Meu maior presente

Capítulo 16 — Meu maior presente.

Point Of View Justin Bieber

Lorena estava suando. Estou suando. Certo, porque esse bebê quer nascer logo agora? Estou nervoso. Ela está a minha frente gemendo a cada segundo, e eu paralisado. Não sei o que fazer, como reagir.

— Justin, me leva na droga do hospital agora! — puxou meu cabelo. Agressiva.

— O que tenho que fazer... Lorena me ajuda. — peço, mais nervoso que ela.

— Pega a droga da bolsa do bebê. Pede pra Jessie tomar conta das crianças. — respirou fundo. Ela ainda puxava meu cabelo. — Anda logo!

Sai correndo indo em direção ao quarto do bebê, e procurei com os olhos a bendita bolsa, e a encontrei dentro do berço. Seja o que Deus quiser. Respiro fundo. Voltei ao quarto, vendo Lorena tentar levantar, mas sua cara de dor a entregava que ela não conseguia.

— O que você está fazendo aqui? Coloca a bolsa no carro, e deixa ele ligado. Por Deus! — deixo a porta aberta, e saio do quarto, correndo e indo pra garagem, tiro o carro deixando ligado e as portas abertas.

Respiro fundo, novamente.

A bolsa! Deixei ela no carro e volto pra dentro de casa, gritando por Jessie.

— Cuida das crianças, a bolsa dela estourou. Agora, eu preciso que me ajude a levar ela pro carro. — falo rápido, e subimos rapidamente. Entrei no quarto, e antes mesmo de dizer algo, Lorena se agarrou a mim, e Jessie ajudou-me a desce-lá. Parecia que ela estava morrendo, a cada passo era um gemido saindo dela. Conseguimos por ela no carro. — Liga para...

Sou interrompido por uma freada de carro, olhei para o lado e vi Chaz sair do carro.

— Que foi? Blair me ligou e pediu para que viesse aqui. — me olhou e logo arregala os olhos.

— Só vamos logo! Seus tapados, sou eu que vou parir e vocês que ficam conversando? — ouvi Lorena, e suspiro. Entrei no carro, colocando o cinto nela, mas recebo um tapa. — 'Tá maluco? Só dirige logo o carro, antes que esse bebê resolva nascer aqui mesmo.

— Liga pro pessoal, e liga também para o médico dela. — acelero o carro saindo de perto de casa.

Me dê forças para chegar ao hospital. Lorena se calou e olhei de soslaio para ela, que estava de olhos fechados e respirando lentamente. Troco de marcha, e ponho a mão sobre sua coxa. O suor em sua testa fazia seu cabelo grudar nele. A cada minuto ela alisava sua barriga dizendo coisas.

— Presta atenção na estrada. — pediu, e voltei a olhar para frente.

Não que aconteça nada com ela. O lado bom, e que ela está de nove meses e não de oito, e meu filho estará bem ou não. Estou nervoso ao extremo, já que sua gravidez e de grande risco. Só peço a Deus que nada aconteça com ela, enquanto estamos indo ao hospital, que parece cada vez mais longe. Virei para esquerda, suspirando forte, e ouvindo ela gemer.

— Calma bebê, estamos chegando. — murmurou, soltando suspiros. — Justin, não corre muito rápido, por favor.

Concordo, diminuindo a velocidade.

Por favor...

Fecho meus olhos por um segundo, passando a mão sobre meu rosto, e abro meus olhos. Foi no momento exato, que senti uma batida, tirei minha mão do volante abraçando Lorena, tentando ao menos protegê-la. Não sei quantas vezes o carro girou pela pista, só senti meu corpo bater contra o vidro do carro. Abro meus olhos, e o cheiro de fumaça se fez presente. Não. Ainda estava sobre ela, abri a porta do carro caindo no chão em seguida. Resmungo, ao sentir, vidros em meu corpo.

Olhei para Lorena que tinha apenas um corte na testa, mas sangrava. Me levantei, vendo um carro conhecido. Otávio. Ele saiu do carro, vindo até nós e me olhou rapidamente.

