Capítulo 8 - A Tu Lado - Parte 1
POV Miguel
Eu estava inteiramente consciente do sorriso bobo que tinha no rosto enquanto observava Mia dormir agarrada a mim como se sua vida dependesse disso. Já estávamos deitados há algum tempo, de chamego na cama, quando eu fui percebendo sua respiração se tornar mais profunda e seu corpo relaxar aos poucos sobre o meu. A mão que ela tinha entre os meus cabelos foi diminuindo gradativamente a frequência dos carinhos até por fim pararem, mas mesmo se encontrando em um sono profundo, sua mão delicada onde agora repousava o anel que lhe dei no dia da formatura, mantinha-se fechada em punho agarrando a minha camiseta como se tivesse medo que eu a deixasse sozinha. Não me contive e fiquei a observando dormir, admirando cada aspecto daquela que eu tinha certeza ser a mulher da minha vida, minha futura esposa, a futura mãe dos meus filhos. Nunca me cansaria de admirá-la, porque quanto mais eu a observava, mas apaixonado ficava pelo seu jeito meigo e carinhoso de menininha combinado com a mulher fatal e sexy que ela estava se tornando. O rosto angelical, repousado no meu peito, com as maçãs do rosto vermelhinhas pela exposição ao sol, os enormes cílios em suas pálpebras fechadas que agora escondiam aqueles grandes olhos azuis que me faziam perder o chão e a boca entreaberta que por vezes formava um bico manhoso como se ela estivesse contrariada com algo no seu sonho, me tiravam do chão. Aquela imagem era tudo que eu queria guardar pelo resto da vida: ter Mia dormindo tranquilamente nos meus braços era tudo que eu poderia sonhar.
Por mais que eu quisesse me agarrar ainda mais aquele corpo delicado e dormir até o próximo dia, precisava sair dali e falar com Roberta caso quisesse que não houvessem falhas no que estava planejando. Desde a nossa primeira vez, eu vinha conversando com Roberta sobre preparar alguma surpresa para Mia, queria ter preparado algo especial para quando déssemos esse passo tão importante no nosso relacionamento, mas tudo acabou acontecendo tão naturalmente que não tive tempo de me preparar, então agora eu queria compensá-la de alguma forma, ainda mais depois da surpresa maravilhosa que ela fez para que ficássemos no mesmo quarto.
Roberta tinha planos grandiosos, o que me assustou um pouco no começo porque por mais que agora eu não apenas trabalhasse na empresa Colucci, como também recebesse uma boa renda proveniente do RBD, tinha um destino certo para aquele dinheiro que entrava. Primeiro compraria um apartamento para que minha mãe e minha irmã morassem, o que já estava sendo providenciado graças ao retorno que tivemos da primeira turnê e das vendas do primeiro disco. E o restante eu guardaria até que tivesse condições de comprar uma casa para mim e para Mia e bancar o casamento que ela sonhava e que merecíamos. Tivemos essa conversa algumas vezes, no começo Mia insistia em dizer que era bobagem eu me preocupar com isso, porque seu pai teria condições de comprar a casa que quiséssemos e bancar milhões de casamentos. Contudo, com muito diálogo consegui explicar a ela que eu não me sentiria bem utilizando o dinheiro de Franco, eu era muito orgulhoso e significava muito para mim conseguir comprar nossa casa, pagar nosso casamento e todas as demais despesas que pudéssemos ter. Além disso, não via a hora em que não precisasse dar satisfação das nossas vidas para ninguém, e se utilizássemos o dinheiro de Franco, automaticamente estaríamos dando autorização para que ele opinasse nas nossas decisões. Depois desse argumento, Mia concordou comigo, pois não havia nada que ela buscasse mais do que independência para tomar as próprias decisões e desde então criamos uma conta bancária conjunta onde depositávamos tudo que sobrava das nossas despesas diárias com o objetivo de organizar o nosso futuro.
Dessa forma, fiquei um pouco receoso com as ideias grandiosas de Roberta que envolviam iates e mergulho com golfinhos em alto mar, não que Mia não merecesse, porque ela merece tudo que desejar, mas porque tive medo de comprometer parte das nossas economias e adiar ainda mais nossa independência financeira. Entretanto, quando digo que Roberta é a melhor cunhada que eu poderia ter, não falo da boca pra fora, pois foi só eu terminar de expor o que temia, que ela riu da minha cara e soltou a fatídica frase: "Você não tem noção do que podemos conseguir com nossa influência, não é?". Ao notar minha cara de questionamento, Roberta me explicou que conseguiria não apenas um iate exclusivo para mim e para Mia, como também incluiria o mergulho em alto mar, sem que precisássemos pagar um dólar sequer. Tudo que a empresa queria em troca era um publipost no instagram do casal mais amado do RBD curtindo um passeio romântico e recomendando os serviços deles, o que certamente não seria um problema, visto que Mia andava cada vez mais ativa nas redes sociais.
Com todo o cuidado do mundo, me desvencilhei de Mia a deixando abraçada a um travesseiro, enquanto pegava o meu celular para falar com Roberta. O combinado era nós curtirmos a praia com os outros pela manhã e no período da tarde eu levaria Mia para o passeio de iate, deixando o nosso quarto vazio para que Roberta preparasse junto com Josy e Lupita o restante da surpresa, para que enfim minha namorada recebesse as flores e corações que ela tanto merecia. Depois de acertar todos os detalhes com ela, peguei um envelope que tinha escondido no fundo da minha mala com diversas fotos minhas com a Mia que passavam por todas as fases do nosso relacionamento, incluindo algumas de períodos que não estávamos juntos.
Mia reclama da minha mania de estar sempre tirando fotos nos momentos em que ela menos espera, contudo penso que são essas as imagens que nos fazem lembrar dos momentos felizes, são elas que demonstram os sentimentos e as emoções que estamos vivendo no momento, elas que nos fazem reviver tudo que sentimos ao rever a imagem. Fotos posadas e editadas não refletem sentimento, por mais perfeito que possa estar o figurino, a maquiagem e o cenário, as imagens precisam ter emoção, movimento e registrar da maneira mais real possível aquele momento que já está eternizado em nossos corações em uma imagem para que possamos revivê-lo sempre que tivermos vontade. Pensando nisso, eu fiz uma pequena seleção das fotos que na minha opinião marcavam os principais momentos do nosso relacionamento, ou por representarem uma data importante, ou por lembrarem de algo feliz que vivemos juntos, as imprimindo em formato de polaroid, de forma que agora eu estava sentado na mesa da varanda do nosso quarto de hotel, com uma pilha de fotos incríveis minhas e da mulher que eu amo e uma caneta preta escrevendo legendas para eternizar de vez aqueles momentos.
