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Não sabia como mas tinha conseguido enfiar seis pessoas dentro de um carro de quatro portas.

Pra começo de conversa, nem sabia como tinha chegado nessa situação. O plano inicial era apenas levar changbin e seungmin, mas como felix tinha sumido e ele era o único - além de chan - que possuía um meio de transporte, as coisas foram pelo ralo. As discussões começaram com quem sentaria na frente junto do australiano, jisung alegava que tinha preferência, pois estava naqueles dias. No entanto, jeongin rebateu dizendo que era o mais novo, e logo tinha o direito de escolher sentar junto do ar condicionado. Nem minho, nem seungmin, muito menos changbin entraram naquela discussão, era um caso perdido.

No final, os dois garotos foram para o banco de trás e changbin ocupou o da frente, totalmente contra sua vontade, que fique claro, foi minho quem decidiu, e ninguém - nem mesmo o mais velho presente - conseguia ir contra um lee minho irritado e sem paciência. O que veio a seguir foi, quem sentaria no colo de quem, afinal, atrás só cabia três.

Chan nem mesmo conseguia entender o que estava acontecendo, ele estava em pé no sol quente das duas horas da tarde ao lado de changbin, o menor encolhido no banco do passageiro, esperando para que o restante da trupe dos idiotas decidissem como se organizaram no banco de trás. No final, quando o limite da paciência do australiano era quase nulo, jisung acabou perdendo no pedra, papel e tesouro e ficou decidido que ele sentaria no colo de minho por toda viagem. O que não era muito longo, mas ainda um pesadelo para quem estava torcendo ficar com jeongin.

Quando enfim saíram da faculdade, eles seguiram até a casa do bang. Minho conseguiu colocar uma música para tocar ao conectar seu celular no rádio do carro, e cantando alto a cada novo semáforo, chan sentiu vontade de chutar o lee e jisung do automóvel e sair pisando fundo para longe deles. Como tinha achado gente tão sem vergonha para fazer amizade? Não discordava com changbin, o único decente ali era jeongin, que ia calado enquanto mexia no celular. Seungmin conversava com changbin, tão baixo que chan se perguntava se eles tinham tímpanos abençoados. Não queria ser inconveniente, mas o jeito que o olhar de changbin sempre caia na sua direção toda vez que se virava para sussurrar mais alguma coisa para o castanho deixava ele extremamente curioso.

Quando enfim tinham chegado à residência dos bang, as músicas antigas da Lady Gaga pararam de tocar.

Chan foi na frente para abrir a porta depois de deixar o carro em frente a garagem, ele deu espaço para os garotos entrarem e fechou a porta em seguida. O lugar estava abafado pelo tempo quente, e o mormaço deixou o ar pesado, ele logo abriu as janelas e perguntou se os meninos queriam algo para beber, assim distribuindo junto com minho copos de água gelada e suco.

Os conduziu até o andar subterrâneo, deixando as mochilas e sapatos para trás. No porão, o lugar estava frio e aconchegante, já que lá o ar condicionado não era desligado, uma vez que o australiano praticamente dormia quase todos os dias ali. Como dito mais cedo, o lee tentou ligar para yongbok novamente, na quinta tentativa falha, ele desistiu irritado, xingando o outro australiano de todas as ofensas que conhecia.

- esse australiano de merda! - exclamou irritado. - tira ele da banda, chan.

- e você vai tocar teclado no lugar dele? - minho se calou de imediato. Ao fundo, sentado nos puffs coloridos, jisung abafou uma risada. - vamos esperar alguns minutos, daqui a pouco ele aparece.

- mandei mensagem pra ele. - jeongin disse. - mas quem respondeu foi outra pessoa.

- qual é a da vez? - minho indagou, levando uma cotovelada na lateral do corpo por chan, como um silencioso "cala a boca".

- não, não é uma garota. É o hyunjin.

- preferia que fosse uma garota. - jisung resmungou folheando o livro do yang, as sobrancelhas franzidas mostrando sua indiferença quanto ao citado.

