CAPÍTULO 36

🌊 Coloquei essa música pra quem quiser ouvir depois da quebra de tempo do capítulo 🌊

Boa leitura.

A casa de praia da família Carter é linda.

Nossas botas estão fazendo um som grave por onde pisamos.

Ele continua a andar pela sala espaçosa com cozinha no mesmo cômodo. É bem grande e arejada, parece uma pousada. Tem um tapete vermelho na sala, sofás num estilo praiano com um grande quadro da bandeira da Inglaterra. Eles parecem gostar bastante dela. Seriam eles Britânicos? Mesmo sendo simples dá pra perceber que é caro.

Eu deixo minha mochila vinho em cima de um sofá.

Eu posso ver todo o detalhe da casa. Tem muitos enfeites, alguns porta-retratos bem bonitos. Claramente esse casal de jovens parecendo turistas fazendo pose com um bebê no colo em frente a torre Eiffel de Paris na França são os seus pais. É a primeira vez que os vejo e são muito parecidos com ele. Os olhos de sua mãe são um azul mais claro que os dele, mas seu pai tem os olhos mais parecidos com os dele. O pai dele... O pai dele tem uma cara conhecida.

Ele parece tanto com o Nathan que eu tô achando que eu conheço ele.

Acabo rindo baixinho de mim mesma.

— Sabe quem são? — a voz de Nathan atrás de mim, notando que estou olhando para o porta-retrato dele com os pais.

— Mirian, Elliot e... Não faço ideia de qual seja o nome desse bebê lindo. — provoco e ele solta uma risadinha gostosa de ouvir.

— Pode parando dona Violet.

— Eu ainda nem comecei. — volto a andar pela casa, observando cada detalhe encantador.

A casa é bem arrumada e aconchegante. Não tem escada para subir ao outro andar e logo a frente tem um corredor extenso com quatro quartos. Isso aqui é grande.

Tem outra porta no fim do corredor. A porta dos fundos.

O raio do sol entrando firmemente pelas amplas janelas de cortinas azuis. Eu estou andando pelo corredor até a porta dos fundos e sinto que Nathan está vindo atrás de mim silencioso. O que será que ele está pensando? Aposto que quer saber o que eu achei dessa casa de praia.

Eu abro a porta do final e vejo um lindo sol entre as nuvens escuras iluminando o mar. A praia parece deserta, mas eu vejo as casas distantes no morro.

— É lindo. Tudo aqui. — eu elogio — Seus pais escolheram um ótimo lugar para passar as férias.

— É. Eu também acho. Gosto muito da Califórnia, do clima dos Estados Unidos. — ele diz atrás de mim e eu paro de andar, encarando-o.

— Você falou como se fosse de outro país agora.

— Eu vim de outro país mesmo. Eu nasci na Inglaterra.

— Agora faz sentido essa bandeira enorme na parede. Mas você não tem sotaque britânico, tipo os meninos da One Direction.

Ele solta essa risada excitante de novo.

— É que o meu pai é filho de britânico com americana e se casou com uma mulher britânica, a minha mãe. E eu vim morar nos Estados Unidos com 11 anos de idade. Os pais do meu pai estão morando aqui nos Estados Unidos, já os pais britânicos da minha mãe ainda moram na Inglaterra. Então eu estou acostumado. Adaptei-me rápido ao inglês daqui.

— Percebi.

— Eu costumava vir à Muir Beach todo fim de semana. — ele volta a dizer.

— E por que não veio mais? — eu pergunto — Por acaso existe outras casas como essa que costuma ir?

— Bom... — ele se aproxima lentamente enquanto fala — Existe, mas, faz um tempo que eu não vou lá.

— Deve ser um paraíso ainda mais belo que este.

— Na verdade é o contrário disso.

— É onde você morava em Daly City? — suponho.

— Sim.

— Como a casa está? Vocês venderam?

— Ainda não. Mas, meu pai está vendo o que fazer com ela, assim como essa casa em que estamos. Enquanto ele não resolve, eu habito. — ele explica, voltando para dentro — Você quer comer alguma coisa? Eu estou cheio de fome.

— Quero. — eu entro atrás dele — Tem alguma coisa para comer aqui?!

— Claro. — ele confirma. Eu chego à cozinha e ele está mexendo nos armários — Temos coisas enlatadas, biscoitos, bebidas no congelador, só que estão quentes, porque eu desliguei a energia da casa e... cereais, leite. Essas coisas básicas.

— Tipo... Coisas de adolescentes. — eu tento entender, pois é o que parece e ele solta risos pegando uma caixa de cereal fechada no armário. Eu me aproximo da ilha da cozinha e me sento num banquinho onde tem mais três — Costuma vir aqui?

