Capítulo 26 - Latidos - Parte 1
POV Mia
Miguel e eu estávamos em completo êxtase com a descoberta daquela gravidez. Desde que colocamos nossos olhos naqueles dois risquinhos apontando o positivo, não conseguíamos tirar o sorriso do rosto.
Assim que entendemos o que de fato estava acontecendo, meu marido pegou o celular e fez uma selfie em que nós dois segurávamos o resultado do teste em direção a câmera e tínhamos sorrisos no rosto e olhos nublados pela emoção, a imagem que mudaria nossas vidas para sempre.
Decidimos não contar para a nossa família ainda, pois queríamos curtir a novidade entre nós dois primeiro, além de nos assegurarmos de que estava tudo certo com o nosso bebê. Ansiosos e superprotetores como éramos, não perdemos tempo em agendar a primeira consulta de pré-natal que seria na manhã seguinte. Obviamente a ginecologista não tinha horário assim tão em cima da hora, mas não há nada que o dinheiro não possa comprar, não é mesmo? E nem que fossemos loucos aguentaríamos até o seu próximo horário livre na outra semana. Dessa forma, com apenas uma ligação e uma transferência significativa via pix, coincidentemente surgiu um horário livre no dia seguinte.
-Você acha que vai ser menino ou menina? - Questiona Miguel com a cabeça deitada sobre a minha barriga descoberta.
-Não sei, têm momentos que imagino uma menininha correndo pela casa e em outros consigo visualizar perfeitamente um mini Miguel de olhos verdes jogando futebol na grama. - Confesso sonhadora e ele ergue a cabeça me olhando um sorriso babão nos lábios.
-Eu acho que é uma menina. - Admite acariciando de leve o local onde seu rosto repousava segundos atrás.
-Não sabia dessa sua vontade de ser pai de menina. - Acaricio seus cabelos que estavam levemente compridos começando a formar os cachos que eu tanto amava e esperava que o bebê tivesse igual.
-Bem, não é que eu queira que seja menina. Vou ficar feliz com o que vier. Na verdade, eu sinto que vai ser, acho que deve ser o meu instinto paterno falando. - Reflete pensativo e eu gargalho.
-Instinto paterno? Essa expressão nem existe! - Rebato e ele me olha indignado.
-Mas deveria. É injusto falarem só de instinto materno. Nós vamos criar nossos filhos juntos, nem fodendo eu vou ser o pai que tá sempre ausente e só aparece pra dar bronca. - Reclama e meu coração se aquece de orgulho.
-Eu sei. E é exatamente por isso que você vai ser o pai dos meus filhos, porque eu tenho certeza que você vai ser o melhor pai que eles poderiam ter. - Acaricio seu rosto e ele beija a palma da minha mão.
-Nós vamos dar o nosso melhor.
-Vamos. E tenho certeza que se pecarmos em alguma coisa, vai ser por zelo e amor de sobra e não ao contrário.
-Deus do céu, como eu posso amar tanto alguém tão pequenininho? - Solta emocionado beijando a minha barriga pelo que deve ter sido a milésima vez no dia. - Obrigada por isso, meu amor. Obrigada por ter me dado o melhor presente da minha vida. - Agradece emocionado e meus olhos marejam mais uma vez.
-Eu é quem agradeço por estar vivendo esse sonho ao teu lado. Obrigada por me fazer a mulher mais feliz e completa desse mundo. - Agradeço selando os seus lábios.
Naquela noite, Miguel cozinhou para nós dois e jantamos em frente a lareira mais felizes do que eu seria capaz de descrever. Brindamos com suco de uva, embora eu tivesse insistido para que meu marido tomasse vinho, ele fez questão de me acompanhar com o suco alegando que não era justo só eu receber restrições.
Dormimos abraçadinhos com Miguel repousando a mão protetoramente sobre a minha barriga durante toda a noite. Parecia que havia um imã a atraindo para aquele lugar, pois cada vez que eu me movia, ela acompanhava o meu movimento voltando a se depositar sobre o meu ventre.
Acordei pela manhã antes do despertador tocar, fato inédito de acontecer, com uma náusea de matar. Parecia que agora que eu sabia que estava grávida, ela tinha triplicado de intensidade.
Tento me manter imóvel, torcendo para que a sensação passasse logo, mas ela só parecia piorar, me fazendo levantar e correr para o banheiro depositando todo o conteúdo do meu estômago no vaso sanitário.
Quando me recuperei das arcadas de vômito, percebi que Miguel estava atrás de mim segurando os meus cabelos e me lançando um olhar preocupado.
-Tudo bem, amor? - Questiona me ajudando a levantar do chão.
-Tudo sim, é só o bebê me dando bom dia. - Respondo sorrindo de uma maneira que eu jamais pensei que seria capaz de fazer logo após colocar todo o meu estômago para fora.
-Hey bebê, você não pode deixar a mamãe enjoada desse jeito. Vocês precisam se alimentar. - Fala com voz de bebê me abraçando por trás e acariciando a minha barriga enquanto eu escovava os dentes na pia.
-Não briga com ele amor, ele não faz por querer. - Repreendo com a boca cheia de espuma.
-Eu não tô brigando. - Rebate carinhoso. - O papai não vai conseguir brigar com você, amor. Você vai ser o bebê mais mimado de todo o planeta. - Segue conversando com a minha barriga e eu sorrio pelo seu tom de voz infantil.
-Se tem uma coisa que eu não tenho nem dúvidas é disso. - Afirmo colocando minha mão por cima da sua que repousava no meu ventre.
Miguel prepara uma vitamina de morango e me obriga a beber pelo menos metade do copo antes de me deixar tomar um vonau. Depois disso, me deito imprestável na nossa cama enquanto o observo se arrumar para o trabalho.
-Deus do céu, não vou conseguir trabalhar hoje. - Reclamo choramingando ao sentir meu estômago dando voltas.
-Fica em casa, amor. Essa é parte boa de ser dona da empresa. Você não precisa trabalhar. - Responde ajeitando sua gravata em frente ao espelho.
-Todo mundo vai ficar perguntando porque eu não fui.
