Capítulo 5

— Eu te avisei Nikki. Você está se enforcando cada vez mais. – Hugo falou depois que viu que eu já tinha lido a reportagem.

— Mas eu não matei esse cara. – Falei.

— Mas assaltou não foi? – Hugo se levantou e começou a andar pela sala, estava furioso.

— Sim, não vou mentir. Foi o último assalto.

— E será se eu devo acreditar? – Ele me perguntou.

— Claro que deve. Eu prometi para mim mesma que não vou mais assaltar, eu quero mudar de vida tá. – Falei, encarando-o.

— Eles já sabem a cor dos olhos e uma ideia da idade, para descobrir mais não custa nada. – Hugo falou, me olhando.

— Eu sei. – Dei um suspiro. — E esse cara? Quem o matou?

— Eu não sei Nikki. Mas acredito que a retaliação do Cebola começou. – Hugo falou, se sentando ao meu lado.

— Essa madrugada eu escutei tiros lá perto do galpão. Não sei quantos tiros foram, mas pode ter sido por causa desse tal de Ângelo. – Falei, apontando para o jornal.

— Bom, se tiver sido o Cebola, alguém do Zeca vai dar o troco logo, logo. – Hugo disse. — E o que você pretende fazer agora que saiu dessa vida de crime? – Ele perguntou.

— Não sei cara, talvez arranjar um emprego e estudar.

Hugo trabalhava como motoboy de uma pizzaria durante a noite.

— Vou ver se tem alguma coisa lá no meu trampo pra você. – Hugo falou.

— Valeu. – Me levantei. — Vou indo. – Me despedi e saí de sua casa.

Andei pela rua distraída, mas com a sensação de estar sendo observada, parei e olhei ao redor. Vi uma bela morena encostada no muro, me encarando. E que morena hein. Nossa, só de olhá-la eu fiquei totalmente excitada. A mulher era linda, muito linda mesmo, eu nunca tinha visto alguém tão linda como ela.

Saí do transe quando uma buzina soou bem ao meu lado me assustando. O cara do carro passou gritando para que eu saísse do meio da rua. Andei até a bela morena e vi que seus olhos eram verdes, perfeitos.

— Perdida? – Falei.

— Na verdade não. – Nossa, que voz. Pensei na hora: Se a voz é assim, imagina gemendo. — E você, perdida?

— Não. – Sorri. — O que faz uma mulher tão linda como você, aqui? – Meu lado mulherengo falou. Eu já a imaginava gozando bem gostoso, mas na verdade era eu que já estava gozando só de falar com aquela morena.

— Essa mulher tão linda, como você diz, está só de bobeira. – Ela falou. Não consegui tirar os olhos dos lábios dela.

— Sei. E eu posso saber qual é o nome dessa mulher linda? – Perguntei. Eu estava louca para beijá-la.

— Me diz o seu primeiro. – Ela falou, brincando com uma mexa do meu cabelo.

— Nikki. Agora me diz o seu? – Perguntei.

— Desculpa, eu preciso ir. – Ela piscou e se afastou. — A propósito, seus olhos são lindos. – Ela falou alto para eu escutar.

Ela andando era uma visão maravilhosa. Fiquei de boca aberta vendo-a rebolar. Essa bela morena tinha um corpo de parar o trânsito, cabelos pretos e lisos que iam até o meio das costas, uma voz de anjo e olhos perfeitos, o sorriso dela não tem nem como descrever de tão lindo.

Depois que a morena saiu, eu me dei conta de que ainda estava parada no mesmo lugar, andei na direção que a morena foi. Ela sumiu, simplesmente sumiu de vista. Não sei para onde foi, só sei que eu queria encontrá-la novamente.

Fiquei andando pelas ruas para ver se a encontrava, mas ela tinha virado fumaça. Voltei para o meu esconderijo, sempre com a sensação de estar sendo vigiada, antes de entrar verifiquei a área, mas não vi ninguém.

Os meus dias eu os contava como um dia após o outro, então sendo assim, no dia seguinte quando amanheceu, me arrumei e saí. Eu estava disposta a tentar achar um emprego, coisa que talvez eu não conseguisse, pois nem tinha terminado o segundo grau.

Fui ao mercado que da última vez trabalhei durante dois meses entregando compras, talvez eu conseguisse algo.

Lá eu fui encaminhada para a sala do dono.

— Olá Nikki. O que me dá a honra da sua ilustre presença? – João, o dono do mercado falou um tanto irônico.

— Oi João. – Apertei sua mão em um cumprimento. — Eu estou atrás de um emprego.

— E você resume que aqui tenha? – Ele me perguntou.

— Bem, sim. – Falei, sem graça.

— Olha Nikki, vou ser franco com você, aqui eu só contrato pessoas com segundo grau completo. – Ele falou.