— Costumava. A última vez que eu vim foi um dia antes de entrar na escola nova. — ele explica voltando ao outro armário de copas e pegando dois pratos fundos de plástico roxos próprios para cereais, duas colheres na gaveta e os coloca na mesa ao lado da caixa do cereal.

— Ah, então já tem um tempo. — eu deixo meus braços cruzados sobre a mesa. — Eu gostei, é bem aconchegante, relaxante. Um lugar ótimo para tirar umas férias desse mundo.

— Ah é. E pra outras coisas também. — ele solta risos travessos, sugestivo, enquanto pega a caixa de leite fechada e coloca sobre o balcão ao lado das outras coisas.

— Humm. Então você não ficava aqui sozinho. — eu concluo com um certo ciúme, enquanto ele prepara nosso lanche.

— Relaxa. Você foi a única que eu trouxe aqui. — bom saber.

— Então você ficava aqui sozinho? — quero conferir mais uma vez.

— Solo. — ele fala como um cantor, abrindo a caixa do leite.

— Você realmente gosta de ficar sozinho, mesmo tendo tantos amigos. — eu notei — Eu sei como é isso. Era melhor ficar sozinho do que mal acompanhado, não é mesmo?

— Exato. — ele abre a caixa do cereal e coloca em grande quantidade para ele e pouca para mim. Ele sabe que eu não sou de comer muito. — Pouco leite, não é?

— Pouco. — eu respondo e ele enche o prato.

— Prontinho. Os cereais servidos para a Mademoiselle Violet. — ele tá falando francês e parou de me chamar de Kris. Por quê? Eu gostava.

— Você não me chama mais de Kris. Aliás, você quase não fala meu nome direito. Posso saber por quê? — eu pergunto com saudade de ouvir o apelido que passei a chamar de meu desde aquela vez.

— Você não me chamou mais do carinha do Rock 'n' Roll e eu não reclamei. Cara, eu nem percebi isso.

— Eu sinto saudade disso.

— Hmmm, ela sente saudade. — ele brinca, fazendo-me rir. Ele está comendo em pé.

— Por que você está comendo em pé? — eu pergunto.

— Por que é melhor. Cereais se comem na raça, para fazermos exercícios e nos ajuda a estar mais fortes para o jogo. — explica ele, mostrando seus bíceps. Eu posso ver agora por estar somente com sua regata branca e azul do time, expondo suas cicatrizes nos braços.

— Minha mãe e eu quando estávamos em casa nos dias de sol, corríamos no parque da cidade e fazíamos Yoga. Acabei acostumando ficar com rabo de cavalo por conta disso também. — conto o que já não estou fazendo mais.

— São Francisco é uma ótima cidade pra fazer exercícios. — notou.

— Sim. — eu pego a colher e começo a comer o cereal. Eu mastigo e é saboroso. O cabo da minha colher é violeta. Eu engulo para falar — Hm. Você me deu uma colher violeta.

— Mas é claro, de acordo com a cor favorita da minha Violet. — ele sorri e eu sinto minhas bochechas esquentarem.

Agora que ele sabe qual é minha cor preferida, não vai parar mais de me chamar assim. Ok. Vamos voltar a comer.

Terminando de comer esse cereal, admito que eu estou me sentindo satisfeita com o que comi.

Nathan está lavando a louça agora, sem a minha ajuda.

Eu volto a observar a casa, é meio-dia agora. Realmente esse lugar é longe. Mas, valeu a pena chegar até aqui.

Volto a pensar no encontro com o cara na praia. Será mesmo que a polícia vai conseguir pegar ele.

Eu queria ver esse momento.

— Tá pensando em quê? — a voz do Nathan e o vejo segurar o pano de prato numa mão e os talheres em outra.

— No cara. Será que vai dar certo esse plano?

— Vai dar. — diz ele secando os talheres e os colocando na gaveta — Tem que dar.

Ele fecha a gaveta e eu respiro fundo, torcendo por isso.

— Espero. — digo.

— Ei. Que tal irmos à praia. Não tem muito sol hoje e está um pouco frio, mas podemos apenas andar pela areia. Que tal? — ele me pergunta.

— Claro, vamos. — eu aceito e ele me leva.

— Essa casa não tem TV nem rádio, pois meus pais quase não ficavam aqui, então se quiser ouvir algo, pode usar seu celular ou o meu. — ele avisa.

— Não precisa, eu não me importo. Eu quero ver o mar. — almejo. Preciso esquecer um pouco tudo isso que me preocupa.

