Pensa rápido!

— Sabe, se você não notou, Nathan gosta de fazer palhaçadas como você, então, ele ligou o rádio e começou a cantar e dançar no assento aqui do carro e ficou tão louco que jogou sua touca longe e eu até briguei com ele, pedindo pra parar, mas ele não entende. — tive que dizer isso.

— Nossa. — Quinn solta uma gargalhada. Ótimo. Ela está acreditando. Mas isso me dói, por mentir. — Ai que ódio. Eu queria endoidar com esse doido. Poxa.

— Deixa pra próxima. — por que eu estou dizendo isso? Não pode haver uma próxima.

— Eu adoro esse garoto. — ela leva a touca até sua cabeça e a coloca — Quero ver o que ele vai dizer quando me reparar com isso. Ficou legal?

— Sempre fica. — toucas pegam muito bem na Quinn.

— Legal. — ela ri de nervoso — Espero que ele ache o mesmo.

Caramba.

Aqui estou eu, sentando-me sobre o último degrau de cima da arquibancada, encostando-me sobre a parede, vendo o treino dos meninos que parece prestes a terminar.

Não tem nenhum aluno assistindo, deve ser algo secreto.

Quinn se senta ao meu lado ouvindo música eletrônica no seu fone gigante que tampa todo o ouvido.

Sem livros, ela apenas observa os movimentos de Nathan na quadra por distância. Eles estão todos de branco e azul. A camisa dos jogadores é muito bonita.

Nathan chega até o adversário e toma a bola dele facilmente e começa a correr na direção da cesta. Eu posso ver o outro adversário tentar tomar a bola dele, mas não consegue. Nathan pula e marca.

Eu fico boba com sua habilidade.
Os jogadores vibram.

Nathan tem um dom e é esse. Um grande talento e isso me deixa feliz por ele.

— Vai nessa, Nathan! Você é o melhor! — Quinn tenta animá-lo e ele olha para nós enquanto corre atrás do adversário.

Surpreso, ele me encara e eu coro.
Ele abre um sorriso largo, fazendo parecer que essa outra cesta foi para mim.

Eu dou risos idiotas, mas logo paro, pois a Quinn está aqui gritando pra ele.

Eu tento não olhar, mas eu não consigo. Eu preciso conversar com ele. 

Mas, eu estou me sentindo tão bem agora.

Esse sorriso que ele fez para mim é tão espontâneo. Tão familiar. Eu sinto que... O que será isso?

O treinador apita para o fim do jogo.
Todos parecem animados e o sinal bate.

Os jogadores estão se retirando da quadra, pois tem aula, como a Quinn, porém, ela se desespera e corre para falar com o Nathan.

Eu corro atrás dela.

Estou achando estranho que Tony Robinson não está treinando hoje.

— Hey, Nathan! — Quinn o chama e ele para, mostrando-se suado e cansado.

— E aí? — ele diz ofegante.

— Você mandou muito bem. — elogia Quinn. Ela ainda usa a touca dele.

— Valeu. — ele agradece rindo — Quando você disse que ia vir assistir o treino eu achei que estava brincando.

— Eu sempre cumpro o que prometo. — ela lança uma piscadela pra ele.
Ele ri pelo nariz.

— Você é doidinha.

Olhando para seu bíceps exposto, eu noto algo que não havia reparado antes por sempre desviar o olhar quando estava de regata.

Ele tem um cicatriz enorme no ombro e outras marcas pequenas por todo seu braço, um pouco mais apagadas, semelhantes as minhas que tenho no ombro, nas costas, na barriga e nos braços.

O que será que foi a causa disso?

Nathan percebeu que eu o observo e perde o sorriso, franzindo o cenho.

— Carter! — alguém o chama. Eu olho para a direção de onde vem o chamado e vejo Daryl se aproximando de nós.

— Fala aí, Daryl. — cumprimenta Nathan.

— Bro, você é craque. Eu como capitão não chego nem perto das estratégias que você faz. — ele elogia impressionado, batendo nas costas dele. — Se continuar assim vai acabar indo direto pra NBA.

— Valeu cara. — Nathan agradece.

— Robert tá te chamando pra falar sobre essa estratégia que você disse que ia mostrar a ele. — avisa Daryl, apontando para Robert que está no meio da quadra com outro jogador.

— Já volto. — avisa Nathan, correndo até os amigos.

— Beleza. — Daryl nos nota — Oi, Queen.

— Oi. — Quinn o responde sorridente.

— Oi... — ele alenta a voz enquanto me olha.

— Kristin. — eu me apresento de novo.

Ele estala os dedos, lembrando-se e os aponta para mim.

— Isso. Kristin. E aí? Seu amigo te entregou o all star que você esqueceu na festa?

Espanto-me.

— Amigo?

— É, seu amigo. Ele disse que te conhecia.

— Ele quem? — pergunta Quinn, confusa.