-Deixa que perguntem, eu falo que você pegou uma virose. - Sugere virando para me olhar. - Você tá pálida. - Comenta se aproximando e acariciando o meu rosto.
-Eu me sinto tonta. - Choramingo e ele beija a minha testa.
-Você recém tomou remédio, logo vai passar. - Tranquiliza. - Fica em casa, descansa, que eu venho te buscar na hora da médica, pode ser?
-Pode. Me liga quando estiver vindo.
-Tá bom, vou esperar a Maria chegar antes de sair. - Maria era a funcionária que nos ajudava a cuidar da casa desde que nos casamos e nos mudamos para cá.
-Não precisa, amor. Eu vou ficar deitadinha aqui, não tem perigo nenhum.
-Tudo bem, mas eu vou esperar de qualquer forma. Me sinto mais tranquilo. - Responde e eu sorrio pela sua super proteção. Miguel ia ser o tipo de pai que colocaria nosso filho dentro de uma bolha se fosse possível.
Quando Maria chegou, ele se despediu com um milhão de recomendações e me fez jurar que eu ligaria se algo acontecesse. Eu dormi mais um pouco e quando o celular despertou eu já me sentia melhor, tomei um banho e coloquei um vestidinho simples para facilitar na hora da consulta. Logo depois de eu terminar de me arrumar, Miguel passou para me pegar e nós fomos para a consulta.
-Ansiosa? - Questiona apertando a minha coxa que tremia na cadeira da sala de espera do consultório.
-Imagina, nem um pouco. - Respondo irônica e ele sorri beijando a minha testa.
-Eu também estou, mas vai dar tudo certo. - Eu assinto entrelaçando nossas mãos.
Quando o nome "Mia Arango" é chamado, nos levantamos indo em direção à sala da doutora um mais nervoso que o outro. Meu marido ainda sussurra no meu ouvido que sentia borboletas no estômago cada vez que ouvia o meu nome com o seu sobrenome e eu sorrio em sua direção. Como eu permanecia usando o "Colucci" profissionalmente, eram poucas as vezes que Miguel tinha o prazer de ouvirem me chamar com o nome de casada.
-Nossa, Mia. Não esperava te ver por aqui tão cedo novamente. - Diz a doutora sorrindo.
-Pois é, sendo sincera, nem eu. - Respondo me sentando em frente a sua mesa. Miguel senta na cadeira do lado e puxa minha mão para entrelaçar na sua.
-Pela presença de Miguel na consulta e pelo sorriso bobo que os dois tem na cara, devo constatar que a família vai crescer?
-Sim, pelo visto o anticoncepcional deixou de fazer efeito bem rápido. Eu fiz dois testes de farmácia ontem que deram positivo. - Explico. A médica faz inúmeras perguntas sobre como eu estava me sentindo, explica as etapas da gestação e distribui panfletos sobre tudo que era normal sentir e o que deveria me fazer ficar alerta. Miguel pega todos e os lê atentamente, questionando um milhão de coisas.
Depois de muita conversa e de me passar todos os exames que eu deveria fazer, ela finalmente me pediu para passar na sala do ultrassom para o momento tão esperado. Fui ao banheiro retirando o vestido e colocando o avental e me posicionei na maca com Miguel ao meu lado com os olhos mais brilhantes que eu já havia visto.
Como eu estava no início da gestação, o ultrassom realizado era o transvaginal, eu sinceramente não era muito fã do exame e o achava extremamente desconfortável, mas naquele momento nada mais importava. Não existia dor ou desconforto, a única coisa importante era saber se o nosso bebê estava bem.
-Vamos lá, papais. Vamos ver se a gente já consegue uma fotinho do bebê de vocês. - Falou a médica introduzindo o aparelho. Eu fiz uma careta pelo desconforto e apertei a mão de Miguel que a acariciou levemente. Mas tudo foi esquecido no momento que a tela foi ligada e as nossas atenções se voltaram para tentar desvendar o que significava aquele monte de borrão preto e branco.
-Aqui nós temos o útero, aqui o saco gestacional... - Explicou a médica apontando para as estruturas na tela. Eu não compreendia muito bem, mas já estava emocionada só por ouvi-la comprovar que realmente já havia alguém ali. Uma pequena sementinha de amor crescendo no meu ventre. - ... E aqui, nós temos o embrião. Aqui está o bebê de vocês, papais. - Apontou um diminuto pontinho branco na tela preta e congelou a imagem para que nós pudéssemos observar melhor.
-Oh meu Deus... - Falei emocionada por ver aquele pontinho na tela. Era tão pequenininho e responsável pela maior emoção que eu senti na vida, o amor tomou conta de todo o meu coração e eu sabia que seria capaz de fazer qualquer coisa para proteger aquela sementinha. Olhei para Miguel que encarava a tela encantado, mordendo o lábio inferior como fazia quando queria tentar controlar a emoção. Nós nos olhamos e sorrimos, não precisavam palavras, nossos olhos já transmitiam todos os nossos sentimentos, todo o amor e a certeza que daríamos a vida por aquele pequeno ser.
-Ele é tão pequenininho. - Comentou Miguel com a voz embargada e os olhos fixos no monitor.
-É sim, papai. O bebê de vocês está exatamente com cinco semanas e seis dias hoje, é bem pequenininho, mas já têm um coração que bate forte. Vocês querem ouvir? - Questiona e nós assentimos no mesmo momento.
Eu sorrio de alegria enquanto ela mexe no monitor novamente, capturando a imagem do nosso pontinho e logo descongelando a tela que voltou a ter movimentos. Pensei que ainda seria muito cedo para ouvir o coração e até comentei com Miguel que estava ansiosa para que esse dia chegasse. Não imaginei que seria hoje e agora era o meu coração que mais parecia uma britadeira dentro do peito. Quando ela pressiona o botão que libera o som do aparelho, meu mundo congela, como se soubesse que a partir daquele instante tudo seria diferente.
As batidas rápidas do coração do amor das nossas vidas tomou conta do consultório e foi como se ele tivesse uma ligação imediata com a minha alma. Minha pele arrepiou, meu coração acelerou e as lágrimas escorreram pelo meu rosto sem restrição nenhuma. Miguel apertou a minha mão e nós nos olhamos compartilhando daquela emoção, ele sorria em meio as lágrimas, enquanto eu soluçava sem nenhum controle.
