Capítulo 17
Sarah terminou sua dança com o Príncipe Albert e voltou aos braços de seu noivo, contudo logo o casal se viu afastados da pista de dança pela alta sociedade, pois, todos pareciam querer a atenção do Duque e de sua noiva. A jovem deixou sua atenção correr pelo salão de fasta, encantada com toda a estrutura do lugar e ansiosa para desenhar, ao seu lado August respondia ao Diplomata Francês que parecia impressionado com a notícia de que o Duque Soberano iria se casar.
— Nunca conheci uma mulher mais corajosa — elogiou o francês ao ouvir August lhe contar em como Sarah tinha salvado sua vida, ambos conversavam em francês com fluidez.
Sarah sentiu seu rosto queimar, como sempre acontecia ao ser elogiada.
— Eu fiz apenas o que era devido — respondeu em francês para a surpresa de ambos os homens.
— Entendes o meu idioma? — perguntou o Diplomata abismado. — Tens uma verdadeira dama inglesa ao seu lado, Majestade.
— Sim, ela sempre me surpreende.
— Minha mãe sempre fez questão de me ensinar tudo o que ela sabia.
— Sua mãe deve ser uma grande dama — respondeu o francês — , teria a honra de conhecê-la essa noite?
Sarah deu um sorriso triste.
— Ela era sim.
— Meus sentimentos.
— Obrigada — agradeceu Sarah, enquanto tentava deixar de lado a tristeza ao pensar em como a mãe ficaria feliz em ver ela naquele lugar. — Se os senhores me dão licença eu irei procurar a minha irmã caçula.
O Diplomata assentiu, enquanto August lhe lançou um olhar preocupado. Sarah imediatamente sorriu para acalmar o noivo e informou que apenas precisava descansar um pouco, afinal também estava cansada depois de tanto dançar.
Se afastou dos homens em passos lentos e passou seu olhar pelo salão até avistar a irmã que dançava com um distinto cavalheiro para o deleite da Baronesa, de onde Sarah estava era possível notar que o cartão de baile de Anne estava lotado e que ela provavelmente dançaria muito, seria impossível conversar com a caçula tão cedo e um pouco cansada de toda atenção que estava recebendo aquela noite, a neta mais velha do Barão optou por tomar um pouco de ar fresco seguindo em direção a uma área mais vazia que levava até o jardim.
Ela imaginou seria o castelo de August, o noivo tinha tentado lhe descrever o local, mas mesmo a mente criativa de Sarah não conseguia firmar em sua mente os detalhes descritos pelo Duque. A temporada estava quase acabando e então Sarah iria embora da Inglaterra deixando para trás tudo o que até então lhe era conhecido, o desconhecido a assustava mais vezes do que gostava de admitir.
Perdida em seus próprios pensamentos ela continuou caminhando pelo jardim até se encontrar afastada de todos, sem notar para aonde seus pés a guiava acabou adentrando a um labirinto, tentou voltar pelo caminho que veio apenas para descobrir que estava perdida. Ótimo, pensou um pouco sarcástica, a avó iria matar ela se sumisse por tanto tempo e deixasse as pessoas preocupadas.
— Como vou sair daqui? — disse em voz alta.
— A pergunta não deveria ser como entrou aqui? — uma voz feminina soou assustando tanto a Sarah que esta precisou cobrir a boca com a mão para não gritar. — Essa parte do jardim é proibida, os guardas não lhe avisaram?
— Desculpa — pediu imediatamente Sarah, tentando descobrir de onde vinha a voz —, eu não sabia. Estou em problemas?
— Apenas se a rainha lhe pegar.
— Se é uma área proibida o que a senhorita está fazendo aqui? — questionou Sarah curiosa —, não vais entrar em apuro?
— Eu tenho uma permissão especial — a mulher soltou uma risada simpática que aquietou qualquer desconfiança da Parker. — Contudo, bem que seria divertido se alguém tentasse me punir, uma vez fui repreendida por um soldado o coitado até hoje não se recuperou.
Sarah se perguntou quem era a mulher que conversava com ela, o sotaque inglês deixava claro que não era nenhuma convida estrangeira, não parecia ser muito mais velha do a neta do Barão e a confiança que exalava demonstrava que não se tratava de qualquer pessoa.
— O baile não está de vosso agrado?— questionou a dama ao perceber que Sarah não iria responder.
— Não é isto — explicou a Parker mais velha suspirando —, apenas não estou acostumada com tanta movimentação.
— Bailes podem ser detestáveis — respondeu a outra com sinceridade —, principalmente se não estas com bons amigos, acredito que o segredo para toda boa festa e estar cercada de pessoas que se importam.
— Acho que tens razão.
— Eu sempre tenho. — Sarah riu da resposta ousada da estranha que lhe lembrava da atitude costumeira de Maya.
