Capítulo 18 - Feliz Cumpleaños - Parte 1

POV Miguel

Acordei pela manhã com a luminosidade adentrando o quarto pelas persianas da janela que não estavam bem fechadas, pisquei me acostumando com a claridade e sorri instantaneamente ao sentir o peso do corpo de Mia sobre o meu. Parecia até que eu estava sonhando ao tê-la ali, nua sobre mim, depois de tantos dias de desespero e que mais pareciam que eu estava no inferno com o medo constante de perdê-la. Sua cabeça repousava no meu ombro e ela aparentava estar em um sono profundo pela expressão serena que trazia no rosto e os lábios levemente entreabertos, sorri e aspirei os seus cabelos que exalavam fragrância de morango e confirmei que não se tratava de um sonho e sim da mais linda e maravilhosa realidade, nem a minha imaginação seria capaz de reproduzir com tanta exatidão o perfume dos cabelos de Mia.

Me desvencilhei com cuidado de seu corpo, beijando sua testa e indo ao banheiro tomar um banho rápido para me vestir. Quando a água quente caiu sobre mim, senti minhas costas arderem pelo contato e, meio ri meio suspirei ao constatar que Mia estava se tornando um pouco agressiva no sexo. Não que eu estivesse reclamando, porque podem ter certeza que eu amava cada momento. Estava tão distraído com as recordações do dia anterior que me assustei quando senti seus braços delicados rodearem a minha cintura e sua cabeça descansar nas minhas costas.

-Hey amor, bom dia. Não ouvi você entrando, te acordei? - Questionei estranhando muito o fato dela estar acordada tão cedo e acariciei suas mãos pequenas que repousavam no meu abdome.

-Bom dia, bebê. Não acordou, eu só senti falta de você na cama e tô com muita saudade de ti pra perder tempo dormindo. - Exclamou em um tom de voz carente e eu me repreendi mais uma vez por não ter conversado com ela antes e ter passado a impressão de que estava me distanciando de propósito.

-Sinto muito por não ter te contado antes, mas agora eu tô aqui e vou te dar muito amor. - Prometi e senti seu sorriso contra as minhas costas.

-Eu machuquei você. - Diz distribuindo inúmeros beijinhos pelas minhas costas, por onde acredito que se encontravam as marcas de suas unhas.

-Eu gostei. - A tranquilizo e puxo seu corpo para minha frente, enlaçando sua cintura e beijando levemente seus lábios. - Você me chama de gatito, mas pelo visto não sou eu que tenho as garras afiadas... - Brinco a arrancando um sorriso.

-Verdade. Você tem outra coisa afiada. - Exclama me olhando maliciosa e encarando minha ereção matinal que ainda não estava completamente desfeita e que havia se animado com o corpo nu e molhado de Mia nos meus braços. Eu a olho em choque pelo seu comentário e gargalho. Acho que nunca iria me acostumar em vê-la tão solta e tecendo comentários maliciosos com a naturalidade de quem fala sobre o clima.

-Você ainda vai me matar. - Estreito meus braços ao seu entorno e mordo seu nariz para provocar. - Alguma chance de nós aproveitarmos que estou afiado agora? - Questiono com um ar de riso, mas na verdade tendo intenções bem sérias, enquanto desço minha boca pelo seu rosto distribuindo beijinhos até encontrar sua boca e puxar seu lábio inferior entre os dentes. Não era segredo para ninguém o quanto eu sentia tesão em Mia, junte isso ao fato de que ficamos um longo tempo sem intimidade e a ela estar nua, molhada e falando sacanagem nos meus braços e entenda o meu estado no momento. No entanto, eu tinha consciência de que a nossa transa do dia anterior foi de certa forma agressiva, as marcas nas minhas costas e os vergões que eu observava em suas coxas eram prova disso, e eu não sabia o quão dolorida ela tinha ficado. Além disso, não sabia se ela não havia subestimado o quanto se machucou no início da transa.

-Eu ficaria extremamente ofendida se você não aproveitasse. - Responde emaranhando os dedos entre os meus cabelos molhados e os puxando. - Já não bastou ontem que você se negou a fazer amor comigo no banho. - Acusou brincando, mas eu a conhecia o suficiente para saber que ela ainda não tinha engolido a rejeição do dia anterior.

-Você não vai esquecer isso, não é? - Respondi rindo e aprofundando nossas caricias, enquanto a via balançar a cabeça em negação. - Ok, então eu vou ter que me esforçar bastante pra que você possa me perdoar.

-Sim... - Ofega quando eu chupo o seu pescoço e aperto sua bunda a puxando contra mim. - Dependendo do seu desempenho eu posso pensar em te perdoar. - Gargalho com a ousadia da sua provocação.

-Acho que hoje temos outra coisa afiada aqui também... A sua língua. - Digo sorrindo e é a vez de Mia soltar uma gargalhada e me direcionar um olhar todo inocente que já não me enganava mais há muito tempo. - Você só me provoca desse jeito porque sabe que eu não posso responder a provocação a altura nesse momento.

-Não pode?

-Não, porque quando eu for fazer isso, pode ter certeza que vou te foder com tanta força que vão ouvir os teus gritos a quilômetros de distância e você vai ficar uma semana sem conseguir sentar direito. - Ameaço e a vejo corar pela primeira vez durante a nossa conversa, provando que se eu me esforçasse ainda conseguia lhe causar algum constrangimento.

-Ansiosa pra esse momento, sugiro que você encontre um lugar no meio do nada pra que eu possa gritar à vontade. - Segue me provocando, apesar das bochechas vermelhas e eu sorrio, ela não fazia ideia da surpresa que eu estava preparando pro dia do seu aniversário que estava se aproximando.

-Vou providenciar, mas quando chegar o dia não vale pedir arrego.

-Não vou. - Responde sorrindo, mas logo seu olhar muda de brincalhão para desejoso em questão de segundos. - Mas enquanto esse dia não chega, porque você não faz amor comigo? - Completa com voz de bebê e um olhar tão meigo e ingênuo que me faz duvidar que era a mesma pessoa que me provocava descaradamente segundos atrás.

-Oh meu Deus, a minha princesa quer fazer amor? - Entro na onda e grudo os nossos corpos, acariciando as suas coxas firmes e a erguendo para que ela enlaçasse as pernas na minha cintura. A seguro firme pela bunda, dando apoio para o seu corpo, e desço minha boca pelo seu pescoço, enquanto Mia se esfregava em mim e acariciava o meu pau.