Aquele som trouxe sentido para as nossas vidas, nos fez perceber que tudo valeu a pena e que seríamos capazes de qualquer coisa por ele. Nós já éramos pais desde o momento em que colocamos os olhos naquele positivo no teste de farmácia, mas foi naquele instante que tomamos ciência da enormidade daquele amor. Quando eu imaginava que seria impossível amar mais, o som das batidas do seu coração vieram me provar que eu não sabia de nada, que eu não compreendia um por cento do que era amor até aquele momento. Eu seria capaz de ouvir esse som pelo resto da minha vida.
-Doutora, eu posso gravar? - Questionou Miguel, com a voz embargada parecendo ter o mesmo pensamento que eu. A médica autorizou e meu marido gravou eternizando aquele som que seria o nosso guia para sempre.
Saímos do consultório com dois sorrisos enormes que seriam capazes de partir o nosso rosto ao meio e olhos inchados de tanto chorar. Porém, o vermelho deixado pelo choro não era capaz de esconder o brilho da alegria que eles traziam. Eu segurava a imagem do ultrassom como se fosse a coisa mais importante da minha vida. Era a primeira foto do nosso bebê e nós dois não tínhamos nenhuma maturidade para lidar com isso, sorríamos como dois bobos olhando para aquele minúsculo pontinho.
-Ele parece ter o seu nariz. - Fala Miguel acariciando a imagem, quando entramos no carro e ficamos sentados como dois bobos no estacionamento analisando o ultrassom.
-Não seja bobo, amor. Ele nem tem nariz ainda. - Rebato rindo.
-É claro que tem! Tá bem aqui olha, é pequenininho igual ao seu. - Diz apontando para um dos lados da sementinha que não tinha forma nenhuma e era impossível distinguir qualquer coisa. Eu o olho com as sobrancelhas erguidas e ele ri. - Amor, confia em mim, ele vai ter o seu nariz.
Eu gargalho e acho melhor não entrar no mérito que com cinco semanas e seis dias o bebê ainda não tinha nariz. Era muito fofo vê-lo feliz daquele jeito e meu coração se contraía de tanto amor ao ter tudo que eu sempre quis na vida.
-Cinco semanas e seis dias... Ele foi feito no dia que você voltou da conferência. - Reflito ao lembrar de uma das viagens que Miguel fez a trabalho e de que como fizemos amor saudosos quando ele retornou.
-Foi, eu sabia que o velho papai e mamãe não iria nos decepcionar. - Fala sorrindo e eu ergo as sobrancelhas confusa.
-Como você sabe? Nós transamos em todas as posições possíveis naquela noite.
-Eu sei, mas ele foi feito no papai e mamãe na primeira transa. - Afirma convicto e eu sigo o olhando confusa. - Eu nunca gozei tanto na minha vida. - Sorri safado e eu gargalho.
-Deixa de ser bobo! - Estapeio a sua coxa e ele ri da minha cara.
-Olha, eu comprei pra você. - Diz se inclinando para trás e pegando uma sacola que estava atrás do banco do carro e que eu não havia percebido até então. Pego a embalagem e o olho sorrindo enquanto ele me incentiva a abrir com o olhar.
-Meu Deus, amor! Que lindo! - Sorrio encantada ao retirar um coelhinho de pelúcia de dentro do pacote. - Quando você comprou?
-Hoje de manhã antes da consulta, queria ser o primeiro a presentear o nosso filho. - Fala todo bobo e meu sorriso alarga. - Ah, e não se preocupa, a moça da loja me garantiu que ele é de material hipoalergênico e não vai prejudicar o bebê. - Explicou todo preocupado.
-Eu amei e tenho certeza que ele amou também. Né, amor? - Falo com voz de bebê voltada para a minha barriga. - Obrigada papai! Eu amo muito você! - Imitei a voz do nosso filho o agradecendo e Miguel sorriu acariciando a minha barriga.
-Eu sou capaz de qualquer coisa por vocês. Obrigada por me fazer o homem mais feliz do universo. - Fala emocionado beijando a minha testa e eu selo os seus lábios. Existem momentos que palavras são desnecessárias para expressar os sentimentos.
Os dias foram passando e nada conseguiria abalar nossa felicidade, transbordávamos alegria por onde passávamos e fazíamos planos para o futuro o tempo inteiro. A única coisa que atrapalhava eram os meus enjoos que estavam cada vez mais frequentes. No início eles apareceriam só de manhã, mas nos últimos dias eu passava praticamente vinte e quatro horas nauseada.
-Lupita disse que nunca fez tanto sexo na vida como quando estava grávida. Eu estava criando expectativas com essa libido toda que ela disse que aparece na gravidez, mas acho que no nosso caso vai ser bem diferente. Não consigo pensar em nada que não seja vomitar. Desculpa, amor. - Reflito certo dia enquanto estou com a cabeça deitada no colo de Miguel e recebo um cafuné gostoso que tentava me consolar após eu ter posto o jantar para fora mais uma vez.
-Você tá pedindo desculpa por não ter vontade de transar? Não fala bobagem, princesa. - Rebate indignado.
-Nós nunca ficamos tanto tempo sem transar. - Afirmo, afinal nossa vida sexual era simplesmente inexistente desde pouco antes de eu descobrir a gestação.
-Nós ficamos três anos sem transar. - Fala e eu rio.
-Você entendeu, depois da nossa primeira vez.
-Entendi, mas não vejo problema nenhum nisso. Você está formando o nosso bebezinho ai dentro, isso dá um trabalho enorme e exige muito do seu corpo. Não se cobre tanto, amor. Eu não tô com pressa, em algum momento você vai sentir vontade de novo. - Tranquiliza e eu sorrio tendo cada vez mais certeza que ele era um príncipe azul.
Os dias seguiram passando e quando completei dez semanas decidimos que era o momento de compartilhar a notícia com a família. No fim de semana, era aniversário do meu pai e planejamos uma forma especial de revelar a notícia durante a entrega de presentes. Contudo, tinha uma pessoa que eu fazia questão de contar antes.
