Capitulo 49
— Então? Por que estamos perdendo tempo aqui? Quando já podíamos estar colocando o plano em ação? — perguntei.
— Resumindo, eu e o Ethan vamos até a cidade convencer o Peter mendigo a nos ajudar com as irmãs em troca de comida ou sei lá, uma noite debaixo de um teto. Em seguida vamos mante-lo por perto para fazer o trabalho pesado, depois de algum tempo iremos descarta-lo pois seremos bem mais independentes. Todos entenderam a raiz do plano final?
– Sim — respondi.
— Estou ansiosa para ver tudo indo por água a baixo por culpa desse plano louco de vocês.
— Ethan pegue mais dinheiro, vamos precisar.
— Vamos?
— Sim. Será necessário dar uma boa reforma na cara daquele farrapo, não acha que as irmãs irão se deitar com um embrulho daqueles, acha?
Minutos depois deixamos a casa e partimos para a cidade em busca de Peter. E este não foi difícil de ser localizado, estava próximo a uma padaria, sentado na calçada comendo um pedaço de pão seco.
— Ei você, mendigo — Julian o chamou enquanto nos apeoximava-mos.
— Garotos, vocês outra vez.
— Temos uma proposta para lhe fazer, o que acha de mudar de vida e ainda por cima conseguir umas prostitutas de graça?
***
— Parecia loucura aos olhos de Vanda — Ethan puxou a cadeira de plástico que estava no canto do quarto e sentou-se de frente para Elizabeth – e era, querer trabalhar junto com um dos nossos inimigos era sim uma loucura e eu sabia disso. Mas eu também sabia que o plano do Julian podia facilmente nos levar a um outro patamar, era simples e objetivo, perigoso mas artículoso. Mas nem tudo são rosas, as coisas ficaram bem complicadas em um curto período de tempo.
***
— Como assim? — Peter ficou confuso diante da proposta direta de Julian
— É bem simples, mendigo maldit...
— Pare — o cutuquei — não fale assim ou vamos atrair atenção desnecessária. Olhe a sua volta, tem muita gente transitando por aqui.
— Idai?
— Idai que as pessoas não gostam de ver moradores de rua sendo mal tratados sem motivo algum.
— Mas nós temos um motivo.
— Eles não sabem, então comece a usar palavras decentes ou vamos nos encrencar aqui.
— Como eu ia dizendo — Julian voltou sua atenção para Peter — caro civil desprovido de residência, temos uma proposta para lhe fazer. Uma boa proposta diante da sua situação atual, o que acha de ter um teto para poder dormir ?
— Um teto? Não posso dormir em um teto, é alto demais...
Julian me olhou com um olhar de raiva e impaciência.
— Deixa que eu explico — tomei a frente — a proposta é a seguinte: você vai nos ajudar em algumas coisas e em troca vamos te dar um lugar para dormir e comer. O que acha?
— Eu aceito — Ele respondeu rápido, rápido até demais. Parecia não se importar com as consequências de aceitar uma prévia proposta.
— Então, Ethan. E agora? — Julian fez uma pergunta desnecessária pois sabia bem o que vinha a seguir.
— Tem certeza que deseja aceitar nossa proposta? — Eu precisava ter certeza de que nada sairia errado, de que Peter não falharia com suas futuras tarefas.
— Sim. Eu estou numa situação muito humilhante.
— Como se não merecesse — Julian não perdeu a oportunidade de atacar.
— Não tenho casa — Peter continuou — nem dinheiro. Não lembro nem o meu próprio nome então não vejo algo mais vantajoso do que aceitar a proposta. Tudo é melhor que dormir pelas ruas frias, sozinho, sem lembrar de nada.
— Quero deixar bem claro uma coisa — Julian voltou a falar com seu tom ameaçador — se tentar qualquer coisa, por menor que seja. Eu vou matar você, vou acertar um tiro bem no meio dos seus olhos.
— Porque eu tentaria algo contra as pessoas que querem me ajudar? Porque vocês falam como se já me conhecessem?
— Isso não importa — falei antes que Julian o respondesse — Você precisa de um banho e de roupas novas, vamos até a minha casa.
— Peter, me chamaram de Peter. Vocês me conhecem, me digam quem eu sou — Peter ficou interessado demais no assunto, eu precisava contornar aquilo antes que Julian abrisse a boca e acabasse estragando tudo com seu temperamento.
— Ok, vou te dizer — em frações de segundos fui capaz de pensar em uma maneira de engana-lo — nós te conhecemos e sim, o seu nome é Peter. Você brigou feio com os nossos pais semana passada por causa de uma bebida e é por isso te odiamos. Mas não sabemos como perdeu sua memória.
— Vocês são irmãos?
— Sim.
— Eu sou mendigo?
— Sim, desde que se mudou para esta cidade sempre morou nas ruas.