-Eu quero... Quero fazer amor bem devagarinho. Você me deixou muito carente por ter me rejeitado ontem... - Eu arquejo em derrota por perceber que realmente ela nunca iria esquecer. Que Deus me ajudasse a lidar com o rancor dessa mulher.

Deixando a conversa de lado, prenso seu corpo contra a parede do banheiro e Mia ofega pelo choque de temperatura. Mantenho uma das minhas mãos a segurando e movimento a outra pelo seu corpo que mais parecia ter sido esculpido de tão perfeito. Toco seus seios deliciosos, do tamanho certo para caberem na minha mão, e belisco os mamilos rosados a arrancando um gemido. Desço um pouco mais pela cintura fina, até chegar em sua boceta que já se mostrava encharcada pelo nosso jogo de provocações, a masturbo devagar para testar o quão sensível ela estava, círculo seu clitóris e penetro primeiro um dedo em seu interior, acrescentando outro quando percebo que ela não mostra resistência.

Mia tem a cabeça apoiada na parede, levemente inclinada para trás e geme baixinho rebolando nos meus dedos. Sinto ela perder o ritmo da masturbação que realizava em mim, quando o prazer vai crescendo, sorrio por já conhecer exatamente o seu jeitinho e prever quais são suas ações. Ela se perdia fácil quando o prazer se tornava grande demais e essa era apenas uma característica que eu amava nela. Era tão linda, tão minha, que eu quase enlouquecia ao admirar a visão a minha frente. O rosto retorcido de prazer era quase uma miragem. Mia me tirava tanto de órbita que eu quase esqueço do preservativo.

-O que foi? Vai me rejeitar de novo? - Questiona braba e eu sorrio da sua cara enfezada, quando a solto em baixo do chuveiro.

-Vou pegar camisinha, amor. Não queremos outro susto como o anterior, não é? - Explico, observando a cara de susto que ela fez, enquanto pego um preservativo dentro do armário do banheiro, já rasgando o envelope.

Retorno ao seu encontro, deslizando a camisinha sobre o meu pau sob o olhar atento de Mia, a segurando na mesma posição que estávamos antes. Me posiciono na entrada apertada da sua boceta, entrando devagar e observando suas expressões.

-Tudo bem, princesa? - Questiono ao ver ela fazer uma leve careta que disfarçou muito bem depois.

-Sim... Só vai devagar no começo. - Pede e eu me movimento lentamente, usando todo o me autocontrole para suprimir o meu instinto que gritava para que eu me enterrasse fundo no seu interior. - Mais rápido... - Ordena alguns minutos depois e eu a obedeço, encaixo nossas bocas na tentativa de engolir os seus gemidos que aumentavam de intensidade.

-Amor, shiuuuu. Nós ainda não estamos no meio do nada. - Aviso, porque já não conseguia mais abafar os sons com a minha boca. Sei que ontem à noite não fomos exatamente silenciosos, mas era de noite e existia a possibilidade de as pessoas estarem dormindo, além do que, eu estava tão cheio de ciúme, saudade e tesão que a última coisa que eu estava pensando era se alguém estava escutando. Entretanto, agora era dia, tenho certeza que todo mundo já estava acordado e eu sabia que ela ficaria constrangida ao perceber isso depois que se recuperasse.

Mia conteve os gemidos por alguns minutos, mas eles logo voltaram a aumentar me arrancando um sorriso. Desisti de pedir para que ela fizesse silêncio porque era impossível de isso acontecer, então apenas ergui uma de minhas mãos, tapando a sua boca e abafando o som. Acelerei as investidas e não demorou muito para que gozássemos juntos, com Mia mordendo a palma da minha mão no momento do orgasmo.

Depois disso, tomamos banho juntos tranquilamente e trocando carinhos, afinal, Mia ainda insistia em dizer que estava carente, me cobrando beijos e abraços a cada segundo, que eu fornecia com maior felicidade do mundo. Nos vestimos e, como sempre, eu me aprontei antes que ela, me sentando na cama enquanto ela terminava de se arrumar. Minha namorada estava em frente ao espelho penteando o cabelo e usava uma regata básica e um short jeans, que por ser curto acabava deixando a mostra as marcas das minhas mãos em suas coxas.

-Amor, acho que seria uma boa você trocar a roupa. - Comentei como quem não quer nada.

-Por que? Desde quando você dá pitaco nas minhas roupas? - Questionou desconfiada.

-Desde quando a marca das minhas mãos tão perfeitamente desenhadas nas suas coxas. - Respondo rindo e ela arregala os olhos se virando de costas para o espelho e tentando virar a cabeça para enxergar a região posterior de suas coxas.

-Meu Deus, Miguel. Como você fez isso? - Perguntou já tirando o short e procurando alguma coisa dentro do guarda-roupa. Eu a encarei e ergui as sobrancelhas, com a expressão de "Como você acha?". - Nossa, eu nem senti você me batendo.

-Digamos que você estava meio alheia ao que acontecia.

-Verdade. Pior que não posso nem brigar com você, porque foi tão bom. - Fala suspirando e eu sorrio, vendo-a trocar a roupa que usava antes por um vestidinho que batia no meio das coxas, ocultando as marcas.

-Pois é, foi bom assim e você falando que vai avaliar o meu desempenho. Até parece que te deixei sem gozar alguma vez. - Provoco e ela vem em minha direção sorrindo, após conferir no espelho que a roupa a cobria o suficiente.

-Ai, o meu gatito bebê ficou ofendido, foi? - Brinca, se pendurando no meu pescoço sorrindo e selando nossos lábios.

-Claro, é uma questão de honra cumprir a minha promessa agora. - Respondo, correspondendo aos beijos.

De repente Mia fica vermelha, como se tivesse lembrado de algo muito constrangedor e com os olhos arregalados me encara.

-Gatito, pelo amor de Deus, ontem à noite eu gritei muito?

-Hummm, acho que um pouco... - Falo tentando amenizar a situação.

-Meu Deus, que vergonha! Eu não vou sair do quarto hoje! - Responde, fazendo bico em um drama clássico de Mia Colucci.

-Bebê, você tem que sair em algum momento... Aposto que ninguém ouviu nada. - Falo a abraçando e ela não perde tempo em esconder a cabeça na curva do meu pescoço. Eu duvidava que não tivessem ouvido, não fomos silenciosos, mas eu jamais a deixaria ainda mais constrangida.