Quando chego na minha antiga casa no sábado, parabenizo o meu pai e logo dou um jeito de encontrar Alma longe de todo mundo. Observo quando ela sai para ir ao banheiro e a espero no corredor em frente a porta.
-Hey, meu amor, você vai usar o banheiro? - Questiona ao me ver ali parada.
-Não, na verdade eu estava te esperando. - Explico e ela me olha com atenção. - Nós vamos contar pra todo mundo daqui a pouco, mas eu queria que você fosse a primeira a saber. - Falo já sentindo meus olhos nublarem pela emoção.
-Aconteceu alguma coisa? Você está me preocupando. - Segura a minha mão com um olhar preocupado pelo meu choro repentino.
-Você sempre esteve do meu lado em todos os momentos, me orientou, me acolheu, acho justo que você seja a primeira a saber que a família vai aumentar. - Coloco sua mão sobre a minha barriga sorrindo em meios as lágrimas que molhavam minha face e Alma me olha incrédula sorrindo logo em seguida.
-Meu Deus, você está grávida? - Questiona sorrindo e eu assinto fungando enquanto ela me puxa para um abraço apertado.
Eu escondo meu rosto em seu pescoço, meio sorrindo, meio chorando, um reflexo exato do que eram minhas emoções atualmente.
-Parabéns, meu amor! Eu não estou acreditando que vou ser avó! - Fala entusiasmada. - Como você está com essa notícia? Feliz?
-Como eu nunca fui em toda a minha vida. Nós decidimos tentar a pouco tempo, achei que iria demorar, mas no primeiro mês sem o anticoncepcional aconteceu. - Expliquei enquanto Alma secava um lágrima que escorria pelo seu rosto.
Alma me encheu de perguntas e eu contei detalhadamente como foi todo o processo. A decisão de engravidar, as oscilações de humor, o choro fácil, os enjoos, a desconfiança e a descoberta. Descrevi minunciosamente o ritmo das batidas do coração do meu bebê, a emoção que eu senti ao vê-lo na tela do ultrassom e como eu estava cada vez mais apaixonada por Miguel ao conhecer sua versão pai. Ficamos tão imersas na nossa conversa que o tempo passou rápido e logo estava na hora da entrega dos presentes, todos começaram a entregar seus pacotes e eu e Miguel ficamos propositalmente por último.
-Bem, por último, mas não menos importante, o presente meu e de Miguel. - Falei entregando o pequeno embrulho nas mãos do meu pai e o abraçando forte. - Te amo, daddy. Obrigada por tudo. - Sussurro no seu ouvido e ele beija a minha bochecha me olhando carinhoso.
Meu pai abre o pacote retirando uma caneca de dentro de uma caixa e fica olhando estagnado para o objeto em suas mãos.
-Nossa, vocês já foram menos pão-duros. - Brinca Roberta. - Uma caneca de presente é foda. - Completa e todos gargalham. Exceto meu pai que continua olhando estagnado para o objeto em suas mãos.
Alguns segundos depois, ele parece descongelar e me encara com os olhos nublados de emoção.
-Isso é sério? - Questiona apontando para a caneca e eu assinto emocionada. Ele me puxa para os seus braços instantaneamente e choramos abraçados, enquanto ele deixava visível para todos a frase estampada na frente da caneca: "O melhor vovô do mundo!" o que fez uma gritaria começar ao nosso redor.
Helena puxou Miguel para um abraço e logo todos nos parabenizavam ao nosso redor. Lágrimas, abraços e beijos rolaram para todos os lados e era difícil eleger quem o era o mais emocionado. O mesmo não se pode dizer do cargo de menos emocionado, que obviamente ficou com a minha mãe.
Logo que percebeu o que estava acontecendo ela demonstrou o seu descontentamento ao me ver grávida aos 25 anos, mas logo teve que se calar, pois deixei bem claro para que todos ouvissem o quanto aquela gravidez havia sido planejada e desejada. Seu comentário não abalou nem um pouco a felicidade que exalava dos meus poros para quem quisesse ver.
Os dias foram passando e Miguel estava cada vez mais super protetor, essa semana ele viajaria a Nova York para dar seguimento às negociações da empresa e insistia que eu não devia ficar sozinha em casa. Ele alegou que eu andava enjoando muito, comia pouco e ficava tonta, o que o deixava extremamente preocupado de me deixar sozinha. Insistiu dizendo que pediria para a mãe dele dormir comigo e quando eu recusei ele disse que cancelaria a viagem para não me deixar sozinha, o que me fez dizer que eu passaria esses dias na casa do meu pai, pois nem morta deixaria que ele perdesse outra oportunidade com os americanos por minha causa.
Dessa forma, voltei temporariamente para o meu antigo quarto, ficaria alguns dias ali e na sexta-feira viajaria com a minha família para Acapulco, onde passaríamos o feriado que se aproximava. Miguel desembarcava no México sábado e nos encontraria direto na praia.
Passei o dia sentindo um cólica chata no pé da barriga e minha cabeça ansiosas começou a me deixar preocupada, comentei com Alma que achou melhor nós irmos no pronto-atendimento para ver se estava tudo certo, visto que teríamos uma viagem longa de carro pela frente. Graças a Deus, a cólica se devia à uma infecção urinária, o que a médica explicou ser comum na gestação e que se resolveria com um simples antibiótico.
-Nossa, eu entrei em desespero quando comecei a sentir cólica. Um milhão de coisas passaram na minha cabeça, nunca senti tanto medo na vida. - Comentei com Alma que dirigia o carro de volta para casa após o atendimento enquanto acariciava protetoramente minha barriga.
-Eu sei, princesa. Você nunca mais vai parar de sentir medo na sua vida. A partir do momento que nasce uma mãe, nasce o medo desesperador de que algo possa machucar os nossos filhos. - Explica e eu assinto consternada, me sentindo impotente diante dos perigos do mundo e orando a Deus para que protegesse o meu bebê de todas as maldades que existiam.
Felizmente os dias passaram rápido e logo estávamos todos reunidos na praia, quando Miguel se juntou a nós, pulei em seu colo no mesmo instante o abraçando forte e arrancando risos dos nossos familiares ao redor. Sempre fui extremamente dependente dele, mas a gravidez estava me deixando especialmente carente e necessitada de estar grudada com meu marido 24h por dia.
