deu de ombros.
— Ainda está de pé a saída? – Falei temerosa. Shay me olhou e sorriu.
— Sim, está. – Ela falou. — É só não me beijar novamente que vai estar tudo certo.
— Confessa que você gostou. – Impliquei com ela.
— Não digo nem sob tortura. – Ela falou rindo.
Ficamos um bom tempo conversando e depois a acompanhei até sua casa, mais tarde eu viria para encontrá-la.
Fui para o galpão. Dei uma arrumada por lá e depois me arrumei. Saí do galpão e vi o César parado no mesmo lugar que estava pela manhã. Olhei para o outro lado e vi um cara parado, nunca o tinha visto por aqui. Parecia estar vigiando também. Não sei se esse outro cara me vigiava ou se vigiava o César, poderia ser alguém do Zeca.
Fui até a casa da Shay e toquei a campainha. A casa estava toda escura, estranho. Combinamos de sair, será se ela ia me dar um bolo? Toquei várias vezes e nada. Ela não estava. Resolvi ir para frente do cinema que combinamos. A hora foi passando e eu sentei na calçada, esperando que Shay aparecesse. Deu nove horas, dez, dez e meia, eu não sabia o que pensar. Me levantei e voltei para o galpão com aquela mesma sensação quando levei o fora dela. Eu estava triste como há muito tempo não ficava.
Ao voltar para o galpão, vi que os dois homens me seguiam, um estava mais atrás do que o outro. O César parecia não ter visto esse outro homem o seguindo.
Entrei no galpão e verifiquei tudo para ver se ninguém tinha entrado. Estava tudo bem por aqui. Resolvi dormir já que não tinha nada melhor para fazer.
Acordei na manhã seguinte ainda me lembrando do bolo que levei. Não estava com nenhum ânimo de levantar daquele colchão, mas tinha que passar na casa da Adelaide. E só por isso foi que levantei.
Fui à casa da Adelaide e esperei no portão que ela abrisse.
— Nikki, eu tenho uma ótima notícia. – Adelaide disse, contente ao me ver.
— Qual? – Perguntei.
— O Dinho pediu que você fosse lá imediatamente. – Adelaide falou, com o portão aberto.
— Então eu vou lá agora mesmo. – Falei abraçando-a. — Tchau Adê. – Me despedi e saí quase correndo.
Cheguei na papelaria e vi que o Dinho estava atendendo uma cliente e esperei que terminasse.
— Ei Nikki, que bom que veio. – Dinho apertou minha mão.
— E aí, Dinho. – Sorri.
— Os papéis já estão aqui para você assinar. – Ele foi para trás do balcão e se abaixou, pegando algo.
— É sério? – Perguntei.
— É. Leia e veja se está tudo certo. – Dinho me entregou uns papéis. — Você tem que preencher aqui o seu nome completo e os outros dados.
Me surpreendi com o salário, seria 978 reais mais vale refeição. Preenchi os dados e entreguei de novo a ele.
— Vou entregar para o meu pai, provavelmente vamos precisar de alguns documentos seus: identidade, RG, CPF e carteira de trabalho.
— Eu não tenho carteira de trabalho ainda. – Falei, sem graça.
— Não se preocupe. – Dinho falou. — Dá tempo de você conseguir a sua. Você começa semana que vem se der tudo certo com a documentação.
— Obrigada. – Falei, sorrindo.
— Não foi nada. – Ele falou. — Pode trazer os documentos junto com a carteira de trabalho.
— Tudo bem, vou providenciar. – Me despedi dele e saí.
Eu estava um pouco mais feliz depois dessa notícia. Infelizmente ainda não tinha visto a Shay em lugar nenhum. Mesmo estando triste com ela por ontem, eu queria vê-la.
Voltei ao galpão, peguei meus documentos e fui dar entrada na carteira de trabalho. Saí já ia dar seis horas. Passei na casa do Hugo para bater um pouco de papo, no portão mesmo.