Já era madrugada quando finalmente terminei de escrever nas fotos guardando-as novamente no envelope e enviando uma mensagem de whatsapp para Roberta avisando onde elas estavam escondidas e o que eu gostaria que ela fizesse com elas. Reviver todos aqueles momentos me deixou extremamente sentimental por lembrar de tudo que passamos na nossa relação até chegar aqui, me fazendo a agradecer ao universo por sempre conspirar ao nosso favor, apesar de todos os obstáculos que se colocavam no nosso caminho. Programei o celular para despertar para amanhã cedo com medo de perder o horário, já que eu estava indo dormir tarde e não dava para contar com Mia no quesito acordar cedo, pois minha namorada era uma bela adormecida de tanto que gostava de dormir e me deitei a abraçando por trás, fazendo com que ficássemos de conchinha e logo adormeci ansioso com o dia seguinte.
Acordei com beijinhos sendo distribuídos pelo meu rosto e com mãos delicadas emaranhadas nos meus cabelos em um carinho gostoso.
-Bom dia amor da minha vida...- Falou Mia com a vozinha quebrada de sono continuando com os beijinhos pelo rosto.
-Bom dia princesa... Que milagre aconteceu que você acordou antes de mim? - Questionei preocupado que ela estivesse sentindo algo ou passando mal de novo, já que Mia acordar espontaneamente antes do meio da manhã era algo inédito.
-Amor eu simplesmente dormi umas vinte horas ontem, eu gosto de dormir, mas não tanto assim. - Respondeu rindo e se estreitando em meus braços aceitando o abraço que eu dava.
-Hummm, tenho as minhas dúvidas quanto a isso Bela Adormecida, mas já que a senhorita acordou cedo e de bom humor, o que acha de nós aproveitarmos e ir pra praia curtir a manhã com o pessoal?
-Acho uma ótima ideia! Nós vamos fazer o passeio que você falou ontem de tarde?
-Vamos! Eu já resolvi tudo, precisamos estar prontos às 13h.
Mia não sabia ao certo do que se tratava o passeio, só comentei que iria programar um mergulho para repetirmos o que fizemos em Cancún, então ela nem imaginava o que iria acontecer. Ficamos de preguiça mais uns minutinhos na cama, abraçados e trocando alguns beijos lentos, só pela sensação de sentir as nossas bocas em contato, mas logo levantamos nos arrumando para descer para o café.
Tomamos café tranquilamente comigo insistindo para que Mia comesse mais, já que ela ainda se queixava que seu estômago não estava cem por cento recuperado após o abuso de álcool, o que ela fez após eu chantageá-la dizendo que não iríamos no passeio se ela não comesse fazendo-a ficar com um bico emburrado naqueles lábios que sempre me dava vontade de morder. Nos dirigimos à praia para encontrar o pessoal que mais uma vez nos olhava como se fossemos a atração do local, já que tínhamos sumido desde a festa que aconteceu há mais de um dia.
-Quem é vivo sempre aparece, bom dia casal. - Falou Diego, seguido de vários outros "bons dias" do pessoal.
Roberta não se aguentou e levantou da espreguiçadeira onde estava deitada, parando em frente a Mia a analisando como se conferisse que ela realmente estava bem. Ri de sua atitude, recebendo um olhar reprovador da ruiva no mesmo instante.
-Você ainda ri né Miguel? Não é engraçado, você sabe muito bem que ela não costuma beber e não cuidou da tua namorada como deveria.
-Porque foi bem eu que ofereci mais bebida quando ela já estava bêbada... - Me defendi recebendo, dessa vez, além do olhar reprovador um tapa no ombro que me esquivei rindo.
-Se eu precisei fazer isso foi pra não a deixar chorando por precisar competir pela tua atenção, então cala a boca que o errado é você e a partir de hoje fique sabendo que terá que reconquistar a minha confiança para cuidar da Barbie.
-Hey, eu estou aqui! - exclamou Mia soltando a minha mão, cruzando os braços e aumentando ainda mais o bico – Eu não sou criança, parem de me tratar como se eu fosse, eu bebi porque quis, a culpa é minha e acreditem quando eu falo que ainda estou arcando com as consequências.
-Nós sabemos muito bem que você não é criança Barbie, mas é a minha irmãzinha ingênua pra vida que acredita em amor eterno, unicórnios rosas e na bondade das pessoas, então precisa de cuidado sim! Se o seu único neurônio já não funciona normalmente, imagina banhado em álcool, você vai acreditar em tudo que te falarem e vai ficar exposta à maldade das pessoas. Infelizmente o mundo não é um conto de fadas.
-Porra Roberta, você tá parecendo a Alma me xingando! Não era pra você ser a irmã vida louca que me incentiva a fazer as merdas da vida? O papel de certinha definitivamente não combina com você!
-Mas eu sou! Não estou dizendo que você tá errada e que não deve beber, estou brigando com o Miguel que estava tão atento que quando viu você já estava caindo de bêbada.
-Ele cuidou muito bem de mim depois.
-Eu vi como ele cuidou bem de você pela maneira que saíram daquele banheiro. - falou nos lançando um olhar malicioso enquanto Mia ficava vermelha instantaneamente.
-Amor... - choramingou com uma vozinha manhosa se posicionando na minha frente e me olhando como se pedisse socorro. A abracei e ela escondeu o rosto no meu peito enquanto eu lançava um olhar fulminante para Roberta falando apenas com os lábios "Qual a necessidade?" para que Mia não escutasse, beijando o topo de sua cabeça logo depois para tranquilizá-la.
-Relaxa Barbie, ninguém mais percebeu. - Falou me direcionando um olhar que na verdade demonstrava que essa não era bem a verdade.
Dentre as coisas que mudaram drasticamente no último ano, com certeza no topo da lista estava a relação entre Mia e Roberta: o que começou com uma verdadeira guerra quando se conheceram, com o tempo se tornou simpatia, posteriormente amizade e no último ano tinha virado uma verdadeira relação de irmãs, onde sim, elas implicavam o tempo todo uma com a outra, mas também se protegiam e acima de tudo, zelavam pelo seu bem estar.
O último ano foi bem complicado para a minha namorada que viveu uma verdadeira sucessão de notícias ruins que foram minando sua saúde mental: eu assumia completamente a culpa pelo nosso término pavoroso devido à traição com Sabrina, o que a deixou extremamente perdida por se sentir traída não apenas por mim, como também por todos na escola que sabiam o que havia acontecido e não a alertaram. Mia sempre possuiu problemas de confiança e sensação de não ser amada, essa situação foi o gatilho que faltava para reacender todos esses sentimentos dentro dela que pensava estar completamente sozinha, sem namorado e sem amizades verdadeiras. Logo após veio o baque da descoberta sobre a mãe biológica, a raiva pela mentira do pai e mais uma vez a sensação de que não poderia confiar em ninguém. A decepção por sentir-se mais uma vez abandonada pela mãe e o desespero pelo meu acidente e a perda de memória foram a gota que faltava para o copo transbordar e levarem a um quadro de depressão.