Durante a noite, estávamos sentados na beira da piscina enquanto os meninos assavam um churrasco e Roberta me atualizava das últimas fofocas da empresa visto que eu andava meio por fora ultimamente.
-Amor, você vai querer tomar suco ou refrigerante? - Questiona Miguel se aproximando com um prato com carne picada em minha direção.
-Quer dizer que eu tenho a opção de tomar refrigerante? - Brinco selando os seus lábios em agradecimento enquanto pego o prato de suas mãos.
-Claro que tem, hoje é sábado. - Responde piscando o olho.
-Bom saber, mas eu quero suco mesmo. Não vou entupir o bebê de açúcar e conservantes. - Respondo e ele volta para me servir um copo com a bebida.
-Tá vendo, Diego? Vê se aprende como se faz, não tô vendo você me trazer carne e muito menos suco. - Alfineta Roberta.
-Quando você estiver grávida eu levo. - Provoca Diego e Roberta se benze arrancando risos de todos.
-Miguel me serve comida desde o início do namoro, não é só porque eu tô grávida. - Provoco e Diego me fuzila com os olhos.
-Por isso que eu sou o genro favorito. - Debocha Miguel arrancando risadas de todo mundo.
-Nem vem querer biscoito porque você não faz mais que a tua obrigação. - Rebate o meu pai e eu gargalho. - Filha minha não sai de casa se não for para serem tratadas como as princesas que elas são, fica a dica para todos os presentes. - Ameaça olhando especificamente para Diego e Théo.
-Isso ai, Culocci. Mostra quem é que manda. - Provoca Roberta.
-Sorte a minha ser casada com um príncipe azul. - Falo apaixonada mandando um beijo em direção a Miguel que cortava mais carne na churrasqueira e me retribui fazendo um coração com as mãos em minha direção.
-Tente competir com o mel que exala esse casal e falhe miseravelmente. - Diz Josy arrancando risos de todos.
A noite passa agradável com todos curtindo o momento em família, afinal, com a correria do dia a dia eram cada vez mais raros momentos assim, descontraídos e sem responsabilidades entre nós. Felizmente minha família e a de Miguel se davam muito bem, o que facilitava a convivência entre nós. Helena e Lolly estavam sempre presentes nesses momentos e já tinham os seus próprios quartos na mansão de Acapulco de tanto que vínhamos para cá.
No outro dia de manhã, Miguel decidiu que iria correr após o café da manhã, reclamando que estava comendo muito e que havia abandonado completamente a rotina de exercícios. Nós costumávamos malhar juntos, mas com a minha náusea constante eu estava completamente sedentária, apenas praticando alguns exercícios simples de yoga.
-Mia, sobe aqui um pouquinho. - Grita do nosso quarto alguns minutos depois de subir para trocar de roupa.
-Tô indo. - Respondo me levantando preguiçosamente da mesa após me entupir com frutas e iogurte no café.
Quando chego no quarto, Miguel está com uma cara nada boa olhando para um papel que tem em mãos.
-Que foi, amor? - Questiono franzindo o cenho e Miguel ergue o papel que tinha em mãos em minha direção me fazendo perceber que era a nota de alta do meu atendimento na semana passada onde fui diagnosticada com infecção urinária. Ofego e fecho a porta do quarto porque sabia que uma briga explodiria ali em questão de segundos.
-Você quer me explicar o porquê de eu não ter ficado sabendo que você teve cólicas e precisou ir ao hospital? - Questiona tentando controlar a irritação que sentia.
-Eu não queria preocupar você, eu senti dores, fiquei preocupada e fui com Alma no hospital. Fiz exames, era só uma infecção urinária, não tinha porque te preocupar com algo que já estava resolvido. - Explico e ele bufa.
-Pelo amor de Deus, você tinha que ter me avisado no exato momento que começou a sentir dores, Mia! Eu estava em outro país, até eu chegar no México levaria tempo, eu quero estar com vocês em todos os momentos! - Rebate respirando fundo tentando conter sua indignação por eu ter escondido sobre o atendimento.
-Eu sei, por isso que eu não falei, você iria pegar o primeiro avião de volta para o México, ia perder mais uma vez a reunião com os americanos e a culpa ia ser minha de novo. Se fosse algo grave eu teria falado. - Respondo já sentindo a voz embargar. Reviro os olhos tentando controlar o choro, não aguentava mais chorar por qualquer mínimo motivo.
-Eu não me importaria de perder a reunião, eu já te falei que vocês são a minha prioridade! Essa não era uma decisão pra você tomar sozinha, eu deveria saber o que estava acontecendo. - Acusa e meu coração contrai. Os hormônios estavam acabando comigo, era uma discussão boba, ele não estava gritando nem nada do tipo, estava me cobrando uma resposta que eu sabia que ele merecia, mas a sensação era a de que estávamos tendo a pior briga do mundo.
-Eu sei, desculpa! - Peço secando as lágrimas que desciam pelo rosto.
Miguel respira fundo olhando para o alto e coloca o celular dentro do bolso da bermuda.
-Ok, eu não quero brigar com você. Vou correr, espairecer a cabeça e na volta a gente conversa. - Fala beijando a minha testa e saindo pela porta do quarto.
Ouço o barulho dele descendo as escadas de madeira correndo e continuo estagnada no mesmo lugar sem conseguir me mexer. As proporções da discussão sendo aumentadas exponencialmente dentro da minha mente e do meu peito. Eu não queria conversar depois, eu queria resolver isso agora porque não conseguiria aguentar uma hora com aquela angústia crescente dentro do peito.
Desço as escadas na esperança de o alcançar e pedir para que conversássemos antes da corrida, mas quando chego no andar de baixo ele já se foi. Me sento no sofá sem conseguir reprimir o choro que vem de dentro de mim, me assusto com aquela explosão de sentimentos, eu não queria estar chorando daquele jeito, mas quanto mais tentava parar e não conseguia, mais eu chorava.
-O que foi, querida? - Questiona Helena sentando ao meu lado e me olhando preocupada com a intensidade do meu choro. - Mia, você está sentindo alguma coisa?