— O cara que estava na festa da última sexta-feira...  — Daryl coloca a mão sobre a nuca, olhando pra cima — Eu não estou me lembrando do nome dele agora, mas, ele veio com algum convidado, eu acho. Ele ficou até o final da festa e quando estávamos se despedindo, eu vi aquele all star jogado no meio da casa e quando disse que ia jogar fora, ele viu e me pediu, dizendo que era seu. E já que você não me disse nada sobre isso no sábado há noite, eu queria ter a certeza de que ele te devolveu.

— Err... — eu não sei o que dizer, apenas pensar em quem é esse cara.

— Eu espero que esteja tudo bem. Ele disse que te conhecia. Ele tinha um rosto bem estranho a propósito, não consigo me lembrar, ele não me deixava olhar pro seu rosto direito, era bem assustador. Mas ele parecia ser um carinha bacana. Ele tinha me dito o que causou aquilo no rosto, mas eu esqueci também. Foi mal por isso. Eu estava meio chapado naquela noite. Preciso dar um tempo disso e focar mais no estudo e no jogo. Não quero decepcionar minha tia que é como uma mãe pra mim. — ele parece arrependido de ter deixado gente desconhecida entrar naquela festa.

— Daryl, chega aqui. — chama Robert e Daryl vai até ele um tanto confuso o quanto eu.

— Era esse cara que você disse ter te salvado de um tombo feio, amiga? — pergunta Quinn ao meu lado.

Havia me esquecido que ela está ao meu lado.

— Eu não sei. Eu tô... — vejo Carter voltando.

— Voltei. — diz ele sorrindo.

— Eu estou tão feliz que irei vê-lo no campeonato, Nathan. — confessa Quinn ansiosa.

Nathan ri.

— Valeu.

— E isso no seu braço... — observa Quinn como se já tivesse reparado antes  — É uma cicatriz, não é?

Nathan olha para seu braço como se esquecesse.

— Ah, sim. É sim. — ele confirma.

— E o que a causou? — pergunta Quinn, curiosa.

Ouço o apito do treinador Redman, dando-nos um susto.

O por quê desse apelido eu nunca soube, mas acredito que seja por causa do seu corpo peludo, além de ser bastante alto e robusto.

Seu nome é Joseph, mas somente os mais velhos o chamam assim. Ele tem 38 anos.

— O sinal já bateu! É hora de ir pro chuveiro! Vamos! — ele ordena, olhando diretamente para o Nathan.

— Meninas, eu tenho que jogar uma água no corpo e me trocar. Vejo vocês no intervalo ou na aula. — Nathan se apressa, indo para o vestiário — Tchau.

Eu fico calada, pensando em quem pode ser esse cara. E se me conhece, de onde?

— Tchau. — a voz da Quinn.

— E as senhoritas não deviam estar na aula? — questiona o treinador, encarando-nos de modo hostil — Guardem esses gritos histéricos para o dia do campeonato. Por acaso não sabem que este treino é particular?

— Desculpa, Treinador, nós esquecemos. — eu aviso.

Na verdade, nós nunca assistimos o treino dessa escola.

— Espero que lembrem-se disso da próxima vez se não quiserem uma detenção. — ele alerta.

— Fui. — Quinn se retira rapidamente e eu começo a andar atrás dela.

— Kristin. — escuto o treinador me chamar.

Eu me viro já suspeitando do que ele vai falar.

— Sim?

— Tome cuidado para não se prejudicar. Eu não quero ter que levá-la para a detenção. — ele me alerta.

— Eu vou. Obrigada. — sorrio um tanto sem graça.

Desde que eu vim para esse colégio, ele sempre tenta me aconselhar. Já foi meu professor de educação física e eu nunca fui muito boa no esporte, então ele sempre chamava a aminha atenção.

Às vezes me sinto intimidade por ele, quando me olha com esses olhos azuis bem marcantes. Ele sempre tenta ser um bom conselheiro pros alunos.

O treinador se retira e eu percebo que o ginásio ficou vazio.

Ouço o suspiro de desagrado da Quinn.

— Droga. Nathan não notou a touca. — ela diz desanimada e tira a touca dele da cabeça, entregando-me — Entregue a ele quando voltar. Eu vou para minha sala de aula. Até logo.

— Tchau.

Eu sinto muito, Quinn. Nathan realmente está distraído hoje.

Mas que droga.

Eu preciso saber quem é esse cara que diz me conhecer e que está com o meu all star perdido.

Não tenho dúvidas de que é o cara encapuzado.

Na próxima vez que o ver, eu tentarei falar com ele. Eu preciso saber o que ele quer comigo.

■■■■■■■■■■■■■■■■■■■■■■■■■■■■■■■■■

As coisa estão ficando cada vez mais stranger.

Espero que esteja gostando.

Beijos e até a próxima semana! :)