-Amor, nem você tá acreditando no que fala! Eu não vou conseguir encarar a tua mãe! Meu Deus, como é difícil ser eu! - Exclama, choramingando.

-Não precisa ficar assim, você achava que estava grávida, amor. Todo mundo sabe o que a gente faz. - Tento tranquilizá-la. Afinal, a suspeita da gravidez era bem recente e obviamente o assunto tinha se espalhado pela família. Minha mãe surtou ao acordar para tomar água na madrugada e perceber que eu não estava em casa, então eu tive que contar o motivo de ter saído as quatro da manhã e voltado apenas a noite. Óbvio que dona Helena me passou um sermão daqueles sobre responsabilidade e tudo mais, mas tudo ficou bem no final.

-Tem uma diferença muito grande entre saber e ouvir! - Se solta dos meus braços, sentando de volta na cama emburrada. - O pior é que tô com fome, você acabou com toda a minha energia. - Reclama.

-Você ainda vai demorar a criar coragem pra sair, não é? - Questiono sorrindo porque eu a conhecia muito bem.

-Com certeza! Talvez daqui cem anos eu saia. - Afirma e eu gargalho.

-Certo, então eu vou buscar algo pra você comer e já volto, ok? - Falo, porque de maneira nenhuma eu iria deixar de aproveitar a oportunidade em que ela pede comida por livre e espontânea vontade.

Mia assente e eu saio do quarto ainda com um sorriso nos lábios, rindo do seu drama. Chego na cozinha e beijo a testa da minha mãe que espremia laranjas preparando um suco.

-Bom dia, mãe. Lolly ainda tá dormindo?

-Bom dia, meu filho. - Responde, sorrindo. - Ih, que nada, Lolly já tá no play brincando tem uma meia hora. Nunca vi o tanto de energia que essa criança tem pra gastar.

-Verdade, ela tá sempre com as pilhas recarregadas. - Brinco, pegando uma maça e dando uma mordida, me apoio no balcão esperando o suco para levar para Mia.

-E você? - Questiona e eu ergo as sobrancelhas confuso. - Passou a semana toda mal-humorado e agora tá sorrindo que nem um bobo. - Explica e meu sorriso se amplia. - Eu ainda fico pasma com o poder que Mia tem sobre você.

-Como você sabe que tem a ver com ela?

-Ué, e o que seria? Ela me contou ontem que vocês estavam meio que brigados, e agora que fizeram as pazes, você parece outra pessoa. - Fala e eu não sei o que pensar com a informação de que agora Mia desabafava sobre o nosso relacionamento com a minha mãe.

-Como você sabe que nós fizemos as pazes? - Questiono curioso.

-Bom, se esse seu sorriso bobo no rosto não fosse motivo o suficiente, o barulho durante a noite com certeza não deixaria dúvidas. - Comenta, para minha surpresa, extremamente tranquila. Completamente diferente de como era alguns meses atrás que ela evitava de todas as formas possíveis nos deixar sozinhos, como se defender a virtude de Mia fosse uma questão de vida ou morte.

-Nossa, pelo amor de Deus, nem comenta isso com Mia, ela já tá morrendo de vergonha. - Peço e minha mãe sorri. - Você acredita que ela não quis sair do quarto porque não sabe como te encarar?

-Só acredito porque eu a conheço muito bem. - Fala sorrindo. - É óbvio que eu não vou falar pra ela, filho. Eu a conheço o suficiente pra saber o que eu posso e o que eu não posso falar. O que você tá esperando? Vai logo trazer essa menina pra tomar café, diz que eu dormi igual a uma pedra ou inventa alguma desculpa. - Orienta e é exatamente o que eu faço. Com muita dificuldade consigo convencê-la a sair e ela ainda tem a aparência de um tomate quando chega a cozinha. Mesmo que minha mãe não tivesse ouvido nada, sua expressão envergonhada nos entregaria.

-Bom dia, querida! - Diz minha mãe assim que adentramos a cozinha, puxando Mia para um abraço e trocando um olhar comigo ao constatar o vermelhão que ela se encontrava.

-Bom dia, Helena! Dormiu bem? - Questionou por educação, mas logo que percebeu o significado oculto de sua pergunta corou ainda mais, como se isso fosse possível.

-Como uma pedra! - Exclamou a minha mãe. - Você acredita que me deu uma crise alérgica ontem à noite? Não sei se não foi o amaciante novo que comprei e usei nos meus lençóis, mas eu não parava um segundo de me coçar, daí tive que tomar um antialérgico que me derrubou. Quase que perco a hora hoje de manhã... - Minha mãe seguiu tagarelando e inventando uma história absurda digna de roteiro de novela. Felizmente, Mia acreditou e foi relaxando até conseguir se entrosar na conversa e agir normalmente. Pelo menos, até o momento em que estávamos no meio do café da manhã, sentados a mesa, e Lolly perguntou assustada:

-Nossa, Mia! Que bicho será que te picou? - Comenta apontando para o pescoço de Mia no momento em que ela prendia o cabelo em um coque frouxo. - Mãe, você tem que emprestar aquela pomada que você usou em mim aquela vez. - Fala inocente.

Eu analiso o local em que Lolly apontava e gelo ao ver o chupão em várias tonalidades de roxo que tinha ali. Não tinha como ela perceber porque era localizado quase na nuca, mas eu já conseguia sentir o seu ódio emanando por eu não a ter avisado.

-Verdade, amor. Eu não tinha percebido. - Explico ao ver que ela me lançava um olhar assassino.

-Não me diga, Miguel? - Diz irônica, sem conseguir disfarçar o ódio no tom de voz e retomando o tom vermelho que havia desaparecido a pouco.

-Não precisa se preocupar, Mia. Você vai ver que com essa pomada melhora rapidinho, o meu logo parou de doer. - Acrescenta Lolly, interpretando errado o tom usado pela minha namorada. - Não é, mãe?

- É verdade, depois eu procuro a pomada pra Mia passar. - Concorda minha mãe como se nada tivesse acontecido e eu tento conter a vontade de rir. - Mudando de assunto, vocês não comeram a comida que eu deixei no micro-ondas, eu falei que ia ficar braba se vocês não jantassem... - Comenta, deixando o clima leve novamente e Mia sorri, voltando a relaxar ao meu lado. Eu já disse o quanto eu amo a minha mãe, hoje?

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POV Mia

Os dias foram passando rapidamente e minha vida parecia novamente entrar nos trilhos, apesar de eu ainda não ter retomado contato com os meus pais, minha relação com Miguel estava ótima e a faculdade já não era mais um lugar tão assustador como no início.

