Capítulo 1
N/A: Salve, salve, minha gente.
Chegay com outra adaptação de uma fic minha.
Espero que curtam essa história.
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Caminhando pelo corredor do colégio, eu vou distraidamente olhando para a tela do meu celular enquanto leio compenetrada um artigo interessante de ciência ao qual baixei ontem. De repente, vou ao chão após tropeçar em um pé que julgo ter sido posto ali de propósito para que eu caísse.
Levanto a cabeça e vejo o grupo de Cheerleader caindo na risada de mim e junto com elas está a imbecil que me derrubou. Seu nome? Karoline, ou para os íntimos: Karol Conka! Ela é a líder delas. Aquelas garotas se acham ‘’as maiorais’’ só porque são Cheerleader. Elas gostam de implicar com todas com quem não vão com a cara, mais ainda com garotas como eu, uma nerd total!
Completamente sem jeito, eu cato meu celular que por obra divina não quebrou. Em seguida pego minha mochila e meus óculos, e saiu dali sem dizer nada àquelas idiotas para não arranjar confusão com elas. Ao longe as escuto me xingarem de ‘’nerd medrosa’’.
Essa sou eu. Sarah Carolline Vieira de Andrade, ou para os íntimos apenas Sarah. Sou uma nerd, porém não medrosa apenas pacífica e que evita confusão. Tenho dezessete anos, sou anti-social, hiper-envergonhada e um alvo constante das implicâncias de Karol e seu bando.
À primeira vista, você olha pra mim e diz que sou uma garota estranha, mas a realidade é que eu sou mesmo! Até meus poucos e raros amigos têm essa mesma opinião de mim. Thaís, Camilla, Gil, Pocah e Carla, são os meus amigos, meus melhores amigos. E são contados, cabendo em uma mão só. Por ser anti-social só tenho esses poucos amigos mesmo, mas esses poucos já me bastam e eu os adoro. Apesar de que, às vezes, eles me zoam muito por eu ser essa garota ‘’estranha’’, mas independente disso, eles são uns amigões. Tenho sorte de tê-los comigo!
Conheci os cinco no meu atual colégio onde estudo há três anos. É claro que também tenho mais alguns colegas de classe, mas não os considero tão amigos quantos os meus cinco melhores amigos. Desses cinco, eu sou mais próxima do Gil. Ele é meu confidente! E uma pessoa incrível, também o oposto de mim. Entretanto, nos damos super bem. Confesso que quando o vi pela primeira vez, eu o achei espalhafatoso demais. Gay assumido, ele é popular na escola e a estrela do teatro da escola.
No primeiro papo que tivemos, obviamente puxado por ele na cantina durante o intervalo das aulas, a empatia entre a gente foi imediata e graças ao Gilberto a minha lista de amigos não ficou restrita a somente a ele, pois foi Gil o responsável por me apresentar as outras amigas que tenho.
Agora voltando a falar mais um pouco de mim. Tenho que admitir que sou uma garota desastrada; desajeitada; antiquada; meus gostos musicais são totalmente diferentes dos adolescentes da minha idade; adoro ficar em casa e estudar; uso óculos aos quais o Gil abomina por achá-los antiquados, mas nem ligo, pois adoro meus óculos. Eles lembram um pouco aos usados pela Kara Kent, minha personagem de quadrinhos preferida. Meu adorável amigo costuma brincar, dizendo que eu sou ‘’A Kara Kent do mundo real!’’. Gil é louco!
Moro em um bairro calmo e tranquilo com minha mãe Maria Abadia, que é uma mulher batalhadora e dá um duro danado para me criar sozinha, desde a morte do meu pai há dez anos. Minha mãe trabalha em sua própria galeria de artes, que a duras penas conseguiu montar. Ela adora o que faz. Graças ao trabalho dela que eu acabei virando também uma amante de artes.
- Oi, Saritcha, minha Kara Kent do mundo real!
Levanto meus olhos da tela do celular e encontro Gilberto se acomodando na cadeira a frente da minha.
- Oi, Gil!
- Nossa, que cara amarrada é essa? Não dormiu bem, foi amiga?
- Dormi muito bem, mas foi só colocar os pés nessa escola para as coisas ficarem péssimas pra mim.
- Aposto que tem o dedo da Karol nisso.