Quando isso aconteceu, quem percebeu que algo não estava bem foi Roberta, notando que Mia tinha se isolado, saía pouco do quarto, passava dormindo a maior parte do tempo, quase não comia o que a fez perder bastante peso, caiu de rendimento na escola e chorava praticamente o dia todo. Por Roberta ter percebido os sinais cedo, antes que qualquer outra pessoa, ela se aproximou de Mia fornecendo todo o suporte que ela precisava e incentivando-a a procurar ajuda profissional. Nos shows que fazíamos quando eu ainda estava sem memória, Roberta estava sempre ao entorno de Mia fazendo com que ela comesse, lembrando-a de tomar as medicações e a animando quando necessário, me fazendo admirar ainda mais a relação das duas e ser extremamente grato por minha cunhada ter fornecido o apoio que ela precisava.
Devido a tudo isso, mesmo que hoje tenhamos superado esse momento sombrio e que Mia já distribuísse sorrisos por todos os lados, sinto que Roberta jamais vai perder o senso de proteção e cuidado que desenvolveu com Mia nesse período e eu não poderia estar mais feliz pelo amor e cuidado direcionado à mulher da minha vida.
Passado o constrangimento de Mia pelas provocações de Roberta, os meninos me convidaram para ir jogar futebol na areia e eu me despedi de Mia com um selinho um pouco mais demorado, indo em direção ao Diego, Santos e Théo que fariam parte do meu time, sendo recebido por eles já com as piadinhas de sempre.
-E aí Miguel, depois do que aconteceu na festa eu estou na dúvida se você ficou esse tempo todo trancado no quarto cuidando da Mia ou fazendo outra coisa...? - disse Diego com um sorrisinho malicioso.
-Ele disse que estava cuidando, mas não falou de que forma... - completou Santos.
-Vocês querem calar a boca? Ela ficou realmente mal, fiquei preocupado, e o pior é que a culpa de tudo foi minha.
-Roberta fala que a Mia só tem um neurônio, mas na verdade acho que ela confunde com você, porque puta merda Miguel, parece que você não aprende! - Externalizou Théo.
-Eu sei que sou um idiota, mas vocês estavam todos lá assistindo eu fazer merda e não fizeram nada pra me alertar, se não fosse Santos eu não quero nem pensar no que poderia ter acontecido. Valeu pela ajuda cara! - disse dando um tapinha no ombro de Santos que respondeu com um "estamos aí pra isso".
-Eu não sou babá de ninguém, você é bem grandinho pra saber o que faz e o que deixa de fazer. - Exclamou Diego e foi seguido de um "oooohhh" coletivo do restante dos meninos.
-Você tá convivendo demais com a Roberta para o meu gosto, ela tá fazendo tua mente contra mim. Com amigos desses, quem precisa de inimigos. - respondi.
-E você tá convivendo demais com a Mia que já tá até aprendendo a fazer chantagem emocional. Para de drama que você sabe que tá errado! - rebateu.
-Eu sei seu idiota - respondi rindo – Vamos jogar que eu não estou gostando desse assunto.
-A verdade dói Miguel. - Completou Diego arrancando uma gargalhada dos outros e Théo completou com um "poderia ter ficado sem essa".
Logo começamos a jogar em meio a brincadeiras e piadas de duplo sentido. Um tempo depois marquei um gol e procurei Mia com o olhar vendo-a distraída em meio as meninas, gritei o seu nome chamando a atenção de todos, e quando ela me olhou fiz um coração com as mãos mostrando que o gol era pra ela. Recebi um sorriso lindo em troca com um grito de "lindo" e um beijinho que fiz questão de retribuir, dando mais motivos para ser zoado pelos meninos. Eu ri sem dar importância, amava essa menina mesmo e não estava nem aí para o que falassem.
POV Mia
Já estávamos há algumas horas na beira da praia, Miguel jogava com os meninos e eu batia papo com as meninas, dando risada de todas as histórias que aconteceram na festa. Fiquei feliz em saber que não fui a única a terminar a noite vomitando ou que tinha passado vergonha de alguma forma, até Lupita que era a nossa madre Tereza de Calcutá havia terminado a noite bêbada e segundo Roberta, aparecido no quarto só pela manhã, o que a fez enrubescer e afirmar com convicção que não tinha acontecido nada demais.
Todas às vezes que alguém tentava questionar algo sobre a minha briga com Miguel na festa, que aparentemente foi um show visto por toda a turma, Josy e Roberta desviavam o foco da conversa e eu lhes direcionava um olhar agradecido. Com toda a certeza eu não estava afim de tocar nesse assunto, nós tínhamos nos resolvido, eu tinha desculpado, mas definitivamente não havia esquecido e não tinha porquê ficar jogando sal na ferida antes de cicatrizar.
Fiquei observando Miguel alguns minutos e vi que seus ombros estavam ficando vermelhos pelo sol, me levantei e gritei o nome dele ainda distante do local onde eles jogavam com medo de levar uma bolada, não tinha boas memórias com bolas vindo em direção a minha cabeça graças a insuportável da Polly Pocket. Miguel se dirigiu a mim assim que me ouviu o chamando.
-O que foi princesa? Tudo bem?
-Comigo sim, você que está ficando todo vermelho, não passou protetor solar?
-Esqueci... - disse fazendo uma careta e eu neguei com a cabeça.
-Pelo amor de Deus, o que seria da sua vida sem mim? - brinquei envolvendo meus braços em seu pescoço e me estreitando contra ele.
-Eu não existiria, não existe Miguel sem Mia – falou me dando um selinho e se afastando quando eu tentei aprofundar o beijo, o encarei com um olhar de interrogação e ele explicou – Eu estou todo suado amor, estava correndo no sol todo esse tempo...
-Não me importo... - me estreitei mais contra ele buscando novamente seus lábios e sendo correspondida dessa vez.
-É? - perguntou sussurrando, apertando os braços em torno da minha cintura e mordiscando meu lábio inferior.
-É! - confirmei sugando a sua língua e a aprofundando o beijo salgado pelo gosto de mar e suor.
-Você precisa passar protetor... - afirmei quando corri as mãos pelos seus ombros e ele reclamou pela sensibilidade da pele queimada.
-Entra no mar um pouquinho comigo? Eu preciso me livrar um pouco da areia e do suor pra poder passar o protetor. - Me pediu com um biquinho fofo, me fazendo assentir.