Acordo com o meu celular vibrando com a chegada de notificações, estico o braço e vejo que Miguel já se levantou, então apenas coloco o celular no silencioso, afinal, hoje era o meu aniversário e as notificações não parariam de chegar. Permaneço com os olhos fechados, tentando voltar a dormir sem muito sucesso e quando estou prestes a desistir e ir tomar um banho, a porta do quarto se abre e Miguel, Helena e Lolly passam por ela carregando um bolo em formato de coração com inúmeras pequenas velas acesas em cima.

Eu sorrio abertamente, me sentando na cama e ouvindo eles finalizarem o "parabéns pra você", apago as velas pedindo que eu pudesse ser feliz todos os dias como eu estava naquela manhã.

-Feliz aniversário, amor da minha vida! Welcome a idade adulta! - Fala Miguel me puxando para os seus braços e beijando todos os lugares do meu rosto até alcançar o sorriso enorme que eu tinha nos lábios.

Helena e Lolly me abraçam também, me parabenizando, e Lolly faz questão de frisar que foi ela quem fez o bolo. Parece bobo, mas meus olhos se enchem de água pelo gesto, eu me sinto tão acolhida, tão amada por essa pequena família que agora também é minha, que me emociono com o momento. Tive muitos aniversários solitários na minha vida, mas logo no primeiro ano que conheci Miguel ele me prometeu que essa data era muito especial e que ele faria de tudo para que fosse inesquecível, foi quando ele conquistou mais um pedacinho do meu coração ao me levar café e flores na cama, desde então a tradição é mantida e eu sempre tenho motivos para sorrir logo pela manhã.

Comemos o bolo juntos, era o meu favorito, massa de chocolate com recheio de morango e brigadeiro. Estava tão delicioso que comi duas fatias inteiras, arrancando sorrisos de felicidade da minha mais nova família e gritinhos de orgulho de Lolly que não parava de falar que eu havia gostado do bolo que ela tinha preparado. Não aguentei e a puxei para os meus braços estalando beijos no seu rosto enquanto ela gargalhava. Minha cunhada era a mais doce criança que eu já conheci, tinha o coração generoso e exalava alegria por onde passava. Era praticamente impossível não ficar feliz ao lado dela.

-Princesa, você tem meia hora pra se arrumar e preparar uma mala pro fim de semana porque eu estou oficialmente te sequestrando! - Fala Miguel me olhando malicioso. Sinto um arrepio percorrer o meu corpo ao lembrar da sua promessa.

-Isso é sério? Pra onde nós vamos? - Questiono extremamente animada em passar o fim de semana do meu aniversário ao seu lado. Eu e Roberta costumávamos comemorar sempre juntas, mas esse ano as coisas estavam meio complicadas para uma reunião em família e eu me sentia meio estranha de fazer algo com as minhas irmãs e Alma sem incluir o meu pai, da mesma forma que ainda não estava preparada para que as coisas voltassem totalmente ao normal. Dessa forma, Miguel me ofereceu não apenas um presente de aniversário, como também uma rota de fuga para os meus medos e isso era tudo que eu precisava no momento.

-Se eu te falasse acabaria com a surpresa. - Fala e eu faço bico porque era extremamente curiosa. - Pode ir desfazendo esse bico, quanto antes você se arrumar, mais cedo saímos e logo chegamos ao nosso destino. - Completa selando os meus lábios, me arrancando um sorriso que desfaz meu bico instantaneamente.

-Certo, que tipo de roupa eu tenho que levar? - Questiono observando o guarda-roupa aberto, colocando meus itens de higiene dentro da pequena mala aberta em cima da cama.

-Humm, tanto faz. Você vai passar a maior parte do tempo nua. - Brinca me lançando um sorrisinho malicioso.

-Amor! - Reclamo porque seu comentário malicioso totalmente fora do contexto me fez corar.

-Você tá corando? - Me provoca rindo e eu jogo a peça de roupa que tinha nas mãos em sua direção, Miguel se defende com os braços e a peça cai no chão, o arrancando mais risos.

-É sério amor, se você não me disser o que é pra levar eu vou demorar anos até terminar de arrumar tudo. - Reviro os olhos em sua direção.

-Não precisa nada muito elaborado, não vamos sair de casa. - Orienta e eu já começo a pegar peças simples do dia a dia. - Pega um biquini. - Completa.

-Um biquini? - Questiono rapidamente o lançando um olhar curioso. - Nesse lugar tem piscina? - Sigo o meu interrogatório pensando em todas as possibilidades. Miguel tinha dito que logo nós iríamos chegar, isso excluía a possibilidade de ser praia. Então para que eu iria precisar de um biquini se não houvesse piscina?

-Deixa de ser curiosa! - Responde me jogando a peça de roupa que eu havia atirado nele segundos atrás. - Logo você vai saber.

-Ai, caipira! - Reclamo quando sinto o tecido ricochetear o meu braço, o lançando um olhar fulminante.

-Caipira? Você acabou de jogar em mim! - Se defende ainda sorrindo.

-Olha a força que você tem em comparação a minha. - Argumento esfregando o local em que o tecido tinha batido. Óbvio que não tinha machucado, afinal qual a chance de uma camiseta rosa com estampa da Hello Kity machucar alguém? Mas eu era Mia Colucci e gostava de fazer drama.

-Machuquei você? - Arregala os olhos, vindo rapidamente em minha direção. Observa e acaricia o local com um ar de preocupação que beirava o desespero e eu me arrependo imediatamente da minha cena.

-Não machucou, bebê. É só eu sendo dramática. - O tranquilizo, pegando sua mão que ainda acariciava o local e beijando os seus dedos.

-Nossa, Mia. Não me assusta assim! - Reclama, soltando um suspiro de alívio e me puxando para os seus braços. - Eu enlouqueceria se te machucasse. - Desabafa e beija a minha testa.

-Desculpa, gatito. - Peço e selo os seus lábios, sendo correspondida de bom grado, provando que ele não estava chateado. - E não seja bobo, você nunca me machucaria. - Completo me apertando contra os seus braços, porque se havia uma coisa tão certa no universo quanto dois mais dois ser igual a quatro, era que Miguel Arango me amava. Houve tempos em que a minha insegurança quanto aos seus sentimentos era gigantesca, mas hoje eu conseguia ver claramente o seu olhar e os seus gestos transmitindo cuidado, proteção e amor. O carinho com que ele me acolheu no último mês foi absurdo, o que me fez ter ainda mais certeza que o meu lar era onde Miguel Arango estivesse.