-Você está com cólica de novo? - Pergunta Alma vindo de outra peça atraída pelos meu soluços que chamavam a atenção da casa inteira nesse momento.
-Cólicas? Ela estava com cólicas? Quando foi isso? - Questiona meu pai preocupado e se forma um pandemônio ao meu redor.
-T-tá t-tudo bem. - Consigo os tranquilizar em meio aos soluços que vinham desenfreados.
-Por que você está chorando desse jeito, amor? - Helena fala carinhosa enquanto Lolly me entrega um copo de água que treme nas minhas mãos.
-Miguel brigou comigo. - Reclamo e todos parecem respirar aliviados ao meu redor, afinal, todos pareciam compreender que qualquer desentendimento entre Miguel e eu se resolveria em pouco tempo. O problema é que meus hormônios não conseguiam me fazer pensar assim e de repente um monte de cenas onde meu marido não confiava mais em mim e pedia o divórcio começaram a rodar na minha mente fazendo com que a intensidade do choro aumentasse ainda mais.
O choro intenso começou a me desencadear ânsia de vômito e de repente eu estava ajoelhada em frente ao vaso sanitário do lavabo colocando todo o café da manhã recém ingerido para fora enquanto chorava desesperadamente. Alma segurava meus cabelos e meu pai esbravejava questionando onde diabos Miguel havia se metido.
POV Miguel
Desde que descobrimos a gravidez de Mia minha vida tinha ganhado um novo sentido, de repente todas as prioridades que eu achava que tinha haviam sumido e se transformado única e exclusivamente em fazer a minha mulher e aquele pinguinho de gente que crescia em seu ventre as pessoas mais felizes do mundo.
Fiquei chateado quando descobri que ela havia se sentido mal, ido ao hospital e não tinha me falado nada. Me culpei por ter ido para Nova York e a deixado sozinha no México e quando lhe questionei sobre o assunto, percebi que deveria ter cuidado com o que eu falaria pois ela estava mais sensível devido aos hormônios da gravidez. Dessa forma, decidi fazer minha corrida primeiro como uma maneira de me acalmar e não levar aquela conversa a uma discussão desnecessária.
Tinha dado apenas uma volta no quarteirão quando o meu celular começou a tocar dentro do bolso, o que me fez gelar instantaneamente.
-Mãe? Aconteceu alguma coisa? - Questionei preocupado afinal não tinha cinco minutos que eu havia saído de casa e estava tudo bem.
-Mais ou menos, onde você está?
-Como assim mais ou menos? Tô correndo no condomínio, o que aconteceu?
-Você e Mia brigaram?
-Anh? Não! O que tá acontecendo? - Perguntei mais uma vez preocupado e sem entender nada.
-Bem, ela está se acabando de chorar aqui dizendo que você brigou com ela. - Fala e eu suspiro preocupado já dando meia volta para retornar. - Acho que é melhor você voltar, Miguel. Nunca vi essa menina assim. Tá chorando tanto que começou a vomitar.
-Puta merda, já estou chegando. Tô na quadra de casa. - Respondo ao mesmo tempo que volto a correr em direção a casa.
Quando entro pela porta percebo a confusão que está aquela sala, os soluços de Mia saem estridentes e machucam o meu coração de uma maneira inimaginável, percebo que Alma e Franco estão com ela dentro do lavabo enquanto ela meio chora e meio vomita. A culpa no meu peito cresce exponencialmente, ao mesmo tempo em que eu procuro alguma razão para ela estar daquela forma. Acredito que nunca a tinha visto daquela maneira e certamente nós tivemos inúmeras brigas mil vezes piores que a discussão de hoje.
-Hey, amor. O que tá acontecendo? - Questiono carinhoso entrando no banheiro e me colocando ao seu lado quando Franco se levanta abrindo espaço para que eu passasse.
-Você voltou! - Exclama em meio ao choro quando me vê ao seu lado.
-É claro que eu voltei, só tinha ido correr. - Explico segurando os seus cabelos e agradecendo a Alma que até então estava fazendo essa função. Limpo as lágrimas que escorrem pelo seu rosto e me preocupo ainda mais ao ver seus olhos vermelhos pelo choro.
-Eu não queria que você tivesse saído. - Choraminga e eu beijo a sua testa com o coração apertado.
-Eu já estou aqui de novo. - Conforto acariciando seu rosto. - Você ainda está enjoada?
-Não, acho que não tem mais nada no meu estômago. - Confessa e eu me sinto o pior marido do mundo.
-Ok, vem aqui. Deixa eu te ajudar. - Falo a ajudando a levantar do chão e lavar o rosto na pia. Assim que ela termina a levo para sala, sentando no sofá e a puxando para o meu colo onde ela se aconchega. - Tá se sentindo melhor? - Questiono beijando sua testa e acariciando seus cabelos e ela assente contra o meu pescoço.
-D-desculpa, eu não sei o que deu em mim. - Fala tentando controlar os soluços que ainda saíam mesmo que ela já não chorasse mais. - Eu só fiquei muito triste porque você brigou comigo. - Completa com um beicinho de choro e os olhos nublando outra vez.
-Hey, não precisa chorar, amor. Eu não briguei com você, desculpa por ter passado essa impressão, ok? - Peço a abraçando mais forte e beijando sua testa e ela se aconchega mais a mim fechando os olhos. - Como você está agora?
-Minha cabeça tá doendo. - Reclama e eu suspiro preocupado.
-Isso é de tanto que você chorou. - Explica Alma. - Vou pegar um paracetamol pra você tomar.
-Tem uma cartela em cima da cômoda no nosso quarto. - Aviso e em questão de segundos ela já está entregando um comprimido e um copo de água à Mia que toma sem reclamar.
Depois desse dia, não só eu, como toda a sua família começamos a pisar em ovos com tudo que falávamos para Mia morrendo de medo que ela se entristecesse e tivesse uma nova crise de choro. Felizmente, isso não aconteceu. Ela chorava quase todos os dias, mas graças a Deus, era quase sempre de emoção. Chorava admirando o ultrassom do bebê que ficava na nossa mesa de cabeceira e era a tela de proteção dos nossos celulares, chorava ao ouvir o som do coração que havíamos gravados e fazíamos questão de ouvir todas as noites antes de dormir, chorava ao me ouvir conversar com sua barriga e chorava ao imaginar nosso futuro juntos. Eu não poderia culpá-la, visto que na maioria das vezes acabava chorando junto com ela e no meu caso não poderia nem colocar a culpa nos hormônios.