— E aí? – Falei.
— Beleza. – Falei. — Assinei uns papéis para um emprego. Vou levar meus documentos e talvez semana que vem eu já começo.
— Uau. Fico muito feliz por você Nikki. – Hugo falou, feliz.
— Eu também estou feliz.
— E aí, e seu guarda costa? – Hugo disse, de brincadeira.
— Agora eu tenho dois. – Falei.
— Dois? Por quê? – Ele perguntou, surpreso.
— Não sei, tem outro cara me seguindo. Nunca vi ele antes. – Falei, me encostando no portão.
— Deve ser gente do Zeca. – Hugo ponderou.
— É, pode ser.
— Por falar nisso, mostrou no jornal que aquele cara chamado Ângelo, era de gangue. Provavelmente era gente do Zeca e o Cebola mandou matar. – Hugo falou.
— É, essa história não vai acabar por aqui não. Acho que inda vem resposta por aí. – Falei.
— Com certeza. – Hugo falou. — Bom Nikki, eu tenho que me arrumar pro trampo.
— Beleza. – Falei. Nos despedimos e fui embora.
Entrei no galpão, mas me escondi rapidamente e peguei a faca na cintura, tinha alguém lá, no escuro e estava sentado no meu colchão. Senti um perfume no ar, eu já havia sentido esse perfume antes.
— Como entrou aqui? – Perguntei.
— Dá para você aparecer?
— Como entrou aqui? – Perguntei novamente.
— Entrar é fácil.
Me aproximei, ainda segurando a faca. Acendi a lamparina e o rosto da Shay foi iluminado.
— Como sabia onde eu morava? – Perguntei. Seus olhos estavam fixos na minha faca. — Responde.
— Eu te segui um dia desses. – Ela respondeu, ainda analisando a faca em minha mão. — Porque a faca? – Shay apontou para a faca.
— Proteção. – Guardei-a na mochila que estava no chão, se eu a colocasse na cintura, poderia despertar suspeita. — O que faz aqui? – Perguntei.
— Vim me desculpar por ontem. Eu tinha outro compromisso. – Shay disse.
— Eu te esperei até às dez e meia na frente daquele cinema. – Falei baixo, caso os dois homens estivessem do lado de fora.
— Eu sinto muito mesmo. – Shay se levantou. — Posso me redimir de alguma forma? – Ela perguntou.
— Posso te dar um beijo? – Perguntei.
— Nikki... Eu... – Ela se calou.
— O quê? – Incitei a continuar.
— Eu quero muito... Mas não posso. – Ela se aproximou de mim.
— Porque você é hetero?
— Não. – Ela falou. — Eu tenho os meus motivos.
— Você tá me deixando louca Shay. – Segurei sua cintura e puxei-a para mim.
— Não faz isso Nikki. – Shay falou, sua voz falhando.
— O quê? Isso? – Dei um selinho nela. — Ou isso? – Beijei seu pescoço.
— Nikki... – Shay suspirou. Continuei beijando seu pescoço.
As mãos dela foram para a minha nuca.
— Que se dane. – Shay resmungou e me puxou para um beijo delicioso.
Nossas línguas bailavam, minhas mãos começaram a explorar o corpo dela e as suas se perderam em meus cabelos.
— Você é perfeita. – Falei entre um beijo e outro.
Shay continuava me beijando, chupando a minha língua, mordendo o meu lábio inferior. Ela puxou minha blusa me deixando só de sutiã. Seus beijos foram para o meu pescoço, me marcando com chupões e mordidas. Meu coração batia forte no peito.
Consegui tirar a regata que ela usava, admirei seu belo sutiã preto, mas não por muito tempo, levantei o sutiã e chupei seu seio direito. Shay suspirava e suas mãos se perdiam nos meus cabelos. Alternei entre um seio e outro com leves mordidas, lambidas e chupadas.