— A senhorita me lembra de um amiga —soltou Sarah de repente, por algum motivo sentia que poderia falar o que desejasse a estranha do outro lado do muro de flores.
— Lembro? — perguntou a outra com um ar de curiosidade — Por qual motivo?
— Ela costuma expressar suas opiniões de maneira forte — disse Sarah —, uma vez enfrentou meu noivo sem pensar nas consequências.
— Por qual razão ela enfrentaria o seu noivo?
— Ela pensou que ele tinha me machucado — disse Sarah —, mas era apenas uma confusão.
— Parece ser alguém a quem a senhorita muito admira — disse a mulher depois de alguns minutos em silêncio.
— Ela é.
— Que sorte a dela ter uma amiga tão fiel — expressou a outra, com a voz meio triste —, nem todos tem essa sorte. Eu mesmo sempre estou tendo que rever as pessoas ao meu redor, nem todos são sinceros em seus sentimentos e a cada ano que passa os amigos parecem diminuir, mas os que permanecem são uma alegria ao meu coração.
— Isso não é a vida? — questionou Sarah —, conforme a caminhada continua alguns permanecem e outros se vão, alguns por vontade própria e outros apenas em razão da caminhada deles terem terminado.
— Isso não é muito triste?
— Sim, mas também tem sua própria beleza — deu de ombros Sarah —, se não houvesse a possibilidade de perda como em nossa pequenez humana reconheceríamos a importância das pessoas?
— Tens razão.
— Um bride então aos amigos que se foram e aos amigos que permanecem, aos que um dia chegaram e aqueles que um dia irão embora e a nós que ao menos tempo que permanecemos também não somos os mesmos.
— Um bride — riu Sarah.
— Sabe as vezes eu jogo um jogo — disse a mulher e Sarah não soube dizer se aquilo era dirigido a ela ou não —, me pego imaginando como seria minha vida se eu apenas fosse a esposa do meu querido Al e se eu não tivesse que ser quem eu de fato sou.
— Eu já joguei esse jogo — respondeu Sarah com sinceridade.
— E?
— Descobri que independente de tudo o que eu pudesse ter se minha vida fosse mais fácil — explicou Sarah —, eu não trocaria ela por nada, pois cada luta e adversidade foram as coisas que me tornaram a pessoa que eu sou hoje.
— Eu gosto da sua maneira de pensar — elogiou a mulher — Deveríamos nos apresentar? Eu devo ir ao baile e pode ser bom ter uma nova amiga ao meu lado.
— Daria sua amizade a uma desconhecida? — perguntou Sarah com espanto e curiosidade.
— Trocamos confidencias de amigas no meio desse labirinto — explicou a outra —, bem como seu tom de voz me diz que es uma boa pessoa.
— Só tem um problema — apontou Sarah — , eu não sei como sair daqui.
A mulher riu e Sarah a acompanhou, então explicou a jovem que ela não estava tão perdida como achava e que ambas poderiam se encontrar um pouco mais a frente, desde que Sarah seguisse sempre a direita.
Quando finalmente ficaram frente a frente Sarah precisou de toda sua concentração para não cair no chão, pois a sua frente estava alguém que nem seus sonhos mais férteis teria imaginado trocar confidencias.
— Majestade — Sarah quase caiu ao fazer uma reverência o que arrancou uma leve risada da rainha. A tiara e a faixa sobre o lindo vestido verde deixava claro que a mulher era ninguém menos que a rainha da Inglaterra.
— Não é necessário — falou a Rainha Vitória, ela era muito mais jovem do que Sarah sempre havia imaginado e muito bonita, seu rosto tinha um formato de coração e seus olhos uma convicção que parecia inquebrável. — Seremos amigas ou não?
Sarah não sabia o que responder e se lembrando de todas as regras que tinha ouvido escondida durante as aulas de etiqueta da irmã mais nova optou por se apresentar.
— Se Vossa Majestade assim desejar, eu sou Lady Sarah Parker — se apresentou tentando a todo custo não gaguejar perante a cunhada de August.
— A noiva do meu cunhado? — questionou Vitória com o rosto alegre. — Não consigo acreditar!
— Sim? — sussurrou Sarah em um tom de pergunta e não de resposta.
— Estou tão feliz em finalmente lhe conhecer — disse a rainha e para a total surpresa de Sarah a abraçou como se fossem velhas amigas que deixavam de lado toda a formalidade social — Obrigada por salvar Auggie.
— Auggie?
— Lord August — explicou Vitória —, meu cunhado.
— Não precisa me agradecer, Majestade
— Não precisa de tamanha formalidade — pediu —, se antes acreditava que podíamos ser amigas ao ouvir sua voz, eis que agora tenho certeza após saber que es Sarah Parker a admirável senhorita que conquistou o coração do Duque, achei que ele iria morrer sozinho e mau humorado.