Miguel me colocou em suas costas correndo em direção ao mar me fazendo gargalhar segurando firme no seu pescoço. Quando a água começou a bater nas minhas pernas dei um gritinho pelo choque da minha pele quente com a água gelada, fazendo com que Miguel risse e soltasse no mar sem que eu esperasse, me molhando inteira de uma só vez.
-Argh, deixa de ser chato! - reclamei assim que emergi da água.
-Eu sou chato? - me olhou provocando.
-É! - falei entre risos e recuando alguns passos, porque o olhar dele era ameaçador como se dissesse que eu iria pagar por chamá-lo de chato.
-Não adianta fugir... - correu na minha direção me pegando pela cintura enquanto eu esperneava e ele me jogava na água de novo. Segurei firme em seu pescoço e entrelacei minhas pernas em sua cintura em uma tentativa bem sucedida de derrubá-lo comigo, no melhor sentido "se eu cair, você também cai". Miguel levantou comigo ainda agarrada a ele com medo que ele me jogasse na água de novo e assim que meu dorso saiu da água o vento bateu e eu me arrepiei com frio.
-Tá frio fora da água amor... - me queixei com voz de bebê me estreitando ainda mais a ele, sentindo-o me abraçar e afagar meus braços arrepiados pelo vento.
-Eu vou te aquecer... - prometeu em um tom que dava a entender que ele faria muito mais que isso.
Miguel nos levou um pouco mais para o fundo onde a água batia um pouco abaixo dos meus seios e me largou em sua frente, envolvendo a minha cintura com um braço e levando a outra mão para entre os meus cabelos, puxando-os com força e segurando a minha cabeça no lugar para que ele me beijasse da forma que quisesse. Enfiou a língua na minha boca, a procura da minha, sugando-a com vontade assim que a encontrou me fazendo gemer e arranhar a sua nuca quando senti a mão que até então apertava a minha cintura, descer um pouco mais e esmagar a minha bunda sem nenhuma delicadeza.
-Passou o frio? - questionou com um sorrisinho malicioso de quem sabia muito bem que eu já estava fervendo por dentro.
-Cretino! - exclamei balançando a cabeça em negação - Amor, meu frio tá voltando, o que você vai fazer? - menti o provocando com uma carinha de inocente.
-Você deveria trabalhar na televisa, estamos perdendo dinheiro. - Afirmou rindo da minha atuação, voltando a apertar a minha cintura e descendo beijos pelo meu pescoço. - Não posso deixar o meu amor com frio, né? - sussurrou no meu ouvido, entrando na minha brincadeira e mordiscando o lóbulo da minha orelha.
-Não... - respondi, suspirando, já afetada pelos seus carinhos.
Suas mãos voltaram a me acariciar em baixo da água, apertando a minha bunda, passando pela minha barriga e coxas. Meus seios ardiam pela necessidade de serem tocados, sabendo que o meu desejo era impossível de ser atendido no momento pelo local em que estávamos, me estreitei ainda mais a ele, esfregando como dava meus seios no seu peitoral em uma tentativa desesperada de obter algum alívio.
-Porra Mia... - exclamou com a voz rouca pela excitação, forçando o quadril contra o meu, me fazendo sentir a ereção que se formava e mostrando que não era apenas eu que estava perdendo o controle - Você ainda vai ser o motivo da minha morte menina... Olha pra mim.
Ergui os olhos e ficamos nos olhando intensamente, eu tinha meus dois braços buscando apoio nos seus ombros e me olhando fixamente ele desceu uma das mãos esfregando o meu clitóris por cima da parte de baixo do biquíni, me fazendo ofegar de prazer e ao mesmo tempo olhar preocupada em volta para ver se alguém estava percebendo o que estávamos fazendo. Contudo, todos estavam alheios ao nosso momento que para quem via de fora não passava de um casal abraçados na água.
-Shiuu, olha pra mim! - mandou me fazendo o encarar de novo - É só você e eu, só nós dois, fica olhando pra mim! - falou autoritário desviando do meu biquíni e fazendo movimentos circulares com o dedo em meu clitóris. Mordi o lábio tentando controlar os gemidos que imploravam por sair da minha boca.
-Nossa, você tá sempre quente, sempre molhadinha pra mim Mia... - exclamou quando sentiu minha umidade ao deslizar um dedo para dentro de mim me fazendo gemer alto e ele me mandar um olhar reprovador virando para os lados pra ver se alguém havia percebido.
-Miguel, eu não consigo controlar... - choraminguei tentando ter controle das minhas ações, sentindo-o colocar outro dedo dentro de mim e rebolando na sua mão.
Ele levou a mão livre a minha nuca e direcionou o meu rosto para o vão entre o seu pescoço e ombro, de uma forma que o corpo dele e o meu cabelo escondiam as minhas expressões faciais e abafavam o som dos meus gemidos.
-Você quer gemer? - exclamou no meu ouvido aumentando a velocidade de seus movimentos me fazendo choramingar em resposta e me agarrar mais forte a ele sentindo que minhas pernas estavam perdendo as forças - Geme, Mia! Me deixa ouvir você então... - exigiu levando o polegar a friccionar o meu clitóris me fazendo delirar pela combinação de estímulos e obedecer gemendo contra o seu pescoço.
Uma de suas mãos ainda segurava minha cabeça no seu ombro, fazendo um carinho gostoso nos meus cabelos em contradição a agressividade de seus movimentos em baixo da água que estavam me fazendo enlouquecer. Além de todos os estímulos fornecidos por Miguel, o fato de estarmos em um local público, com pessoas em volta alheias ao que ocorria, dava um toque extra de excitação.
-Miguel, eu vou gozar...- avisei em um gemido sôfrego.
-Goza amor, goza pra mim.
-Me segura...- pedi porque eu tinha certeza que iria perder o controle que me restava nas pernas.
-Sempre! - exclamou beijando a minha cabeça e intensificando ainda mais os movimentos.
Alguns segundos depois, arquejei gozando e mordendo o seu ombro na tentativa de abafar o grito que queria dar, como esperado minhas pernas fraquejaram e Miguel sustentou o meu peso levando o braço para em torno da minha cintura, me mantendo apoiada no seu corpo e deixando diversos beijinhos no topo da minha cabeça enquanto eu suspirava tentando recuperar o fôlego.
Quando fui retomando o controle sobre o meu corpo, ergui a cabeça de seu ombro vendo a marca nítida dos meus dentes em seu ombro, deixei um beijinho leve em cima me desculpando.
-Desculpa amor, tá doendo?
