Capítulo 4 - Así soy yo

POV Mia

Eu sempre achava clichê quando as pessoas faziam aqueles discursos em momentos especiais dizendo "não existir palavras no dicionário para descrever os sentimentos naquele momento" ou que "felicidade era pouco para descrever o que se estava sentindo", achava clichê e brega, pensava ser apenas uma desculpa esfarrapada de alguém que não queria aprofundar ou externalizar os seus sentimentos, porém hoje posso dizer com certeza que me tornei quem eu mais temia.

Digo isso porque o estado de felicidade em que eu me encontro chega a assustar e eu finalmente consigo entender o que as pessoas diziam sobre não haver palavras suficientes para descrevê-la. Eu poderia dizer que sinto que meu coração vai sair do peito de tão forte que bate, que o meu estômago parece repleto de milhares de borboletas, que a minha pele arrepia e que uma corrente elétrica percorre o meu corpo cada vez que eu penso nele, mas nada disso faria jus ao real sentimento que habita o meu espírito nesse instante. Eu não consigo comer, dormir ou fazer qualquer outra coisa a não ser pensar o quanto a vida é linda e o quanto eu sou grata por ela.

Eu costumava pensar que nunca seria amada, que nunca teria alguém ao meu lado para acariciar os meus cabelos antes de dormir ou me abraçar quando eu estivesse triste. Afinal, foi assim durante a minha vida inteira, não é? Apesar de eu nunca ter tido dúvidas que o meu pai me amava imensamente, ele não foi um pai presente, eu chorava escondida quase todas as noites porque queria pais que jantassem comigo, que me perguntassem como foi a escola e me contassem uma história antes de dormir. Queria alguém com quem conversar, pedir conselhos e desabafar sobre o meu dia, entretanto, não era assim que funcionava. Minha mãe me abandonou quando eu era apenas um bebê e meu pai viajava muito a trabalho, dessa forma eu ficava sozinha nessa mansão enorme com milhares de empregados. Eram eles que me levavam e buscavam na escola, me ajudavam nas tarefas de casa, me levavam ao médico quando eu adoecia... tudo isso me magoava muito e obviamente não passava despercebido para os meus colegas de colégio que faziam questão de remexer na ferida e apontar que eu era a menina que ninguém se importava e que era criada pelos empregados.

Toda essa situação se tornou ainda pior na adolescência quando eu fui para o colégio interno, eu via cada vez menos o meu pai e com isso precisei encontrar uma forma de chamar atenção. Me tornei extremamente mimada, gastava horrores nos cartões de crédito e aprontava todas na escola, afinal para me deixar de castigo ele precisava aparecer, não é? Ao menos assim eu ganhava um momento da atenção do meu pai. Foi assim pelo que pareceu muito tempo, até o primeiro ano do ensino médio onde tudo começou a mudar. Nesse ano eu conheci o amor da minha vida, as duas "irmãs" que o destino me deu, novos amigos maravilhosos como a Lupita e ainda me trouxe aquilo que eu sempre pedi em todas as minhas orações: uma mãe.

Alma se comportou como minha verdadeira mãe nos últimos anos: me consolou quando eu chorava, apoiou os meus sonhos mais malucos fazendo o meio de campo com meu pai, conversou abertamente comigo sobre os mais diversos assuntos – incluindo sexo, me aconselhou e me corrigiu quando necessário. Eu me sentia muito mais à vontade com ela do que com a minha verdadeira mãe que vim a conhecer no último ano.

Eu amava a minha mãe biológica obviamente, com todo o meu coração, eu imaginei e sonhei com ela por muito tempo e sou extremamente grata por ela ter retornado a minha vida, mas confiança e intimidade era algo que se conquistava, não é? E infelizmente ainda não tínhamos atingido esse nível. Nós nos víamos toda a semana, conversávamos sobre assuntos aleatórios, mas sempre que a conversa se dirigia para o Miguel ou a banda eu sentia um tom de julgamento na sua fala, como se eu tivesse cometendo o maior erro da minha vida em me comprometer tão cedo e "perder" meu tempo cantando. Um dia quando a questionei sobre isso, ela apenas me respondeu que temia que eu cometesse os mesmos erros que ela. Entendam que por erros, ela se referia a casar e engravidar cedo. Não falei nada, mas aquela frase me machucou. Não é legal saber que você não passou de um erro na vida da tua mãe. Conversei com o Miguel e ele, como sempre, me fez enxergar o lado bom de tudo isso, me fazendo pensar em tudo que eu tinha e não naquilo que me faltava. Afinal, bem ou mal eu tinha uma mãe agora, um pai que me amava, duas irmãs implicantes que me apoiavam em tudo e Alma que foi a presença feminina que sempre idealizei ter dentro de casa. Me sobravam motivos para ser feliz.

Levando tudo isso em consideração, eu não precisei pensar duas vezes em optar por me abrir com Alma ao invés de minha mãe biológica. Eu estava extremamente feliz e queria compartilhar esse momento da minha vida com uma "mãe". Não tinha tido ninguém para contar quando aconteceu o meu primeiro beijo, mas agora era diferente e eu queria contar sobre a minha primeira vez.