— Entendo. Mas você me contratou naque...

— Nikki. – João levantou a mão me fazendo calar. — Aquele caso foi diferente, foi a pedido da Dona Adelaide, uma pessoa especial. – Assenti com a cabeça.

— Entendo. – Me levantei. — Obrigada pelo seu tempo.

— Nikki... – João suspirou e passou a mão no cabelo. — Eu realmente não posso fazer nada por você, desculpe.

Bem que eu sabia que não ia ser fácil. Ao sair do mercado, vi a bela morena parada do outro lado da rua. Meu coração saltou no peito. Ela estava encostada em um poste e olhava para o mercado.

Sorri e fui ao seu encontro.

— Oi, mulher linda? – Falei. Ela sorriu.

— Você é assim com todas? – Ela perguntou, ainda sorrindo.

— Não, só com você. – Fui bem direta.

— Eu conheço bem o seu tipo, Nikki. – Era como se ela saboreasse meu nome em seus lábios. Me fez até arrepiar.

— E qual é o meu tipo? – Perguntei.

— Deixa as mulheres apaixonadas e depois parte o coração delas.

— Nossa, você deduziu tudo isso só me olhando?

— Também. Bonita, olhos lindos e um ar de bad girl, é claro que todas as mulheres querem. – Ela falou, olhando para o mercado.

— Menos uma, pelo visto. – Falei, olhando para os seus lábios.

— Você tem chance com qualquer uma, menos comigo. – Ela falou decidida.

— Porque não? Você é casada? – Perguntei.

— Não, sou solteira, mas você não tem chance. – Ela falou.

— Já sei, é hétero?

— Isso não lhe diz respeito. – Curta e grossa.

— Nossa. – Fiquei sem graça. — Certo. Foi bom falar com você. – Saí com o coração bem apertadinho. Levei meu primeiro fora, e justamente da mulher que me deixa com o coração acelerado.

É, agora eu sei do que a Juliana estava se referindo, a tal mulher apareceu. Fui andando até a casa da Adelaide para ver se ela conseguiria me ajudar a achar um emprego. Alguém segurou meu braço e olhei para trás, a bela morena me encarava.

— Não precisava ficar chateada. – Ela falou.

— Ah é, acabei de levar um fora da mulher mais linda que eu já vi, isso não é motivo suficiente para ficar chateada? – Perguntei.

— Para de drama. Você é uma caçadora nata, não deve desistir. – A bela morena abriu um sorriso.

— Então você gostou. – Falei, sorrindo.

— Se foi isso que dei a entender, pode esquecer então. – Ela soltou meu braço.

— Nossa, você é uma mulher difícil. – Fiz uma careta.

— Com toda certeza. – Ela me deu um sorriso sapeca.

— Então não vai facilitar nem um pouquinho pra mim? – Me aproximei dela, encarando seus lábios.

— Nem um pouquinho. – Ela me afastou. — E você poderia parar de me olhar como se quisesse me comer? – Ela falou, com cara de brava.

— É impossível. – Falei me aproximando novamente e segurando sua cintura. Bem atrevida né?

— Se você não quiser levar um tapa, é melhor tirar suas mãos de mim. – Ela me olhou nos olhos, um brilho perigoso neles me fez tirar as mãos dela.

— Calma aí, bravinha. Não é pra tanto. – Falei, com as mãos para o alto. — Está bem, vamos começar do zero, ok? – Perguntei.

— Hum, e o que sugere? – Ela falou, fazendo uma careta.

— Ah, não sei. Podemos nos conhecer melhor, o que acha? – Perguntei, com um sorriso.

— Pode ser. Mas... – Ela fez um suspense. — Eu começo perguntando. Duas perguntas para cada.

— E se você não responder? – Perguntei.

— Eu vou responder, dependendo da pergunta. – Ela me encarou, pensando. — Certo, primeira pergunta: Nikki é o seu nome verdadeiro?

— Sim. É o que consta na minha identidade. Próxima? – Falei.

— Onde você mora? – Ela me analisou.

— Por quê? Quer ir visitar a minha cama? – Perguntei com um sorriso safado. Ela fez uma careta.

— Responde.

— Eu pulo essa pergunta.

— Não vale pular. – Ela falou irritada.

— Claro que vale, você disse que não responderia dependendo da pergunta. É a mesma coisa. – Falei. — Você usou sua segunda pergunta, agora sou eu. Qual o seu nome? – Perguntei.

— Pode me chamar de Shay. – Ela me analisou.

— É o seu nome? – Perguntei achando estranho.

— Pouco importa. Minha vez. – Ela sorriu.

— Como assim? Falta a minha segunda pergunta. – Falei, irritada.

— Não mesmo. Você a fez quando perguntou se era mesmo o meu nome.

— Você está roubando, não vale. – Fiz uma careta. — Manda.