Os dias foram passando e o temido primeiro trimestre ficando para trás, quando as doze semanas se completaram, Mia quase não enjoava mais e agora havia entrado na fase comilona. Não tinha apresentado nenhum desejo específico ainda, mas comia tudo que encontrava pela frente para a minha alegria que estava quase louco vendo-a vomitar tudo que ingeria durante as últimas semanas.
A próxima consulta de pré-natal nos deixou ainda mais tranquilos com o resultado de seus exames de sangue que vieram todos normais e com o ultrassom de transluscência nucal que não apontou nenhuma alteração.
Nós choramos igual duas crianças ao vermos a nova imagem do nosso filho na tela do ultrassom. Ele havia crescido muito. A imagem da sementinha da última ecografia deu lugar a um bebezinho completamente formado que se mexia sem parar na tela do aparelho.
-Meu Deus, ele tá mexendo muito! Por que eu não sinto? - Pergunta Mia emocionada ao ver o bebê bater as perninhas e os bracinhos enlouquecidamente no seu útero.
-Porque ele ainda é muito pequeninho, mamãe. Ainda vai levar um tempinho até você conseguir senti-lo mexer. - Explica pacienciosa e eu aperto a mão de Mia trocando um sorriso emocionado.
-Ele já tá todo formadinho. Cresceu muito desde a última consulta. - Comento orgulhoso como se só o nosso bebê tivesse a capacidade de se desenvolver tão rápido.
-Sim, papai. Ele tá perfeitinho só esperando para crescer agora. - Comenta a doutora.
-Ainda não dá para saber o sexo? - Pergunto curioso. Nós sabíamos pelas nossas pesquisas que o sexo era visto em torno do quarto mês, mas ao vê-lo todo formadinho na tela me parecia bem plausível já poder descobrir o sexo.
-Ainda não, papai. Ele ainda é muito pequenininho pra gente ter certeza de algo. Às vezes, quando é menino da pra gente ver antes, o bebê de vocês não dá pra ver nada ainda... Então eu diria que tem grandes chances de ser menina, mas não podemos descartar a possibilidade de ser um menino um pouquinho tímido e que não quis se mostrar ainda. - Explica e eu sorrio.
-Eu acho que é uma menina. - Falo orgulhoso. - Ele não é tímido, olha o tanto que se mexe. É uma menininha, né meu amor? A princesinha do papai! - Falo todo babão para a imagem que se move e Mia ri da minha cara.
-Bom, se é uma menininha eu não sei, mas que é apaixonado pelo papai, isso é. Olha o tanto que o coração acelerou quando ele ouviu a sua voz. - Mostrou a doutora e eu me derreti todo deixando um lágrima cair e um sorriso tomar o meu rosto.
-Viu, amor? Eu falei que ele conhecia a sua voz também! - Fala Mia orgulhosa com um sorriso lindo. - Doutora, nós lemos um livro que dizia que o bebê reconhecia a voz da mãe desde o início da gravidez, então Miguel conversa com ele todos os dias pra que o bebê reconheça a voz dele também, mas ele estava achando que ainda era muito cedo. - Explica.
-Então segue conversando com ele, papai. Porque está dando certo. - Afirma e eu sou incapaz de imaginar um momento mais feliz.
Saímos do consultório indescritivelmente felizes e decidimos anunciar para o mundo a nossa felicidade. Fizemos exatamente a mesma postagem nas nossas contas do instagram: a selfie que tiramos o dia que descobrimos a gravidez, com nós dois segurando o teste em direção a câmera, onde dava visivelmente para perceber nossos olhos nublados de lágrimas. Seguido da imagem tirada do ultrassom de hoje, do nosso bebezinho completamente formado.
@/miacolucci e @/miguelarango: De dois corações, um só se fez. Agora somos três 💜👣🙏
A notícia estourou e a foto bateu recordes de likes e engajamento em poucas horas, os principais sites do país e do mundo noticiavam a chegada do nosso bebê e a nossa felicidade só crescia.
Naquele mesmo dia de noite, entro no quarto e observo Mia apenas de calcinha e sutiã em frente ao espelho se observando.
-O que foi, amor? - Questiono tentando entender o que tanto ela se olhava.
-Ainda não dá pra perceber que tem um bebê aqui. - Reclama consternada e eu rio.
-Ainda não, amor. Ele é muito pequenininho. Logo logo já vai dar pra perceber. - Consolo me colocando atrás dela e circulando sua cintura com os meus braços para acariciar sua barriga que ainda se exibia plana.
O corpo dela estava mudando sutilmente, seus seios estavam maiores, a barriga estava deixando de ser completamente definida e o quadril estava ficando mais largo. Mudanças muito sutis que ninguém de fora conseguiria perceber ainda.
-Olhando para a foto do ultrassom ele parece bem grande, como se já devesse aparecer. - Reflete.
-Sim, na imagem parece mesmo. Mas é porque no ultrassom é ampliado pra gente ver melhor. - Tranquilizo.
-Eu sempre quis ter um barrigão.
-E você vai ter. No mês que vem já vai tá dando pra ver que tem um bebezinho ai dentro. - Beijo sua testa e ela se vira selando os meus lábios.
Nos deitamos e ela se aconchega no meu peito enquanto uma de minhas mãos acaricia os seus cabelos e a outra repousa no meu lugar favorito, em cima da sua barriga.
-Você já pensou em algum nome? - Questiona me olhando.
-Hum, mais ou menos. Eu sempre imaginava que se tivesse uma menina gostaria de colocar o nome da minha avó.
-Sua avó por parte de mãe? - Questiona receosa e eu rio.
-Claro né amor, você acha que eu daria o nome de Henriqueta para a nossa filha? - Rebato rindo do seu receio que eu pudesse querer batizar a bebê com o nome da minha avó paterna.