Bati na porta do escritório, entrando logo em seguida. Alma terminava de preparar o setlist de seu próximo show e sorriu quando me viu, deixando os papeis de lado. Eram essas atitudes que enchiam meu coração de amor, eu sentia que finalmente era prioridade na vida de alguém.

-Oi Alma, posso entrar? - perguntei, já corando ao pensar o motivo que me levou a procurá-la.

-Claro meu amor, vem aqui, aconteceu alguma coisa? - falou parecendo preocupada com o meu nervosismo aparente.

Alma levantou da mesa se dirigindo ao pequeno sofá de dois lugares que tinha no escritório e me puxando para que eu me sentasse junto a ela. Ficamos em uma posição em que eu estava de frente pra ela e conseguia ver os seus olhos preocupados, mas que me transmitiam confiança, me passando a segurança de que independente do que fosse contar a ela haveria uma solução.

-Está... - comecei ainda envergonhada – Na verdade eu queria te contar uma coisa que aconteceu...- continuei ainda contorcendo as minhas mãos que estavam entrelaçadas sobre as minhas pernas e abaixando a cabeça para tentar esconder as minhas bochechas coradas atrás dos cabelos.

Ela pegou as minhas mãos com a sua fazendo um carinho tranquilizador e ergueu o meu queixo com a outra para que nossos olhares se encontrassem.

-Você sabe que pode me contar qualquer coisa, não sabe? Não precisa ter vergonha, não precisa ter medo... Você é minha filha Mia, não nasceu do meu ventre, mas nasceu do meu coração... seja o que for eu sempre vou estar do seu lado.

Eu tentava manter a tranquilidade porque sei que a estava assustando com as minhas reações, mas foi praticamente impossível conter as lágrimas nesse momento. Passei a minha vida inteira sonhando em ter alguém que ouvisse os meus segredos e os meus medos, cheguei a pensar que isso nunca fosse acontecer, afinal, nas apresentações da escola eu era a única que não tinha ninguém na plateia pra me aplaudir. Então, se ninguém tinha tempo pra me ver dançar, quem se interessaria em aguentar uma adolescente falando um monte de baboseiras e fazendo "drama" quando se tinham problemas "reais" para se resolver?

-Desculpa se estou te assustando com essa reação, não é nada demais na verdade, eu só queria compartilhar isso com alguém e estou feliz de poder fazer isso contigo... Alguns anos atrás eu não teria para quem contar. - falei enquanto Alma secava as minhas lágrimas com os dedos.

-Não diga que não é nada demais... Tudo que acontece na vida de vocês três é importante pra mim-falou sorrindo e eu me senti tão amada nesse momento que parecia que meu coração ia explodir.

-Bom, eu queria te agradecer na verdade, agradecer os conselhos que me deu. Você lembra que me disse para eu parar de me preocupar sobre como ou onde seria a minha primeira vez? Você me disse para eu esperar estar segura e que isso ia acontecer naturalmente... - falei voltando a sentir minhas bochechas esquentarem. Tudo bem que eu já estava mais à vontade em falar sobre sexo com o Miguel, mas era completamente diferente falar sobre isso com a minha "mãe".

-Claro que lembro... você estava ansiosa por se sentir insegura em dar esse passo. - falou enquanto continuava fazendo carinho na minha mão me tranquilizando e me mostrando um sorriso encorajador.

-Então, você estava certa... Eu e Miguel tivemos nossa primeira vez ontem e foi incrível, espontâneo eu não poderia estar me sentindo mais segura – falei soltando tudo de uma vez antes que eu perdesse a coragem.

Alma abriu um largo sorriso e me abraçou, acariciando minhas costas, enquanto dizia:

-Nossa, estou tão feliz por ouvir isso Mia. Eu realmente fiquei preocupada aquela que vez que você pudesse fazer algo que se arrependesse depois, que fizesse sem estar preparada... Posso entender o seu sorriso bobo e esses brilhos nos olhos como uma certeza de que foi tudo como você sonhou?

-Foi ainda melhor! Eu não sei nem descrever, foi incrível, o Miguel foi perfeito, eu sinto que meu coração vai explodir de tanta felicidade. Obrigada por ter me ouvido e me aconselhado aquela vez, eu realmente precisava de alguém que me entendesse e conversasse sobre isso comigo, se eu fosse na onda das minhas colegas provavelmente teria feito antes e não teria sido tão incrível como foi.

-Não precisa agradecer meu amor! Não é mérito meu, você é uma menina incrível, só precisava de orientação, você poderia não ter dado bola para o meu conselho ou fazer tudo diferente, mas você ouviu e pensou sobre aquilo, sua decisão é mérito teu e não meu - falou enquanto eu deixava mais uma lágrima cair depois das palavras dela – Mas me diz uma coisa princesa, se foi tudo tão incrível assim, qual o motivo dessas lágrimas? - questionou carinhosa.