-Não, relaxa. Não tem problema princesa, é bom saber que minha gatinha manhosa não apenas arranha, como também morde. - falou sorrindo e fazendo carinho na minha bochecha enquanto eu o olhava ciente da minha cara de boba.
-Não adianta fazer essa carinha meiga pra mim, porque agora você não me engana, eu sei muito bem do que você é capaz. - brincou apertando o meu nariz e senti o rubor preencher a minha face – Agora, depois de tudo, você cora? - riu, beijando o topo da minha cabeça e murmurando contra os meus cabelos – O que eu faço com você?
-Me ame bastante. - Respondi fazendo a melhor cara fofa que podia.
-Eu amo. Amo mais que tudo nessa vida. - Falou me apertando mais em seus braços e selando os seus lábios nos meus carinhosamente. Com esse movimento pude sentir sua ereção formada contra a minha barriga me fazendo questioná-lo:
-Amor... e você? - perguntei sem jeito, recebendo um olhar de dúvida em resposta que deixava claro que Miguel não fazia a menor ideia do que eu estava falando – Bom... você me fez gozar e... bem... você não... - tentei a todo custo formular uma frase coerente, sem sucesso, gaguejando e me atrapalhando com as palavras, fazendo Miguel sorrir.
-Tá tudo bem princesa, não se preocupe com isso. - Me tranquilizou, sorrindo e dando um beijo na minha testa.
-Não é justo só eu sentir prazer!
-Não foi só você que sentiu prazer amor. Você acha que eu não fico morrendo de tesão em fazer você gozar? Em te ouvir gemer o meu nome? Em saber que é pra mim que você dá todos os seus orgasmos? Não existe sensação melhor do que proporcionar prazer pra mulher da sua vida, acredite em mim.
-Eu queria poder retribuir. - Constatei em um tom de desculpa.
-Você pode retribuir mais tarde – me olhou malicioso – Relaxa amor. - Completou beijando a minha testa.
Ficamos mais uns minutos ali, de chamego, dando um tempo para Miguel "se acalmar" e não deixar evidente a todos o que estávamos fazendo assim que ele saísse da água. Eu me sentia radiante, feliz, amada e segura como nunca antes, isso me fazia ficar extremamente grudenta com Miguel que não parecia nem um pouco incomodado com esse fato. Quando saímos da água, passei protetor em Miguel e ele repôs em mim, falando que eu era hipócrita porque brigava com ele, mas também estava me queimando por ficar deitada diretamente no sol, discursou sobre como isso fazia mal para pele e que poderia causar até câncer, me convencendo a deitar com ele em uma espreguiçadeira que ficava em baixo de um guarda-sol para nos proteger. Permanecemos ali, conversando com o pessoal até o horário de irmos para o nosso passeio, fui levada por Miguel que me guiava até o local, porém quando nos afastamos um pouco ele pegou um lenço que enfeitava a minha bolsa, o tirando e vendando os meus olhos.
-Amor, o que você está fazendo? Você sabe que eu morro de curiosidade... - Eu era extremamente ansiosa e curiosa, nos natais quando fazíamos amigo secreto eu ficava azucrinando o Miguel até ele me dizer quem havia tirado.
-Calma amor, já estamos chegando... Confia em mim que vai valer a pena.
Caminhamos mais um pouco com Miguel me guiando até que ele me pegou no colo, me fazendo gritar, andou mais alguns passos me colocando no chão e finalmente retirou a venda. Pisquei algumas vezes, me acostumando novamente com a luminosidade do sol, e olhei em volta. Estávamos dentro de um iate que já se movimentava em direção ao alto mar, sem mais ninguém que eu conseguisse enxergar, ao nosso lado havia uma bancada com drinks, sucos e aperitivos, o sol brilhava em cima de nós e a trilha sonora era o barulho das ondas quebrando no iate.
-Nós temos um iate só pra nós? - questionei ciente do meu olhar abobalhado e do sorriso que ameaçava partir a minha cara.
-Bem, só pra nós e para o condutor que está na cabine e só saíra de lá quando for nos ajudar no mergulho. Você gostou da surpresa? Quando fomos pra Cancún não podemos passear no iate como queria...
-Eu amei amor! Meu Deus, não consigo acreditar. - Falei dando pulinhos no lugar, ainda encantada com tudo, mas logo me lembrando do motivo pelo qual não pudemos fazer o passeio em Cancún. - Amor, deve ter sido um absurdo de caro... - o olhei preocupada porque sabia que ele jamais aceitaria que eu usasse o dinheiro do meu pai para pagar os nossos luxos e o nosso dinheiro estava sendo muito bem guardado para o futuro.
-Essa foi a melhor parte – disse rindo – Tudo que eles querem em troca é alguma publicidade nos nossos perfis no instagram.
-Não acredito!!!! - exclamei chocada – E eu idiota fazendo propaganda dos lugares que a gente ia e das roupas que eu uso sem pedir nada em troca. Vou querer no mínimo um desconto a partir de hoje.
-Sim amor, eu também fiquei pasmo, precisamos agradecer a Roberta depois porque foi ela que conseguiu organizar tudo.
-Roberta é maravilhosa. Nunca duvidei!
-Sei... Quem não conhece o passado de vocês até acredita vendo essa tua carinha de santa. - brincou beliscando a minha barriga enquanto eu me esquivava.
Logo começamos a comer os lanchinhos que estavam ali, pois Miguel tinha uma verdadeira obsessão em me fazer comer, ficou falando que fazia muito tempo que tínhamos tomado café e insistiu para que comêssemos os petiscos que haviam preparado para o nosso almoço. Tinham também vários drinks, com batidas de frutas tropicais que tomamos só após terminar o almoço, Miguel estava tão traumatizado com a minha bebedeira que a cada gole de coquetel que eu ingeria ele me fazia tomar praticamente um copo de água, me fazendo rir da cara de desespero dele. Terminamos de comer e ficamos ali nos curtindo e curtindo a paisagem, fiz alguns stories para o instagram, um mostrando o iate, os petiscos e a paisagem, apenas marcando o lugar em que estávamos e o outro era uma selfie em que eu estava deitada no peito de Miguel sorrindo enquanto ele beijava a minha testa, com a legenda: "Déjame vivir cerca de ti, siempre a tu lado", um trecho de uma música que entraria no próximo álbum de RBD e que eu e Miguel havíamos escritos juntos após a nossa reconciliação quando ele recuperou a memória. Dessa forma, eu não apenas fazia o publipost que precisávamos, como também gerava curiosidade e engajamento em cima de uma das nossas músicas que ainda não havia sido lançada. Miguel repostou nos seus stories acrescentando outra parte da música: "a pesar de lo difícil, a pesar de los tropiezos, a tu lado, nada me da miedo" e foi o suficiente para as notificações explodirem, nos fazendo largar o celular para que pudéssemos curtir nosso dia juntos.