Shay puxou meu cabelo, me fazendo olhá-la no olhos. A levei para o colchão e me deitei por cima dela voltando a beijá-la. Retirei de vez o seu sutiã e contemplei aquelas duas maravilhas. Distribuí beijos em seu pescoço e colo, voltando novamente para os seios.
Depois de um bom tempo me perdendo em seus seios, fui beijando sua barriga, retirei sua calça jeans e passei a lambê-la por cima da calcinha. Escutei Shay gemer. E como eu estava certa, se a voz já era linda o gemido era perfeito, até me arrepiei. Puxei a calcinha para o lado e distribuí pequenos beijos em seu sexo. Seu cheiro era maravilhoso. Chupei os grandes lábios e beijei a parte interna das coxas dela, dando leves mordidas também.
— Não me tortura Nikki. – Shay falou, com a voz falhada e a respiração acelerada.
— Calma minha linda, eu quero lembrar de cada detalhe seu. – Falei, olhando em seus olhos.
Retirei a calcinha dela e abri mais suas pernas me dando aquela visão maravilhosa do seu sexo encharcado. Passei minha língua em seu clítoris de leve e Shay gemeu mais alto. Passei a chupá-la e lamber toda extensão de seu sexo. Dava leves sugadas em seu clítoris levando Shay a loucura. Ela gemia cada vez mais alto e rebolava.
Penetrei-a com um dedo, Shay rebolava cada vez mais. Coloquei outro dedo em seu interior estocando-a forte.
— Assim... Não para... Nikki.
Shay me enlouquecia com seus gemidos. Voltei a chupá-la, aumentando o ritmo da minha língua em seu clítoris. Senti que Shay já estremecia e gemia mais com o orgasmo que vinha. Só de vê-la gozar, eu acabei gozando também.
Retirei meus dedos lentamente, terminando de beber cada gota de seu gozo. Escalei seu corpo e a beijei.
Bom, vou resumir o resto da noite e da madrugada: Tudo o que eu fiz com a Shay agorinha, eu fiz novamente e novamente. Ela também não me deixou descansar, me fez gozar várias e várias vezes.
Devia ser umas cinco da manhã quando terminamos de fazer amor, eu estava exausta e ela não ficava muito atrás não.
— Nossa. Essa foi a melhor noite da minha vida. – Falei, com um sorriso nos lábios.
Shay estava deitada com a cabeça no meu ombro e fazia carinho em minha barriga, e eu mexia em seus cabelos.
— É, não vou discordar de você. – Shay falou. — Mas não devia ter acontecido.
— Porque você fica falando isso? – Perguntei. — Eu te disse que fazia qualquer hétero mudar de lado. – Falei.
— Não é por isso. – Shay falou. – Como eu disse, eu tenho os meus motivos.
— Porque não pode me contar? – Perguntei, fazendo carinho em seu rosto. Shay deu um suspiro.
— Eu não posso. – Ela me olhou e se aproximou me dando um beijo. — Se você soubesse quem eu sou, nem chegaria perto de mim.
— Então quem é você? – Perguntei.
— Vou continuar mantendo segredo, é melhor assim. – Shay fez menção de se levantar.
— Tudo bem, não precisa contar, só fica aqui comigo. – Falei e ela me deu um sorriso, escondendo o rosto no meu pescoço. Ficamos assim até pegarmos no sono.
Quando acordei, já passava das duas da tarde. Eu estava sozinha no galpão. Se não fosse pelos chupões no meu pescoço, os arranhões nas minhas costas e uma calcinha que eu lembrava de ter tirado da Shay, jurava que teria sido só um sonho, um maravilhoso sonho.
Me levantei radiante e me arrumei. Fui ao restaurante para almoçar. Shay entrou no restaurante e se sentou na minha mesa.
— Belo chupão. – Shay falou sorrindo.
— Pois é. Devia ver as minhas costas. – Falei, um sorriso teimava em meus lábios.