-Pode parecer bobagem, mas são lágrimas de felicidade – disse ciente do sorriso bobo que se formava no meu rosto – O meu primeiro beijo também foi com o Miguel... Eu já tinha trocado selinhos antes, mas beijo de verdade quem me deu foi o Miguel. Eu ainda lembro da sensação, daquela confusão gigante dentro do meu peito, dos milhares de questionamentos que eu tinha. Eu queria saber se as borboletas no estômago aconteciam em todos os beijos ou se foi uma coisa só nossa, queria saber se era normal o meu corpo estremecer daquela forma e se não era loucura que eu pensasse nisso a todo segundo. Queria simplesmente contar sobre a confusão que sentia, mas não tinha ninguém para quem eu pudesse fazer isso... Então eu acho que estou chorando agora simplesmente porque eu tenho você. Tenho você para me aconselhar e me impedir de fazer burrada. Tenho você para contar como eu me sinto e compartilhar as coisas importantes que acontecem na minha vida.

Dessa vez quem derramou lágrimas foi Alma, ela me abraçou e ficamos longos minutos naquela posição com ela acariciando os meus cabelos e beijando a minha cabeça, do jeitinho que eu sempre imaginei que minha mãe faria.

-Nossa Mia, meu coração já está ficando velho, não sei se ele aguenta tanta emoção assim. Eu sou uma mulher de muita sorte por essa família linda que construímos, te amo com todo o meu coração e quero que você saiba que sempre vou estar aqui, independente do que for. Não importa se você tiver feito burrada, não importa o tamanho do problema... Eu posso até ficar braba ou chamar a tua atenção, mas sempre vou estar do teu lado pra ajudar a resolver o que for – abri a boca para agradecê-la, mas ela logo me cortou – E não ouse agradecer por isso mocinha! - terminou fingindo cara de braba enquanto eu ria. Logo ela voltou a me encarar e ficou um pouco mais séria falando novamente.

-Mia, fazendo agora o papel de mãe chata, porém responsável... Vocês se cuidaram? - questionou enquanto eu enrubescia pela milésima vez naquela conversa.

- Sim, nós usamos camisinha.

-Certo... Lembro que encontrei você e a Roberta aquela vez no ginecologista, era sobre isso que vocês foram conversar?

-Nossa, nem me lembra daquele dia vergonhoso – falei rindo- Já não bastasse eu estar morta de vergonha em ir no ginecologista e questionar sobre sexo, ainda encontrei você e o meu pai lá.

-Não é motivo de vergonha querida, é motivo de orgulho! Tenho certeza que depois do choque seu pai ficou muito orgulhoso em saber que você foi responsável e madura o suficiente para se informar e se cuidar dessa forma. Nessa consulta você decidiu usar outro método anticonceptivo ou preferiu usar só a camisinha?

-Bom, na verdade eu mais me informei sobre os métodos, não cheguei a decidir nada.

-Mia, não me entenda mal, camisinha é super necessário e vocês sempre devem usar, afinal é o único método que protege contra doenças, mas eu já tive a idade de vocês e foi assim que Roberta aconteceu. Eu amo a minha filha e não me arrependo de forma alguma, mas não posso negar que teria sido mais fácil se fosse alguns anos mais pra frente... Você e Miguel são muito novos, tem tanta coisa pra viver, não é o momento para uma gravidez... Eu me sentiria mais segura se você associasse outro método junto com a camisinha, eu posso agendar uma nova consulta pra você, posso ir contigo ou a Roberta pode te acompanhar como da outra vez se você se sentir mais confortável assim...

-Você está certa, não podemos confiar 100% no preservativo... Eu gostaria sim que você marcasse uma consulta pra eu ver isso – concordei sorrindo, pois apesar de constrangida, me senti feliz por ter alguém que me ouvisse e me aconselhasse – Eu também queria te pedir outra coisa, será que você pode não comentar sobre isso com o meu pai? Eu sei que ele pareceu ser bem compreensivo e tudo na última vez que falamos sobre isso, mas é realmente algo que seria bem constrangedor se ele soubesse...

-Claro querida, seus segredos sempre vão estar seguros comigo e concordo com você, vamos poupar o Franco dos detalhes e do possível infarto que ele teria ao descobrir que a menininha dele na verdade já é uma mulher.

Antes que eu pudesse falar mais alguma coisa, Roberta irrompeu pela porta puxando uma Josy assustada pelo braço e falando alto:

-Mia, coloque esse seu único neurônio pra funcionar, eu quero detalhes!

Alma vendo o meu constrangimento diante do assunto se levantou, deixando um beijo na minha cabeça e saiu dizendo que nos deixaria a sós para que pudéssemos conversar mais à vontade. Foi só ela sair pela porta que Roberta veio com uma enxurrada de perguntas, detalhistas demais para a minha timidez, e cada vez que eu me negava a responder alguma coisa ela jogava na minha cara que eu a devia informações por ela ter nos encoberto. Era engraçado pensar que agora eu era a mais experiente de nós três, visto que há 1 ano atrás eu fui pedir conselhos pra Roberta justamente porque tinha certeza que ela não era mais virgem. Independente de corar a cada minuto e de dizer que queria matá-las a cada pergunta que elas faziam, naquele momento eu tinha ainda mais motivos pra agradecer: estava compartilhando segredos com as minhas irmãs enquanto elas implicavam comigo depois de me acobertar. Esse é o verdadeiro significado de irmã, ter alguém ali para implicar contigo, compartilhar segredos e sempre estar ao teu lado para te apoiar e encobrir dos teus pais. Eu sempre quis uma família presente, e agora finalmente eu tinha uma.

