A Loba e o Búfalo
Todo ano nesse mesmo dia, tenho um grande trabalho juntando casais pelo mundo inteiro, isso dá uma trabalheira sem fim. Quem sou? Eu sou o cupido. Não aquele ser fofinho, barrigudinho, com asas e usando fraldas. Eu posso ser qualquer um, desde aquele cara que sentou do seu lado no banco da praça, até aquele cara que demorou muito tempo na sua frente na fila do mercado. Em suma, posso ser qualquer um, e no dia dos namorados, tenho que estar em vários lugares ao mesmo tempo.
Hoje não é diferente, já juntei muitos casais que quase não se viam por puro acaso. Isso tudo antes do meio dia. Por sorte não preciso comer.
Ao me sentar em um banco, observando todo o trabalho que tive, noto um segundo rapaz, jogando uma moeda pra cima, se sentar ao meu lado.
– Você teve um grande trabalho hoje, Cupido. – Fala o rapaz
– Sabe como é esse dia, Azar. Casais se juntam, indiretas são lançadas, o normal.
O rapaz lança o moeda ao ar mais algumas vezes.
– Oh sim, eu sei muito bem, vi alguns me darem uma chance hoje.
Antes que eu tivesse a chance de responder, vejo dois seres. Um é uma loba, com bracelete de espinhos e camisa de alguma banda de rock, dançando e cantando pela rua, com seus fones no ouvido. Pela maneira como ela canta, parecendo ter um microfone em suas mãos, sendo segurado em forma de concha, e pela maneira como salta e aponta em direções meio aleatórias, vulgo a sua frente, sem se importunar com nada. Deve estar ouvindo Pain do Three Days Grace.
Do outro lado, Um grande búfalo, com uma camisa de algum game, provavelmente Kingdom Hearts, com a cara afundada em alguma hq que não consigo ver muito bem.
– Ai Azar, o que acha de fazermos esses dois trombarem? – Pergunto.
– Você gosta de arranjar trabalho, mas curti a ideia.
Azar, para de jogar a moeda, a segurando com dois dedos em direção a loba e ao búfalo, criando uma pedra no meio do caminho da loba. Nosso objetivo se concretiza assim que ela tropeça quando os dois estão pertos, fazendo-a cair nos braços do outro.
Por um momento, os dois se encaram, como se houvessem encontrado o amor de suas vidas, mas depois, a loba roqueira estoura com o búfalo por algum motivo e sai andando um pouco brava. Contudo, sinto que algo começou a nascer ali, só terei que trabalhar mais neles.
Azar ri da minha cara pelo plano não ter dado certo de uma vez.
– Isso foi divertido de ver. Você sabe o que dizem, Cupido, é melhor dar azar do que dar a Zé.
Com isso, ele se levanta e vai em bora rindo. Todavia, vejo algo que não esperava. O búfalo pega algo no chão além de sua hq, algo que provavelmente caiu da loba. Essa é a chance que tenho, de tentar junta-los de novo.
Me disfarço de um jovem garoto, com seus dezessete anos e me dirijo até o nerd.
– Procurando alguém?
– Sim, eu estou, eu trombei com uma garota agora a pouco e ela deixou cair isso.
Olho mais de perto, e vejo um cartãozinho de uma biblioteca local que é gerida por uma humano e uma girafa, cujo uni há três anos.
– Ela deve ter ido pra la, por que não corre até o local?
O nerd acena com a cabeça e sai correndo em direção a biblioteca. Com o sentimento de serviço concluído, desapareço e o sigo, somente para ver o desenrolar do encontro deles.
O sigo como um etéreo enquanto ele corre pelas ruas da cidade, logo chegando em seu destino. No instante que ele entra, vê vários casais ali, lendo ou comprando livros com seus parceiros.
A mulher e a girafa o olham rapidamente, apenas para ver quem adentrou, pouco depois, voltam a atender seus clientes, assim como trocar pequenos toques.
O jovem búfalo começa a andar entre as prateleiras a procura da loba. Está tem um segundo encontro com ele, com ambos ao chão e ela largando os livros que veio pegar. Seus fones caem de suas orelhas.
– Ei, olha por onde anda! – Exclama a loba sem dirigir seu olhar para quem se chocou.
Ao se levantarem e tentarem pegar cada uma das coisas que caiu, ambos jogam suas cabeças, o que os faz recuar mais uma vez.
– Ouch, cuidado ai seu cabeça dura. – Diz a loba erguendo seus olhos até o búfalo.
Já sou capaz de sentir um pouco mais de amor crescer entre eles.
– M-me desculpa. – Diz o nerd, se levantando rapidamente e ajudando a loba a recolher os livros pegos.
A rockeira revira os olhos e começa a recolher alguns também. Após juntarem tudo, ele devolve a ela cada um deles junto com o cartão.
– V-você deixou isso cair na praça.
A loba ruboriza um pouco e pega o cartão, hesitando um pouco. Após isso, ela tenta sair dali o mais rápido possível, esquecendo de colocar seus fones mais uma vez.
– O que você está ouvindo? – Pergunta o rapaz.
Ela para e se vira para trás.
– Agora, acho que estava tocando Matanza ou Ramnstein. – Diz a loba, pegando um dos fones e colocando no ouvido. – Definitivamente Ramnstein, Engel.
– Serio? Adoro essa música.
– Sim... Espera, um nerd como você gosta de uma música como Engel? Pensei que vocês eram um povo mais chato com isso.
– Sou só um pouquinho, mas gosto muito dessa música por conta de um anime clássico chamado Evangelion.
Os dois saem de perto, conversando baixinho até o balcão, onde ela entrega os livros para serem registrados. Logo após, eles saem da biblioteca e eu os sigo para ver se o plano deu certo.
Ambos param em uma lanchonete, se sentam em uma mesa e começam a conversar um pouco mais para se conhecer melhor.
Vou embora de vez com a sensação de missão concluída. Agora, só tenho que unir mais casais pelo resto do mundo e não pararei até juntar cada um deles.
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