— Pega ela e vamos ao hospital. — ele iria nos ajudar? Peguei ela no colo, e pedi para Otávio pegar a bolsa. Andei até seu carro, e entrei com ela atrás. Ele entrou no carro, o ligando a partimos ao hospital. Olhava a todo instante para Lolo que chorava acariciando sua barriga.

Por quê Deus? Por quê logo agora? Eu só quero entender! Não deixa ela morrer, nem meu filho. Logo agora que estava tudo bem, dai acontece isso? Não dá pra acreditar. Primeiro foi com Tracey, e agora... Lorena não merece isso.

— Ela-a está bem? — Otávio pergunta, ele estava aflito, dava para perceber, ele olhava para trás a todo segundo.

— Acho que sim. — respondi. — Já estamos chegando? — questiono. E ele assente. De longe já podia ver o hospital.

Olhei para a mulher em meus braços, e selei sua testa.

O carro parou, e olhei para o lado vendo que tínhamos chegado. Consegui sair do carro, e Otávio gritou pedindo ajuda. Uns enfermeiros vieram ao nosso encontro, e o medido de Lorena também vinha. Coloquei ela na maca e segurei em sua mão, pegando a bolsa de Otávio.

— Obrigado! — ele assentiu.

Os enfermeiros corriam com ela na maca, e tentava a todo custo não soltar sua mão.

— O que houve? — o doutor perguntou.

— Um carro bateu no nosso, mas pulei na frente dela para que ela não pudesse ser atingida. — falo, aflito e fico mais nervoso ao ver sua cara. — Doutor?

— Sala de emergências, agora! — ele me parou no caminho, e soltei a mão dela. — Sabe que é de grande risco sua gravidez, correto? E também sabe, que se algo der errado, terá que escolher entre uma delas.

— O quê? Não! — disse alto. — Como assim? Não pode ser possível! — já estava alterado.

— É possível sim, Justin. O caso dela é muito complicado, tivemos que fazer um teste para quais pessoas pudesse nos ajudar na sala de parto. — suspirou. — Como sou o médico antigo daqui, e dou total permissão para você entrar na sala, e conversar com ela... Tente conversar com ela, caso tenhamos que escolher quem salvar primeiro.

Já sentia as lágrimas em meu rosto. Fomos até o quarto onde ela está, antes tinha ido trocar de roupa e por uma apropriada. Loren suava mais que tudo. Cheguei perto dela, e beijei sua testa mesmo suada. Como eu amava ela. Os enfermeiros saíram do quarto, eles já devem saber o porquê de estar aqui. Eu não queria escolher e nem que ela escolhesse quem sairá vivo daqui. Quero meu filho e ela viva.

Suspirei, mordendo meu lábio inferior.

— Amor, não tem outra maneira de perguntar... — engulo o choro, ou melhor, tento. — Caso houver complicações graves... Quem você escolhe para que seja salva? Você ou nosso bebê?

Seu rosto era de quem acabou de tomar um grande susto. E, na verdade, era. Mas, ao ouvir sua resposta, me surpreendo:

— Salva o bebê. — seu olhar denunciava que estava com medo. Os aparelhos começaram a fazer um imenso barulho, e me assusto. O doutor e enfermeiros entram pela porta rápido, me puxando para sair.

— Preciso que você saia, Bieber.

Olhei a última vez para Lorena, que sorria para mim, com se quisesse dizer quem estava tudo bem. Sai do quarto e andei pelo corredor, e assim que virei ele, vi meus amigos e Ale. Ela foi a primeira a vir correndo em minha direção.

— Ela está dando à luz agora. E não, não posso ficar lá. — falei, me sentando.

(...)

Duas horas. Duas malditas horas que ninguém dá notícias. Já estava ficando agoniado, andava de um lado pro outro. Só tinha eu, Chaz, Chris, Ryan e Ale na ala de espera. Ale estava mais calma, tinham dado vacina para ela se acalmar ou teria que sair do hospital. Entendo ela, Ale só queria ver a filha dela, mas até agora nada. Charles tinha seus olhos vermelhos de tanto chorar, não duvidava nada que eu também.

Droga! Eu deveria ter cuidado mais dela. Deveria ter prestado a merda da atenção na estrada, que nada disso teria acontecido. Ela estaria aqui comigo, com nosso filho em seus braços. Só queria vê-la...