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Miguel e eu mal nos falamos durante o dia, trocamos algumas mensagens, mas ele estava ocupado demais ajudando o meu pai em algum projeto novo na empresa. Eu e as meninas passamos o dia conversando besteiras, tomamos banho de piscina e planejamos quais passeios iríamos fazer na nossa viagem de férias. Eu queria fazer uma surpresa pro Miguel nessa viagem e Roberta era a cabeça pensante entre nós três, a menina aprontou tanto durante a vida que tinha uma criatividade gigantesca e armava planos mirabolantes como se fossem a coisa mais simples do mundo. Estávamos sentadas na sala esperando meu pai chegar com Miguel para o jantar, enquanto eu olhava o celular a cada trinta segundos. Já não era pra eles terem chegado não?

-Você olhar as horas a cada segundo não vai fazê-las passarem mais rápido Mia... - comentou Josy rindo do olhar mortal que eu lancei a ela.

-Eu sei, mas eles estão demorando demaaaaaaaais... - falei com uma voz manhosa fazendo drama.

Nesse momento meu pai entrou na sala seguido do Miguel, dizendo:

-Deixa de fazer drama Mia, foram só algumas horas- disse enquanto deixava um beijo na testa de cada uma de nós e se dirigia à Alma dando um selinho.

-Algumas horas que passaram devagar demais pro meu gosto.

Me levantei me jogando contra o Miguel que ria enquanto me abraçava me erguendo alguns centímetros do chão.

-Quem te vê falando até acha que você sentiu a minha falta, quando na verdade você nem perceberia que eu não estou em casa se eu não tivesse levado o Miguel comigo – falou meu pai enquanto ria do meu ataque de abraços e pulinhos entorno do Miguel.

-Quem é o dramático agora pai? - comentei rindo, enquanto Miguel sussurrava baixinho no meu ouvido.

-Isso tudo é saudade? - sussurrou enquanto mordiscava a minha orelha, deixei escapar um suspiro e estreitei meus braços entorno do seu pescoço.

-Sim, saudades do meu gatito bebê que me abandonou hoje, fiquei a tarde toda sozinha nessa casa enormeeeee... - continuei com o meu drama, enquanto Miguel deixava beijinhos no meu rosto e ria da minha voz dengosa.

-Nossa, pobrezinha dela, ficou sozinha o dia todo...

-Sim, acho que é seu dever como namorado compensar esse tempo...

-É? - perguntou enquanto eu assentia fazendo bico que ele desfez com o seu indicador – E o que eu devo fazer pra compensar esse tempo?

-Tenho várias ideias... - comentei com um sorriso malicioso corando fortemente. Miguel ergueu as sobrancelhas como se não acreditasse no que ouviu, mas quando ele iria me responder meu pai nos chamou para o jantar nos tirando da nossa própria bolha de interação.

O jantar transcorreu tranquilo, eu e Miguel trocando olhares bobos, Roberta fazendo piadinhas de duplo sentido, eu a chutando por baixo da mesa, Alma nos repreendendo com o olhar e meu pai fingindo que não entendia o que estava acontecendo. Mais um dia normal em família.

Quando acabamos e eu pensei que finalmente teria um tempo sozinha com meu namorado, meu pai se trancou com ele novamente no escritório do primeiro andar. Não era possível que eles ainda tivessem coisas pra resolver! Pra quem vê de fora realmente parecia que eu estava fazendo drama e que era mais um ataque de birra pra chamar atenção, mas a verdade é que nós não estávamos acostumados a ficar muito tempo longe um do outro. Na escola fazíamos tudo juntos, tínhamos as mesmas aulas, almoçávamos juntos e todo o resto, só nos separando na hora de dormir, isso quando não dávamos um jeito de entrar no dormitório do outro escondido só pra poder dormir abraçadinho. Depois, quando veio a banda, andávamos ainda mais grudados resolvendo tudo juntos, viagens, shows, seções de fotos e todo o resto. E mesmo quando tínhamos férias a gente não se desgrudava, eu sempre ia com ele para Monterrey visitar a minha sogrinha e Lolly que era uma princesa e ele ia comigo nas viagens com o meu pai. Então ficar doze horas longe dele realmente estava sendo um sacrifício, ainda mais nas atuais circunstâncias em que eu não conseguia parar de pensar nele um segundo.

Eu realmente estava ficando preocupada comigo, não poderia ser normal essa necessidade do Miguel que eu estava sentindo depois que tivemos nossa primeira vez. Eu não sentia esse desespero por sexo antes, era algo que realmente não fazia muita diferença na minha vida, mas agora eu simplesmente tinha muita vontade, parecia realmente uma ninfomaníaca, pelo amor de Deus a gente tinha transado de manhã! Não era pra eu estar com vontade de novo. Eu queria perguntar se isso era normal, mas não era o tipo de coisa que eu perguntaria pra Alma, minhas irmãs não saberiam responder e eu definitivamente não iria perguntar pra Vick, ela riria de mim e eu não me sentiria a vontade, então continuei tentando distrair a minha mente com o filme que passava na TV.

