Capítulo 50

Você é tão insuportável, insuportavelmente imprevisível
Incrivelmente incrível
Improvável, impossível, inevitavelmente indefinível
Incontrolavelmente irresistível

(Faz parte - Projota)

...

Enquanto me pegava observando de certa distância à Juliette tirar selfie e mais selfie com as estátuas de cera de artistas em exposição no Museu Madame Tussauds, eu me dava conta de uma coisa: o tempo para mim com ela estava acabando! Os dias pareciam passar tão rápido que eu gostaria de fazê-los ter bem mais do que somente 24hs. Desse modo, eu teria mais tempo para ter Juliette do meu lado.

Sete dias!

Era tudo que nós ainda tínhamos pela frente antes de ela ir embora para San Francisco. Ir embora da minha casa, da minha vida, mas não do meu coração. Nesse lugar, Juliette teria para sempre 'cadeira cativa' como se diz por aí. Só que eu não podia deixar de já ficar triste com a aproximação do dia da partida dela. Ela ia fazer tanta falta para mim. Seu jeito desajuizado, debochado, implicante, também ia fazer falta. Sorri largamente ao vê-la tirar uma selfie beijando a Angelina Jolie.

Ela era louca!

Uma louca do bem como Gil bem dissera no dia em que lhe contei da gente.

E eu gosto da Juliette louca assim mesmo. Bem como da Juliette insuportável, mas ao mesmo tempo adorável. Da irritante, porém irresistível. Com ela é aquilo de me ame ou me odiei. E eu primeiro a "odiei" para depois "amá-la" em proporções intensas e inimagináveis, em um curto espaço de tempo.

- Ei! Vem, você não vai ficar aí só olhando. Vai tirar fotos junto comigo e os artistas de cera. - ela saiu me levando pela mão em direção às estátuas.

Eu não gosto de tirar fotos, mas por ela, para satisfazer sua vontade, eu me prestava à fazer aquilo. A verdade é que ela já me tinha em suas mãos. Eu acho que era capaz de fazer o que ela me pedisse, mesmo não sendo do meu agrado, somente pelo doce prazer de satisfazê-la e agradá-la.

Aquela hóspede insuportável roubou meu coração!

Tiramos tanta foto que eu fiquei com o maxilar doendo de tanto sorrir. Foi selfie com: Sandra Bullock, George Clooney, Leonardo DiCaprio, Barack Obama e a esposa, Martin Luther King, Benjamin Franklin, Tiger Woods, Muhammad Ali, o gigante Shaquille O’Neal, Rihanna, Lady Gaga, Michael Jackson, Madonna, Elvis Presley e mais uns tantos outros, que se eu for listar vai ser complicado.

Mas foi divertido. A perfeição dos bonecos de cera ali é realmente incrível. Dependendo do ângulo que você tirar a foto com um deles, fica parecendo que você está com a pessoa de verdade, e não com a estátua dela.

Aquelas horas que passamos ali naquela manhã de sábado não podiam ter sido mais proveitosas e divertidas que aquelas.

Depois de sairmos dali, nós fomos pegar um ônibus para ir a galeria da minha mãe. Tínhamos marcado de almoçar com ela, em um restaurante ali próximo do trabalho dela.

- Essa com o Leonardo DiCaprio ficou parecendo que a gente tá com ele mesmo, não é?

- Sim. - concordei enquanto estávamos acomodadas em uma cadeira do ônibus com Juliette em meu colo apesar da cadeira vazia ao nosso lado - à caminho da galeria.

- Vou tirar onda com uma amiga minha dizendo que encontrei com Leonardo DiCaprio e tirei essa foto com ele.

- Que grande mentira!

Ela virou o rosto um pouco para me encarar e disparou-me:

- E daí? Ela não terá como saber mesmo que é mentira.

- E você não vai ficar com remorso de mentir pra sua amiga?

- Ai, meu Deus! Tá bom, depois eu conto a verdade pra ela. Satisfeita, senhorita certinha?

- Sim.

Pouco tempo depois já chegávamos ao nosso ponto e saltávamos para rumar em direção à galeria que ficava há poucos metros de onde saltamos.

Ao chegarmos na galeria ainda tivemos que esperar pela minha mãe uns poucos minutos, pois ela estava resolvendo uns assuntos. Mas assim que ela os resolveu, nós três juntamente com a tia de Juliette que foi convidada por minha mãe para almoçar com a gente, saímos da galeria para ir ao restaurante ali perto.

Após nos acomodarmos em uma mesa e fazer os pedidos, Juliette e eu, nos revezamos em contar para a tia dela e para a minha mãe como foi no museu, enquanto elas viam algumas fotos que tiramos com as estátuas de cera.

O almoço ali transcorreu no maior clima agradável e descontraído com as outras três mulheres ali falando sem parar e eu calada só escutando e rindo de Juliette e sua tagarelice.

***

Eu cochilava quando senti de repente, algo deslizar de uma forma sutil por meu rosto. Abri os olhos devagar e descobri que era Juliette que passava a ponta dos dedos pelo meu rosto.

- Até que enfim a nerd adormecida acordou.

Incrível a criatividade dela em me pôr apelidos.

- O filme já acabou?

- Há pouco.