Logo nos preparamos para o mergulho, eu estava muito ansiosa, um misto de nervosismo e felicidade e não conseguia parar de dar pulinhos no lugar fazendo Miguel rir da minha empolgação. Ele me ajudou a colocar a roupa e todos os equipamentos necessários e antes de entrarmos na água pediu para o instrutor tirar fotos nossas quando estivéssemos mergulhando para guardar de recordação, foi a minha vez de rir. Miguel parecia meu pai com essa história de tirar fotos, ele estava sempre com o celular na mão, tirando fotos ou gravando. Quando eu menos esperava, olhava para o lado e ele estava com a câmera apontada para mim, no começo essa mania dele me irritava muito porquê eu morria de medo de não sair bem nas fotos e sempre me produzia demais antes, mas com o tempo Miguel foi me mostrando o quando ele me achava ainda mais linda nesses momentos espontâneos e eu comecei a achar até fofinho da parte dele. A galeria do celular do meu namorado era uma infinidade de fotos minhas de todas as maneiras possíveis: dormindo, comendo, mexendo no celular, estudando... já tinha me acostumado, desde que ele não postasse nas redes sociais estava tudo certo.
O mergulho foi incrível, a beleza de tudo que vimos foi indescritível, o único ponto negativo foi não poder comentar cada detalhe com Miguel. Normalmente eu ficava tão animada com tudo que me desembestava a falar sobre cada detalhe do que estávamos vendo, Miguel brincava que eu o deixava tonto de tanto tagarelar, mas assim que retomamos a superfície e retiramos as roupas de mergulho, foi questão de segundos até eu começar.
-....e você viu que passou um golfinho do nosso lado? Um GOLFINHO! E ele era muito fofo.
-Amor você já falou isso umas dez vezes – disse rindo enquanto eu saltitava no mesmo lugar incapaz de ficar parada devido a adrenalina ainda pulsando dentro de mim.
-Eu sei, mas eu não consigo superar que eu estava do lado de um golfinho! - respondi ciente do sorriso que ameaçava rasgar a minha cara observando Miguel me olhar com um sorriso de canto e um brilho nos olhos que me dava a certeza que ele estava tão feliz quanto eu.
-O que eu não faria nessa vida pra ver esse sorriso lindo no seu rosto? - inclinou o rosto me dando um selinho ainda salgado pela água do mar, fofo demais com os cachos molhados grudados na testa.
-Bobo... amo você! - dei mais alguns selinhos, me afastando em seguida e o olhando para provocá-lo - Então você admite que o golfinho foi DEMAIS, não é?
Miguel gargalhou dessa vez.
-Quem liga pra golfinhos quando se tem uma sereia dessas do lado? - respondeu com um sorriso malicioso e foi a minha vez de gargalhar.
-Meu Deus você é muito cafajeste mesmo! Galanteador nato heim Miguel... - provoquei depois dessa cantada péssima.
-Só com você amor!
Ele me abraçou e ficamos assim, nos curtindo, aproveitando o sol, o mar e o nosso amor. Algum tempo depois o sol começou a se pôr nos proporcionando um verdadeiro espetáculo, Miguel entrou no interior do iate retornando com um violão e nós cantamos diversas músicas juntos enquanto ele tocava. Quando fomos cantar "A tu lado", música que compomos juntos, inspirados um no outro logo após ele recuperar a memória, Miguel posicionou o celular na nossa frente para nos gravar. O vídeo ficou incrível, nós dois nos olhando apaixonadamente, cantando juntos essa que era a trilha sonora que escrevemos para representar a nossa história, sendo banhados pelo pôr do sol mais lindo que eu já tinha presenciado na vida, com os raios incidindo exatamente atrás dos nossos rostos como se abençoasse o nosso amor. Meus olhos encheram de lágrimas quando olhei o resultado do vídeo e com a autorização do nosso produtor que acreditava que a divulgação da história por trás da música daria mais engajamento ao single, postamos no feed do nosso instagram contando o que aquela música significava para nós na legenda.
"A pesar de algunos cuentos
Y la lluvia en el camino
A tu lado, sé que está el destino
A pesar del viento fuerte
A pesar de los naufragios
A tu lado, sé que estoy a salvo
Tú me vuelves invencible
No conozco lo imposible
Si volteo y te encuentro aquí
A la orilla de algún beso
A la orilla de tus manos
Déjame vivir siempre a tu lado
A la orilla de un suspiro
A la orilla de tu abrazo
Déjame vivir siempre a tu lado
Siempre a tu lado
Siempre a tu lado
A pesar de la tormenta
Que golpea nuestra barca
A tu lado, siempre estoy en calma
A pesar de lo difícil
A pesar de los tropiezos
A tu lado, nada me da miedo
Tú me vuelves invencible
No conozco lo imposible
Si volteo y te encuentro aquí
Déjame vivir cerca de ti, siempre a tu lado"
Aproveitando aquela luz incrível, tiramos mais algumas fotos juntos, Miguel que agora tinha quase a experiência de um fotografo profissional de tantas fotos que tirava, posicionou o celular novamente em um ângulo que ele considerou "ótimo" e programou para que ele disparasse diversas vezes. O resultado foi uma sequência linda de fotos que transmitiam emoção e movimento, como o meu namorado tinha me ensinado a apreciar: não eram imagens pousadas, eram espontâneas e revelavam exatamente o que estávamos sentindo no momento. Acabei por escolher três delas em uma sequência para postar no feed e completar o nosso publipost: na primeira imagem Miguel me erguia no alto pela cintura, eu tinha os meus braços abertos e nós dois gargalhávamos abertamente, na segunda já nos encontrávamos na mesma altura, com os rostos bem próximos, sorrindo apaixonadamente um para o outro com Miguel enlaçando a minha cintura com os braços enquanto a minha mão direita repousava no seu rosto e na terceira nós finalmente nos beijávamos com meu namorado me inclinando ligeiramente para trás. Todas elas banhadas e iluminadas pelo sol que era a única testemunha da nossa felicidade naquele momento.
