11 - Aquele da carona
Victor narrando
Aquela história de contrato não me cheirava nada bem, mas de uma coisa eu tinha certeza: o dinheiro da Sophia poderia ser a salvação da minha família. Meu pai tem razão, tenho que honrar meu sobrenome. Eu sou um McWood e vou provar isso!
Primeiro de tudo tenho que ganhar ainda mais a confiança da garota, não posso simplesmente chegar nela aleatoriamente pedindo pra que assine um documento sem nenhuma explicação.
Se bem que... se eu pedisse com jeitinho e desse um dos meus melhores sorrisos, ela assinaria sem qualquer questionamento.
Mas é melhor não arriscar a botar tudo a perder. Às vezes as coisas têm que ser feitas do modo mais difícil. Por isso estou escondido dentro do meu Lamborghini amarelo neon em frente ao prédio onde Sophia mora esperando ela sair e segui-la para onde quer que ela vá e depois aparecer "coincidentemente" no mesmo lugar que ela. Essa tática sempre funciona!
Para a minha surpresa, não demorou muito para que ela saísse do prédio. Se eu não estivesse perto o suficiente não teria notado que era ela, pela forma tão simplória com que se vestia. Sophia estava acompanhada por aquele seu amigo totalmente impopular que não desgruda dela na escola e então entraram em um carro velho que mal passava dos 40 km/h.
Eu os segui e uma hora depois eles param em frente a um lugar muito grande e cheio de pessoas entrando. Dei uma boa olhada na fachada e constatei que...
- Uma igreja? - resmunguei comigo mesmo. - Só pode ser brincadeira...
Resignado, saí do Lamborghini e caminhei em direção a entrada da igreja. Era espaçosa, havia grandes telões espalhados por todo o lugar e estava bastante cheio. Apesar da multidão, não foi difícil localizar Sophia, afinal era a única que usava um vestido amarelo naquele lugar. Me aproximei com cautela e toquei em seu ombro.
- Você aqui? - disse ela espantada ao me ver.
- Que coincidência, doende! - falei tentando demonstrar surpresa. - Você vem sempre aqui?
- Não, é a primeira vez - ela falou ainda desnorteada por me ver ali. - Eu fui convidada pelo meu amigo Theo.
Sophia olhou para o lado, mas não havia ninguém, o garoto impopular havia sumido. O que foi bom, assim eu poderia ter mais tempo com ela e ganhar confiança. Como num passe de mágica, ou pura obra do destino, apareceram duas cadeiras ali perto e a convidei para se sentar, que aceitou prontamente e então nos acomodamos.
- Eu não sabia que você era cristão - falou me encarando.
- O quê? Ah, sou sim. É que sou muito reservado com esse assunto.
- Claro, eu entendo. - Ela sorriu e voltou sua atenção para o homem que estava no altar falando ao microfone.
O homem falava efusivamente da bíblia e as pessoas ouviam atentas, outras levantavam as mãos e gritavam "Aleluia!". O homem seguiu falando e depois um grupo de pessoas jovens foi até o altar e cantaram músicas que eram até agradáveis aos ouvidos, mas para a minha surpresa muitas das pessoas choravam, o que pra mim não fazia sentido, já que a música não era ruim. E Sophia era uma dessas pessoas: mantinha os olhos fechados e o rosto banhado em lágrimas.
- Ei, você está bem? - perguntei sem entender o que estava acontecendo.
Ela abriu os olhos, sorriu e depois me abraçou dizendo:
- Quando se sente a presença de Deus tudo fica bem. - Sophia se afastou um pouco e me encarou. - Você não sente?
Eu precisava confessar que aquilo tudo era muito estranho. Mas era preciso confessar também que me senti péssimo por estar ali tentando enganar aquela pobre infeliz recém chegada aos EUA e que só queria viver seu sonho americano. Eu estava com um grande conflito interno: me parecia errado mentir pra ela e dizer que estava, sim, sentindo seja lá o que fosse... mas me parecia ainda mais errado falar a verdade e vê-la decepcionada.
Após alguns minutos sustentando o olhar de Sophia, me lembrei do motivo pelo qual eu estava ali. Eu precisava ganhar a confiança dela.
- É claro, eu sinto o mesmo - eu disse finalmente e ela voltou a me abraçar.
Permanecemos em silêncio até o final do culto. Ela estava muito feliz, sorria sem parar. Imaginei que fosse pela minha presença ali com ela, afinal, garotos como eu não dá bola para garotas como ela. Mas, não sei porque, no fundo eu tinha minhas dúvidas que o motivo fosse esse...
De qualquer maneira, tudo estava correndo como o planejado. Bom, pelo menos até aquele amigo dela aparecer de repente.
- Theo, onde você se meteu? - Sophia perguntou assim que ele chegou perto de nós.
- Eu te perdi você de vista na multidão - ele respondeu meios sem graça.
- Tá tudo bem, não se preocupe. Eu tive sorte de encontrar o Victor por aqui. Você lembra dele, não é? Da escola?
- Ah, sim! Quem não conhece o Victor do time de futebol americano? - o tal do Theo me pareceu bem sarcástico, mas deixei pra lá, eu só queria sair dali.
- Você quer uma carona pra casa, Sophia?
- Pode deixar, eu levo ela - disse o amiguinho inconveniente dela.
Sophia ficou olhando de mim para Theo, em dúvida de quem escolher, o que era um absurdo! Que garota recusaria uma carona minha? Mas eu sabia exatamente o que dizer para acabar com a dúvida dela.
- Sophia, é que eu preciso muito te falar uma coisa muito pessoal e particular. - Segurei suas mãos nas minhas e a encarei no fundo dos olhos, que brilharam em expectativa.
- Theo, obrigada por me convidar e me trazer. O culto foi maravilhoso! Nos vemos amanhã no colégio, está bem? - Ela foi até ele e lhe deu um beijo no rosto.
O mané Theo ficou lá parado olhando a gente caminhar até meu Lamborghini do ano monocromático. Abri a porta para ela entrar no carro e depois fui para o meu lugar de motorista, girei a chave na ignição e acelerei o máximo que eu pude a minha máquina possante. Sophia pareceu assustada no início, mas depois relaxou um pouco e começou a curtir o passeio.
- Então, o que você queria me dizer, Victor? - ela perguntou e colocou a mão em meu braço.
Eu me virei para ela, que sorria esperando pelo que eu tinha para dizer, mas eu não tinha pensado nessa parte ainda. Pensei que ela fosse esquecer aquele papo assim que sentisse a super velocidade que meu carro conseguia atingir.
- Bom, é que... Hã... É.. - gaguejei enquanto bolava uma história qualquer, sem tirar os olhos do rosto dela. Foi então que vi seu sorriso se desfazer e um grito de pavor sair de sua garganta.
Quando olhei para a estrada, já era tarde demais...
***
Oh, não!!!! O que será que aconteceu com nossa mocinha? 😱😱😱
Não basta tudo o que já sofreu na vida?
O que acharam do badboy com sentimentos?!?
E o nosso querido Theo... será que sobreviverá a essa friendzone?!? 😢
Confira o desenrolar do clichê dos clichês nos próximos capítulos!
Não esqueçam de dizer o que estão achando do livro. As opiniões e sugestões de vocês são importantes pra nós!
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