Meu namorado me ajudou a terminar de arrumar a mala e após nos despedirmos de Helena e Lolly, saímos para o destino desconhecido que estava me deixando agitada. Falei rapidamente por chamada de vídeo com Roberta, desejando feliz aniversário, e minha família aproveitou a ligação para fazer o mesmo, me orientando a curtir muito o fim de semana. Foi a primeira vez que eu falei com o meu pai sem ser por mensagem de texto desde aquele dia e, diferente do que eu imaginava, não foi tão estranho. Foi natural e isso, de certa forma, aqueceu o meu coração. Era apenas o meu pai me desejando feliz aniversário, como sempre foi nos últimos dezoito anos, a única diferença é que felizmente eu não estava em um avião indo para Paris e sim em um carro junto do amor da minha vida. Muitos diriam que eu sou louca em trocar Paris por um programa simples de final de semana, assim como me criticaram quando eu abandonei uma viagem com destino a disney para passar as férias em Monterrey, mas eu digo com total certeza que eu fui muito mais feliz comendo sorvete na barraquinha da praça de Monterrey do que fui em anos conhecendo todos os pontos turísticos do mundo. Miguel e sua família me ensinaram que a felicidade está no sentimento, na intenção, no carinho, e isso, dinheiro nenhum é capaz de comprar.

Logo que desligo a ligação, volto a quicar inquieta no banco do carona, tentando arrancar alguma informação de Miguel que apenas ria das minhas tentativas frustradas e acariciava a minha coxa. Ele estava tão animado que sua felicidade era contagiante, me deixando mais ansiosa.

-E agora, falta muito? - Questiono pelo que deve ter sido a milésima vez.

-Meu Deus, desse jeito vamos ter que repensar o número de filhos porque eu não vou aguentar você e mais quatro crianças me perguntando se 'falta muito' nas nossas viagens. - Brinca gargalhando e é impossível não acompanhar o seu sorriso. - Falta pouco, princesa. Ou eu deveria chamá-la de burrinho do Shrek? - Diz me lançando um olhar provocativo.

-Você nem ouse! - Ameaço, o lançando um olhar fulminante e dando um tapa na sua mão que repousava na minha perna, arrancando ainda mais risos do meu namorado.

De repente, Miguel muda de rota, entrando em uma pequena estrada de terra que eu nem havia percebido que existia ali.

-Socorro, você tá literalmente me sequestrando. - Comento ao perceber que nos afastávamos da civilização.

-Eu prometi, não prometi? Vai arregar? - Me olha tentando ser ameaçador e eu gargalho porque Miguel conseguiria me fazer sentir qualquer coisa, menos ameaçada.

-Jamais! - Respondo e observo que entramos em um local arborizado com uma placa de madeira onde estava entalhado o nome "Sítio Esperança".

Abro o vidro do carro para sentir o ar fresco que logo me atinge com cheiro de grama e natureza, eu sorrio me sentindo imediatamente reenergizada e percebo que esse local seria perfeito para uma sessão de yoga. Mais à frente, avisto uma casa linda em meio às árvores e meus olhos quase saltam de órbita ao perceber o lago que se estende logo a frente, com um pequeno píer de madeira e um bote amarrado a ele. Retiro o cinto de segurança rapidamente e fico de joelhos sobre o banco, enfiando a cabeça para fora porque meus olhos simplesmente não querem acreditar que eu estou enxergando patos brancos nadando no lago.

-MEU DEUS, PARECE QUE A GENTE TÁ DENTRO DE UM CONTO DE FADAS! - Exclamo alto, porque ainda estou com a cabeça fora do carro. Viro o rosto para ver a expressão de Miguel e sinto o cabelo ricochetear no meu rosto pelo vento do veículo em movimento, tenho noção do sorriso gigante que estampo e meu namorado me olha em adoração, seus olhos brilhavam tanto que me pareciam emocionados.

-Eu tinha certeza que você ia amar. - Responde, estacionando o carro.

Eu salto para fora assim que ele para e corro em direção ao píer, sentido o vento fresco na minha pele. Fecho os olhos e giro com os braços abertos sentindo a energia maravilhosa daquele lugar, eu já havia conhecido lugares paradisíacos, mas nenhum me fez sentir tão em paz como eu estava me sentindo ali. Parecia que ele era um pequeno refúgio em meio ao caos que se encontrava a minha vida e eu sorri ao perceber que até o seu nome tinha certo simbolismo. Afinal, ele trouxe ao meu coração exatamente esse sentimento: esperança. Esperança de que tudo iria ficar bem.

Quando abro os olhos, ainda sorrindo, percebo que Miguel está parado logo atrás de mim e dessa vez não há dúvidas de que existem lágrimas nos seus olhos e meu sorriso murcha instantaneamente.

-O que foi amor? Você tá chorando? - Questiono correndo de volta ao seu encontro e segurando sua cabeça entre as minhas mãos.

-Eu só tô emocionado em te ver assim, feliz, exalando alegria. - Explicou sorrindo, acariciando o meu rosto e eu voltei a sorrir pela sua declaração. - Eu fiquei tão desesperado em te ver tão triste, amor. Tão machucada. Me senti completamente impotente, com vontade de transferir toda a tua dor pra mim, mas sem conseguir fazer nada. - Confessa e eu limpo uma lágrima solitária que escorre pelo seu rosto, sentindo os meus próprios olhos marejarem após essa declaração.

-Amor, você fez sim muita coisa e me assusta que você não tenha noção do tamanho da sua importância na minha vida. Você tem noção de que, quando eu me senti machucada, a única coisa que eu pensava é que tinha que ser forte até chegar no meu porto seguro, até chegar em você, porque eu tinha certeza que você me ampararia se eu desabasse. E você me amparou. - Expliquei calmamente. - Quando eu me senti quebrada, foi você que colou todos os meus pedaços no lugar. Você e o seu cuidado, o seu amor, a sua preocupação. Não se cobre tanto, porque a vida ainda vai me machucar muito e você não tem poder de super-herói pra impedir que isso aconteça, mas pode ter certeza que você é, e sempre será, o responsável por me fazer voltar a sorrir. - Termino emocionada, sentindo a minha voz embargar.