O tempo foi passando e Alma foi dormir, algum tempo depois e as meninas também subiram, mas meu pai e Miguel continuavam trabalhando no tal projeto sem dar nem sinal de que sairiam tão cedo do escritório, então resolvi subir por meu quarto e tentar dormir também. Tomei um banho, coloquei uma camisola de alças em tom de rosa claro que tinha algumas rendas no decote. Ela não era sexy, mas também não era simples, era uma peça casual, mas que me favorecia nos lugares certos, marcando meus seios e deixando boa parte das minhas coxas de fora. Assim que eu decidi que iria tentar avançar no meu relacionamento com Miguel, logo depois que arrastei Roberta ao ginecologista comigo, fomos também ao shopping onde eu dei um pequeno prejuízo ao meu pai com os cartões de crédito - motivo pelo qual fiquei sem eles pelo próximo mês, mas foi por um bom motivo. Praticamente todas as minhas lingeries e pijamas tinham estampas de bichinhos e prezavam o conforto acima de qualquer beleza, eu precisava de peças novas e Roberta me ajudou com isso, afinal se eu queria que Miguel me visse como uma mulher, deveria me vestir como uma, descartando as minhas camisetas da Hello Kitty do armário. Foi assim que terminei com diversos pijamas novos, não eram muito ousados, afinal ainda não me sentia segura o suficiente para isso, mas eram bonitos, valorizavam o meu corpo e era diferente de tudo que o Miguel estava acostumado a me ver usando pra dormir. Bufei irritada ao pensar que estava vestindo uma peça que comprei especialmente pra ele e que não poderia mostrar porque ele estava com meu pai nesse momento.

Deitei na cama tentando dormir, mas não tinha jeito de eu conseguir relaxar, parece que meu corpo tinha desaprendido a dormir longe do Miguel e se recusava terminantemente a relaxar sem a presença dele ali. Depois de algum tempo me revirando na cama, levantei irritada me dirigindo à cozinha para pegar um copo de água. Quando estava voltando ao quarto percebi que a luz do escritório continuava acessa, mas não vinha mais vozes do seu interior e a porta estava entreaberta, então me aproximei devagar espiando dentro do escritório olhando Miguel sentado à mesa, concentrado em algo que fazia no computador, ele franzia o cenho e uma ruguinha se formava entre as suas sobrancelhas. Era muito sexy. Alguns segundos depois ele finalmente ergueu o olhar percebendo que alguém o encarava e sorriu ao me ver.

-Hey, não vi que você estava aí. O que faz acordada a essa hora princesa?

-Eu não estava conseguindo dormir... estou com saudade de você. - falei fazendo manha enquanto me dirigia pra onde ele estava me sentando de lado no seu colo e deitando a cabeça em seu peito com ele me abraçando forte e beijando minha testa.

-Meu Deus, eu tenho uma namorada muito manhosa... estamos carentes hoje amor? - perguntou continuando com o abraço carinhoso.

-Sim, estou carente... Você mal falou comigo hoje...

-Desculpa amor, sei que não te dei muita atenção hoje, mas estou tentando acabar todas as pendências da empresa pra que a gente possa aproveitar bastante na viagem... Você sabe que se eu pudesse escolher iria preferir ficar o tempo todo assim, bem abraçadinho em você - apertou ainda mais seus braços ao meu entorno como se quisesse provar as palavras dele. Meu coração apertou com o tom sofrido que ele tinha na voz, eu sabia que ele precisava trabalhar e minha sessão drama não estava ajudando em nada.

-Eu sei bebê, desculpa... Eu sei que você preferia estar comigo e que com todo o tempo que vamos ficar fora na viagem você tem um monte de coisas pra resolver... Vou deixar você trabalhar, quanto mais cedo você terminar isso aí, mais cedo nós podemos ficar juntos. - falei deixando vários selinhos na sua boca e levantando do seu colo – Boa noite amor, eu amo você!

-Também te amo princesa. Durma com os anjos e sonhe comigo - piscou sorrindo e deixei mais um selinho na sua boca porque não aguentava aquele sorriso lindo. Me dirigi devagar até a porta, ainda com o coração acelerado e a mente longe.

-Porra Mia... - Miguel falou me tirando do transe em que eu me encontrava.

-O que foi? - questionei sem entender.

-"O que foi?" Você sai rebolando essa sua bunda linda vestindo uma camisola que não esconde nada e ainda me pergunta "o que foi"... Você só pode estar querendo me matar.

Corei e percebi que inacreditavelmente Miguel não tinha reparado na roupa que eu vestia até aquele momento. Ele literalmente me comia com o olhar, descendo os olhos no meu corpo, dos pés à cabeça. Se eu já estava tentando me controlar o dia inteiro só com as lembranças do que vivemos, com aquele olhar de desejo foi impossível não me excitar e eu já sentia minha calcinha começar a umedecer.

-Gostou? - questionei erguendo as sobrancelhas, transmitindo uma segurança que eu não sentia - É nova, comprei pra você... Mas já que você está muito ocupado vou te deixar trabalhar... - Provoquei com um sorrisinho no rosto me virando em direção à porta.

