Capítulo 15

Quem está afim de uma maratona de capítulos, levanta a mão e vem comigo 🏃🏃

Simbora ler!

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- Isso que fez não foi certo, Sarah. - dona Abadia me lançou um olhar feio por cima dos ombros. - Você já tinha dito que ia com a Juliette ao boliche e cancela isso pra sair com a Kerline? - me encolhi na cadeira diante de seu olhar. - Entendo que você prefira sair com ela, já que está tendo algo com nossa vizinha, mas você já tinha assumido um compromisso com a Ju na quarta-feira e não foi nada bonito da sua parte fazer o que fez com ela, filha.

Mamãe me ralhava enquanto preparava algo para eu jantar. Há pouco, ela chegou a cozinha e me questionou o que havia acontecido, pois Juliette passou por ela feito um raio e parecia chateada. Eu então lhe contei sobre o que havia dito a nossa hóspede.

- Mas mãe, eu não podia recusar o convite da Ker. - contra-argumentei.

- Você não precisava recusar o convite dela. Mas podia, simplesmente lhe dizer pra irem um outro dia, pois já tinha um compromisso na quarta.

Na hora eu nem pensei nisso. Só fiz aceitar o convite sem sequer me importar muito com nada.

- A senhora tem razão. - concordei, encarando minhas mãos cruzadas sobre a mesa. - Mas eu fiquei com receio dela achar que eu estava inventando uma desculpa pra não aceitar o convite.

- Duvido que ela acharia isso, querida.

Suspirei e ergui a cabeça para encontrar minha mãe me olhando.

- Talvez não mesmo. Mas a verdade também é que eu não queria acompanhar mesmo a Juliette nesse boliche. - revelei.

- Então se você não queria acompanhar a Ju ao boliche, por que não disse antes? Por que foi dizer que ia com ela?

Franzi a testa.

Sério que ela está me fazendo essa pergunta?

Justo ela que decretou que era para eu acompanhar a Juliette no dia em que aquela garota contou do boliche?

Só que resolvi não lembrá-la disto.

Mas a verdade é que eu também devia ter deixado claro naquele dia mesmo que não queria ir. Só que não! Me calei e como diz o ditado: "quem cala consente!". Então aí estava o resultado. E ainda caí na bobeira de confirmar para a Juliette dias atrás que eu iria com ela mesmo. Então, eu merecia mesmo aquele sermão da minha mãe.

- Deve desculpas a Ju pelo que fez.

Revirei os olhos por isso. Mas no fundo sabia que minha mãe estava certa.

- Tá, eu vou pedir desculpas a ela.

- Eu espero que sim mesmo.

***

Depois de lavar a louça do jantar que minha mãe me preparou, eu resolvi ir logo pedir desculpas a Juliette. Se era para fazer isso, então que fosse de uma vez. Eu tinha errado e nada mais justo que consertar meu erro. Ao passar pela sala avisei a minha mãe que iria falar com a Juliette. Ela apenas assentiu em resposta.

- Juliette, eu posso falar com você? - indaguei, batendo na porta do quarto dela. Ao contrário daquela garota, eu, sim, sei bater antes de entrar no quarto de alguém.

- O que quer falar?

Ouvi Juliette indagar de dentro do quarto com um tom de voz nada contente.

- Abre a porta e te digo.

Levou somente uns segundos para ela abrir a porta para mim. Acho que ela já ia dormir, pois estava de pijama. Um conjunto de baby doll azul marinho com renda branca nas barras do short e da blusinha de alça.

- Fala! - ela me resmungou com desleixo, escorando-se ao batente da porta.

- Eu quero te pedir desculpas.

Pensei que ia ser difícil dizer tais palavras a ela, mas não foi. Acho que o fato de ter a consciência de que aquilo era o certo a fazer, tornava aquela situação fácil.

- Aposto que só está me pedindo isso, porque sua mãe te obrigou.

- Não. Quer dizer, ela disse pra eu te pedir isso, mas não obrigou. Eu tenho que reconhecer que te devo desculpas mesmo. Não foi legal da minha parte ter aceitado o convite da Ker sendo que eu já tinha dito que ia com você ao boliche. Foi mal, de verdade!

Eu estava sendo realmente sincera quando dizia aquelas coisas.

- O que tá feito... tá feito, né?!

- Se você quiser, eu posso remarcar minha saída com a Ker para o outro dia, assim posso te acompanhar no boliche como já estava acertado. - propus. Tinha tido a ideia disso naquele instante. Esperava que a Ker entendesse depois essa situação.

- Não precisa se incomodar. Já disse que quem não quer mais que você vá comigo sou eu. - eu podia sentir certa raiva em sua voz. - Pode sair com a sua... vizinha. Eu já arranjei uma companhia bem legal pra ir comigo ao boliche. Sua amiga Pocah. Ela ao contrário de você não está se sentindo nem um pouco obrigada a ir comigo.

É óbvio que ela não estava. Pocah esava afim dela mesmo.

- Claro!