Olhei para o lado, e o Dr. Campbell andava em minha direção. Respiro fundo. Assim que ele chegou ao meu lado, todos se levantaram, enquanto eu continuava com meus braços cruzados. Tentava me manter calmo.

— Dr... — Ale sussurrou olhando-o.

Engulo a seco.

— Ela ainda não conseguiu fazer o bebê sair. — olhou para sua prancheta. — Lorena tem que fazer uma cesária, sei que não é o que ela queria, mas caso ela não conseguir, novamente, teremos que fazer a cesária.

— Quero ficar ao lado dela nesse momento, por favor... — murmurei, tendo seu olhar piedoso que odiava.

Tinha colocado, de novo, a roupa apropriada e já estava ao seu lado. Prendo seu cabelo, recebendo seu sorriso de volta. Selei sua testa delicadamente, pegando em sua mão. Lorena respirava com certa dificuldade.

— Você consegue, baby... Como você acha que nosso bebê será? — falei, sorrindo ao imaginar, e tentar o máximo tirar a tensão dela.

— Quero que tenha seus olhos. — fechou seus olhos, mas logo os abriu.

— Sério? Quero que ele seja de sua cor, é tão linda... — alisei seu rosto, ouvindo sua risada baixa. — Sua boca carnuda, quero muito que ele tenha isso tudo. Você é muito linda para não ter um serzinho como você correndo pela casa.

— Jay, caso eu não resista...

— Não fale uma coisa dessas! — puxei seu rosto, sentindo sua respiração. Ouvi um pigarro, e me afastei dela. — 'Tá na hora. Se quiser pode puxar meu cabelo, morder minha mão, o que quiser. Só faça essa criança sair daí.

O Dr riu da minha fala, negando com a cabeça.

Os minutos seguintes foram agonizantes. Gritos, gemidos de dor.

— Pelo amor de Deus alguém tira essa criança de dentro de mim! — Lorena grita, puxando meu cabelo. — Tira isso logo, eu não aguento mais... AH!

— Força! — Campbell pediu.

— Estou dando o máximo de mim, e você ainda quer que eu faça mais força? JUSTIN BIEBER! — Gritou mais alto. Se não fosse pela situação estaria rindo. Lorena puxou seus joelhos, ficando de cara com o médico. — Tira isso logo!

Ele olhou-me assustado. Estou tão assustado quanto ele. Talvez nunca tenha visto alguém assim, não sei.

O momento seguinte, foi a coisa que me fez ficar parado. Lorena berrou tão alto, que aposto que quem estivesse do lado de fora a ouviria. E assim que ela parou de berrar, ouvi um choro. Nasceu? Meu corpo estava paralisado. Já sentia a lágrima cair pelo meu rosto, beijei os lábios de Lolo, sentido ela sorrir levemente. Olhei para o médico, e suas palavras me fez abrir um sorriso.

— É uma menininha. — levantou ela, ela era tão branquinha, seus olhos tinham a tonalidade, castanho escuro, iguais de Loren. E seus cabelos e tão escuro, ela tinha a boca um pouco carnuda. Ela realmente puxou mais Lorena. — Qual será seu nome?

— Muriel. — murmurou minha amada, fechando seus olhos.

(...)

Tinha se passado algumas horas, para ser mais exato era 21h30 e estava tão cansado fisicamente que quase não sentia meu corpo. Minha sogra foi a primeira pessoa a ver Muriel, Ale tinha ficado um pouco com Lorena e ela. Tinha resolvido ir em casa e tomar banho, Chaz havia deixado seu carro a minha disposição, e aproveitei. Após ter chegado em casa, tomei banho, peguei algumas roupas para Lolo e outras menores para Muriel, minha namorada que pediu para levar — o que é estranho, pois, tínhamos levado a bolsa dela — e não neguei, óbvio. Assim que passei pela cozinha comi um pouco, arrumei as coisas no carro. Fui ao quarto das crianças e as vi dormindo calmamente, selei ambas testas.