-Deus, como eu amo você! - Me puxa pela cintura e me beija apaixonadamente e eu correspondo de muito bom grado. - Mas agora chega de lágrimas, porque esse é um momento feliz! - Exclama, limpando os meus olhos e eu me viro de frente para o lago novamente, sorrindo e sentindo Miguel me abraçar por trás, apoiando a sua cabeça sobre a minha.

-Será que vai chover no fim de semana? - Questiono, erguendo a cabeça para vê-lo.

-Não, eu me certifiquei disso. Olhei a previsão do tempo. - Responde feliz.

-Droga! - Exclamo e Miguel me olha com o cenho franzido.

-Você queria que chovesse? Amor, com chuva nós ficaríamos presos em casa o dia todo e eu tenho planos bem legais pra gente fazer... - Explica.

-Bem, não precisava chover o tempo todo. Mas poderia chover em algum momento... - Miguel me olha curioso. - Eu queria reproduzir a cena de Diário de uma Paixão. - Completo sorrindo e Miguel gargalha pela minha confissão. Eu não tenho culpa de que esse é um dos meus filmes favoritos, tanto que o obriguei a vê-lo comigo um milhão de vezes. Eu sabia as falas praticamente de cor e aquele cenário era muito parecido com o do lago do filme. Já queria uma chuva torrencial, encharcando nossas roupas enquanto Miguel me beijava no píer.

-Você ainda me mata! - Exclamou tentando conter o riso. - Sinto muito te decepcionar, mas não tá marcando chuva.

-Tudo bem, nós podemos reproduzir outras cenas! - Afirmo já me empolgando de novo. Giro de frente para ele enlaçando os braços no seu pescoço e ele repousa as mãos na minha cintura. - Nós podemos andar de barco no lago? No filme acho que não são patos, mas o efeito vai ser o mesmo... - Tagarelo, enquanto dou pulinhos a sua frente.

-Podemos. Vamos andar. - Promete, sorrindo da minha empolgação.

-Yes! - Comemoro dando um saquinho no ar e sigo pulando, enquanto distribuo beijinhos pelo seu rosto e outra ideia me ocorre. - Nós também podemos fazer amor no píer? - Volto a me empolgar o encarando com uma carinha de 'por favor'. - Eu quero fazer amor no píer...

-Você quer? - Questiona, tentando conter o riso, me encarando como se eu fosse a coisa mais extraordinária do planeta. Eu assinto em concordância. - Posso estar enganado, mas depois das milhares de vezes que você me fez assistir esse filme, tenho quase certeza de que não tem essa cena... - Comenta me olhando em desafio.

-Bom, tenho certeza de que existe algum filme de romance em que o casal de mocinhos faz amor no píer... - Argumento, me estreitando em seus braços e me inclinando para selar os seus lábios, sendo correspondida mesmo que Miguel não tire o sorriso bobo da cara.

-Bom, então se é assim, seria horrível se nós não reproduzíssemos, não é? - Entra na brincadeira e eu assinto mais uma vez o puxando para um beijo mais demorado.

-Como você descobriu esse lugar? - Pergunto curiosa.

-Você não vai acreditar... Esse sítio é da família de Santos. - Conta e eu ergo as sobrancelhas surpresa. - Eu comentei que queria viajar com você para um lugar calmo, mas que tinha que ser perto porque teríamos apenas dois dias... Daí ele me ofereceu esse sítio, disse que a família dele nunca usa, eles não vêm aqui há anos... Tem apenas um casal de caseiros que tomam conta do lugar.

-Nossa, que desperdício! Ser dono de um lugar assim e não aproveitar. - Comento indignada.

-Quando Santos me mostrou as fotos eu tive certeza que você iria amar.

-Eu amei. - Respondi feliz.

Logo nós resolvemos entrar para organizar nossas coisas, almoçar e começar a programação do dia. Miguel estava nervoso que fazia muito tempo que eu havia comido pela última vez e eu só ria do seu desespero por me alimentar. Pegamos as malas no carro, quer dizer, Miguel pegou porque ele me deixou carregar apenas a minha bolsa, e entramos na casa, logo sendo recepcionados por um casal simpático de meia idade.

-Bom dia, sejam bem vindos! - Falam simpáticos. - Vocês devem ser o Sr. Arango e Srta. Colucci, não é?

-Bom dia, muito obrigada! - Responde meu namorado largando as malas no chão para cumprimentá-los. - Sim, somos nós, mas podem nos chamar só de Mia e Miguel, por favor.

Engatamos uma conversa animada e descobrimos que Miranda e Armando trabalhavam ali há anos, mas que muito poucas vezes o local tinha sido usado, então eles praticamente só cuidavam da manutenção. Estavam extremamente animados em ter pessoas ali naquele fim de semana e deu para ver que eles sentiam saudades dessa interação. Armando fez questão de ajudar Miguel a levar as malas para o quarto, mesmo que ele tenha argumentado veementemente que não era necessário. Enquanto isso, Miranda me apresentava o andar de baixo da casa me deixando cada vez mais encantada. A sala tinha uma enorme lareira de pedra com um tapete lindo na frente e eu senti uma necessidade absurda de fazer amor com Miguel ali na frente, fazendo eu me questionar seriamente se não estava me tornando uma ninfomaníaca por fantasiar transar em todos os lugares da casa. Sacudi a cabeça, rindo dos meus pensamentos, enquanto Miranda me guiava pela cozinha me questionando sobre as nossas preferências alimentares e eu a tranquilizando, dizendo que comíamos de tudo.

-Eu não sabia do que vocês gostavam, então preparei um pouco de cada coisa para terem o que beliscar quando chegassem, mas o almoço deve sair em no máximo uma hora...

-Nossa, que banquete! Não precisava se preocupar. - A tranquilizei arregalando os olhos ao notar a quantidade de comida em cima da mesa, mesmo que nós ficássemos ali por um mês, não daríamos conta de comer tudo. Isso que Miguel comia por um batalhão. Peguei um pedaço de bolo de laranja que exalava um cheiro irresistível, gemendo ao dar a primeira mordida. - Meu Deus, Miranda! Esse é simplesmente o melhor bolo que eu comi na vida! - Elogiei ao sentir o sabor se espalhar pela minha boca.

-Que isso, não é para tanto! - Respondeu corando pelo elogio.

-Não seja modesta, tá perfeito! - Nesse momento, Miguel entra na cozinha acompanhado de Armando. - Amor, prova esse bolo e vê se não é o melhor que você já comeu na vida! - Falei levando o pedaço que eu tinha nas mãos a sua boca e ele deu uma mordida esbarrando os dentes nos meus dedos para me provocar.