-Nem ouse em fazer isso! - Miguel falou com um tom de voz autoritário que fez meu corpo estremecer, me fazendo congelar no lugar – Tranque a porta e vem aqui!

Continuou com a voz autoritária e sem deixar de me encarar um segundo sequer. Ele estava de pé com os braços reclinados sobre a mesa e me encarava como um animal prestes a dar o bote na sua presa. Eu sentia minha intimidade latejar com toda aquela intensidade e após trancar a porta me dirigi até ele ainda trêmula só de imaginar o que estava prestes a acontecer.

Assim que cheguei na sua frente ele enfiou a mão direita entre os meus cabelos sem delicadeza nenhuma enquanto a esquerda me puxava pela cintura e ele se inclinava devorando a minha boca. Suspirei. Era esse beijo que eu estava esperando o dia todo. Era esse toque, essa intensidade que meu corpo sentia saudades. Não perdi tempo e logo enfiei minhas mãos entres seus cabelos puxando com força, Miguel grunhiu e desceu a mão que estava na minha cintura até a minha bunda apertando e eu deixei escapar um gemido que saiu abafado entre nossos lábios.

Ele me colocou sentada na mesa a sua frente e eu abri as pernas pra que ele pudesse se encaixar entre elas, ele se pressionou contra mim me mostrando o quanto já estava excitado e sua ereção tocou bem o meu clitóris me fazendo apertar minhas pernas entorno do seu quadril e puxar ainda mais os seus cabelos em um pedido mudo de que queria mais. Precisava de mais.

-Meu Deus Mia, olha como você me deixa... Você vai me enlouquecer... Tá vendo como eu já tô duro pra você? - falou enquanto continuava investindo contra mim e a combinação da sua voz me falando safadezas e a sua ereção pressionando o meu clitóris estava me deixando louca.

Levei as mãos na barra de sua camiseta enquanto Miguel erguia os braços para que eu conseguisse retirá-la e logo corri as minhas unhas pelo seu peitoral arranhando, desci minha boca beijando o seu pescoço e seu peitoral definido, ouvi Miguel suspirando baixinho e tive vontade de arrancar mais sons dele, tive vontade de tocar todo o seu corpo. Eu realmente não estava me reconhecendo.

-Miguel... - chamei enquanto minhas mãos estavam em uma tentativa frustrada de abrir o cinto de sua calça e ele gemia tocando os meus seios ainda por cima da camisola, torcendo um mamilo entre os dedos e me arrancando um gritinho.

-Humm? - me respondeu sem deixar de dar atenção aos meus seios enquanto eu finalmente vencia a batalha com as suas calças que caíram nos seus pés.

-Eu quero tocar em você... - falei corando e ele ergueu os olhos até os meus me encarando com fascínio - Me ajuda, eu não sei como fazer... - pedi já tocando seu membro por cima da cueca o ouvindo soltar um gemido sôfrego no meu pescoço. Sorri vitoriosa.

-Merda Mia, assim fica difícil eu me controlar...

-Não se controle – Miguel me olhava embasbacado com um olhar feroz e eu estremeci. Ele baixou a cueca levando a minha mão até o seu membro ereto me guiando nos movimentos de vai e vem que fazia enquanto soltava gemidos sôfregos me encarando. Eu desci o olhar vendo nossas mãos o masturbarem juntas e isso me deixou ainda mais excitada e não consegui segurar um gemido. Ele deixou que eu continuasse os movimentos sozinha e usou as mãos para retirar a minha camisola me deixando só de calcinha e me devorando com o olhar. Eu não aguentava mais.

-Me toca por favor... - pedi desesperada porque nesse momento o desejo era muito maior do que qualquer vergonha que eu poderia ter, retirei sua mão da minha cintura e a levei até meu seio esquerdo em uma demonstração do que o meu pedido implicava, ele o apertou e beliscou o meu mamilo entre o polegar e o indicador me fazendo choramingar.

-Você quer que eu te toque? - eu assenti sem forças de responder qualquer coisa com nexo – Responde senão eu vou parar! - ameaçou com o mesmo tom autoritário que me fazia estremecer.

-N-não, não para por favor... - choraminguei frustrada por ele ter deixado o meu seio de lado. Parei os movimentos de vai e vêm que fazia no seu membro no melhor estilo "se você não me tocar eu também não te toco" e ergui as sobrancelhas atrevida pra ele que riu.

-Você não deveria estar me provocando assim amor... Tá brincando com fogo... - falou enquanto abocanhava um dos meus seios sugando o meu mamilo e voltando a investir o quadril contra o meu me deixando desnorteada com as sensações e me fazendo soltar um gemido sôfrego. Ri porque provocando ou não eu tinha conseguido o que queria.

-Talvez eu esteja brincando com fogo porque queira me queimar...-comentei me esfregando nele.

-Porra Mia, você definitivamente não deveria ter falado isso! - afirmou enquanto estourava as laterais da minha calcinha me fazendo ofegar de susto e sem que eu tivesse tempo de me recuperar ele deslizou dois dedos de uma vez para dentro de mim, me fazendo gritar.