Voltei ao hospital às 21h50. Tempo recorde de arrumar as coisas rápido. Muriel estava em uma caminha do próprio hospital, dormindo lindamente. Deixei as duas bolsas no sofá pequeno, e me aproximei de Lorena assim que ela abriu seus olhos. Puxei uma poltrona e sentei-me nela, pegando nas mãos dela, e fazendo um carinho.

— Está se sentindo bem? — pergunto.

— Sim. — sua voz estava fraca. — Ainda não consegui ver direito Muriel. — assim que ela acabou de dizer, a porta foi aberta por uma enfermeira que nos lançou um sorriso simpático.

— Senhorita, que bom lhe ver acordada. — andou até nós. — Como ficou bastante tempo dormindo, suponho que não tenha dado de mamar a Muriel, correto? — Loren assentiu, apertando minha mão. A enfermeira andou até Muriel, a pegando cuidadosamente no colo e veio com ela. Ajudei Lolo se sentar, e a enfermeira deu minha filha para ela. — Certo. Sabe como fazer isso, ou precisa de ajuda?

— Sei como fazer. — Lorena abaixou a roupa hospitalar e aproximou Muriel de seu peito, que rapidamente começou a sugar, ela estava faminta. — Nossa, é meio dolorido de se fazer isso.

— Sim é. Mas, caso fique muito, é importante trocar e por no outro seio. — ela concordou. — Vejo que está indo bem, então já vou, e qualquer coisa é só me chamar. — se retirou.

Fiquei observando ela amamentar Muriel. Sua mãozinha estava sobre o seio dela, e seus olhos esbugalhados miravam no rosto de Lorena, que sorria formosa. E tão de se ver, e a cena mais linda nesse momento.

— Sabe quem nos ajudou a chegar no hospital? — chamei sua atenção, enquanto ela alisava a cabeça da pequena Muriel e negava a cabeça. — Otávio.

Seus olhos ficaram presos em meu rosto, tentei desviar. Engulo a seco, soltando um longo suspiro.

— Você sabe que ele irá querer ver Muriel, por ter nos ajudados. — falo, lentamente.

— Tudo bem. Mas, ele só entrará aqui se você estiver comigo, ou alguns dos meninos. — concordo. — Não confio nele, nem muito menos ficar sozinha com minha filha.

— Nem eu. — bufei. — Isso é só no caso dele realmente vir aqui. — lambi meus lábios, puxando meu cabelo pra trás. — Acho que vocês irão ter alta em alguns dias.

Não falamos mais nada. Apenas ficamos apreciando o momento, e claro Muriel já havia ido dormir de novo.

Alguns dias depois.

Acabo de banhar Muriel, seco ela, e ando pra fora do banheiro e a coloco na cama. Faço todo o processo, como Lorena me ensinou, e logo arrumei sua roupinha que estava escrito "Do Papai". Havia comprado várias como essa, Lolo também, mas nem tanto quanto eu. Seu quarto era lindo, seu berço e da cor preta assim como seus móveis; as paredes eram brancas, nelas tinha desenhos que pedimos alguém para fazer. Deixo ela no berço e fechei a porta indo para meu quarto. Retiro minha roupa e tomo um banho rápido. Assim que acabo o banho, pego outra roupa e as visto.

Blair e Bryan foram pra escola, depois de alguns dias sem ir, Lorena tinha os levado e aproveitou para conversar com as professoras sobre o motivo das faltas. Fui ao quarto de Muriel e a vi dormindo. Desci as escadas, e joguei-me no sofá respirando fundo.

Otávio não tinha ido ver Muriel e agradeci eternamente por isso. Nesses dias, Charles diariamente vinha aqui para ver e ficar com Muriel, e daqui a pouco ele irá chegar. Estava tão cansado. Ouço o som da campainha e o vejo entrar.

— Ela dormiu? — assenti, o vendo sentar ao meu lado. — Cadê Lorena?

— Já deve estar voltando. — ouvi o barulho de porta se fechando e Lorena se jogar em cima de mim. Dou de ombros.

— O que sua mulher acha de você estar vindo a aqui todo santo dia, Chaz? — questionou Loren. Começo a fazer um carinho em sua cabeça.

— Nada. — olhei desconfiado para ele. — Pedi o divórcio. Estávamos brigando muito, e na primeira vez que vim pra ver Muriel ela não tinha deixado, alegando que "sempre largo ela". E também, porque, por acaso, eu teria um caso com a Lolo. — riu.