-Nossa, que delícia, nunca comi nada igual! - Afirma. - Já vi que vou voltar desse fim de semana rolando de tanto comer. - Brincou ao observar a quantidade de comida disposta no lugar e todos nós rimos.

Logo subimos para o quarto para organizar as coisas, descendo logo depois para o almoço onde eu me esbaldei comendo como não fazia há tempos. Conversamos mais um pouco com Miranda e Armando durante o almoço e Miguel brincou que teria que levar Miranda para a cidade para que eu comesse sempre dessa forma. Era incrível como os conhecíamos apenas há poucos minutos e já tínhamos desenvolvido uma conexão tão grande.

Depois do almoço descansamos um pouco na sala e aquele sofá se mostrou tão confortável quanto aparentava. Convenci Miguel com milhões de argumentos, desde que era meu aniversário até que precisávamos recordar as cenas para reproduzi-las com perfeição, a assistir novamente Diário de uma Paixão. Eu nem sei porque ele ainda argumentava, se no final sempre cedia e eu acabava ganhando.

-Você sabe todas as falas decoradas e vem me dizer que precisávamos ver o filme pra relembrar. - Reclama ao me ouvir murmurando as falas dos personagens. Eu estava deitando no seu peito, extremamente confortável, recebendo um cafuné gostoso no cabelo.

-Amor, você ainda vai ver esse filme milhares de vezes na sua vida... Aceita que dói menos! - Provoquei sorrindo e ele apertou o meu nariz em resposta.

-Deus, isso é a maior prova de amor que eu poderia te dar! - Dramatiza e eu sorrio contra o seu peito.

Quando o sol baixou um pouco, Miguel me convidou para andar a cavalo e eu concordei animada, mas gelei ao ficar do lado do animal e ver o quanto ele parecia grande e alto. Miguel ria do meu lado, mas tentava me tranquilizar, assim como Armando que garantia que eles eram mansos. Então, eu primeiro o acariciei, criando uma intimidade e conquistando a confiança de Trovão, o cavalo que iríamos montar e, no fim aceitei dar uma volta, desde que fosse no mesmo cavalo que Miguel, é claro.

-E aí? Tá gostando? - Questionou Miguel no meu ouvido me fazendo arrepiar. Eu estava sentada a sua frente e ele segurava a rédea que guiava o cavalo com uma das mãos, enquanto a outra rodeava a minha cintura.

-Sim, tô amando. Achei que ia me sentir insegura, mas na verdade tô me sentindo livre. - Falei sorrindo e observando a paisagem ao meu redor, o campo verde que se estendia ao horizonte, tendo o lago como visão.

-Que bom. - Disse, beijando a minha cabeça e logo começou a rir de algo que eu não sabia o que era.

-Qual é a piada?

-Nada... Só uma coisa que me veio em mente. Nós dois em cima desse cavalo me fez pensar que você estava certa ao final, eu sou literalmente um caipira. - Explicou fazendo graça e eu ri.

-Não seja bobo, eu sempre tô certa. - Brinquei e ele gargalhou. - Mas na verdade, nesse caso eu estava certa em o considerar, o meu príncipe azul. Porque é exatamente isso que você parece agora, montado nesse cavalo branco, nesse cenário de conto de fadas e me fazendo a mulher mais feliz do universo. - Respondo sincera.

-Eu apenas sou sortudo em ter a princesa mais perfeita de todas na minha vida. - Diz beijando o topo da minha cabeça.

Logo o sol começou a baixar e resolvemos voltar para observar ele se pôr no lago, Miguel levou Trovão para o estábulo e estendeu uma manta sobre o píer, eu sentei entre as suas pernas apoiada no seu peito. Meu namorado me envolvia nos seus braços e fazia um carinho gostoso na minha mão e, nesse momento, com a cabeça apoiada no seu peito e o sol se pondo no horizonte, eu me sentia a pessoa mais realizada do mundo. O que mais eu poderia querer do que conhecer o amor na sua forma mais sublime? Quantas pessoas passavam a vida buscando o que eu tinha exatamente ali, naquele momento? A certeza de que eu havia vivido os últimos três anos junto ao amor da minha vida e que tínhamos o futuro inteiro a nossa frente. 

-Amor? - Chamo me virando para encará-lo. - Você tem ideia do quanto eu amo você? - Questiono o encarando e acariciando o seu rosto.

-Não, mas se for algo perto do que eu sinto por você é muito amor. - Responde olhando nos meus olhos.

Por alguns instantes, me perco naqueles olhos verdes cristalinos que pareciam ficar ainda mais intensos sob a luz fraca do sol. Ele me admirava com tanta intensidade que parecia que conseguia ver a minha alma e eu não duvidava que conseguisse, se existisse alguém no mundo capaz de ter acesso a ela, com certeza essa pessoa seria Miguel.

Me ajoelho, ficando de frente para ele, porque simplesmente não consigo mais resistir a unir nossas bocas. Nos beijamos lentamente, porém de forma intensa, como se naquele beijo tentássemos transmitir toda a intensidade dos nossos sentimentos que era impossível ser expresso em palavras, porque simplesmente não existiam palavras para explicar o que era aquilo. Emaranho meus dedos naqueles cachos que eu era apaixonada e esfrego o meu nariz no dele. Miguel lambe os meus lábios e eu sorrio.

-O que é isso?

-É um beijo de linguita! - Explica e eu sorrio toda boba para ele.

Não resisto e volto a beijá-lo, dessa vez de forma mais intensa, puxando os seus cabelos e me apertando contra o seu corpo.

-Você tá afim de reproduzir aquela cena comigo agora? - Pergunto baixinho, afastando nossas bocas por um segundo e olhando os seus olhos.

-Com você, eu tô sempre afim. - Murmura sorrindo em minha direção.

-Mentira, porque aquele dia você não quis tomar banho comigo! - Acuso, desenterrando o assunto de semanas atrás.

-Pelo amor de Deus, o que eu faço com você? - Miguel ri, me olhando incrédulo e eu sorrio em resposta. - Não corta o clima, amor. - Sussurra contra os meus lábios. - Vem cá e deixa eu te provar o quanto eu te amo. - Fala já me puxando ao seu encontro.

Gemo baixinho, quando ele desce a boca pelo meu pescoço e um arrepio percorre o meu corpo. Suas mãos deslizam por baixo da minha blusa, tocando inicialmente as minhas costas, logo as passando para o meu abdome e subindo até os meus seios que estavam livres de sutiã.