Ele solta risos, pega sua jaqueta no sofá e seguimos para a porta dos fundos que desce até a praia.

︵‿︵ ︵‿︵


Chegando até ela, eu noto o quebrar das ondas. A maré está alta e as ondas estão fortes e geladas. Vejo muita força contida nela. Um vento muito frio vindo do oceano.

Eu tento ir para mais perto do mar, mas não consigo, travei na metade da areia. Pelo menos meu cachecol está me protegendo do vento gélido. Eu sou frienta demais. Qualquer vento gelado me faz tremer.

Vejo que Nathan está ligado no nada do oceano com essa touca dark. Eu quero puxar dele e colocar em mim. Eu bolo um plano.

— Olha, dá pra ver a Golden Gate daqui. — eu aponto para longe e ele franze a testa sem entender.

— Onde? — ele pergunta tentando enxergar além do oceano.

— Lá. — eu torno a mostrar, mas é muito distante daqui e não dá pra ver nada por conta da neblina.

O céu agora está coberto de nuvens de chuva.

— Não estou vendo nada. — eu dou um pulo para alcançar sua cabeça, puxo sua touca e corro — Ei! Devolve minha touca!

Eu corro e ele corre atrás de mim. Eu continuo a correr mais rápido até o fim da praia. Meu cachecol voou e ele continua correndo atrás de mim. Esqueci que ele é rápido.

Eu estou rindo e tento colocar a touca enquanto corro dele.

Eu ouço o barulho das gaivotas sobre o céu. Eu olho para cima e as vejo passarem por nós e me bate uma tontura repentina. Minha cabeça começa a doer. Essa dor chata de novo.

Eu ouço risadas, mas, Nathan não está rindo, enquanto vem na minha direção.

Olho para as casas acima. Vejo somente duas pessoas no fim da praia.

O que é isso? Eu ouço tantas risadas. Elas estão mais altas. Não parece ser aquele senhor caminhando na areia de mãos dadas com uma criança.

Vozes ecoando na minha cabeça. Alguém está tossindo. Essas risadas... Esse trovão que vem sem cara de tempestade.

Ouço o som da batida. O barulho de vidro se espatifando e a sensação de que meu corpo está sendo empurrado com toda força para todos os lados.

Pare!

A dor passa de imediato e eu não entendo.

— Vai ficar com todas as minhas toucas é! — Nathan rosna travesso parecendo perto.

Estou me sentindo tão tonta, acho que eu vou cair.

Droga! Meu corpo não obedece aos meus comandos. Eu estou caindo. Sinto braços envolvendo-se em mim antes da minha cabeça se chocar na areia. É o Nathan me segurando perto do chão.

— Nathan... — ele me salvou.

— Você está bem? — ele me pergunta ofegante por correr. Eu estou caída em seus braços.

Nathan me encara aflito.

— Estou. Eu só me senti tonta, mas já passou. — eu aviso, sendo levantada com a ajuda dele.

— Você quer ir embora? — ele pergunta.

— Não. Claro que não. Eu estou ótima aqui, segura, com você. — confesso.

Que risadas foram aquelas? Aquele trovão. A batida e o vidro se quebrando. O que será isso? Eu devo estar pirando. Eu não quero pirar, não agora que eu estou com ele.

Eu o puxo pela nuca, ficando na ponta dos pés e o abraço forte.

Ele fica sem ação, até que sinto suas mãos se envolverem em minha volta. Eu tiro meu rosto de seu ombro e o olho nos olhos. Ele ainda está preocupado.

Ouço o homem se aproximando com a menininha atrás de mim.

— Você está tremendo. Acho melhor nós entrarmos. — Nathan decide e eu vou andando abraçada com ele.

— Espera. O meu cachecol. — eu olho para trás.

— Está aqui na minha mão. — ele me mostra.

— Ah, obrigada. — eu respiro aliviada e continuamos andando para dentro da casa de madeira. — Como você pegou tão depressa? Estava pelo ar.

— Altura do sucesso, baby. — ele se gaba.

— Nossa, grande privilégio esse. — digo ironicamente, enquanto reviro os olhos.

— Vem. Vamos entrar logo. — ele volta a ficar sério, enquanto me leva.

Essas risadas não saem da minha cabeça. A batida. Eu ouvi. Os flashes. Eu sei que eu ouvi risadas, mas de onde vieram?


‿︵‿ ᴀ ᴍᵃʳᵉ́ ᵈᵃˢ ʟᴇᴍʙʀᴀɴᴄ̧ᴀs ︵‿︵


O que será que está acontecendo com Kristin??

Beijos e até a próxima semana??

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