— Nossa, essa mulher é louca. — percebi Loren ficar desconfortável. Estranhei, mas não digo nada. — Como Muriel acabou indo dormir quase agora, porque não volta depois?

Chaz me olhou, logo se levantando e saiu.

Puxei Lorena para sentar em meu colo, e a selei rapidamente. Seus lábios carnudos estavam tão macios, que os chupei lentamente. Ela pede passagem e logo cedi. Sentia uma imensa saudade de seus beijos. Coloquei minha mão sobre sua nuca, puxando levemente seu cabelo. Aperto sua cintura a puxando mais. Senti ela morder meu lábio, terminando o beijo com selinhos. Uau. Como eu amava essa mulher. Abraço ela, recebendo sua risada alta.

Lhe dou um selinho demorado.

— Você está bem? — pergunto, tirando alguns fios de seu rosto.

— Estou. — suspirou. — E você?

— Ótimo, meu amor. — faço carinho em sua bochecha. — Sabe o que percebi? — negou. — Muriel puxou você em todos os aspectos. O que é injusto, porque eu também ajudei a fazer ela. — falo, fingindo estar indignado. Sus bochechas ficaram vermelhas na hora. Soltei uma risada.

— Jay... — colocou seu rosto na curvatura de meu pescoço. — Pare de falar besteiras! Ela puxou você sim.

— Em que? Muriel tem a sua cor, sua boca, seu cabelo escuro e seus olhos! — mordo seu pescoço, recebendo uma arfada. — Mas eu amo ela de qualquer jeito.

Respirei fundo.

— Que foi, amor?

— Daqui a alguns dias terei que voltar ao trabalho... Mas, agora que Muriel nasceu, quero ficar mais perto de você. — murmurei. Tinha ficado meses sem trabalhar. — E não que aconteça o mesmo, entende? Eu só...

— Ei, ei. Calma, tá bom? Não precisa sem trabalhar agora. Você mudou, e agradeço por isso. — riu. — Pode ir trabalhar sem problemas. Só não fique tanto tempo fora de casa, Muriel ainda é um bebê, preciso de ajuda.

— Te amo demais mulher! — gargalhei em seu ouvido.

Quatro dias depois.

Charles não vinha aqui em casa já vai fazer exatamente quatro dias. Ele também não atendia as ligações. Ryan tinha ido em sua casa, mas só estava a sua ex-esposa e nem ela sabia onde ele havia se metido. Lorena já estava começando a se preocupar e eu também. Chaz não é de sumir por muito tempo.

Agora estávamos todos sentados no sofá daqui de casa, menos Loren que está dormindo. Isso está muito estranho, esse sumiço dele não é normal. Estava indeciso se ligo para polícia, já que fazia mais de 24 horas. Não tínhamos ligado antes, pois, pensamos que ele só estaria precisando de um tempo, já que ele tinha acabado de pedir o divórcio.

Jessie chegou ao nosso lado e deixou um lanche na mesinha e se retirou. Não tardei a pegar um sanduíche, já que sentia um pouco de fome, e os meninos fizeram o mesmo. Acabo de comer, e logo ouço um grito vindo do andar de cima, e vi uma Lorena toda chorosa com o celular em mãos.

— O que foi, Lorena? — Ryan perguntou.

— Acharam o corpo do Chaz... Eu não consigo... — puxei ela, e foi o momento em que ela desabou em choro. Não estava entendendo nada.

Alô? Tem alguém aí? — percebi que era o celular de Lorena, então o peguei.

— Sou o namorado dela. E como assim encontraram o corpo de Charles Somers?

Como havia falado, sou o detetive Pablo, e estou no caso do sumiço de Charles Somers. Sua ex-esposa nos ligou a dois dias. Ela havia nos dito que ele tinha saído com o carro, e como tinha rastreador, conseguimos achá-lo... Porém, morto. — respirei fundo, engolindo o choro.

— Como o acharam? — pergunto, tremendo e olhei para os meninos. — Por favor, não omita nada.