O rosto de Sarah queimou ao ouvir a confissão da rainha, pois nem mesmo em seus sonhos mais loucos poderia imaginar que August havia comentado sobre ela com a própria rainha. Na verdade nem ao menos conseguia acreditar que havia conversado com tamanha liberdade com a monarca da Inglaterra, era claro que esperava conhecer a rainha naquele baile, mas não naquelas circunstâncias.
— Devemos ir? — questionou Sarah mesmo que agora não houvesse mais a preocupação de ser encontrada sozinha no jardim, eis que estava com a rainha, era preferível evitar que sua avó notasse sua ausência.
— Sim — concordou Vitória caminhando ao lado de Sarah a passos lentos, ao sair da área do labirinto algumas pessoas que passeavam pelo jardim notou a presença de ambas, mas apesar dos olhares curiosos permaneceram afastados.
Próximas a entrada do salão do Castelo os olhos de Sarah restaram atraídos para uma região escura da varanda, naquela região um casal conversava de maneira íntima sem atrair olhares de qualquer um, pois os enormes vasos de planta impediam a visão de curiosos. Era impossível reconhecer os dois jovens, mas Sarah que conhecia aquela dama melhor do que qualquer pessoa imediatamente viu pelo brilhoso cabelo loiro que se tratava de sua irmã.
A rainha voltou-se para a região que era encarada por Sarah seguiu e apesar de não saber o que a jovem ao seu lado enxergava questionou:
— Algum problema?
— Não — respondeu Sarah, contudo guardou a cena em sua mente, pois mais tarde questionaria a irmã acerca daquele homem e desejou ardentemente que estive errada de suas suspeitas, sobre quem era o homem que acompanhava Anne.
Sem insistir a rainha subiu as escadas que levava ao salão e um passo atrás Sarah a seguiu como sabia que deveria ser. Antes mesmo que entrassem no salão o príncipe Albert surgiu acompanhado de seu irmão.
O Duque ficou pálido ao notar que Sarah acompanhava a Rainha.
— Drika — resmungou o Duque com total informalidade, entretanto a rainha não pareceu se importar —, espero que não tenha assustado minha noiva.
— Diga a ele querida Sarah que eu sou uma excelente companheira de conversa — disse a rainha em um tom jocoso. —, tive a sorte de conhecer Lady Sarah longe dos olhares da corte e tivemos uma boa conversa.
— Se ela não se assustou contigo minha querida — falou o príncipe Albert olhando para a esposa com os olhos cheios de amor e se aproximando para caminharem juntos. — Reafirmo que é uma dama de muita coragem.
— A rainha foi muito gentil — disse Sarah com uma súbita coragem.
— Ela é — concordou Albert sorrindo como um jovem que havia acabado de vê a mais bela dama. — Vamos entrar? A senhora minha dama está atrasada.
— Eu nunca me atraso querido — respondeu a rainha com sua petulância que parecia a Sarah ser costumeira —, as pessoas é que chegam cedo demais.
— Me permite Lady Sarah — questionou August estendendo o braço em cortesia para acompanhá-la.
— Claro.
— Fico feliz que tenha conhecido Vitória — disse o Duque ao caminharem juntos —, uma apresentação a menos.
— Foi uma surpresa.
— Eu imagino — riu August —, Vitória é dada de causar espanto e surpresa nas pessoas.
— Isso é um elogio?
— Sem dúvidas.
Em seguida entraram juntos no salão e se não fosse pelo braço forte de August ela provavelmente teria caído diante de tantos olhares, pois todos os convidados encaravam os dois casais.
A popularidade e o holofote não eram algo que Sarah estava acostumada, de modo que assim que surgiu uma oportunidade pediu a August que a levasse até onde a avó estava, eis que precisava averiguar os estragos de sua entrada atrás da rainha da Inglaterra.
Se a Baronesa não havia notado ou prestado atenção na saída da neta com certeza tinha percebido sua entrada no salão, mas não comentou nada quando Sarah se sentou ao lado dela ao contrário demonstrou uma estranha simpatia, tendo em vista a presença de Lord August.
— Por onde andou?— perguntou Sarah quando a irmã se aproximou dela com uma aparência brilhante e um sorriso que causava a mais velha Parker um estranho arrepio.
— No toalete — respondeu prontamente a loira e Sarah soube que a irmã estava a mentir, mas o motivo pelo qual tomava aquela atitude lhe era então desconhecido.
Meu Jesus, implorou ao Senhor, que eu esteja errada!
Senhor, orou Sarah, não permitas que minha irmã esteja a entrar em uma confusão, que ela ouça a voz de seu Santo Espírito e se lembre das palavras ditas pelo Senhor. E principalmente que ela não desperte o amor enquanto ele não o quiser, pois eu odiaria ver minha querida Anne machucada por escolhas erradas e movida pela carência.
Por favor Senhor.
Anne deu a irmã um sorriso, como se nada no mundo pudesse lhe tirar a alegria.
—
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