36 - Aquele da perseguição

POV NARRADOR QUE TUDO VÊ


— Até agora eu não consigo acreditar nisso, Zuleica! Esse tempo todo e você era uma agente internacional disfarçada de babá? — Sophia se afundou no banco do passageiro ainda em choque.

— A situação é muito perigosa, Sophia. — Zuleica olhou para a menina de esguia e suspirou. — Eu realmente me apeguei a você, embora estivesse fazendo meu trabalho. Eu não posso te contar tudo agora, mas um dia você entenderá. O que importa é conseguirmos deixar você, o bebê e Victor em segurança.

Sophia assentiu com a cabeça. Zuleica havia explicado da importância das revelações de Victor e como ele estava disposto a contribuir para colocar todos os criminosos atrás das grades. Mas para isso, ela precisava garantir a segurança da "menina ouro" primeiramente.

— Agora tudo faz sentido! Aquele dia, quando você derrubou os três assaltantes que nos perseguiam. — Sophia começou a se recordar de situações estranhas envolvendo a empregada. — E também, quando a vi dando um salto mortal após resgatar um gatinho preso na árvore.

— Eu passei por um treinamento intensivo. — Zuleica pensou bem se revelava para a pequena todas as verdades e mentiras que a rodeavam. — Soph, não é só isso. Toda a sua vida, tudo que você conhece, tudo é uma farsa.

A menina arregalou os olhos sem entender nada.

— Soph, seus pais... Seus verdadeiros pais... — Zuleica olhou no retrovisor e então percebeu o pior. — Droga! Estamos sendo perseguidos!

Sophia olhou para trás e viu seu irmão sentado ao lado de um homem enorme que dirigia o carro em alta velocidade. O automóvel começou a ziguezaguear e Soph percebeu que Zuleica tentava despistar os dois.

— Ele quer você, Sophia! Sem você ele não pode fazer nada!

— Como assim? Eu já não estou entendendo nada! — Sophia começou a se desesperar ao sentir a velocidade do carro aumentar e as dúvidas surgirem.

— Você é a herdeira milionária de um casal americano, Sophia. Seus pais morreram quando você era um bebê e você foi adotada pelos seus pais que conhecia. Junto, você tinha essa herança, que só poderia ser utilizada agora, depois dos seus dezoito anos. Você é dona de muita coisa, menina!

— Deus do céu! —Sophia sentiu seu mundo girar. Segurou com força no painel do carro. Não conseguia chorar nem mesmo compreender direito aquela revelação.

— John não é seu irmão! — Zuleica gritou antes de fazer uma conversão brusca pela direita, fazendo o estômago de Sophia se revirar.

Sophia olhou para trás e viu o carro de seu irmão fazendo a mesma curva.

— O que John quer comigo? Meu Deus! Meu Deus!

— Atenção, 003 para 007. — Zuleica passou a falar no rádio, deixando Sophia perplexa. — 003, preciso de ajuda! Código laranja. Menina ouro está comigo, porém estamos sendo perseguidos pelo João pé de feijão.

Sophia abaixou a cabeça e começou a orar, desesperadamente. Mas ela pedia para Deus levar ela de uma vez, porque não aguentava mais aquela vida de pressão e mentiras. O mundo como ela conhecia não era o mesmo e não sabia se viveria a tantas perguntas e repostas. Onde estava Deus nisso tudo? O que seria dela?

O celular dela apitou. Uma mensagem.

"Soph, eu amo você. Sei que eu errei, mas quero concertar tudo e ter a chance de recomeçar. Nova vida, nova história! Vamos deixar tudo para trás e construir nossa família. Confie na Zuleica e venha até mim! Seu marido, Victor."

— Victor! Victor! Estamos sendo perseguidos pelo meu irmão... — Ela gravou um áudio.

— Não! Não o envolva nisso! — Zuleica deu um tapa no telefone e o jogou no chão. — Você não entende? Victor também corre risco!

Sophia estava tremendo. Olhou o pontei indicando 150km/h e sentiu seu corpo gelar.

— Nós vamos morrer, Zuleica! — ela gritou apavorada.

— Não se eu puder impedir! Ou eu não me chamo Gracie Hart.

— Você não se chama Zuleica? — Sophia gritou.

— Não! Eu não me chamo Zuleica. Você não é filha de seus pais e seu irmão John é filho do pai do Victor! — Zuleica fez a curva em alta velocidade. — Se a gente morrer, você morrerá sabendo quem é e a verdade das pessoas ao seu redor.

— John é irmão do Victor?

— Não! Porque Victor também não é filho do pai dele! — Zuleica pegou o rádio novamente. — 003, preciso de reforços! Menina ouro em perigo! Menina ouro em perigo.

Sophia levou a mão até a testa e começou a respirar rapidamente. Seu mundo estava desabando. Nada mais era o que parecia ser. Ela fechou os olhos e sentiu algo bom vindo. Uma sensação gostosa tomou conta de seu corpo e tudo se foi. As dúvidas, os medos, os perigos. Ela simplesmente não podia mais sentir nada.

— Sophia! —Zuleica cutucou a menina ao lado. Vendo que ela não reagia, pegou o rádio novamente. — Cadê vocês, seus bocós? Menina ouro desmaiou! Preciso de auxílio.

— Estou atrás de você, docinho. —Zuleica ouviu a resposta pelo rádio e sentiu alívio quando enxergou, pelo retrovisor, três carros. John e o grandalhão do seu lado, o agente 007 acompanhado do agente 009 e uma viatura da polícia. — Ele está na nossa mira.

— Graças a Deus! — Zuleica gritou e segurou firme o volante, pisando fundo no acelerador.

...

— Vamos pegar ele! —O agente 007 disse com um sorrisinho nos lábios. — A casa caiu para John!

— Finalmente chegaremos ao fim de toda essa investigação — disse o 009. Depois de comemorar com um soquinho no ar, pegou uma caixa de papelão ao lado e estendeu ao motorista. — Rosquinhas?

— Deixa para a comemoração da nossa vitória.

O veículo, então, alcançou alta velocidade, chegando cada vez mais perto do carro do João pé de feijão.

...

— Estamos encrencados, chefinho! Eu te disse! Já era o paraíso fiscal! — Arnold gritou, sentindo a tensão por estar cercado.

— Droga! Aqueles idiotas! Como eles sabiam de nós?

— Eu não sei! Mas estamos encurralados!

John tampou os ouvidos e abaixou a cabeça. Ele precisava pensar. Sem Sophia, logo o seu dinheiro acabaria e ele não conseguiria viver a vida que pediu a Deus. Seu pai estava falido, o esquema estava prestes a ser descoberto e a cadeia era um futuro iminente. Todos descobririam sobre o assassinato. Sim, aquele dia cinzento, quando a esposa de seu pai, mãe do marrento do Victor, havia descoberto todo o esquema e precisou ser apagada para não dar a língua nos dentes. Ele havia alertado, deixariam rastros, descobririam a verdade, cedo ou tarde.

E quem diria? Sophia, a solução de todos os seus problemas, havia se casado justo com quem? A princípio, tudo parecia uma solução, uma vez que Victor era da "família" e poderiam forjar o que quer que fosse. Até ele fazer aquele maldito contrato, escondido de todos, deixando claro ao pai que ele não tava dentro. E agora estava tudo uma loucura, que ninguém conseguia mais compreender.

— John!

Um grito abafado ao seu lado. Tudo rodou.

Escuridão.

CONTINUA...

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Misericórdia!!!!!!!!!!!!!

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