Encontramos seu carro completamente destruído. E ele já sem vida. Pensamos que ele havia tentado se matar, mas tiramos isso, já que outro policial viu marca de batida de carro, mas suspeitamos que tenha sido um carro ou até mesmo um caminhão, pelo estrago que o carro se encontra. — já chorava, assim como os meninos. — Ligamos para a Lorena, pois, o número dela estava no celular, como se ele fosse ligar pra ela.

— O que?

Um policial irá levar o celular dele, já que encontramos uma mensagem para sua namorada. A ex-esposa dele, não queria saber do celular, então iremos dar a vocês. Obrigado pelo seu tempo, e desculpe qualquer incomodo. — e desligou.

Vi Jessie atender a porta e trazer uma sacola. Era o celular de Chaz. Ainda não acreditava que ele tinha morrido. Sentia meu coração bater tão rápido. Apertei Lorena, sentindo ela chorar ainda mais. Ryan e Chris também choravam. Ele era um dos meus melhores amigos. Não acredito que ele... Se foi.

— Gente, tem uma mensagem dele em seu celular. — peguei o celular da mesinha, Jessie tinha saído.

— Eu posso ler... — Chris se remeteu a ler, e lhe dei o celular.

Soltei um longo suspiro.

— "Não sei como dizer isso, na verdade, não sei como mostrar isso de uma forma boa. Provavelmente, Justin, quando ler irá me matar... Mas, hoje eu só quero dizer algumas verdades, que já venho guardando pra mim, aguentando tudo isso sozinho. Já não consigo guardar mais isso dentro de mim. Então, desde já, desculpe Justin... Lorena desde o momento em que lhe conheci, em que pus meus olhos em você, senti algo diferente. Não sei explicar, só sentia meu coração acelerado, minhas mãos suadas, e um frio intenso dentro de mim. E não, não era aquele frio de tempo, e sim como eu me sentia ao seu lado. Como você sabe, tinha começado a namorar, mas isso era pra tentar esquecer você... Tentei, mas não consegui." — ele respirou fundo, estava paralisado. — "Depois de ter casado com ela, pude perceber que você nunca seria minha; você estava grávida do meu melhor amigo. Droga! Isso é tão frustrante de se pensar. Havia lhe falado que tinha pedido o divórcio, mas não disse o porquê dele, lá vai... Minha ex-mulher descobriu que eu amava você, isso já fazia algum tempo. Por isso ela brigou com você. Me desculpe por isso. O divórcio já estava em andamento há algum tempo, já, mas só tive coragem de contar que pedi, quando ele chegou nas mãos dela. Assinei, ela também." — Chris, me olhava a todo minuto, eu estava sem reação alguma. — "Então, Lorena Clarkson, eu te amo. Aliás, Justin, não fique bravo comigo. Até porque, sei que isso nunca chegará nas mãos de sua amada. Muriel é tão linda, diga a ela que eu a amo já. Estou grato por ter participado de sua vida...".

Ele amava Lorena? Como eu nunca pude perceber isso?

— Já estamos indo, cara. — e os dois se foram.

Dia seguinte.

Há algumas horas antes, havia sido o enterro dele. Não fiquei bravo pela mensagem, longe disso. Ele, de fato, me respeitou, e não fez nada com Lorena. Ainda estava abalado com tudo isso, principalmente Lorena, já que eles eram melhores amigos. Agora ela tinha subido e ficado com Muriel. Blair e Bryan estavam com ela.

Suspirei.

Pedi para Jessie preparar a comida favorita de todos, e subi para o quarto onde todos se encontravam. Entrei no quarto, vendo Lorena dando de mamar a Muriel, enquanto às duas crianças dormiam no tapete peludo. Tínhamos comprado ele, para a bebê ficar alí. Sentei-me ao lado dela, e selei sua bochecha levemente e dou outro beijo em minha filha.

Passaram-se alguns minutos e Jessie nos chamou para comer o almoço. Acordei as crianças que saíram resmungando, apenas dei risada. Peguei Muriel no colo e sai do quarto, descemos as escadas, fomos direto para cozinha. Blair e Bryan deram um grito ao verem suas comidas favoritas.