— Imagino. – Ela falou.
— Já almoçou? – Perguntei. Shay concordou com a cabeça. — Como saiu do galpão sem os meus guarda costas te verem? – Perguntei.
— Foi fácil. – Falou.
— Certo. Você esqueceu a sua calcinha lá.
— Eu não esqueci, deixei de presente para você. – Ela me deu um sorriso.
— Obrigada. – Falei.
— Você disse que tinha guarda costas? O que quis dizer com isso? – Shay perguntou, mudando de assunto.
— Agora tem outro cara me seguindo, além daquele que você viu naquele dia. – Falei, levando a comida à boca.
— E quem é ele?
— Não sei, nunca o vi por aqui. – Falei. Shay ficou pensativa. — Você sabe quem ele é? – Perguntei.
— Não. – Ela disse.
— Shay... – Eu queria fazer aquela pergunta, mas não sabia qual seria sua reação. — Você... Você está aqui para me vigiar?
— Porque acha isso? – Ela perguntou.
— Não sei. Você é misteriosa demais, sempre sabe onde me encontrar e às vezes fica olhando ao redor como se analisasse. – Falei. — Sem contar que você disse que me seguiu até o galpão.
— Eu não estou te vigiando, eu te segui até o galpão porque você não quis me contar onde morava. – Ela se justificou.
— Tudo bem. Acredito em você.
— Mas deve ter algo errado, porque esses caras estão te vigiando? – Ela perguntou. Suspirei.
— Um é da gangue do Cebola. Ele acha que alguma mulher daqui matou um companheiro dele da gangue e mandou seguir todas as mulheres que poderiam ser a suposta misteriosa mascarada. – Abri parcialmente o jogo.
— E o outro? – Shay me perguntou.
— Não sei quem é o outro, como eu disse, nunca o vi antes. – Falei. — No quarteirão de cima tem a gangue do Zeca. Quando o Dindim morreu, que era o companheiro da gangue do Cebola, o próprio Cebola achou que tinha sido o Zeca e seus comparsas.
— Já sei, o Cebola matou alguém do Zeca? – Shay deduziu.
— Bom, eu não sei. Há um tempo atrás eu escutei alguns tiros lá perto do galpão, no dia seguinte tinha uma reportagem de um tal de Ângelo que foi morto a tiros e que era de gangue. Qual gangue o Ângelo era eu não sei. – Resumi tudo o que passava sobre as gangues.
— Entendi, mas o que ainda me escapa é porque o primeiro morreu com facadas e o segundo a tiros? – Ela perguntou, me analisando.
— Como sabe que o primeiro morreu a facadas? – Perguntei, achando estranho.
— Vi no jornal. – Ela falou. — E deduz-se que o pessoal dessas gangues usam armas não? – Perguntou.
— É, deve ser. – Dei de ombros.
— E a polícia? Não veio aqui? – Shay perguntou.
— Se veio eu não vi. Talvez foram falar com o Cebola. Geralmente a polícia não se envolve quando o assunto é gangue. – Falei, tomando meu suco.
— É.
— Mas eles até que cuidam bem da população. – Falei. — Se você precisar de qualquer coisa, eles ajudam. É só não vacilar.
— É a terrível lei do silêncio. Você não viu nada e não sabe de nada. – Shay disse, pensativa.
— É, por aí. Se não fosse pelo Cebola, eu não teria água lá no galpão, mesmo que gelada.
— Gato? – Shay falou e eu concordei. — Sabe que isso é proibido né? – Ela perguntou.
— Sei, mas como é uma gangue que domina esse quarteirão, estamos à nossa própria sorte. É muito raro ver polícia aqui e ainda mais para fiscalizar todas as coisas.
Ainda estávamos sentadas no restaurante quando a porta abriu e por ela passou o Cebola e alguns comparsas. Ele parou e esquadrinhou o ambiente fixando seus olhos na nossa mesa e se encaminhou para nós.
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