Gilberto era ciente de que minha inimiga naquela escola era Karol. A verdade é que todo mundo ali era ciente disso! Karol sempre deixou claro que me detestava e o pior é que nunca fiz nada a ela para ganhar seu ódio gratuito. Simplesmente a gatota encasquetou comigo e isso desde o ano retrasado, quando ela entrou naquela escola!
- O dedo não, o pé!... Aquela idiota pôs o pé na minha frente e eu acabei caindo no chão, bem na frente do bando dela que ficou rindo da palhaça aqui!
- Mas que bastarda infeliz! Devia relatar para o diretor o que a Karol faz, Sarah.
- E arranjar uma tremenda confusão com a líder das cheerleader? Não, obrigada!... Tenho amor à vida e a minha cara, apesar dela não ser nada linda!
Eu brinquei para amenizar o clima, mas acabei, na verdade, atraindo o olhar furioso de Gil e já sabia o porquê disso.
- Não gosto quando fica se menosprezando desse jeito, Sarah! Você pode não achar, mas mesmo escondida atrás dessas armações de ósculos estilo Kara Kent, você é sim, uma garota bonita!
- Eu que uso óculos e você que é o cego, Gil?! – sorri pela brincadeira e meu amigo acabou não aguentando e riu junto.
Ainda ficamos conversando mais um pouco até que Thaís, Pocah, Carla e Camilla chegaram e se juntaram a nós. Nosso papo animado nem bem começou e foi interrompido pela chegada do professor.
***
- Férias! Aleluia!
Vi Thaís comemorar como se tivessem aberto as portas do paraíso para ela.
- Nossa, esse semestre foi bem puxado, pelo menos pra mim foi!
- Foi pra todo mundo, Pocah!
- Todo mundo, não, Gil! Pra Sarah não foi. Ela se deu bem em todas as provas e trabalhos.
- Me dei bem, porque simplesmente estudo, Pocah! Devia fazer o mesmo, sabia? – em tom de brincadeira provoquei minha amiga. Ela não era de levar muito a sério os estudos, mas era gente boa. Adorava mesmo uma festa, curtição, pegação, tanto que foi apelidado pela Carla de: cowgirl pegadora, por ser do Texas e sua família ter fazenda e ser criadores de bois.
- Au! Podia ter ficado sem essa, cowgirl!
A risada foi geral quando Carla deu essa alfinetada em Pocah.
- Andrade, você me paga depois viu.
Seguimos todos para o ponto de ônibus, enquanto os outros iam sempre falantes e brincalhões, eu ia calada no meu canto observando a algazarra que os meus amigos faziam. Eles são umas figuras, cada um a sua maneira. Camilla é a típica palhaça da turma, aquela que sempre tira brincadeira com tudo e todos. Já Pocah é a pegadora, as meninas morrem de amores por ela. Carla é aquela garota doce que está sempre de ótimo humor namora a Thaís. Thaís ou Thata é uma garota super gente boa, fala umas coisas sem noção as vezes, mas é amiga de todos e que quando você precisa, ela te ajuda independente do que seja. E o Gil, bem... É o Gil! O gay mais gay que ja conheci. Direto e sem papas na língua. Um grande amigo e que a gente pode contar nas horas boas e ruins.
- Aí, galera, lá vem o meu busão.
Todos nos despedimos da Camilla que foi a primeira a ir embora. Depois foi a vez do casal Carla e Thaís que pegaram o mesmo ônibus, pois moravam próximas. Não demorou muito e Pocah também pegava o busão dela. E assim, ficamos Gil e eu a espera da nossa condução, que nem demorou para vir.
- Sarah, minha amiga amada e idolatrada. Você é uma das pessoas mais especiais que eu tive o prazer de conhecer...
Revirei os olhos enquanto encarava a rua pela janela do ônibus. Geralmente quando o Gilberto começa a me bajular assim é porque quer algo de mim!
-... A gente é super amigos e tal. E por isso mesmo, eu tenho certa liberdade de te pedir um enorme favor.
‘’Aí, não disse! Sabia que ele ia me pedir algo. É batata! Conheço esse garoto!’’
- Que favor é esse, Gil? – olhei para ele.
Sabe o que é engraçado na minha relação com o Gilberto? É que na maioria das vezes as quais pergunto isso a ele, acabo fazendo algo que não é do meu agrado, mas ainda assim, eu sou incapaz de negar um favor ao meu amigo.
