41- Aquele do Reencontro

Desci as escadas acompanhando Zuleica. Meu coração estava mais acelerado do que um maratonista com dor de barriga e eu me apoiava a Victor que depois de tudo, não queria sair do meu lado, alegando estar alerta caso algum outro perigo aparecesse sem mais nem menos.

— Que tipo de perigo poderia nos acometer aqui, moleque? Eu sempre estou alerta a qualquer sinal de ameaça — Zuleica rebateu ao ouvir as lamentações de meu marido.

Victor apertou-me mais em seus braços.

— Eu não sei! Dentro das atuais circunstâncias, eu desconfio de tudo. Não seria surpresa alguma se um ninja radioativo aparecesse querendo levar Sophia para Marte ou quem sabe um urso usando colã de bailarina desejasse sequestra-la a fim de ter uma nova atração em algum circo chinfrim por aí — conjecturou e eu dei risada com todo aquele drama.

Nós continuamos por um grande corredor. A cada passo eu ficava mais temerosa. Meus pais estavam vivos e eu estava prestes a encontrá-los!

Calma, Sophia. Respire. Um, dois, três...

Pense no bebê.

— E o que você poderia fazer além de desmaiar, meu amor? — perguntei, sentindo-me feliz por poder aliviar a tensão as custas de zombar os outros.

Meu marido abriu a boca, abismado com minha afronta a sua masculinidade.

— Que absurdo! Eu não desmaiei, tive uma síncope temporária — rebateu indignado.

— Ou seja, desmaiou — concluiu Zuleica de maneira metódica. — Agora fiquem quietos estamos chegando.

Engoli em seco e uma pontada de ansiedade alfinetou meu coração quando paramos diante de uma porta gigantesca.

— Que barulho é esse? — questionei ao ouvir o som de correria e gritos infantis. Parecia que estávamos prestes a entrar em uma escola ou algo assim.

— Não ouvi nada — contrapôs Victor me olhando com estranheza.

— Como não? É uma gritaria sem tamanho... — Fiz uma pausa e cheguei a conclusão rapidamente. — Esqueci como minha audição melhorou muito com a gravidez. Chegue mais perto, amor, assim você também ouvirá.

Victor atendeu ao meu pedido, fez algum silêncio, me olhou e balançou os ombros, sem entender nada também.

— Ninjas radioativos mirins? — supôs e eu franzi os olhos. Aquela não era hora para gracinhas e Victor entendeu isso. — Desculpe, mas como marido devo estar sempre em estado de alerta, assim como Zuleica.

— Deixem de besteira! Esse é o momento pelo qual todos estavam aguardando há muito, muito, muito tempo — disse Zuleica enfática e mirou meu rosto sorrindo alegre. — Bem-vinda a família Hanson, querida — desejou Zuleica e ao girar a maçaneta, nos deu passagem e permitiu nossa entrada na área externa da mansão.

Meus olhos abriram-se em grande espanto ao notar mais de dez crianças das mais variadas idades, correndo e brincando naquele lindo lugar arejado.

Investiguei o local em busca de meus pais, mas não os achei em lugar algum.

Será que depois de tantas lutas e pancadas na cabeça, Zuleica ficou mais doida e ao invés de nos levar para o lugar certo, nos trouxe na verdade para uma creche? Ponderei aflita.

— Olha lá, Zac! São eles — ouvi o grito esganiçado de uma mulher, mas com tanta gritaria nem mesmo com minha audição aguçada, eu pude distinguir de onde veio o som.

Para minha surpresa, fui arrebatada em um abraço enquanto ainda tentava entender a situação. O peito quase explodiu de alegria quando me afastei e notei a mesma linda mulher que vi nos registros de Josh quando ainda estava em cativeiro.

— A senhora deve ser minha mãe, eu suponho? — sondei ainda desconfiada.

Ela assentiu enquanto sorria e chorava ao mesmo tempo.

— Katie Hanson — apresentou-se e segurou minhas mãos. — Ah, minha menina, você cresceu tanto! Quantas saudades!

Senti uma imensa vontade de chorar compulsivamente.

— Onde vocês estiveram esse tempo todo? Se estavam vivos, por que não foram me buscar? — fui sucinta. Já estava farta de segredos.

— Oh, minha querida. Há tanto para lhe contar. — Enxugou as bochechas com o dorso da mão. — Com as ameaças daquele homem terrível, não tivemos outra escolha, querida. Seu pai e eu não queríamos nada daquilo e...

— Sophia! Minha filha!

Fui abraçada novamente, porém dessa vez por meu pai que parecia estranhamente muito jovem para ter uma filha de dezoito anos, casada e grávida. Na verdade, suas roupas despojadas o tornavam muito semelhante com um cantor famoso daquelas boybands.

—  Estou tão feliz! Graças a Deus vocês estão a salvo! Há tanto para conversarmos, filha — falou animado.

Afastei-me um pouco e voltei para o lado de Victor.

— Realmente! Há mesmo muito para conversarmos — concordei receosa e fiquei mais segura quando meu marido me abraçou lateralmente.

— Fique tranquila, querida. Você está segura agora — mamãe garantiu e pareceu compreender meus temores. — E esse rapaz deve ser o valente rapaz com quem se casou?

Victor aproveitou a deixa e cumprimentou seus sogros.

— Muito prazer, senhor e senhora Hanson — disse com alegria. — Obrigada por nos acolherem. Sophia precisava mesmo de um lugar para descansar de toda essa bagunça, ainda mais agora que vamos ter um bebê.

Katie e Zachary Hason olharam-se e ficaram muito alegres. Aquela notícia devia ser desconhecida para eles.

— Vamos ser avós! — papai comemorou erguendo os braços como se tivesse vencido uma corrida.

— É minha filha, a bênção dos Hason te acertou em cheio — informou mamãe também muito eufórica.

Uni as sobrancelhas, sem entender uma palavra.

— Como assim "bênção dos Hanson"? — perguntei intrigada.

Papai apontou para trás e mostrou as crianças serelepes.

— São lindas crianças, mas qual a relação? — Fiz uma careta confusa.

— Ora, Sophia! Não está óbvio? Esses são seus irmãos e irmãs — informou Katie e no mesmo instante tanto eu quanto Victor sentimos o sangue deixar nossos rostos.

***
Voltamos!!!
Só digo que tenho dó da Sophia! Kkkkk

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