- vocês tem treta com esse tal de hyunjin? - changbin se manifestou sentado no chão perto da bateria. Seungmin ao seu lado brincava com as baquetas, tentando girar elas nos dedos igual o seo faz.

- não é exatamente uma treta, a gente só não se dá muito bem. - minho explicou brevemente. - ele é um pouco... inconveniente.

- chato também. - jisung disse.

- às vezes passa dos limites da razão. - jeongin concluiu.

- mas uma boa pessoa quando quer. - chan trouxe a atenção dos seus amigos para ele. - o que? Ele não é tão ruim. - tentou se defender, afinal, hyunjin já o ajudou bastante com assuntos da banda, como conseguir lugares para eles tocarem e outras finanças, já que o hwang era muito conhecido por donos de bares e outros estabelecimentos, uma vez que seu pai era dono de uma empresa famosa que comercializava bebidas.

- de qualquer forma. - minho decidiu ignorar vendo que discutir sobre aquela assunto não levaria a lugar nenhum. - ele não é uma boa influência pro felix, tá sempre levando ele pra fazer merda, então a gente tenta evitar que eles dois fiquem andando por aí juntos.

- bom, o hyunjin disse que daqui a pouco eles estão chegando. - jeongin avisou, pegando seu livro com jisung e dando seu celular a ele, para que o garoto ficasse entretido em outra coisa.

Vendo que o ensaio teria que ser mais alguns minutos adiado, chan ficou perdido quanto o que deveria fazer. Normalmente quando Felix atrasava, os meninos se viravam sozinhos para ajustar seus instrumentos ou até mesmo descansar, mas tinham visitas e deixar changbin e seungmin entediados por conta do sumiço do lee deixava o australiano inquieto e ansioso.

Decidiu subir até o primeiro andar com minho, pedindo para ele acompanhá-lo até a cozinha. Tinha noção que o loiro sabia de algo a mais sobre felix. Prontamente o lee ficou de pé e seguiu o mais velho, avisando que pegaria biscoitos e refrigerantes para os mais novos quando voltasse. Já no andar de cima, chan esperou até que minho abrisse a boca, ele não conseguia guardar segredo por muito tempo.

- fiquei sabendo que o felix tá se metendo com uma garota comprometida.- proferiu ainda de costas para o mais velho, agachado rente ao armário atrás dos biscoitos que ele guardava. - ela namora um dos caras bombados que faz natação, lee hoseok ou algo assim. Parece que esse "boato" chegou no ouvido do cara e agora o felix tá fodido.

- por isso ele sumiu hoje? - minho deu de ombros, ficando de pé com as mãos cheias de pacotes de biscoito de chocolate.

- provavelmente. - disse indo até a geladeira. - eu não quis falar mais cedo porque o jeongin ia ficar preocupado. Só eu, você e o sung tá sabendo disso.

- ele vai acabar descobrindo. - chan coçou a testa, uma dor de cabeça imensa surgindo.

- com certeza. - minho tirou as latinhas de refrigerante do refrigerador, levando tudo ao balcão da cozinha. - hyung, pega aquela bandeja grande ali. - pediu apontando até o armário superior, onde as bandejas e outros pratos ficavam. Chan se esticou até lá e buscou, entregando ao lee em seguida. - obrigado, lindo. - piscou para o ruivo, ajeitando as coisas para levar ao andar de baixo.

- hyunjin tá envolvido nisso?

- ele sempre tá. Ouvi dizer que foi ele quem arrumou a fulaninha pro felix, e você sabe que o lix não dispensa nada. Mesmo que a garota namorasse o rei da cocada preta, ele ainda tentaria ficar com ela. Não sei se ele é burro ou suicida.

Minho tinha um ponto. Não era a primeira vez que o outro lee se envolvia com alguém comprometido, e sabia que não seria a última. Pelo menos uma vez queria que o rosado agisse como um adulto e largasse de ser um adolescente inconsequente, aquilo afetava não só ele como também o restante da banda, principalmente jeongin. Chan nunca ditou o que o outro australiano deveria fazer, nem mesmo impôs autoridade, ele era grande o suficiente para arcar com suas ações, mas a partir do momento que aquilo começou atingir o yang diretamente - seja verbalmente ou até mesmo com agressões físicas a partir das suas ex namoradas - chan começou a interferir.