- Agora se você me der licença, eu já estava indo dormir quando você bateu na porta.

Era impressão minha ou ela ainda continuava aborrecida comigo?

- Vai me desculpar pelo menos?

Ela ainda não tinha me dito nada quanto a isso.

- Desculpas aceitas. Boa noite!

Simplesmente, ela bateu a porta na minha cara, depois disso. Não me deu nem chance de lhe dizer mais nada.

Quem ela pensa que é?

Eu peço desculpas e é isso que ganho em troca?

Saí fula da vida dali. Voltei para a sala e contei a minha mãe o ocorrido.

- Ela tem toda razão de agir assim. Está chateada com você, com o que fez pra ela. Eu no lugar dela faria o mesmo, querida.

Quê??

Não acredito que a minha própria mãe está dando razão à Juliette?

Será que essa garota fez lavagem cerebral na minha querida mãe? Só pode!

- A senhora está falando sério?

Eu estava incrédula.

- Com certeza. Se ponha no lugar dela e também vai me dar razão.

Minha mãe levantou-se do sofá, deu-me um beijo no topo da cabeça e disse que ia dormir.

Sozinha na sala, eu me pus a pensar e cheguei a rápida conclusão de que a minha mãe estava novamente certa.

- E quando é que ela não está? - questionei-me por fim.

***

Acho que nunca vi a Juliette tão calada como naquela manhã. Tomamos café no mais puro silêncio, o que me fez recordar a época antes da chegada de Juliette a minha casa. Por mais surpreendente que fosse, aquele silêncio todo me incomodava agora, pois já estava me habituando a falação daquela garota a mesa.

- Você tá tão calada. - comentei para quebrar aquele silêncio que se instaurou após a saída da minha mãe para ir rápido a galeria.

Juliette nem me respondeu, sequer me olhou. Continuou, tomando seu café como se eu nem existisse ali.

Respirei fundo.

- Vai ficar nesse silêncio mesmo?

Aquilo já estava ficando desagradável.

Eu queria que ela ao menos dissesse algo. Que fosse inoportuno, inapropriado, irritante ou até mesmo que ela me insultasse, mas que ela falasse e acabasse com aquele silêncio horrível.

Ela calada era algo um tanto incômodo.

- Juliette! Dá pra falar alguma coisa?

Pela primeira vez, ela me encarou e após uns segundos me olhando, enfim ouvi o som da sua voz.

- Vai te entender, quatro olhos. Se eu falo demais, você reclama. E se eu tô calada, você também reclama. Dá pra se decidir no quê você quer, garota?!

O modo como ela proferiu aquelas palavras foi bem engraçado, que inevitavelmente, eu ri dela, do que ela disse, da forma como disse e de como me olhava.

- Agora, pronto! Enlouqueceu, foi?? Do quê está rindo, quatro olhos?

Ela me questionou, encarando-me com um vinco na testa. Certamente, Juliette estava sem entender direito aquela minha reação. Então ainda sorrindo lhe expliquei a razão do meu riso.

- O jeito como falou e o que disse soou engraçado.

- Ah, quer dizer que virei palhaça pra você rir de mim? - ela rebateu.

- Você me disse certa vez, que eu ficava uma comédia irritada. E sabe que agora cheguei a conclusão de que você também fica uma comédia irritada, Juliette. Precisa se ver!

- Eu??... Por acaso você está me zoando, sua nerd esquisita e sem graça?

Eu não me ofendi com o insulto, pois notei um discreto sorriso querendo escapar dos lábios dela.

- Não! Só disse a mais pura verdade... garota insuportável.

Aquele seu olhar semicerrado e que parecia até de uma serial killer me encarando, já não me assustava como nos primeiros dias da chegada dela ali.

- Insuportável é a sua... Não, a sua mãe não, porque a tia Abadia é uma excelente pessoa, um amor na verdade. Então, insuportável é a sua cara quando tenta bancar a engraçadinha.

Ela me mostrou a língua e logo em seguida, acabamos rindo juntas disso.

Tinha que reconhecer que às vezes - raramente - como naquele momento era até agradável ficar perto da Juliette. Ela sabia ser divertida quando deixava a ironia e a implicância de lado.

- Acho que posso considerar que de fato me desculpou, não é?

- Eu já te desculpei ontem se não se lembra.

- Mas não foi o que pareceu pra mim. Você bateu a porta na minha cara ontem.

- Ai, coitadinha dela. Ficou magoada, foi nenê?

E lá estava o deboche de volta, mas dessa vez, eu não me importei com ele. Até ri disso.

- Você é um caso perdido. Já cheguei a conclusão de que você é um carma na minha vida, Juliette. - taquei na direção dela uma bolinha feita com o guardanapo de papel.

- Errou! - ela falou ao se desvencilhar da bolinha.

- Sorte sua.

- Não. Eu tenho um bom reflexo. E se eu sou um carma na sua vida... você é uma cruz na minha, quatro olhos.

Ambas sorrimos uma para a outra.

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