37 - Aquele da Revelação

POV SOPHIA

"Quando o sol se põe e finda a tarde
Vaga-lumes só piscam sem cessar
Fique aqui,que o sonho te invade
Como é bom sonhar".

Aquela voz doce vinha do profundo das minhas memórias, parecia uma caixinha de música pulsando em meus ouvidos. Era um bom sonho com uma mulher de cabelos castanhos e um sorriso meigo segurando um bebê no colo. Nem sei como minha mente trouxe essa recordação, mas ela estava ali mais viva que nunca. Minha mãe.

Abri meus olhos e tudo estava escuro, apenas uma luz brilhava ao fundo. Me adaptando àquele lugar percebi está amarrada em uma cadeira e com uma fita na boca.

Meu coração começou a acelerar pelo medo que corria em cada poro de minha pele, me fazendo crer que o dia da minha morte havia chegado.

Diante de mim havia um corredor escuro e pude ouvir passos vindo em minha direção, era o som de um salto alto tamanho 15 provavelmente. Quando a figura finalmente se mostrou claramente, eu arregalei o olho por saber quem era.

— Sophia, que bom revê-la. Como tem passado? — Violet vestida completamente diferente da menina do colegial que estudou comigo foi até uma mesa e se serviu de uma bebida. — Veja como é vida, não é. Uma hora você está na melhor e na outra na pior. — Ela tomou de uma vez só vez o drink.

Eu não podia dizer nada porque estava amordaçada, mas queria entender como havia parado ali e o que aconteceu com a Zuleica, John e tudo mais.

— Você deve está curiosa para saber o que significa tudo isso, não é mesmo? — ela indagou caminhando até um gaveteiro e tirando de lá uma pasta de documentos.

Eu apenas acompanhei seus movimentos com os olhos.

— Sophia Hanson, vulgo Sophia Campbell. Nascida em 13/04/2001 em Nova York. Filha de Zachary e Katie Hanson, herdeira milionária do império das Redes de Hotéis Hanson.

Ao ouvir tudo aquilo deixei uma lágrima descer. Tudo na minha vida era mentira! Uma grande mentira!

— Essa é a primeira verdade que você precisa saber — ela declarou.

Enquanto ela guardava aquela pasta, ouvi outro passo vindo até onde estávamos. O sujeitinho estava de paletó e gravata bem alinhado. Ao chegar perto de Violet tomou ela em seus braços e a beijou um tanto depravado. Ela se envolvia com um homem com idade para ser o pai dela. Que horror! Naquela altura do campeonato eu estava feliz por aquele homem não ser meu sogro realmente. Josh McWood era asqueroso.

— O meu pote de ouro, enfim, voltou para minhas mãos. — Ele se aproximou de mim e tocou em meu rosto, apenas virei a cara.

— Você é um tanto difícil, menina! Mas finalmente a tenho aqui — Josh declarou. — Deseja falar algo? Sinto que tem muitas perguntas.

Apenas assenti e quando ele tirou aquela fita senti a dor de meus pelos sendo arrancados fora.

— O que é tudo isso? — indaguei com a voz embargada.

Ele olhou para o teto escuro e caminhou de um lado para o outro pensando.

— Vou contar algumas coisas — disse ele apontando para Violet que o serviu rapidamente com um copo de uísque. Ele tomou e começou: — Eu trabalhava com seu pai na rede de hotéis. Era gerente de um dos prédios. Interessante como seu pai era sempre tão certinho em tudo que fazia. Por isso, descobriu meus desvios de dinheiro do hotel e acabou me despedindo. Mas prometi para mim mesmo que aquilo não ficaria assim.

Ele deu mais golada no drink e continuou:

— Quando você nasceu fiquei vigiando tudo e dois meses depois sequestrei você num parque quando sua babá lhe deixou por um momento para dar uma informação a alguém. Ainda me lembro de ver o desespero dos seus pais no parque atrás da filhinha deles. Era uma grande satisfação vê-los sofrer assim como eu quando perdi meu emprego.

— Mas você estava roubando o hotel! — protestei indignada por ter minha vida roubada simplesmente por causa do egoísmo de alguém.

— Cale-se! Ou não saberá de mais nada.

Eu engoli em seco e o deixei falar. Eu precisava saber.

— Conheci uma família brasileira que queria muito ter filhos e montei tudo para que você e John fosse juntos. Ele era meu único filho e entendia o sacrifício. Era a função dele está ao seu lado até o momento de você crescer e poder assinar a procuração passando tudo para o nome da minha família.

— Você matou meus pais adotivos? — indaguei, querendo saber toda a verdade atrás de toda aquela podridão de mentiras.

— Eu não matei, mas a morte dele veio a calhar. Era o tempo de você voltar ao seu país de origem e aqui eu podia te vigiar mais de perto. Ao saber que estava apaixonada por Victor percebi como o destino conspirava ao meu favor. O contrato de casamento era o motivo mais que perfeito para você assinar as procurações — Josh parou e com raiva jogou o copo no chão, espalhando pedaço de vidro pra todo lado —, mas aquele infeliz não aceitou o contrato.

— Você é o pai dele? — inquiri, sentindo um aperto no peito por causa de meu marido. Naquela hora tudo que eu queria era está em seus braços novamente.

— Victor, não é meu filho. A mãe dele, Margareth Klassen, era filha de um grande advogado que ao saber da irresponsabilidade da filha ao engravidar fora do matrimônio quis matá-la. Ele era louco. Porém, me aproveitei da situação e me ofereci para casar com ela. Naquela época, eu era estagiário no escritório dele. — Ele viu meu cenho franzi e como se lesse meus pensamentos, respondeu: — Depois que fui despedido resolvi estudar direito.

— E como ela morreu?

Ao ouvir minha pergunta me fitou com seriedade e declarou:

— A idiota escutou uma das minhas conversas com John e colocou um detetive atrás de mim. Ele descobriu tudo e a contou. — Josh parou por um momento como se estivesse tendo um devaneio de seus anos passados.

— Você a matou! — afirmei com o sangue fervendo de raiva por causa daquele ser miserável!

— Eu não a matei! Eles a mataram!

— Eles quem? — indaguei gritando.

— Os traficantes. Ela descobriu como John havia se envolvido com os bandidos, dono dos morros, no Brasil. Meu filho viu que aquilo era lucrativo e em quanto você não chegava a maior idade começou investir e eu o ajudava mandando dinheiro. Ganhamos muito com tudo isso. — O homem riu como se aquilo fosse algo bom.

— Vocês são...!

— Chega! — Ele me interrompeu e disse: — Você irá assinar isso aqui, agora! — Violet trouxe uma mesa de plástico com um papel e caneta e pôs na minha frente.

— Se eu não assinar o que acontece? — perguntei.

— Você morre! — Senti o toque da arma na minha cabeça.

Naquele momento, a vida passou diante de mim e senti grande pesar por todas as minhas faltas para com as pessoas a minha volta e principalmente para com Deus. Eu merecia morrer daquela forma. Triste vida, Sophia! — disse internamente. Mirei o teto e declarei:

— Senhor, me perdoa e recebe meu Espírito. — Fechei os olhos.

Ele destravou a arma, mas, de repente, um carro quebrou uma das paredes e entrou no lugar. Ao contemplar de longe aquele olhar meu coração parou.

Continua...

...

E hoje estamos a mil!!!
Viram a nova capinha que ganhamos? Hehehe
Obrigada freuva por esse trabalho lindo! 😘😍

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