Já havia dito uma vez, se jeongin fosse machucado novamente por causa das merdas que felix fazia, ele seria expulso da banda definitivamente. E jisung seria o primeiro a convencer jeongin a esquecer o rosado e se afastar dele. Mesmo sendo difícil de acreditar às vezes, o han tinha aquele poder, afinal, jeongin confiava nele cegamente, apesar de amar felix como um tolo.

Minho desceu até o porão enquanto o australiano tentou esfriar a cabeça, não queria parecer irritado na frente de changbin e seungmin, tinha noção que seu rosto não ficava uma das melhores visões, mas era impossível ficar calmo quando felix novamente aprontava algo que geraria uma comoção enorme entre os garotos. Se ele pudesse, puxaria a orelha de felix até ele aprender o que era bom senso e responsabilidade, por mais que soubesse que seria em vão. Já tirou muito tempo da sua vida para conversar com o rosado, mas ele só fazia o que queria, então em algum momento cansou e deixou que ele se virasse, mesmo que seu lado responsável estivesse sempre lá para chamar atenção do outro e mandá-lo agir como um adulto.

Batidas na porta fizeram o ruivo parar no meio do caminho até o porão, ele girou os calcanhares e foi até a entrada da residência, abrindo a porta sem ver quem era antes, se assustando quando um peso foi jogado em cima do seu corpo. Felix caiu nos seus braços como uma boneca de pano, com alguns machucados pelos braços e rosto. Seu coração acelerou ao ver sangue jorrando da boca dele.

Rapidamente chan o levou até o sofá junto com hyunjin, chamando por minho e o restante dos meninos para ajudá-lo.

- felix! - jeongin exclamou tentando correr até ele.

- não, innie! - jisung segurou no braço do yang, impedindo que ele chegasse perto do rosado. Sabia que o mais novo possuía fobia de sangue, se visse a situação do outro, felix não seria o único quase desmaiado ali.

- merda yongbok, o que você pensa que tá fazendo com a própria vida? Seu estúpido, eu juro que vou te matar. - chan resmungou olhando para a situação do lee, ele estava totalmente descabelado e machucado, roxo e verde se misturando na pele meio pálida dos seus braços, seu rosto estava um caos de sangue e arranhões. Chan quis bater nele até sua cor mudar para cinza, mas ele já parecia danificado o suficiente.

Minho buscou na cozinha o kit de primeiros socorros, pedindo para o ruivo sair da frente. Ele se sentou ao lado do outro lee, tirando os remédios que usaria e algodão de dentro da maletinha, limpando os machucados e estancando o sangue que escorria da boca dele com um pano.

- você é um caso perdido. - minho também resmungou, pressionando com força o algodão ensopado de remédio contra o machucado o lábio dele, ocasionando num espasmo vindo do garoto.

- minho hyung, você é tão bonito. - felix disse tonto, espalmando a mão na bochecha do loiro. Ele parecia muito dopado para perceber o perigo que estava correndo.

- cala a boca, moleque. - deu um tapa estalado na sua mão, afastando felix. - quando você ficar bom vai pedir pra nunca ter me conhecido. Juro que vou te fazer engolir peça por peça do teclado até te engasgar, depois vou te levar no hospital, e quando você estiver bom, vou fazer tudo de novo.

Chan coçou a testa como sempre fazia quando estava ficando com dor de cabeça, ele olhou para changbin e seungmin no canto. Tinha esquecido deles. Os dois olhavam para situação do lee em completo silêncio, pareciam assustados com tudo aquilo. Queria brincar dizendo para eles se acostumarem, mas não era um bom momento, na verdade, era um péssimo momento.

Se soubesse que tudo isso iria acontecer, nem teria saído da cama.

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