— Quantos anos você tem?

— 19. – Respondi.

— Pratica esportes? – Ela me perguntou.

— Que pergunta estranha. Não, na verdade não pratico nada. Minha vez. – Falei dando um sorriso. — Você tem namorado?

— Não. – Shay respondeu.

— É hétero?

— Sou.

— Sabe que eu posso fazer qualquer hétero mudar de lado? – Falei, sorrindo.

— Eu já falei que você não tem chance. – Ela me deu uma piscadinha e saiu andando.

— Ei espera, acabou o jogo? – Perguntei, indo atrás dela.

— Acabou. – Reparei no bumbum dela, nossa a vontade de apertar era grande. — E não olha para o meu bumbum. – Ela virou de repente e viu onde meu olhar estava. — Você é muito abusada mesmo.

— Desculpa, mas é impossível não olhar. Você é linda. – Falei, sem jeito.

— Esse galanteio não vai funcionar comigo. – Ela foi firme.

— Tá bom, desculpa. – Falei, dando um suspiro. — Você mora aqui? Nesse quarteirão? – Perguntei.

— Sim. Por quê?

— O Cebola deixou você ficar né? – Ela me analisou.

— Sim. – Shay falou, olhando ao redor. — Quando eu cheguei me falaram que eu teria que pedir permissão a ele.

— É, é assim mesmo. Quando eu cheguei também tive que falar com ele. – Falei.

— Então você veio de fora? – Shay me perguntou.

— Sim, há uns dois anos.

— Interessante. – Ela mordeu o lábio inferior, deixando-a muito sexy. Engoli em seco, pois a vontade de beijá-la só aumentava. — O que fazia no mercado? – Me perguntou.

— Nada demais. Só passeando. – Além de linda, Shay era muito misteriosa e curiosa, por isso eu não podia falar tudo ao meu respeito. — E você, o que fazia do outro lado? Parecia estar vigiando alguma coisa. – Perguntei.

— Vigiando? – Ela riu. — Não sirvo nem para vigiar uma panela no fogo. – Ela riu mais.

— Deve ser coisa da minha cabeça então. – Falei, rindo também.

— Me falaram que tem uma gangue por aqui, é verdade? – Shay perguntou, séria de repente.

— É, a gangue é do Cebola. E é bem violenta se quer saber, melhor ficar fora da mira deles. – Falei, dando um alerta.

— Violenta como? – Ela perguntou, parecia interessada.

— Você não faz o tipo de ser de uma gangue. – Falei de brincadeira.

— Mulheres bonitas podem ser perigosas. – Shay falou, me analisando.

— Você é muito misteriosa. Melhor eu tomar cuidado com você. – Falei. Percebi que eu realmente deveria tomar cuidado com ela, poderia ser alguém do Cebola que foi contratada para investigar sobre a morte do Dindim.

— Eu não sou de gangue. – Ela falou, sorrindo. — Eu vi no jornal que mataram um cara, foi aqui? – Shay perguntou.

— Eu também vi, não sei onde foi. – Falei, incomodada com o rumo daquela conversa.

— E que loucura essa história da misteriosa mascarada né? – Ela falou.

— Completamente. Onde já se viu, uma mulher escalar paredes? – Falei, rindo. Eu devia mudar de assunto imediatamente. — Vai ver é a nova mulher aranha, devemos fazer um filme com ela. – Falei e Shay riu do comentário.

— É, ia ser um sucesso. – Ela parou de rir e olhou ao redor.

— Você parece estar sempre procurando algo. – Falei, reparando que ela olhava ao redor, e não era a primeira vez.

— Não. Se você disse que a gangue daqui é muito perigosa, então é melhor ficarmos em alerta. – Shay disse, me dando um sorriso. — Eu preciso ir.

— Posso te acompanhar até a sua casa? – Perguntei.

— Claro. Mas não vou deixar você entrar. – Ela piscou para mim me dando um sorriso. Fui andando ao seu lado.

— Porque não? Eu não vou te agarrar. – Falei, sapeca.

— Aham, sei. Para quem já tinha colocado essas mãozinhas em mim no meio da rua, na minha casa vai querer tirar a minha roupa.

— Não vou mentir, eu adoraria tirar a sua roupa, mas eu vou me comportar, juro. – Fiz uma cara de pidona.

— Nem pensar. – Ela foi firme.

Chegamos até uma casinha simples, mas com uma fachada bonita. Essa casa estava para vender a muito tempo, mas ninguém a comprava ou alugava, devia ser bem caro o aluguel.

— Bom, está entregue. – Falei.

— Obrigada por me acompanhar. – Shay deu um sorriso lindo. Abriu o portão e o trancou ao passar.

— Tchau. – Falei. Ela acenou e entrou.

Agora sim eu estava de quatro poressa morena. Mais um problema para a minha lista.

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