-Ué, vai saber, tem gosto pra tudo. - Se defende rindo. - Mas fico feliz em saber que é a avó materna, eu acho Laura um lindo nome. - Fala sonhadora e eu beijo a sua cabeça.
-E você? Quais os nomes que você tem planejado desde os cinco anos e que nunca me contou quais eram? - Implico.
-Deixa de ser bobo, é desde os oito anos! - Corrige como se fizesse alguma diferença e eu rio. - Eu pensava em Gabriel e Alice. - Sorri meiga com os olhos brilhando e é impossível não se emocionar com o brilho dos seus olhos.
-Lindos, princesa. Vão ser esses então, Gabriel se for menino e Alice se for menina. - Sorrio.
-Não, bebê. Você gosta de Laura e tem uma história tão bonita, uma homenagem pra sua avó. - Rebate. - Eu amo o nome Alice, mas é por causa do conto de fadas mesmo, não tem nenhuma história familiar. Se for menina vamos chamar de Laura. - Fala decidida.
-Princesa, você planeja o nome dos seus filhos desde os oito anos. Quero que seja como você planejou. - Explico.
-Nós vamos ter outros bebês no futuro, não é? - Questiona boba e eu assinto. - Então, deixamos Alice para a próxima, eu quero que a nossa primeira menina tenha o nome que você escolheu. - Completa e eu sorrio.
-Ok, então vai ser Laura ou Gabriel. - Decido e ela sorri se inclinando para me beijar.
Quando o beijo termina eu me deito de bruços apoiando o rosto sobre a sua barriga e fazendo voz de bebê para conversar com o nosso filho.
-Hey meu amor, o que você achou do seu nome? Conta para o papai se você está feliz! - Peço beijando o seu umbigo e Mia sorri acariciando os meus cabelos.
Os dias seguem passando cada vez mais felizes, Mia deixando os enjoos para traz, voltando a sua rotina na empresa e isso faz com o que o tempo voe ainda mais. As dezesseis semanas chegam voando e agora já é possível ver um leve proeminência na barriga de Mia que a exibe orgulhosa.
@/miacolucci: Você chegou para me mostrar o que é amor, quero salvar o mundo pra ele te merecer e o meu vai ser salvo ao te ver crescer 💛👣👼👶✨👪🙏💞🐣🍀🍼 #pregnant #16weeks #baby #família #amor
@/miguelarango: Você fica ainda mais linda carregando o nosso filho! Te amo princesa, obrigado por me fazer o homem mais feliz do mundo todo! Já sou enlouquecidamente apaixonado por esse pedacinho do nosso amor 💛💛💛 Estamos te esperando bebê, papai te ama mais que tudo no mundo 👣💚
A noite anterior à consulta do quarto mês desencadeia a minha ansiedade de uma maneira absurda. A única coisa que eu consigo pensar é que na manhã seguinte vamos descobrir o sexo do bebê. Mia dorme desmaiada ao meu lado, mesmo que ela estivesse tão ou mais ansiosa que eu antes de deitarmos, era praticamente impossível ela ficar sem dormir. Sempre foi uma bela adormecida, agora com a gestação então, se pudesse passava o dia inteiro dormindo.
Sorrio e acaricio seus cabelos enquanto ela ressona baixinho com uma das mãos protetoramente sobre o ventre. Quando a manhã chega, minha mulher quica de ansiedade no banco do carro ao meu lado enquanto eu acaricio sua coxa tentando passar uma tranquilidade que eu não sentia.
-Amor, passa em algum lugar pra comprar um chocolate. Eu li que se a gente come chocolate o bebê fica feliz e se mexe bastante na hora do ultrassom. - Pede empolgada e eu dou seta para entrar em um posto de gasolina que tinha no caminho.
Desço do carro comprando um pacotinho de ferrero rocher e uma garrafa de água. Mia se lambuza com o chocolate ao meu lado e sorri feito uma criança acariciando sua barriga enquanto esperamos ser chamados no consultório da médica.
-Ansiosos para descobrir o sexo, papais? - Questiona a doutora assim que adentramos o consultório.
-Demais, o Miguel passou a noite em claro. - Dedura Mia arrancando uma risada da médica.
-Vamos acabar com essa ansiedade então. - Responde para o meu alívio.
Mia se deita sobre a maca e ergue a blusa enquanto a doutora espalha gel pelo local. A imagem começa a se formar no aparelho e eu já sorrio emocionado assim que vejo os primeiros relances do bebê se formarem da tela. Não importa quantas vezes eu já tivesse visto a sua imagem, sempre era uma emoção enorme ver o nosso bebezinho se formando. Busco a mão de Mia a apertando e ela me olha emocionada, retribuindo o aperto.
-Então, papais. Não tem nada de timidez por aqui, já dá pra ter certeza do sexo do bebezinho de vocês. - Diz a doutora e eu sorrio ansioso. - E o papai tinha razão, é uma menininha! - Afirma e meu coração contrai na maior emoção que já senti na vida.
Mia soluça ao meu lado e eu me inclino beijando sua testa enquanto minhas lágrimas rolam silenciosas pelo rosto.
-Uma menininha, amor! - Diz emocionada acariciando o meu rosto.
-Sim, eu falei pra você! Nossa princesinha tá chegando. - Respondo emocionado acariciando sua barriga sem dar bola para o gel que ainda cobria sua pele.
-Bem vinda, Laura! Mamãe e papai são completamente apaixonados por você! - Fala Mia repousando a mão sobre a minha. E naquele momento, nada mais importava, apenas nossa pequena família que estava sendo construída e aquele pequeno ser, fruto do nosso amor, que se formava cada vez mais forte. Laura estava a caminho e ela era a razão das nossas vidas.
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Boa noite, traumadinhxs! Eu não tenho maturidade nenhuma pra lidar com MyM pais e tive que soltar esse capítulo logo! Eu demoro muito pra escrever e não tava me aguentando de ansiedade de compartilhar com vocês, então dividi o capítulo em dois pra conseguir atualizar a fic logo. Espero que vcs amem tanto quanto eu esse pais babões com a nossa pequena Laura, a primeira dos quatro bebezinhos que MyM planejaram 💜💜💜
Comentem muito e deixem estrelinhas, volto assim que conseguir! 💜👣
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