Já estávamos voltando para a praia quando o meu celular começou a tocar desesperadamente, eu estava tão absorta no nosso momento que não percebi que alguém estava me ligando, pois há muito tempo ele se encontrava sempre no silencioso apenas com a vibração ativada. Quando finalmente Miguel percebeu que ele tocava, já haviam três ligações perdidas: uma da minha mãe e duas do meu pai. Fiquei nervosa instantaneamente, pois apenas uma tragédia os levaria a me ligar assim. Eu falava com o meu pai todos os dias de noite, ele sabia que eu ligaria por volta das nove, era o horário que sempre conversávamos por chamada de vídeo, ele estar ligando antes disso me acendia um sinal de alerta. Porém, o que verdadeiramente me desesperava, era a ligação da minha mãe, pois nós raramente falávamos pelo celular, o nosso pouco contato era mantido por insistência minha e em sua maioria eram mensagens no whatsapp, além de almoçarmos juntas uma vez na semana. Fazendo uma busca rápida pela minha mente não lembro de uma única vez que ela tenha me ligado espontaneamente, o que me fazia ficar ainda mais nervosa. Retornei rapidamente a chamada para o meu pai e ele atendeu no primeiro toque para o meu alívio.
-Pai? Tá tudo bem? - perguntei nervosa e sob o olhar apreensivo de Miguel que também tinha estranhado tudo aquilo e fazia um carinho na minha mão na tentativa de me tranquilizar.
-Isso você é quem vai me dizer Mia. - falou em um tom de voz que me fazia estremecer, pois eu sabia muito bem que ele só falava assim quando eu estava encrencada. Procurei mentalmente todas as merdas que eu havia aprontado na vida, em busca do possível motivo daquele ataque, mas só conseguia pensar no quarto do hotel que era impossível ele saber nesse momento. O que eu tinha feito de errado?
-Como assim pai? Não estou entendendo.
-Mia, a sua mãe acabou de me ligar desesperada me falando que todos os sites de fofoca estão noticiando que você VAI CASAR! É bom você ter uma boa explicação, porque eu ainda sou o seu pai, você é menor de idade, mora comigo, vive as minhas custas e nem que eu estivesse louco permitiria que você casasse com 17 anos!
-Casar?! Quando? De onde saiu isso?
-Está em todos os sites de fofoca, eles estão mostrando a foto que VOCÊ postou no SEU instagram, onde da perfeitamente pra ver um anel reluzindo na sua mão direita. Eu pensei até que poderia ser invenção ou photoshop, mas está no SEU instagram!
-Pai, se acalma e para de gritar que eu não sou surda! - cortei o surto psicótico do meu pai porque eu não era obrigada a aguentar, já fervendo de raiva por dentro. Miguel me encarava agoniado querendo saber o que estava acontecendo.
-Mia...
-Para! Você não quer uma explicação?! Então ouve o que eu tenho pra falar antes de sair acreditando em tudo que você lê nas colunas de fofoca e nas minhocas que a minha mãe coloca na sua cabeça - eu podia ouvir meu pai bufar do outro lado do telefone, respirei fundo e continuei – Sim, eu vou casar em algum momento do futuro! Sim, foi o Miguel que me deu o anel que era do noivado da mãe dele...
-Você só pode estar brincando comigo Mia, você tem 17 anos! Não vou deixar você cometer essa loucura...
-Eu falei que vou casar em algum momento do futuro, não que vou casar amanhã! Será que você não está me ouvindo?! Não é porque o Miguel me deu um anel que vamos fugir e casar no outro dia. Diferente do que você pensa, não somos dois irresponsáveis, vamos fazer faculdade, juntar dinheiro, casar quando tivermos estabilidade... Tem noivados que duram anos, o casamento não vai ser agora, pelo amor de Deus! - terminei revirando os olhos de ódio, mesmo que ele não conseguisse ver a minha expressão. Esse tipo de surto era o motivo pelo qual queríamos nossa independência financeira antes de casar, não queria sair de casa e continuar dando satisfação das nossas vidas, quando eu saísse era para ser completamente independente – E outra, esse anel está no meu dedo há mais de uma semana, Miguel me deu no dia da formatura e eu não tirei mais, ele ficou ali o tempo todo e nem você, nem a minha mãe perceberam... Esse é o tanto que vocês prestam atenção em mim, não perceberam o anel e agora vem surtarem por uma reportagem de um site de fofoca!
-Mia, você sabe que não é assim, é claro que prestamos atenção em você...
-Tudo bem, você eu até entendo porque homem é meio desligado pra esses detalhes, além disso eu tenho certeza que esse surto todo foi porquê a minha mãe deve ter colocado um monte de coisas na sua cabeça. Você sabe que ela não é muito fã do Miguel, não pode cair em tudo que ela fala pai, você nos conhece.
-Eu sei filha, desculpa pelo surto, mas é justamente por conhecer vocês que eu não duvidaria. Vocês fugiram pra Cancún sozinhos, pelo amor de Deus! O passado condena os dois – falou já em um tom de voz mais ameno, me mostrando que o surto havia terminado e eu ri da colocação dele porque éramos loucos mesmo – Se ele te deu o anel na formatura, por que não conversaram comigo depois disso?
-Nós iríamos, mas primeiro vocês estavam ocupados na empresa e depois eu e o Miguel brigamos e ficamos a semana toda sem nos falar direito... Não tinha clima pra jantar em família. Combinamos de falar na volta da viagem, além disso todo mundo meio que percebeu, Helena e Alma notaram no mesmo dia... Alma não tá em casa pra te tranquilizar?
-Eu ainda estou na empresa, ela nem sabe que te liguei.
-Bom, quando chegar em casa pode pedir mais detalhes pra ela, conversamos horas sobre isso.
-Você não sabe como eu fico feliz por vocês se darem tão bem, por ela ser essa referência que você tanto precisava.
-Ela é muito mais minha mãe do que a minha mãe.
-Eu sei... Bem, agora que eu já estou mais tranquilo e não corro mais riscos de infartar, vou deixar vocês aproveitarem o passeio de vocês. Na volta marcamos um jantar aqui em casa pra oficializar esse noivado que deve durar no mínimo uns dez anos.
Rimos juntos dessa vez.
-Combinado. Beijos pai, amo você.
-Também te amo meu amor, se cuida.
Assim que desliguei a ligação toda a mescla de sentimentos que senti durante a conversa me tomou de uma maneira que eu achei que iria explodir. Senti muita raiva pelo surto ter estragado a felicidade imensa que eu estava sentindo há dez minutos, por ter quebrado um momento lindo que Miguel tinha feito questão de preparar para mim. Raiva porquê a minha mãe nunca tinha me ligado na vida, nunca ligou para perguntar se eu estava bem, se a viagem estava legal, para me convidar para sair... Mas assim que viu algo que ela considera errado, não apenas me ligou, como ao não conseguir falar comigo, ligou para o meu pai armando a maior cena por algo que ela nem sabia o que era e achando que poderia opinar algo sobre a minha vida. Me abandonou quando eu era um bebê, voltou dezessete anos depois como se nada tivesse acontecido, caiu de paraquedas na minha vida, me via uma vez na semana e achava que poderia opinar, que poderia interferir de alguma forma na educação que meu pai me dava. Eu implorei anos por essa intervenção, entretanto ela chegou tarde demais. Ela não me conhecia, não sabia nada sobre mim e não fazia questão de conhecer, me presenteou com um colar de prata na formatura desconhecendo o fato de que eu era alérgica ao material desde os cinco anos de idade, almoçávamos quase toda a semana em um restaurante perto do apartamento em que ela morava e quando eu chegava lá, ela já havia feito o pedido de comidas que eu odiava, mas que eu me forçava a comer só para agradá-la, assistimos à um suspense no cinema, quando na verdade eu estava ansiando para ver o novo filme de natal da Emília Clarke... Além de milhões de fatos, que eu poderia passar a tarde citando sobre como ela não me conhece. Eu implorava por atenção há meses, finalmente havia recebido, infelizmente não da forma que eu gostaria.