— Eu não tenho um propósito na vida...
— Não temos tempo para lamentações, venha conosco e se disponha a nos ajudar. Podemos mudar sua vida inútil — Julian se dispoz a me ajudar na missão de ganhar completamente a confiança de Peter.
— Tudo bem. Como eu disse antes, não tenho nenhuma escolha além de aceitar a proposta. O que querem que eu faça?
— Primeiro vamos até minha casa, lá você irá se limpar para poder ter um cheiro decente. Depois voltamos até aqui, vamos ir na barbearia e só aí daremos início a sua verdadeira missão.
— Que seria?
— Vai saber na hora certa — Julian respondeu no meu lugar — e Ethan, vai indo na frente. Eu vou comprar uma coisa.
— Que coisa?
— Uma coisa, oras. Vai ser bem útil. E toma cuidado com esse ai — ele não fazia nem questão de disfarçar sua desconfiança.
Fiz o que Julian me pediu e segui o caminho sem ele, ao lado de Peter. Dois passos atrás, pra ser mais exato. Não arriscaria ir na frente e acabar sendo golpeado caso ele decidisse mudar de idéia, tivesse um surto ou algo do tipo.
— Seus pais vão aceitar tudo isso? — Peter fez uma pergunta, quebrando toda a preciosidade do silêncio.
— Eles não sabem. Estão viajando.
— Mas tem algum adulto sendo responsável por vocês? Um tio, avô, algo do tipo?
— Sua missão não é fazer perguntas.
— Eu sei, mas preciso saber. Não quero que duas crianças me coloquem em problemas, já estou cheio deles.
— Não tem com o que se preocupar. Apenas faça o que nós queremos e em troca terá o que quer.
— Como sabe o que eu quero?
— Não somos duas crianças, somos três — ignorei sua pergunta.
— Outro garoto levado?
— Não exatamente — subimos um pequeno morro inclinado e ao fim dele já era possível avistar minha pequena fazenda — é uma garota.
— Que estranho. Irmã de vocês?
— Você não precisa saber.
— Entendi.
— A única coisa que precisa saber nesse momento é que essa garota também te odeia, então não repare se ela começar a te atacar no exato momento em que te ver.
— Todos vocês parecem me odiar, isso está começando a cheirar mal.
— O único cheiro mal aqui é o seu, mas logo iremos revolver isso. Até porque você não conseguirá cumprir seus deveres se estiver fedendo.
— Deveres esses que eu ainda não posso saber.
— Acertou em cheio. Você está começando a entender o espírito da coisa.
O ar ali era puro e agradável, isso devido a enorme vegetação que nos rodeava. Plantas, árvores, gramas e ervas se estendiam por quase toda a área em volta da fazenda. Entre ruas de terra e trilhas estreitas, o lugar ideal para se erguer um enorme comércio de animais.
— Gostei desse lugar, você mora lá? — Peter apontou para a minha casa.
— Sim.
— Estou vendo cercas, vocês criam animais aqui?
— Tentamos. É uma mini fazenda em crescimento.
— Legal.
Estar com Peter me causava uma série de sentimentos controversos, ele era um dos causadores de tudo aquilo e eu tinha a total certeza de que as respostas para as minhas perguntas se encontravam nele. Eu podia mata-lo da mesma maneira que havia matado Cassandra, um simples deslize ou momento de desvaneio era o que eu precisava para fazer isso. Mas ai todos os planos iriam por agua a baixo e isso incluia recuperar meu irmão e estabelecer uma condição financeira estável. Eu não estava mais pensando como uma criança da minha idade, parecia um adulto cheio de metas e preocupações. E tenho que admitir, no fundo me causava medo ter que mudar tão repentinamente.
— Vanda? — Chamei, ao adentrar na casa. Peter permaneceu do lado de fora, obedecendo ao pedido que havia lhe feito segundos antes.
— Ethan? É você? — ela respondeu com outra pregunta e a direção de sua voz indicava que ela estava no segundo andar.
— Sim. Conseguimos realizar a primeira parte do plano — continuei falando em voz alta para que ela ouvisse.
— Vai matar todos nós.
— Cheguei — Julian me assustou ao falar de repente, ele estava atrás de mim.
— Quer me matar do coração, porra?
— Calma aí princesa, está com medo de que? O que o idiota está fazendo lá fora?
— Eu pedi pra ele esperar lá. Agora me fale o que você comprou, não vejo nada em suas mãos.
— Eu deixei no chão, lá fora.
— O quê?
— Uma mangueira.
— Já temos uma.
— Comprei uma daquelas mangueiras potentes que liberam fortes jatos de água. Lembra? Igual aquelas que o Peter usava para nós dar banho.
— E porque comprou uma mangueira dessa?
— Não é óbvio? Para dar banho nele também. Vai ser a nossa putinha.
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