Após chegarmos do almoço com minha mãe, Juliette e eu trocamos de roupa e nos acomodamos no sofá para ver TV. E achamos um filme de vampiros que tinha acabado de começar, e obviamente, Juliette quis que víssemos esse filme. Eu até assistí um pouco, mas acabei pegando no sono no meio da película e não vi mais nada.

- Foi mal. Acabei cochilando no meio do filme.

- É, eu percebi isso, no exato momento em que você começou a roncar bem no meu ouvido. - ela me respondeu abrindo um sorriso logo em seguida.

Como é?

Eu roncando?

- Que mentira! Eu não ronco. - rebati.

- Ah, ronca! Te dei até uma cotovelada de leve, que nem a minha mãe diz que faz no meu pai quando ele encarna o tiranossauro rex, daquele filme Parque dos dinossauros, sabe? - ela caiu na risada.

- Sei. - resmungo sem achar a menor graça. - E você está curtindo com a minha cara, porque eu não ronco.

Ela se segurou para não rir dessa vez. Depois me questionou como eu podia saber que não roncava, se no momento em que isso acontecia, eu estava dormindo. Ela ainda justificou que não tinha como eu afirmar uma coisas daquelas.

- Você tem razão. Mas eu sei, de algum modo, que NÃO RONCO.

- Ronca sim. Mas pode ficar tranquila, que você não ronca que nem o meu pai. Seu ronco é baixo.

Ela não devia está falando sério. Decerto, estava me zoando isso sim.

- Eu não acredito em você!

- Problema seu. - deu de ombros e riu.

- Já te disseram que você é um amor de pessoa pra não dizer o contrário?

- E já te disseram que você é uma palhaça completamente sem graça?

Agora foi a minha vez de abrir um sorriso que nem ela fez momentos atrás.

- Ah, ela ficou bravinha com o elogio, foi?! - zombei em brincadeira enquanto lhe abraçava. Estávamos deitadas no sofá, de lado e uma de frente para a outra, com nossos rostos próximos.

- Elogio? Não quero nem imaginar do que vai me chamar quando estiver me xingando.

Sorri mais uma vez dela.

- Eu estava brincando. Você é sim um amor de pessoa. - toquei seu rosto.

Apesar daquele gênio todo e daquela jeito irritante dela, descobri que por baixo disso havia um amor de pessoa. Havia uma Juliette sensível, frágil e que sabia falar sério e dar bons conselhos quando a situação exigia.

- É pra eu acreditar nisso?

- Totalmente!... E eu não ronco! - resmunguei a última frase já com a minha boca grudada a de Juliette para não lhe dar margem a réplica.

Era para ser um beijo inocente e sem demora, mas não foi bem assim que ele aconteceu tão logo eu senti a necessidade de aprofundá-lo.

O beijo depois disso avançou e tomou uma proporção tão rápida que logo eu já estava sobre Juliette naquele sofá, com as mãos tocando sua cintura por debaixo da regata que usava, ao mesmo tempo, em que sentia as mãos de Juliette subirem timidamente pelas minhas costas sob o tecido de algodão da minha blusa, enquanto a gente ainda se beijava de um jeito que até então não havia acontecido antes. Como se o fim do mundo estivesse logo ali.

Aquilo estava sendo muito bom! Tanto que eu já havia me perdido completamente, sentindo pelo corpo as melhores sensações do mundo naquele instante. E querendo apenas senti-las mais e mais.

Minha boca abandonou a de Juliette para descer em direção ao seu pescoço e assim sentir o gosto da pele dela. Enquanto isso minhas mãos subiram um pouco mais sob o tecido de sua regata até resvalarem ambas na parte de baixo do sutiã que ela usava. E quase que sincronizadamente, as mãos dela tinham descido pelas minhas costas até alcançarem o cós do meu short jeans e a ponta de seus dedos tocarem o elástico da calcinha.

Foi então que me dei conta de para onde as coisas estavam descambando e que ainda não estava preparada para isso, mesmo sentindo uma enorme vontade de seguir em frente. Aquilo não podia acontecer ali e nem naquele momento. A minha mãe podia aparecer e seria terrível se ela chegasse e nos flagrasse naquela situação toda.

- O que foi?

Juliette me questionou quando interrompi abruptamente o beijo que trocávamos e saí de cima dela, ficando de joelhos no sofá.

- Eu não posso, Juliette. Quer dizer, nós não podemos... fazer... isso, sabe? Minha mãe... ela pode chegar e... você já viu. - justifiquei me embolando.

Como eu não podia dizer a real verdade, então optei por uma meia verdade.

- Eu sei, mas... - eu a vi se levantar e ficar que nem eu de joelhos no sofá. -... Enquanto você dormia e eu assistia ao filme, sua mãe ligou, avisando que vai chegar bastante tarde em casa. Phil chamou-a pra ir jantar e depois eles ainda iam dançar não sei onde. Então não precisa ficar preocupada com o fato dela aparecer aqui. - era impressão minha ou ela queria que rolasse? - A não ser é claro, que você tenha outra razão pra gente não continuar, que não queria me contar além dessa da sua mãe.

Engoli em seco.

- Ou-outra razão?? E que outra razão seria essa?

- Hum... Talvez... Você ser virgem e não está preparada para esse momento. É isso, né?

Como ela adivinhou?!

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