— É para comerem tudo, isso inclui você, Lolo. — falei. Jessie pegou minha filha me deixando comer melhor. Ela havia feito lasanha para mim e Lorena, já que ela tinha me viciado nisso. E pra dizer a verdade, isso é maravilhoso. Tem uma travessa de lasanha na mesa, as crianças queriam a todo custo, mas neguei dizendo ser apenas meu e de Loren. A comida deles era macarrão com carne moída. Não garanto nada que iríamos comer o que sobrar a noite.

Beberico um pouco do suco, enquanto observava minha família. Estávamos mais unidos do que nunca, e isso me orgulhava de alguma forma, até porque passamos por tanta coisa em pouco tempo... Disperso em meus pensamentos, ouço Lorena me chamar. Virei para olhar ela melhor, que sorria.

— Jessie fez sobremesa. — arqueio a sobrancelha. — Lembra quando nos conhecemos? — concordo, pegando o último pedaço da lasanha. — Então, lembra que comemos uma sobremesa lá? Foi nosso primeiro encontro... — sorriu com ternura, ela tinha um brilho no olhar tão lindo.

— Mas é óbvio que lembro. O que isso tem a ver?

— A sobremesa e a mesma, tinha pedido pra ela fazer. Queria lembrar daquele dia. — suas bochechas ganharam uma cor diferente, ela corou, abri um sorriso. — Essa sobremesa virou "a nossa sobremesa". Sorvete com bolo gelado, com cobertura de morango e com pedaços de KitKat.

Lembro de sempre chamar Bryan e Blair de vidas. Lembro da primeira palavra de Bryan "ebá". Nunca mais falei com Medellín Scott, a mulher que me ajudou a não perder a guarda de meus filhos. Lembro que Ebby teria que manter um quilômetro de distância... Mas quem disse que ela seguiu a ordem? A melhor lembrança foi de beijar ela pela primeira vez. Foi mágico. Não poderia esquecer do dia em que "falei com Tracey".

Solto uma risada ao lembrar. Lorena me olha confusa.

— Nada. — murmuro, comendo.

Deveria ter ido devagar, mas não consegui, e estamos nisso até hoje. Lembro que minha mãe não gostou dela, no momento em que a viu. Quando Bryan chorou por ter visto "supostamente" sangue no rosto da Lorena, mas ela só estava corada. Lembro quando minha mãe foi preconceituosa com ela, e por ter dado um tapa em sua cara, e tivemos uma briga feia. Quando vi que ela tinha um corte no lábio... Aquilo partiu meu coração. Principalmente, porque tinha sido minha mãe que ousou a bater nela. E Bryan falou sua segunda palavra "parem". Tem também o dia em que Blair e Bryan mentiram, principalmente quando Blair mentiu dizer que ela havia caído da escada. Foi uma brincadeira estúpida da parte deles.

O nosso pior momento, foi quando ela levou um tiro. Ainda lembro desse dia. Lembro da nossa primeira vez... Uau! O dia da entrega do meu carro, foi um sucesso. Quando ela começou a me chamar de amor. Tivemos momentos incríveis, mas o melhor foi dela dizendo estar grávida. Foi tão gratificante saber disso.

Após o almoço, fomos pra sala assistir algo. Blair pegou o controle, logo colocando na Netflix, procurou não sei o que, o nome do filme é "Bright". Sentei-me no sofá com Lorena em cima de mim, Blair e Bryan deitados também.

E minha vida mudou de uma maneira tão boa, que às vezes tenho medo que se eu fizer algo errado pode acabar com isso tudo. Meu maior medo é perceber que isso tudo não passa de um grande sonho, da qual se fosse verdade, não queria acordar nunca mais. Lorena me faz feliz, e a faço feliz, meus filhos estão da mesma maneira. Não tem porque do que reclamar.

Muriel foi meu maior presente.

Aliás, se não fosse pela Tracey, acho que nunca teria tomado iniciativa de fato e não estaríamos assim hoje. Obrigado, Tracey. A verdade é que, amo Lorena Clarkson, a mulher que antes era a babá de meus filhos agora, é a minha mulher, mãe da minha filha.

https://youtu.be/5_RCLiozyTE

https://youtu.be/Aep7E6Layto

Obrigada!

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top