-Shhhhiu... quietinha! Não queremos acordar ninguém – ordenou me fazendo gemer ainda mais pelo tom de sua voz – Nossa Mia você tá tão molhada, tão pronta pra mim... Você estava louca pra que eu te comesse, né? - continuava com o vai e vêm dos seus dedos cada vez mais forte me fazendo gemer desesperada – Confessa! Tava louquinha por mim, colocou essa camisola toda sexy e veio aqui me provocar...

-Por favor Miguel, eu não aguento mais... - implorei e ele levou o polegar ao meu clitóris enquanto enterrou a outra mão nos meus cabelos erguendo a minha cabeça pra que eu o encarasse. Eu podia ver o desejo nos seus olhos, eram muitos estímulos ao mesmo tempo: os dedos me estimulando, a voz e as palavras safadas que me faziam arrepiar, os dedos nos meus cabelos me fazendo encará-lo... era muito intenso, eu não aguentava mais.

-Eu quero ver você gozar, olha pra mim e confessa que você queria... - falou enquanto eu só conseguia gemer alto – Eu vou parar Mia... - ameaçou diminuindo o movimento dos dedos.

-N-não, não para... - ele ergueu as sobrancelhas como se cobrasse uma resposta, mas voltou a mexer os dedos na velocidade de antes me fazendo ofegar – Sim Miguel, eu passei a tarde pensando em você, me revirei na cama por horas querendo que você estivesse comigo... Comprei a camisola pra você e queria que você tirasse... - confessei e Miguel intensificou ainda mais os movimentos me fazendo quebrar em um milhão de pedacinhos gemendo alto e amolecer inclinando meu corpo pra frente devido a intensidade do orgasmo. Ele me amparou no seu peito beijando a minha testa e acariciando os meus cabelos enquanto eu recuperava as forças nas pernas.

-Tudo bem bebê? - questionou olhando nos meus olhos.

-Tudo mais do que bem – confessei sorrindo e ele riu do meu sorriso bobo.

-Ótimo - exclamou me colocando de pé e me virando de costas pra ele – Agora eu vou te ensinar a diferença de fazer amor e transar Mia... E você vai aprender o porquê que não se deve brincar com fogo - estremeci sentindo minha intimidade latejar de novo, como isso era possível? Eu tinha acabado de gozar!

-Se inclina na mesa e empina essa bunda gostosa pra mim... - Miguel falou enquanto ajudava a me posicionar como ele queria. Eu não entendia quase nada de posições sexuais, mas confiava cegamente nele e algo dentro de mim me fazia estremecer só de imaginar como seria.

Ele testou minha intimidade de novo com os dedos e eu gemi, era uma sensação estranha, eu estava sensível do orgasmo recente, mas ao mesmo tempo já tinha uma nova inquietação crescendo dentro de mim que me fazia implorar por ele. Senti ele se abaixar e logo ouvi o barulho da embalagem do preservativo sendo aberto, ele colocou uma de suas mãos espalmadas nas minhas costas me deixando debruçada sobre a mesa enquanto me penetrava por trás me fazendo gritar pela sensação de tê-lo dentro de mim com os resquícios do orgasmo recente.

-Gostosa demais Mia... Meu Deus, como é apertada...

Miguel não começou devagar dessa vez, foi intenso desde o início, ele investindo com força dentro de mim e eu rebolando de encontro ao seu quadril, enquanto ele segurava minha cintura com força, por vezes mordiscando as minhas costas na linha da coluna, por vezes me erguendo um pouco da mesa e tocando os meus seios. Eu estava perdida em sensações. Eram muitos estímulos diferentes ao mesmo tempo, coisas que ainda não havíamos experimentado. Naquele momento eu entendo o porquê de ele ter me falado que iria me ensinar a diferença de transar e fazer amor. Nós tínhamos feito amor antes, mas agora era sexo puro, tesão na sua forma mais bruta, o nosso desejo sem nenhuma reserva, eram apenas nossos corpos saciando um ao outro. Entretanto, em uma coisa eu teria que descordar de Miguel, pois nem que eu vivesse mil vidas me arrependeria de ter "brincado" com fogo, pois se tem algo que eu descobri com essa transa é que eu realmente gostei de me queimar.

Não durou muito, era tesão demais pra reprimir e eu já estava alheia demais ao mundo ao meu redor, só percebia aquela sensação se aproximando e estava com medo da intensidade que aquilo se tornaria. Em um momento senti que Miguel deu um tapa em uma das minhas nádegas, não foi um tapa forte a ponto de doer, mas teve intensidade o suficiente para desencadear o orgasmo mais intenso que já tive até então. Gozei sentindo que não iria conter o grito que vinha da minha garganta. Miguel também sentiu e levou a mão até a minha boca e eu o mordi enquanto gozava. Algumas investidas mais e ele também gozou desabando em cima de mim, ficando os dois por alguns segundos recuperando o fôlego, retornando pra Terra.