A verdade é que ela não gostava da importância que o relacionamento com Miguel tinha na minha vida, me falava que eu era muito nova, que estávamos sérios demais, que eu ia acabar engravidando e estragar as minhas oportunidades de crescer. Obviamente, tudo isso era o que ela faria se tivesse a oportunidade de voltar no tempo: ela não teria casado cedo, não teria aberto mão do emprego, não teria engravidado, pois meu pai e eu havíamos "estragado" a juventude dela. Ela visivelmente descontava as frustrações que sentia em mim e isso era um fato que me machucava tanto que eu gastei no mínimo umas quatro seções de terapia falando apenas sobre esse tema. O fato de sabermos que ela seria contra o noivado, mesmo que os planos de casamento fossem a longo prazo, foi um dos motivos para adiarmos o jantar familiar para depois da viagem. Não queríamos vir com nada pesando na nossa mente ou em nossos corações, contudo nossos planos não puderam ser atendidos, já que agora eu sentia meu coração comprimido no peito pela atitude da minha mãe e pelos gritos que precisei ouvir do meu pai por culpa dela. Eu odiava quando meu pai gritava comigo, foram poucas as vezes que isso aconteceu, mas era algo que permanecia martelando na minha mente por dias.
Miguel sabia que eu não estava bem, por vezes eu pensava que ele me conhecia melhor que eu mesma, então assim que desliguei o celular ele não fez perguntas, mesmo que eu soubesse que ele estava morrendo de curiosidade para saber o que havia acontecido, ele, mais uma vez, colocou as minhas prioridades em primeiro lugar. Eu fui puxada para o seu colo e em segundos já estava aconchegada no seu peito em um abraço forte, recebendo cafuné e beijinhos na testa, enquanto finalmente expulsava aquela torrente de sentimentos de dentro de mim. Miguel me deixou chorar, em certo momento chegou a se assustar porque eu não conseguia controlar os soluços, mas alguns minutos depois já estava mais calma, aceitando o copo de água que Miguel me ofereceu e tendo as lágrimas secadas pelas suas mãos.
-De-desculpa estragar o clima do nosso passeio amor... - me desculpei ainda tentando controlar os soluços que saiam involuntariamente de mim, pois sabia que Miguel havia se esforçado para conseguir aquele momento só para a gente.
-Shiuu, não fala bobagem princesa, você não estragou nada... Além do mais, não é culpa sua toda a confusão que deu, eu deveria ter falado com o seu pai antes, sinto muito.
-Ninguém precisou contar pra sua mãe ou pra Alma, elas perceberam, assim como as meninas... Se ele não reparou nesse anel lindo no meu dedo não é problema nosso. - Me estreitei ainda mais no seu colo, com ele apertando mais os braços ao meu entorno no abraço que poderia curar qualquer sentimento ruim que existisse no mundo. Miguel era a minha âncora, aquele que me puxava de volta quando eu me sentia à deriva, meu porto seguro.
Permaneci ali recebendo seus carinhos e minha mente vagou para o mar de lembranças do dia em que ele me deu o anel. Ainda na escola, fui atacada por Roberta que foi a primeira a perceber e logo espalhou para o resto das meninas, Lupita saltitava tanto que achei que ficaria tonta, ficava repetindo a todo momento o quanto isso era romântico. Eu sabia que Helena havia reparado assim que fui cumprimentá-la, ela observou atentamente a minha mão, me dirigindo em seguida um sorriso lindo, me puxando para um abraço e sussurrando um: "você foi um presente em nossas vidas" no meu ouvido. Ela sabiamente não fez mais nenhum comentário, pois percebeu que havia muitas pessoas ao redor que ainda não sabiam da novidade e como não tivemos nenhum momento sozinha depois desse dia, não conversamos mais sobre o assunto. Contudo, a reação dela deixava claro o que eu já esperava: que ela estava extremamente feliz por nós e que aprovava a nova fase da nossa relação. Já com Alma, a conversa foi bem mais demorada, primeiro ela me chamou para acompanhá-la ao banheiro como uma desculpa para me questionar se o anel significa o que ela estava pensando que significava, quando assenti pude ver os seus olhos encherem de lágrimas em uma emoção genuína, me fazendo sorrir também emocionada ao ouvir "você está crescendo", seguido de um abraço e um beijo na testa. Posteriormente, conversamos com mais calma em casa, com ela me aconselhando e concordando com a nossa decisão de primeiro focar nos nossos estudos e garantir o nosso futuro, dizendo que tínhamos toda a vida pela frente, porque ela sabia que ficaríamos juntos para sempre assim que nos encontrou aos beijos no seu trailer alguns anos atrás. Dessa forma, trazendo lembranças felizes e pensamentos positivos a mente, pude me tranquilizar e quando desembarcamos eu estava bem mais calma.
Oiii amores, como vocês estão? 😍 Acabei me empolgando muito escrevendo esse capítulo e ele ficou enorme, então vou dividir em duas partes pra ficar melhor. Não me contive e tô postando essa primeira parte pra vocês antes mesmo de terminar a segunda. Me contem o que acharam, comentem bastante e deixem estrelinhas que assim que eu terminar a segunda parte volto aqui pra postar 💙Aproveitem o maior capítulo da fic até então com mais de 9 mil palavras hahaha
Aproveito pra indicar o perfil da Pierce-Emily que escreve fanfics maravilhosas que eu acompanho há anos, ainda na época pré-wattpad quando nos encontrávamos no nyah! , quem ai é dessa geração? 😂 A conta dela infelizmente foi derrubada e ela vai respostar as fanfics nesse novo perfil, então vamos ir lá dar bastante estrelinhas e incentivar o trabalho impecável dela que é uma das minhas inspirações.
PS: Ainda não respondi os comentários do capítulo passado, mas prometo responder ainda hoje 😁
Boa noite, beijinhos 😘💙
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