-Nossa, como pode ser tão gostosa? - Arqueja ao esfregar o meu mamilo intumescido contra a palma de sua mão, me arrancando um gemido.

Arranho a sua nuca e enfio as mãos em baixo da sua camiseta, acariciando o seu abdome e sentindo seus músculos contraírem ao meu toque. Com alguma dificuldade, ergo a saia jeans que usava deixando-a em torno da minha cintura, para que conseguisse me acomodar melhor no seu colo com as pernas abertas. Gemo ao sentir sua ereção se formar em baixo de mim e Miguel torna o beijo mais agressivo ao me sentir rebolar no seu colo. Ele desliza as mãos por minhas coxas nuas, as apertando, até enrolar a minha cintura com um dos braços e enfiar o outro por entre as minhas pernas a procura da minha boceta.

-Porra, você tá sempre tão pronta pra mim! - Suspira ao afastar a calcinha para o lado e tocar meu clitóris inchado, constatando que eu já estava muito excitava.

-Por favor... - Peço, rebolando na sua mão, ansiosa para sentir os seus dedos dentro de mim. Penso que Miguel vai me torturar, me mandando pedir o que eu quero, mas para a minha surpresa ele logo enfia dois deles dentro de mim e acaricia meu clitóris com o polegar e eu gemo alto em resposta. - Nossa, eu nem precisei implorar dessa vez... - Falo sorrindo e rebolando ainda mais nos seus dedos.

-É seu aniversário. - Ele responde simples, parando os movimentos para estourar a minha calcinha com as mãos.

Ele me ergue um pouco para que pudesse abrir a bermuda que usava e, ao perceber sua intenção o ajudo a liberar seu pau extremamente ereto que salta na minha frente ao se ver livre das roupas. O acaricio lentamente e Miguel geme baixinho, enquanto procura preservativo nos bolsos. Quando acha, rasga o envelope com os dentes e me entrega a camisinha, que deslizo cobrindo todo o seu pau.

-Devagar. - Adverte meu namorado quando posiciono seu pau na minha entrada, me lembrando da vez que eu fui com fome demais ao pote e acabei me machucando.

Seguindo sua orientação, primeiro massageio o meu clitóris com a glande, arrancando um gemido de nós dois, e lentamente sento sobre ele, sentindo-o penetrar o meu interior centímetro por centímetro. Miguel ofega quando está todo dentro de mim, mas me deixa completamente no controle, ele beija delicadamente o meu pescoço, uma de suas mãos apoia a minha bunda onde ele acaricia levemente e a outra se infiltra mais uma vez em baixo da minha blusa palpando um dos meus seios. Gemo com a combinação de estímulos e, assim que acostumo com o seu tamanho dentro de mim, aumento um pouco o ritmo das minhas reboladas.

Deus, como era maravilhoso fazer amor com ele! Eu tinha vontade de chorar ao sentir o prazer ser construído pouco a pouco, ele me tocava com tanta delicadeza que parecia que eu poderia quebrar. Jogo a cabeça para trás, soltando um gemido pouco mais alto quando sinto que estou chegando perto. Não falamos muito dessa vez, palavras eram desnecessárias nesse instante, nossos corpos unidos em total sincronia, tão conectados que pareciam que nossas almas estavam se fundindo, era mais do que o suficiente para eternizar o momento.

Quando senti as forças me faltarem e estava prestes a pedir para que ele assumisse o comando, Miguel tomou a minha cintura em suas mãos para ganhar apoio e começou a investir contra mim, aumentando o ritmo rumo ao auge. Gemi e meu coração se aqueceu ao perceber o quanto ele já me conhecia, não precisávamos de palavras para nos comunicar, nossos corpos já sabiam exatamente do que o outro precisava e ficavam felizes em atender as exigências.

Desmoronei minha cabeça no seu ombro, com um gemido intenso, quando o orgasmo me alcançou de uma maneira espetacular. Com mais algumas investidas, Miguel gemeu e afundou o rosto no meu pescoço, ofegante, quando recuperou o fôlego, me encarou e acariciou levemente a minha bochecha.

-Linda... - Falou olhando nos meus olhos, ainda no meu interior, me fazendo sentir completa. - Como eu amo fazer amor com você.

-Obrigada. - Falei retribuindo o olhar intenso e acariciando o pé do seu cabelo.

-Pelo que?

-Por ter aparecido na minha vida, por me mostrar o significado de amor, por ter lutado por mim, por ter me esperado e por me fazer a mulher mais feliz do universo. - Pontuei, selando os nossos lábios.

-Você é quem me faz o homem mais feliz do mundo. - Respondeu carinhoso.

-Então esse é o começo do nosso 'felizes para sempre'. - Conclui.

É claro que eu sabia que ainda passaríamos por muitas adversidades, afinal, a vida é uma montanha-russa. Mas se todos os contos de fada tinham seus altos e baixos, por que o nosso seria diferente? O importante era a certeza de que pertencíamos um ao outro e que teríamos o nosso amor como combustível para enfrentar todos obstáculos que chegassem. 

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Olá traumadinhxs, como estão? Esse era pra ser o capítulo em comemoração a resposta do fonfon, mas como ela não veio estou postando em comemoração por batermos 1k de likes! 

Isso é tão incrível que eu nem sei explicar! Jamais imaginei que essa fic tomaria essa proporção, comecei a escrever sem a menor pretensão de continuar, era pra ser só os dois primeiros capítulos e aqui estou até hoje graças ao incentivo de vocês (principalmente da minha amiga e leitora mais fiel Anninha). Então, se você ai do outro lado lê e não deixa estrelinhas, saiba que estrelinha tem muito poder em nos incentivar, viu? Quando a gente vê a repercussão das palavras que escrevemos, a inspiração bate forte querendo proporcionar algo ainda melhor da próxima vez. Então eu só queria agradecer a todos que deixam likes, comentam, me incentivam e compartilham a história lá no twitter porque isso me deixa com o coração quentinho e me incentiva a escrever mesmo nos dias em que estou cansada e com vontade de jogar tudo pro alto kkkkkkkkkkkkkk

Como o esperado, precisei dividir o capítulo em duas partes porque eu sempre saio do roteiro e acabo escrevendo muito mais do que tinha planejado kkkkkk. A segunda parte ainda não tá pronta, mas resolvi postar essa primeiro mesmo assim pra agradecer o apoio de vocês 💙

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