Miguel saiu delicadamente de dentro de mim me fazendo estremecer, retirou a camisinha dando um nó e jogando no lixo e logo me pegou no colo nos dirigindo para o sofá que tinha no escritório. Era um sofá pequeno, de dois lugares, mas o suficiente para que ficássemos deitados apertadinhos. Eu tinha a cabeça deitada no seu peito e acariciava o seu peitoral enquanto ele me fazia cafuné, os dois em silêncio absorvendo a intensidade do que fizemos. Alguns minutos depois ele ergueu meu rosto me beijando, um beijo doce em contradição aos que trocamos antes, nos beijamos por algum tempo e ele me perguntou:

-Tudo bem princesa? Desculpa se foi demais, você simplesmente me faz perder a cabeça, eu perco o controle – disse receoso beijando a minha testa.

-Você está se desculpando por dar a melhor noite da minha vida? - questionei sorrindo enquanto ele erguia as sobrancelhas também sorrindo.

-Melhor noite da sua vida, é? - riu se achando e eu revirei os olhos por ele ter o ego maior que o mundo – Então quer dizer que você prefere transar do que fazer amor...? Quem é você e cadê a minha namorada?

-Não seja bobo... - falei rindo dando um tapinha no seu ombro enquanto ele ria se esquivando – Na verdade eu não sei, eu não posso gostar das duas coisas?

A verdade era que tinha sido maravilhoso transar com ele, a intensidade com que tudo aconteceu, as sensações. Nossa, sem dúvidas a melhor noite da minha vida, mas também era tão gostoso fazer amor... o carinho, o olho no olho, a lentidão com que o orgasmo era construído. Eu não conseguiria escolher apenas um.

-Claro que pode amor, eu também gosto das duas coisas, só estava brincando contigo... Achei que ainda era cedo pra te apresentar ao mundo de "transar" ao invés de "fazer amor". Você é toda romântica, minha verdadeira princesinha... - falou deixando beijos por todo o meu rosto – Eu achei que deveríamos caminhar antes de correr.

-Hummm... Pois é, nem eu me reconheço, mas quer saber, amor? - questionei e Miguel me olhou em um ar de interrogação e eu logo continuei – Eu acho que eu gosto correr. - falei e nós dois rimos iguais a dois idiotas.

Então essa sou eu: tenho uma parte menina que sonha em ser cantora e rodar o mundo ao lado do seu príncipe encantado, que se entristece pela mãe não ser como a que ela idealizou na sua imaginação, que sente falta do pai e faz manha pra chamar atenção, que adora cor de rosa e ama dormir com seus pijamas da Hello Kitty e calcinhas de bichinhos. Uma menina sonhadora que ama cegamente o seu príncipe encantado, que gosta de flores e corações, que quer um casamento de princesa e que se sente única e especial quando faz amor com ele. Mas a menina também tem uma parte mulher: uma parte que tem sonhos mais concretos, que quer estudar moda, ser estilista e prosseguir com o legado e a empresa do seu pai. Uma mulher que quer construir uma família com o homem que ama e fixar residência para ser a presença constante que ela não teve na infância na vida de seus filhos. Uma mulher que embora sinta falta da mãe biológica, sabe ser eternamente grata pela mãe que a vida lhe deu, mesmo que com um pouco de atraso, porque ela é tudo que sempre sonhou. Que por mais que tenha sentido falta do pai na infância, sabe que ele fez tudo tentando acertar, tentando dar o seu melhor e que sempre a amou incondicionalmente, e que hoje tenta ser um pai mais presente. Uma mulher que quer ser sexy, quer chamar a atenção do namorado e quer usar lingeries ousadas e pijamas de renda. Uma mulher que quer descobrir e saciar todos os seus desejos ao lado do homem que ama e que entende que ninguém é completamente bom ou completamente mal. Completamente tímido ou completamente ousado. Todos temos dois lados e a melhor versão de nós mesmos é equilibrar aquilo que de melhor temos em cada uma de nossas metades. Então está tudo bem em ser metade menina e metade mulher. Assim é Mia Colucci. Assim sou eu.

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Oiii meus amores, tudo bem com vocês? 😍 Nem demorei tanto dessa vez, né? Kkkk 🙈🙈 O que vocês acharam do capítulo? Quis trazer um pouco mais da personalidade da Mia nesse capítulo, acho que por muitas vezes a personagem ficou bem estereotipada na novela como uma "patricinha" ou "mimada" sendo que poucas pessoas olharam o lado dela da situação. Tem muitas cenas que quebram o meu coração 💔, como aquela da apresentação de dança na escola logo no início da novela em que o pai dela não aparece mesmo tendo prometido e ela fica um tempão se recusando a entrar no palco esperando por ele... Também sofro quando o Franco coloca ela de castigo e cancela a viagem que os dois iriam fazer juntos, uma das poucas oportunidades que ela tinha de ter atenção do pai, e ela acaba ficando sozinha no colégio no fim de semana... Enfim, acredito que tudo tem um motivo na vida e que todos temos muitas versões diferentes dentro da gente e esse capítulo foi pra gente descobrir mais um pouquinho sobre a Mia, sobre quem ela é e como ela tá se descobrindo uma mulher maravilhosa e confiante agora que ela tem amor, atenção e alguém para orientá-la. Espero que tenham gostado, volto assim que possível 💙💙💙

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