- Sabe o que é... Semana que vem tenho uma festa bem chique de uma amiga lá do meu condomínio. Só que o Lucas - Lucas é o namorado do Gil. Eles estão juntos há um ano - não vai poder ir comigo já que ele vai viajar pra casa da avó dele na quinta-feira que vem, então...
- Me diz que você não quer que eu te acompanhe nessa festa?
Pedi, na verdade, implorei silenciosamente para o Gil dizer que não queria minha companhia para essa festa, mas foi totalmente o contrário o que ele disse.
- Sim, quero!
- Ah, não! – deixei um gemi de insatisfação escapar.
- Vai, Sarah, por favor! Eu não quero ir sem acompanhante.
- Gilberto, você sabe que eu detesto festas. Por que não chama uma das outras garotas pra te acompanhar?
- Ai, porque elas não são nada discretas e tampouco, uma lady como você. Amo aquelas quatro, mas elas são espalhafatosas e malucas, sabe disso.
Eu ri dele. Realmente as outras garotas eram assim. Talvez faltasse um pouco de maturidade a elas, que muitas vezes se comportavam como molecas brincalhonas e não garotas de dezessete anos.
- Por favor, Saritcha do meu coração!... Minha lésbica favorita... Vai comigo nessa recepção! ... Por favor!... Por favor!
Ele me implorava e sem coragem de lhe dizer ‘’não’’, eu disse:
- Ok, Gilberto! Eu vou!
Ele soltou um de seus gritinhos estéricos de alegria e se jogou em cima de mim, fazendo algumas pessoas olharem na nossa direção e rirem da gente. Eu quase quis me enfiar em baixo da cadeira por causa disso.
- Gil agora chega. Pode me largar? Tá todo mundo olhando. – eu cochichei em seu ouvido.
Ele me largou e riu por me ver vermelha de vergonha. Realmente eu sou extremamente tímida!
- Sabia que você fica linda assim envergonhada?
- Não diga?!
- Digo sim. E agora deixa eu me levantar, desço no próximo ponto. Te ligo mais tarde.
Assenti e vi Gil me jogar um beijo antes de seguir para porta do ônibus.
***
Entrando em casa, eu escuto a voz da minha mãe e também a de outra mulher, ambas vindas da cozinha. Larguei minha mochila no sofá e segui para onde estava minha mãe e a dona da voz desconhecida.
- Olá, mãe!
- Filha, chegou cedo!
- Último dia de aula, então terminou cedo, mãe.
- Claro. Hum... Querida, essa é Adélia, minha amiga da galeria de arte que sempre falo pra você.
- Prazer, senhora. – estendendi a mão à mulher em cumprimento. Ela me olhou de uma maneira estranha.
- Minha nossa, Abadia!... Sua filha é uma moça muito mais bonita pessoalmente do que na foto que me mostrou!
Nem preciso dizer que fiquei envergonhada com essas palavras dela, né?
- Muito prazer em conhecê-la, minha jovem. Espero que minha sobrinha e você se dêem bem.
Eu fiquei sem entender o que aquela mulher quis dizer com aquilo. E parece que minha mãe percebeu e tratou logo de explicar para mim.
A amiga dela mora em um pequeno apartamento com o marido e as duas filhas adolescentes, e como no lugar mal cabem os quatro, ela pediu a minha mãe se podia deixar a sobrinha dela ficar hospedada durante as férias na nossa casa que é grande o suficiente para hospedar outra pessoa. A garota vinda de São Francisco para conhecer Las Vegas passaria as férias na cidade do pecado, depois voltaria para sua cidade natal.
- Tudo bem pra você a sobrinha da Adélia ficar aqui, não é filha?
Vou ser franca, essa história não me agradou nada. Uma desconhecida passando um mês aqui em casa? Não me soou agradável, mas o que eu podia fazer? Não podia dizer ‘’não’’ na frente da amiga da minha mãe, isso seria deselegante demais. Então só me restou concordar com isso.
- Por mim tá tudo bem, mãe! - dei de ombro e rezei para a garota ser legal.
Se eu fosse vidente, veria que minha prece não seria atendida e assim bancaria a deselegante e diria ‘’não’’ na mesma hora!
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